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… 06/07/1974 – Polônia 1 x 0 Brasil

Três pontos sobre…
… 06/07/1974 – Polônia 1 x 0 Brasil


(Imagem: Game of the People)

● A Polônia não disputava uma Copa do Mundo desde 1938, quando perdeu para o Brasil por 6 x 5 logo na partida de estreia. Mas, o país fez uma preparação de sete anos, revelou talentos, soube potencializar suas qualidades e colheu os frutos: a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, e chegava para decidir o 3º lugar da Copa do Mundo de 1974.

O time polonês tinha como maiores qualidades o entrosamento e a disciplina tática, que permitia uma certa liberdade aos jogadores mais talentosos.

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Vários jogadores se destacavam, como o goleiro Jan Tomaszewski, o zagueiro Władysław Żmuda, o meia Kazimierz Deyna e o atacante Andrzej Szarmach. Mas o maior destaque era o ponta direita Grzegorz Lato.

O carequinha, que envergava a camisa de nº 16, não era conhecido pelas suas qualidades técnicas ou pelo oportunismo, mas por ser um jogador extremamente veloz para os padrões da época. Ele conseguia correr os 100 metros em 10s8, tempo que poderia habilitá-lo para disputar a prova dos 100 metros rasos nos Jogos Olímpicos de 1972.

A maior ausência nas “Białe Orły” (“As Águias Brancas”, em polonês) foi o atacante Włodzimierz Lubański, que ficou fora do Mundial por causa de uma fratura no pé.

Com uma campanha praticamente irrepreensível, a Polônia só perdeu uma partida no Mundial de 1974. Na primeira fase, 100% de aproveitamento, ao vencer a Argentina (3 x 2), Haiti (7 x 0) e Itália (2 x 1). Na segunda fase, bateu Suécia (1 x 0) e Iugoslávia (2 x 1). Na última rodada, na partida que valia vaga na final, perdeu para a Alemanha, a dona da casa, por 1 x 0.


(Imagem: Twitter @tphoto2005)

● Depois da derrota diante da Holanda, alguns jogadores brasileiros simularam contusões para não jogar a decisão do 3º lugar. Outros declararam que não entrariam em campo em nome de uma certa dignidade pessoal ou profissional.

O time que entrou em campo finalmente tinha Ademir da Guia como titular. Já veterano, o meia, considerado um dos maiores jogadores da história do Palmeiras, vinha sendo sistematicamente ignorado pelo treinador, não ficando nem no banco de reservas.

Sem poder contar com Luís Pereira, expulso contra a Holanda, Zagallo escalou Alfredo Mostarda na zaga.


As duas seleções jogavam no sistema 4-3-3. Mas enquanto os brasileiros eram estáticos, os poloneses jogavam com muita movimentação.

● A decisão do terceiro lugar, no estádio Olímpico de Munique. Aparentemente, nem Brasil, nem Polônia pareciam muito interessados.

Os poloneses sentiram muito o cansaço e diminuíram o ritmo de seu jogo, mas nem assim o Brasil conseguiu impor o seu estilo.

Como nas outras partidas, Jairzinho passou a maior parte do tempo tentando jogadas individuais e perdendo. Rivellino foi discreto e Dirceu recuava demais.

Na melhor jogada do Brasil, Valdomiro recebeu lançamento longo na ponta direita, ganhou da marcação e chutou cruzado. Tomaszewski espalmou para escanteio.

Desinteressada, a Polônia fazia sua pior partida na Copa. Mas, depois da saída de Ademir, os poloneses passaram a ter mais controle no meio de campo. O “Divino” era um dos melhores em campo, quando foi substituído por Mirandinha aos 21 minutos do segundo tempo. Em pouco mais de uma hora, Ademir mostrou que poderia ter sido titular durante o torneio.


(Imagem: Twitter @tphoto2005)

Em um lance, Mirandinha saiu em disparada com a bola quando foi agarrado por Henryk Kasperczak. Mesmo sendo fortemente seguro, Mirandinha ainda percorreu vinte metros até finalmente cair. O jornal alemão Bild definiu o lance como “a falta mais comprida da história das Copas”.

A 15 minutos do fim, Marinho Chagas prendeu demais a bola pelo lado esquerdo e deu um passe errado. Zygmunt Maszczyk acionou Lato na ponta direita, nas costas de Marinho. O carequinha arrancou sozinho com extrema velocidade, passou por Alfredo, invadiu a área e tocou cruzado na saída de Leão, mandando a bola no canto direito. Um contra-ataque letal.

Lato acabaria como artilheiro da Copa de 1974 com sete gols em sete partidas, média de um gol por jogo.

