Três pontos sobre…
… 30/05/1962 – Argentina 1 x 0 Bulgária
(Imagem: Pinterest)
● Os argentinos viajaram para o vizinho Chile com a missão de apagar a vergonha de quatro anos antes. Em 1958, na Suécia, os hermanos ficaram na lanterna do Grupo 1. Com uma equipe bem envelhecida, perderam da Alemanha Ocidental por 3 x 1 e venceram a Irlanda do Norte pelo mesmo placar. Precisando de uma vitória simples contra a Tchecoslováquia para se classificarem para as quartas de final, o que se viu foi uma goleada dos tchecos por 6 a 1 (a maior goleada sofrida na história pela seleção albiceleste).
Assim, por mais desastrosa que poderia ser a campanha argentina nos Andes, provavelmente seria melhor que a de 1958.
O elenco portenho foi bem renovado, mas mas sofreu com os mesmos problemas de sempre: não poder contar com as maiores estrelas nascidas em seu país.
Alfredo Di Stéfano já era um veterano, com 36 anos e só havia jogado com a camisa da nação onde nasceu em 1947, quando venceu a Copa América. Depois, jogou pela Colômbia entre 1951 e 1952 e pela Espanha entre 1957 e 1962. Estava no elenco da Fúria no Mundial do Chile, mas não jogou por não ter se recuperado totalmente de uma lesão. Um grande pecado: Don Alfredo acabou nunca entrando em campo em uma Copa do Mundo.
Os casos de Enrique Omar Sívori e Humberto Maschio são ainda mais emblemáticos. Ambos eram os destaques dos “Carasucias de Lima”, que venceram a Copa América em 1957. Agora, os dois estavam na Squadra Azzurra que viria a fracassar no Chile.
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● Mesmo sem os maiores craques, a Argentina tinha uma boa equipe, tendo como destaques o goleiro Antonio Roma, o lateral esquerdo Silvio Marzolini (ambos do Boca Juniors), o atacante José Sanfilippo (San Lorenzo) e o ponta esquerda Raúl Belén (Racing).
Nas eliminatórias, a Argentina goleou o Equador por duas vezes: 6 x 3 em Guayaquil e 5 a 0 em Buenos Aires.
A Bulgária, por sua vez, bateu forte seleção da França por 1 a 0 no jogo desempate em Milão, após terminarem iguais em número de pontos no Grupo 2 (que também tinha a Finlândia).
A comunista e obscura Bulgária era uma surpresa. Todos seus jogadores atuavam em seu país e não havia nenhum destaque individual. Tecnicamente, seu melhor jogador era o ponta esquerda Ivan Kolev. No banco estava o jovem Georgi Asparuhov, que viria a ser um dos maiores artilheiros de seu país em todos os tempos.
A Argentina atuava no sistema tático 4-2-4.
A Bulgária jogava em uma espécie de “WW”: uma defesa moderna, com quatro defensores no formato do 4-2-4; e o ataque em W, derivando do antigo WM.
● O sonho dos argentinos ao chegar no Chile era disputar a final contra o Brasil. Mas logo de cara veriam que era um sonho alto demais.
A Bulgária era inexperiente e estreava em Mundiais.
Assim, os argentinos aproveitaram o nervosismo dos búlgaros e abriram o placar com o ponta direita Héctor Facundo, chutando cruzado, logo aos quatro minutos de jogo.
Mas depois disso, o time sofreu. A Bulgária passou a dar mostras do estilo que a faria disputar também as três Copas seguintes: a força física e um time fechado, com marcação forte e dura, tentando explorar os contra-ataques.
Com isso, os búlgaros anularam o sistema de jogo albiceleste, que consistia em toques curtos e habilidade individual. Sanfilippo, por exemplo, reclamou bastante da truculência dos adversários.
E nenhuma das equipes conseguiu mais passar pela defesa adversária e o jogo terminou em uma vitória sofrível da Argentina.
Mesmo com a vitória, o técnico Juan Carlos Lorenzo foi bastante criticado por ter deixado o meia Antonio Rattín na reserva. Ele era uma fonte de ótimos passes e excelente visão de jogo, mas não tinha a confiança de seu treinador.
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● Apesar de jogar perto de sua torcida, a Argentina não conseguiu nenhuma boa atuação e foi novamente eliminada na fase de grupos, assim como havia ocorrido em 1958. Na segunda partida, perdeu para a Inglaterra por 3 a 1. Na rodada final, precisava vencer a Hungria para se classificar. Os magiares já estavam classificados e escalaram uma equipe mista. E mesmo assim, os argentinos não conseguiram furar o bloqueio dos europeus e ficaram no empate em 0 a 0, parando em uma atuação magistral do goleiro Grosics – último remanescente do esquadrão húngaro de 1954.
No dia seguinte, a delegação argentina foi assistir à partida entre Inglaterra e Bulgária, na qual uma vitória búlgara classificaria os portenhos. Mas de nada adiantou a torcida. A Bulgária (que havia sido goleada pela Hungria por 6 x 1 na partida anterior) empatou sem gols com a Inglaterra, conquistando seu primeiro ponto na história das Copas – resultado que deu a classificação ao English Team e eliminou a Argentina.
(Imagem: Pinterest)
● FICHA TÉCNICA: |
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ARGENTINA 1 X 0 BULGÁRIA |
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Data: 30/05/1962 Horário: 15h00 locais Estádio: Braden Copper Co. (El Teniente-Codelco) Público: 7.134 Cidade: Rancagua (Chile) Árbitro: Juan Garay Gardeazábal (Espanha) |
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ARGENTINA (4-2-4): |
BULGÁRIA (WW): |
1 Antonio Roma (G) |
1 Georgi Naydenov (G) |
4 Alberto Sainz |
5 Dimitar Kostov |
15 Rubén Navarro (C) |
2 Kiril Rakarov (C) |
6 Raúl Páez |
3 Ivan Dimitrov |
3 Silvio Marzolini |
6 Nikola Kovachev |
5 Federico Sacchi |
4 Stoyan Kitov |
13 Oscar Rossi |
7 Todor Diev |
7 Héctor Facundo |
13 Petar Velichkov |
9 Marcelo Pagani |
9 Hristo Iliev |
10 José Sanfilippo |
11 Dimitar Yakimov |
11 Raúl Belén |
10 Ivan Kolev |
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Técnico: Juan Carlos Lorenzo |
Técnico: Georgi Pachedzhiev |
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SUPLENTES: |
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12 Rogelio Domínguez (G) |
18 Ivan Ivanov (G) |
2 José Ramos Delgado |
20 Nikola Parchanov (G) |
18 Vladislao Cap |
12 Dobromir Zhechev |
14 Alberto Mariotti |
8 Dimitar Dimov |
17 Rafael Albrecht |
17 Panteley Dimitrov |
21 Ramón Abeledo |
14 Georgi Sokolov |
16 Antonio Rattín |
21 Panayot Panayotov |
8 Martín Pando |
22 Georgi Nikolov |
19 Rubén Héctor Sosa |
19 Dinko Dermendzhiev |
20 Juan Carlos Oleniak |
16 Aleksandar Kostov |
22 Alberto Mario González |
15 Georgi Asparuhov |
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GOL: 4′ Héctor Facundo (ARG) |
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ADVERTÊNCIA: Rubén Navarro |
Gol da partida:
Algumas imagens do jogo:
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