Três pontos sobre…
… 13/07/1994 – Brasil 1 x 0 Suécia
(Imagem: Trivela)
● Na primeira fase da Copa do Mundo de 1994, o Brasil foi líder do Grupo B com sete pontos: derrotou a Rússia por 2 a 0 e venceu Camarões por 3 a 0. Já classificado para as oitavas de final, empatou em 1 x 1 com a Suécia. Nas oitavas, enfrentou o anfitrião Estados Unidos justamente no dia da independência americana. Com um homem a menos (Leonardo foi expulso), foi um jogo duríssimo, mas a Seleção venceu com um gol de Bebeto. Nas quartas de final, o melhor jogo da Copa: vitória sobre a Holanda por 3 a 2. Nas semifinais, um reencontro foi marcado com os suecos.
No mesmo Grupo, a Suécia se classificou em segundo lugar com cinco pontos. Empatou com Camarões na estreia por 2 a 2. Depois, venceu a Rússia por 3 a 1. Segurou o Brasil e empatou por 1 a 1. Nas oitavas de final, bateu a surpreendente Arábia Saudita por 3 a 1. Nas quartas de final, fez um jogo proibido para cardíacos, com muito equilíbrio, contra a Romênia, empatando por 1 a 1 no tempo normal, outro 1 a 1 na prorrogação, e vencendo por 5 a 4 nas penalidades máximas.
Chegando às semifinais, a Suécia já havia apagado o fisco do Mundial de 1990, quando caiu na primeira fase perdendo as três partidas (Brasil, Escócia e Costa Rica).
O técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira manteve o mesmo time que venceu a Holanda, com Branco na lateral esquerda e pregou respeito ao adversário, alertando que os nórdicos haviam evoluído durante o torneio: “Não vai ser fácil entrar na defesa deles. A Suécia está marcando cada vez melhor, com grupos de quatro jogadores incansáveis”.
Na teoria, o Brasil jogava no sistema 4-4-2, com dois volantes e dois meias. Mas essa partida foi diferente na prática. Mauro Silva começou jogando mais recuado, quase na mesma linha dos zagueiros. Com isso, Jorginho e Branco foram liberados para apoiar. Quando o time tinha a bola, o esquema era 3-5-2, com superioridade numérica no meio de campo.
A Suécia atuava no sistema 4-4-2 clássico. Brolin jogava aberto da direita e atacava mais, enquanto Ingesson ficava aberto pela esquerda e fazia mais o papel da recomposição.
● Brasil e Suécia voltaram a se enfrentar 15 depois do empate na última rodada da primeira fase. Mas, dessa vez, a tensão era muito maior. Eram as duas únicas equipes invictas na Copa.
As duas equipes entraram no estádio Rose Bowl, em Pasadena, com seus uniformes reservas, já que ambas as seleções usavam camisas amarelas no fardamento principal. Pela primeira vez, a Seleção Brasileira jogou toda de azul, com camisa e meia sendo do uniforme reserva e o calção do uniforme principal – uma combinação estranha de tons de azul. A Suécia jogou toda de branco, com pequenos detalhes em azul e amarelo – cores da bandeira do país.
O jogo todo foi de total pressão brasileira, com os suecos se defendendo com sorte e competência.
A primeira chance foi de Branco, em uma de suas típicas cobranças de falta da intermediária. Patrik Andersson derrubou Bebeto. Branco cobrou a falta ao seu estilo, mas a bola perdeu força e Thomas Ravelli fez a defesa em dois tempos.
A Suécia respondeu com Håkan Mild, que levou a bola pelo meio e arriscou de longe. Taffarel defendeu bem. A Suécia, que até então era quem mais finalizava na Copa, deu apenas esse chute ao gol.