Ele ainda teve a chance de marcar mais um. Após uma dividida, a bola sobrou novamente para Lato arrancar em velocidade, ganhar na corrida de Marinho Chagas e finalizar. Mas Leão defendeu com o pé e impediu o gol.

Parabéns para a Polônia, que chegou brilhantemente ao terceiro lugar, com seis vitórias e apenas uma derrota, marcando 16 gols e sofrendo só cinco.


(Imagem: Pinterest)

● O Brasil de Zagallo foi castigado pelo excesso de cautela, apesar do talento disponível no elenco. Na prática, esse foi um dos piores desempenhos da Seleção em Copas do Mundo. Merecidamente, a Seleção Brasileira foi a pior entre as quatro finalistas.

Depois do jogo, nos vestiários, Leão teria dado um tapa em Marinho Chagas, o culpando pelo gol. Era o retrato do péssimo ambiente da Seleção Brasileira na Copa da Alemanha.

“Tiramos o quarto lugar? Ótimo. Está compatível com o futebol brasileiro do momento.” ― Rivellino, realista

“Pelo que o Brasil apresentou, o quarto lugar foi fenomenal. Eu sou um cara muito consciente. Isso pode até magoar alguns jogadores, mas é isso mesmo: só merecíamos um terceiro ou um quarto lugar.” ― Luís Pereira

“Para quem se preparou para o título, disputar o terceiro lugar não motiva”, disse Zagallo em forma de deboche. Por mais que isso seja verdade, quem pode ser terceiro e não faz nada para isso, não mereceria nunca nem sonhar em ser o primeiro.

Uma das desculpas pelo mau resultado foi a ação de empresários, que negociavam transferências de jogadores durante a Copa. Paulo Cézar foi acusado de “tirar o pé” nas divididas para não se machucar e atrapalhar sua transferência para o Olympique de Marselha.

O 3º lugar na Alemanha Ocidental em 1974 foi a melhor classificação geral da seleção da Polônia na história das Copas – que só foi igualada em 1982, na Espanha.

Ao marcar o gol de honra na derrota da Polônia por 3 x 1 contra o Brasil em 1978, Grzegorz Lato se tornou o único jogador que marcou gols no Brasil em Copas do Mundo diferentes.

A partir de 1974 a FIFA teve um presidente brasileiro. João Havelange derrotou o então mandatário Stanley Rous e se perpetuou no poder até 1998.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

POLÔNIA 1 x 0 BRASIL

 

Data: 06/07/1974

Horário: 16h00 locais

Estádio: Olympiastadion

Público: 77.100

Cidade: Munique (Alemanha Ocidental)

Árbitro: Aurelio Angonese (Itália)

 

POLÔNIA (4-3-3):

BRASIL (4-3-3):

2  Jan Tomaszewski (G)

1  Leão (G)

4  Antoni Szymanowski

4  Maria

9  Władysław Żmuda

15 Alfredo Mostarda

6  Jerzy Gorgoń

3  Marinho Peres (C)

10 Adam Musiał

6  Marinho Chagas

12 Kazimierz Deyna (C)

17 Paulo César Carpegiani

14 Zygmunt Maszczyk

10 Rivellino

13 Henryk Kasperczak

18 Ademir da Guia

16 Grzegorz Lato

13 Valdomiro

17 Andrzej Szarmach

7  Jairzinho

18 Robert Gadocha

21 Dirceu

 

Técnico: Kazimierz Górski

Técnico: Zagallo

 

SUPLENTES:

 

 

1  Andrzej Fischer (G)

12 Renato (G)

3  Zygmunt Kalinowski (G)

22 Waldir Peres (G)

5  Zbigniew Gut

14 Nelinho

8  Mirosław Bulzacki

2  Luís Pereira

7  Henryk Wieczorek

16 Marco Antônio

11 Lesław Ćmikiewicz

5  Wilson Piazza

15 Roman Jakóbczak

11 Paulo Cézar Caju

20 Zdzisław Kapka

8  Leivinha

22 Marek Kusto

20 Edu

21 Kazimierz Kmiecik

19 Mirandinha

19 Jan Domarski

9  César Maluco

 

GOL: 76′ Grzegorz Lato (POL)

 

CARTÕES AMARELOS:

71′ Henryk Kasperczak (POL)

76′ Jairzinho (BRA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Ademir da Guia (BRA) ↓

Mirandinha (BRA) ↑

 

73′ Henryk Kasperczak (POL) ↓

Lesław Ćmikiewicz (POL) ↑

 

75′ Andrzej Szarmach (POL) ↓

Zdzisław Kapka (POL) ↑

Melhores momentos da partida: