Três pontos sobre…
… 01/04/1953 – Paraguai 3 x 2 Brasil
(Imagem: Lance)
● O Brasil entrou como favorito à conquista do Campeonato Sul-Americano de 1953. Era o então detentor da taça (foi campeão no Maracanã, em 1949 – história que contaremos no dia 11 de maio). Contava com vários remanescentes da Copa do Mundo de 1950, na qual, se não conquistou o título, encantou o mundo.
O elenco mesclava a experiência de Barbosa, Danilo Alvim, Bauer, Zizinho e Ademir de Menezes, com jovens como Julinho Botelho e Pinheiro, e até alguns futuros campeões do mundo cinco anos depois: Castilho, Gylmar, Djalma Santos, Nílton Santos e Didi. O técnico era Zezé Moreira, o “inventor” da marcação por zona no futebol brasileiro (e irmão de Aymoré Moreira, treinador que ganhou a Copa de 1962).
A missão brasileira ficou relativamente mais “fácil” com nova ausência da Argentina e a tentativa de renovação da seleção uruguaia, que enviou uma equipe muito jovem e inexperiente.
Havia “apenas” uma grande ameaça ao título: o Brasil nunca havia vencido uma Copa América fora de seu país. Já tinha três títulos, mas sempre jogando em casa: 1919, 1922 e 1949.
Até então, o único troféu ganho no exterior havia sido o Campeonato Pan-Americano de Futebol de 1952, em Santiago, capital do Chile. E esse título que fez o Brasil deixar de ser um “amarelão” fora de casa foi conquistado por basicamente o mesmo elenco da Copa América de 1953.
Tanto Paraguai quanto Brasil jogavam no sistema tático WM.
● O torneio foi disputado no formato de pontos corridos e foi uma intensa batalha. Ao fim de seis partidas para cada, Brasil e Paraguai terminaram empatados com 8 pontos, o que obrigou a disputa de um jogo desempate.
O Brasil havia vencido quatro jogos (8 a 1 na Bolívia, 2 a 0 no Equador, 1 a 0 no Uruguai e 3 a 2 no Chile) e perdido dois (1 a 0 para o Peru e 2 a 1 para o Paraguai).
O Paraguai tinha vencido três (3 x 0 sobre o Chile, 2 x 1 na Bolívia e 2 x 1 no Brasil), empatado dois (0 x 0 com o Equador e 2 x 2 com o Uruguai) e perdido um (empatou por 2 x 2 com o Peru, mas foi punido com a derrota nos tribunais, devido ao comportamento anti-desportivo por ter feito uma alteração além das permitidas e pelo fato de um atleta ter chutado o árbitro). Ou seja, se o resultado de campo fosse mantido, o Paraguai teria sido campeão sem precisar do jogo extra.
Mas ele ocorreu. Mais de 35 mil pessoas encheram o estádio Nacional, de Lima, para assistir à decisão.
E os paraguaios foram implacáveis na etapa inicial.
Aos 14 minutos de jogo, Atilio López inaugurou o marcador.
A vantagem foi ampliada três minutos depois, por Manuel Gavilán.
No fim do primeiro tempo, aos 41′, Rubén Fernández fez o terceiro. Parecia que estava tudo decidido.
Mas o Brasil não se deu por vencido e diminuiu com dois gols de Baltazar, o “Cabecinha de Ouro”, aos 56′ e aos 65′.
Mas foi só. Foi o primeiro título da história do futebol do Paraguai, com gosto de revanche sobre a Seleção Brasileira, que o havia goleado na decisão quatro anos antes.
Mais uma vez o Brasil não conquistava o torneio fora de casa.
Pouco depois do torneio, o técnico Manuel Fleitas Solich foi contratado pelo Flamengo, por indicação do escritor rubro-negro José Lins do Rêgo. No mesmo ano, conquistou com o clube o primeiro título dentro do Maracanã e emendou logo um tricampeonato carioca (1953/54/55). Depois, Fleitas Solich ainda conquistaria a atual UEFA Champions League pelo Real Madrid em 1959/60 (e outras dezenas de títulos por onde passou).
Fleitas Solich marcou época como técnico da seleção paraguaia e do Flamengo (Imagens localizadas no Google)
● FICHA TÉCNICA: |
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PARAGUAI 3 x 2 BRASIL |
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Data: 01/04/1953 Estádio: Nacional Público: 35.000 Cidade: Lima (Peru) Árbitro: Charles Dean (Inglaterra) |
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PARAGUAI (WM): |
BRASIL (WM): |
Adolfo Riquelme (G) |
Castilho (G) |
Melanio Olmedo |
Djalma Santos |
Heriberto Herrera |
Haroldo |
Ireneo Hermosilla |
Nílton Santos |
Manuel Gavilán |
Brandãozinho |
Victoriano Leguizamón |
Bauer (C) |
Ángel Berni |
Julinho Botelho |
Atilio López |
Didi |
Rubén Fernández |
Baltazar |
Juán Ángel Romero |
Pinga |
Antonio Ramón Gómez |
Cláudio Christovam de Pinho |
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Técnico: Manuel Fleitas Solich |
Técnico: Zezé Moreira |
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Rubén Noceda (G) |
Barbosa (G) |
Antonio Cabrera |
Gylmar (G) |
Robustiano Maciel |
Pinheiro |
Domingo Martínez |
Ely |
Alejandro Arce |
Danilo Alvim |
Derlis Molinas |
Noronha |
Milner Ayala |
Alfredo II |
Inocencio González |
Zizinho |
Luis Lacasa |
Ademir de Menezes |
Pablo León |
Ipojucã |
Silvio Parodi |
Rodrigues Tatu |
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GOLS: |
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14′ Atilio López (PAR) |
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17′ Manuel Gavilán (PAR) |
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41′ Rubén Fernández (PAR) |
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56′ Baltazar (BRA) |
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65′ Baltazar (BRA) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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Atilio López (PAR) ↓ |
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Silvio Parodi (PAR) ↑ |
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Juán Ángel Romero (PAR) ↓ |
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Luis Lacasa (PAR) ↑ |
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Antonio Ramón Gómez (PAR) ↓ |
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Inocencio González (PAR) ↑ |
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Nílton Santos (BRA) ↓ |
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Alfredo II (BRA) ↑ |
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Pinga (BRA) ↓ |
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Ipojucã (BRA) ↑ |
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