Diferentemente das outras partidas, Zinho parecia mais seguro e entrou ligado no jogo, arriscando nos passes em profundidade e se apresentando para as tabelas. Talvez tenha sido a melhor partida do meia com a camisa da Seleção Brasileira. Aos 13′, o camisa 9 fez boa jogada pela esquerda e passou para Romário pelo meio. Ele fez o passe vertical para Bebeto, que tocou para a infiltração do próprio Zinho pela esquerda da área. Mas, na hora de “tirar o 10”, o meia palmeirense não conseguiu virar o pé e chutou para fora.
Tomas Brolin tocou para Martin Dahlin na esquerda. Ele cortou Aldair e cruzou para a área, mas Brolin não conseguiu alcançar. Os dois – Brolin e Dahlin – estavam jogando em más condições físicas, sentindo dores.
(Imagem: Getty Images / Mark Leech / Offside)
O Brasil dominava amplamente a partida. Aos 25′, Branco tocou para o meio e Zinho fez o corta luz para Romário. O genial “Baixinho” se livrou do carrinho de Brolin, passou entre Joachim Björklund e Roger Ljung, driblou Ravelli e finalizou fraco. Patrik Andersson tirou em cima da linha. Mazinho pegou o rebote e, mesmo sem goleiro, chutou para fora de forma bisonha. Um gol que não se pode perder. Não era força, era jeito. Desolado, Mazinho foi se abraçar à trave.
Aos 32′, Dunga fez um lançamento ao seu estilo para Bebeto. Da esquerda, ele tocou de primeira para Romário, que perdeu o tempo e se embaraçou na bola antes de chutar em cima de Ravelli.
O time azul seguia no ataque. Romário arrancou e tentou o passe para Bebeto. A zaga sueca cortou e Zinho chutou firme, mas Ravelli espalmou por cima do gol.
Os suecos não conseguiam atacar. No segundo tempo, o panorama não mudou.
No intervalo, Parreira trocou o inoperante Mazinho pelo aceso Raí, tornando o time mais ofensivo e subindo a média de altura do time. Foram os melhores 45 minutos de Raí com a camisa da Seleção Brasileira. E o camisa 10 foi o autor da primeira finalização da etapa final, quando bateu desequilibrado e Ravelli pegou.
Aos 17′, em um lance fortuito no meio de campo, o capitão sueco Jonas Thern errou o tempo de bola, foi por cima e acertou Dunga. O árbitro colombiano José Torres Cadena mostrou o cartão vermelho para o sueco. Thern não foi tão terno, mas Dunga enfeitou um bocado na queda. Expulsão contestável, mas justa.
(Imagem: Alamy)
Para recompor suas linhas, o técnico sueco trocou o baleado Dahlin pelo volante Stefan Rehn, deixando somente Kennet Andersson no comando de ataque. Se formou um 4-4-1.
Sem ter a quem marcar, Mauro Silva se soltou e passou a se apresentar mais à frente. Raí também se soltou e passou a ser presença constante na área rival, quase como um terceiro atacante.
A imponência brasileira era tão grande que até os zagueiros Aldair e Márcio Santos passaram a frequentar a intermediária ofensiva.
Jorginho tocou para Bebeto. Pelo meio, ele escorou para Romário, que cortou o marcador e chutou da entrada da área. Ravelli espalmou para frente e Zinho não conseguiu pegar o rebote.
Ao ir pegar a bola que havia saído, Thomas Ravelli olhou para a câmera, estatalou os olhos e abriu um sorriso forçado, como um palhaço. Foi uma cena clássica e inesquecível da história das Copas.
Mauro Silva chutou de longe, mas a bola fez a curva contrária e saiu à esquerda de Ravelli.
O Brasil só quebrou a resistência nórdica aos 35′. Bebeto abriu com Jorginho na direita. Ele dominou, levantou a cabeça e cruzou com perfeição. Bem posicionado e livre no meio da área, Romário (1,68 m) apareceu entre os zagueiros Patrik Andersson (1,83 m) e Roland Nilsson (1,79 m), nem precisou subir muito e cabeceou para baixo. A bola tocou no chão e entrou no canto esquerdo de Ravelli, sem chance para o goleiro. O baixinho comemorou ao seu estilo, abrindo os braços.
Nos minutos finais, o Brasil ainda teve chance de aumentar. Raí tocou para Bebeto no meio. Ele teve tempo de ajeitar, girar e bater colocado. A bola triscou no travessão e saiu.
Em um tiro de meta cobrado por Ravelli, Dunga cabeceou para cima, Raí ganhou no alto escorando para Romário, que bateu de esquerda, mas a bola saiu à direita do goleiro sueco.
Fim de jogo! Brasil e Itália se reencontrariam na final mais uma vez, 24 anos depois. Quem vencesse se tornaria o primeiro tetracampeão mundial.
(Imagem: Alambrado)
● O dirigente sueco Lennart Johansson, ex-presidente da UEFA, fez uma reclamação pertinente 14 anos depois. Ele considerava estranha a escalação de um árbitro sul-americano para dirigir o confronto entre Brasil e Suécia. Segundo ele, o fato teria sido armação do então presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange. A principal queixa do cartola sueco foi a expulsão de Jonas Thern: “Mereceria, sim, cartão amarelo, jamais vermelho”. O lance foi mesmo determinante para o resultado final. Houve na época quem considerasse que a expulsão foi rigorosa (e foi mesmo). Mas ninguém questiona o fato de o Brasil ter jogado melhor e ter merecido a vitória.
“Não seria exagero dizer que poderíamos ter vencido por goleada. O resultado justo seria 5 x 0. O goleiro deles pegou pra cacete. Se fossem três, quatro ou cinco, seria normal.” ― Ricardo Rocha
Na decisão do 3º lugar, a Sécia goleou uma desmotivada Bulgária por 4 x 0, com gols de Tomas Brolin, Håkan Mild, Henrik Larsson e Kennet Andersson.
(Imagem: Conmebol)
● FICHA TÉCNICA: |
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BRASIL 1 x 0 SUÉCIA |
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Data: 13/07/1994 Horário: 16h30 locais Estádio: Rose Bowl Público: 91.856 Cidade: Pasadena (Estados Unidos) Árbitro: José Torres Cadena (Colômbia) |
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BRASIL (4-4-2): |
SUÉCIA (4-4-2): |
1 Taffarel (G) |
1 Thomas Ravelli (G) |
2 Jorginho |
2 Roland Nilsson |
13 Aldair |
3 Patrik Andersson |
15 Márcio Santos |
4 Joachim Björklund |
6 Branco |
5 Roger Ljung |
5 Mauro Silva |
9 Jonas Thern (C) |
8 Dunga (C) |
18 Håkan Mild |
17 Mazinho |
8 Klas Ingesson |
9 Zinho |
11 Tomas Brolin |
7 Bebeto |
10 Martin Dahlin |
11 Romário |
19 Kennet Andersson |
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Técnico: Carlos Alberto Parreira |
Técnico: Tommy Svensson |
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SUPLENTES: |
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12 Zetti (G) |
12 Lars Eriksson (G) |
22 Gilmar Rinaldi (G) |
22 Magnus Hedman (G) |
14 Cafu |
13 Mikael Nilsson |
3 Ricardo Rocha |
15 Teddy Lučić |
4 Ronaldão |
14 Pontus Kåmark |
16 Leonardo |
6 Stefan Schwarz |
10 Raí |
20 Magnus Erlingmark |
18 Paulo Sérgio |
17 Stefan Rehn |
19 Müller |
16 Anders Limpar |
21 Viola |
21 Jesper Blomqvist |
20 Ronaldo |
7 Henrik Larsson |
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GOL: 80′ Romário (BRA) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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3′ Zinho (BRA) |
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29′ Roger Ljung (SUE) |
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86′ Tomas Brolin (SUE) |
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CARTÃO VERMELHO: 63′ Jonas Thern (SUE) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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INTERVALO Mazinho (BRA) ↓ |
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Raí (BRA) ↑ |
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68′ Martin Dahlin (SUE) ↓ |
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Stefan Rehn (SUE) ↑ |
Melhores momentos da partida:
Jogo completo: