É possível um time ser bastante superior ao outro durante 90 minutos e ser goleado por 3 a 0? Pois foi isso que aconteceu no jogo de volta das semifinais da Copa do Rei.
O Madrid teve o time bem encaixado na marcação, com Lucas Vázquez fechando totalmente os espaços na direita e impedindo os avanços do ótimo Jordi Alba. Os culés não assustavam.
Enquanto isso, os merengues criaram várias oportunidades, principalmente com Vinícius Júnior entrando em diagonal da esquerda pelo meio e os avanços constantes de Sergio Reguilón (que deixou Marcelo no banco novamente – e parece ser sem volta). Vázquez também avançava bem na outra ponta. Karim Benzema aparecia bem fazendo o pivô e tabelando pelo meio. Luka Modrić e Toni Kroos orquestravam pelo meio. Keylor Navas (melhor que Thibaut Courtois) não teve trabalho algum.
(Imagem: Javier Soriano / AFP / UOL)
Porém, todas as chances foram desperdiçadas e o Madrid não teve competência para marcar nenhum gol. Se Vinícius Júnior cria muito, ele também erra muito. Assustadoramente! Mas é um menino de 18 anos, com muita habilidade e velocidade. É uma pedra bruta, que precisa ser lapidada. Não deveria ser titular. Mas a culpa não é dele.
A culpa é de Florentino Pérez que não contratou reposição para Cristiano Ronaldo. Parece simples e idiota comparar Vini e CR7 – uma pérola bruta e um dos melhores da história. Mas, quando o português foi vendido à Juventus, era nítida a necessidade de novas contratações. Deveria ter quebrado a banca e contratado Eden Hazard e mais um entre Harry Keane, Edinson Cavani, Robert Lewandowski ou Sergio Agüero. Dinheiro nunca faltou. Falta poder de fogo. Falta alguém com aquele “instinto assassino” de Cristiano, de querer o gol a qualquer custo.
(Imagem: FC Barcelona)
Mas, voltando para a realidade atual, o time cansou de perder gols. E, no intervalo, Ernesto Valverde corrigiu alguns detalhes e o Barça voltou com tudo – embora o Real continuasse melhor.
Se há três semanas Lionel Messi entrou no segundo tempo e pouco conseguiu fazer, hoje ele atuou durante os 90 minutos, mas apareceu ainda menos. Foi muito bem marcado e teve pouco espaço. Espaço esse que surgiu para Ousmane Dembélé, sempre caindo pelas pontas.
Aos 5′, Carvajal deu espaço e o atacante francês cruzou rasteiro da esquerda na medida para Luisito Suárez emendar de primeira. Placar parcial injusto até então. Mas piorou.
Aos 23′, Gareth Bale entrou no lugar de Vázquez. No minuto seguinte o Barça ampliou. Dembélé cruzou novamente para Suárez completar. Varane chegou antes do uruguaio e tocou contra o próprio gol. O zagueiro se machucou feio no lance. Veja nesse link como ficou sua perna. Não tenho coragem de colocar a foto aqui.
O que já era catastrófico para os madridistas terminou quatro minutos depois. Suárez sofreu pênalti e cobrou com cavadinha, estilo Panenka. 3 a 0.
E aí o jogo acabou. O Real continuou atacando, mas sem poder de fogo algum. O Barça não quis jogar mais. Nem precisou.
Barcelona é (novamente) finalista da Copa do Rei. Será o campeão.
Três pontos sobre… … 20/06/2018 – O melhor do sétimo dia da Copa
(Imagem: FIFA.com)
Cristiano Ronaldo marca seu quarto gol na Copa e Portugal vence a brava seleção do Marrocos.
Luis Suárez aproveita o vacilo do goleiro e marca o Uruguai vence a Arábia Saudita em um jogo burocrático.
Diego Costa conta com a sorte e a Espanha derrota o bom time do Irã.
Três partidas que terminaram 1 x 0, mas o futebol é muito mais do que o gol.
… Portugal 1 x 0 Marrocos
(Imagem: UOL)
No começo, parecia que seria um massacre e, quiçá, um novo “hat-trick” de Cristiano Ronaldo. Logo aos quatro minutos, após escanteio curto, João Moutinho cruzou a bola para a área e CR7 apareceu como um foguete para fuzilar o goleiro Munir El Kajoui. Foi uma cabeçada fulminante e o quarto gol do capitão português na Copa – artilheiro isolado até agora.
Cinco minutos depois, Guerreiro avançou pelo meio e tocou para CR7 dentro da área. Ele puxou para o pé direito e chutou mascado à esquerda do gol.
Logo depois, Ziyech cobrou escanteio e Benatia cabeceou no chão com perigo para boa defesa de Rui Patrício.
Aos 39′, Ronaldo deixou Gonçalo Guedes na cara do gol, mas ele chutou em cima do goleiro marroquino. Gonçalo está se destacando por perder esse tipo de gol. Já tinham sido duas ocasiões desperdiçadas contra a Espanha. Por tudo que fez nas eliminatórias, André Silva deveria ser o titular.
No segundo tempo, aos 10′, Belhanda chutou forte da entrada da área, mas Rui Patrício segurou firme.
Dois minutos depois, Ziyech cobrou falta, Belhanda cabeceou e a bola ainda desviou em Cristiano Ronaldo. Rui Patrício voou como um gato (como diria Tadeu Schmidt no “Fantástico”) e buscou a bola no cantinho. Espetacular defesa! Talvez a mais difícil da Copa até agora.
Na sequência, foram dois lances muito parecidos. Duas faltas cobradas da intermediária para a área, com o capitão Benatia dominando bem e enchendo o pé, mandando a bola por cima do gol. Parecia replay, mas não era. Marrocos estava pressionando bastante nessas cobranças de falta.
Após um início promissor, Portugal foi completamente dominado por Marrocos. Não existe justiça em futebol, mas o placar mais justo seria (pelo menos) o empate. Se os lusos jogarem como hoje, talvez tenham dificuldade para se classificar diante do bravo Irã, treinado pelo patrício Carlos Queiroz.
Assim como na partida diante dos iranianos, Marrocos foi melhor que o adversário, mas pecou na bola parada defensiva e não conseguiu concretizar as oportunidades. Mesmo sendo o primeiro eliminado por antecipação, sai do Mundial de cabeça erguida após vinte anos da última participação.
Melhores momentos da partida:
● Ficha Técnica — Portugal 1 x 0 Marrocos
Data: 20/06/2018 — Horário: 15h00 locais
Estádio: Olímpico Luzhniki — Cidade: Moscou (Rússia)
Público: 78.011
Árbitro: Mark Geiger (Estados Unidos)
Gol: 4′ Cristiano Ronaldo (POR)
Cartões Amarelos: 40′ Mehdi Benatia (MAR); 90+2′ Adrien Silva (POR)
Portugal (4-2-3-1): 1.Rui Patrício; 21.Cédric, 3.Pepe, 6.José Fonte e 5.Raphaël Guerreiro; 14.William Carvalho e 8.João Moutinho (23.Adrien Silva ↑89′); 10.João Mário (16.Bruno Fernandes ↑70′), 11.Bernardo Silva (18.Gelson Martins ↑59′) e 17.Gonçalo Guedes; 7.Cristiano Ronaldo (C). Técnico: Fernando Santos
Marrocos (4-1-4-1): 12.Munir El Kajoui; 17.Nabil Dirar, 5.Medhi Benatia (C), 4.Manuel da Costa e 2.Achraf Hakimi; 8.Karim El Ahmadi (11.Fayçal Fajr ↑86′); 14.Mbark Boussoufa, 16.Nordin Amrabat, 10.Younès Belhanda (23.Mehdi Carcela ↑75′) e 7.Hakim Ziyech; 13.Khalid Boutaïb (9.Ayoub El Kaabi ↑70′). Técnico: Hervé Renard
… Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
(Imagem: FIFA.com)
O Uruguai foi protocolar em seu compromisso contra a Arábia Saudita. Fez o básico, venceu e se classificou para as oitavas de final. Mas em momento algum empolgou ninguém. Aliás, em duas partidas, foram duas vitórias por 1 x 0 e dois jogos chatos. O que se prometia, não está se cumprindo. É uma equipe chata, entediante, enfadonho…
O único gol do jogo saiu aos 23 minutos do primeiro tempo. Carlos Sánchez cobrou o escanteio e o goleiro Al-Owais saiu de soco, mas não conseguiu acertar a bola. E ela caiu justamente no pé esquerdo de um dos maiores artilheiros do mundo, “El Pistolero”, Luisito Suárez. O camisa 9 só completou para o gol.
Depois, o Uruguai diminuiu o ritmo. Ficou devagar, quase parando, só esperando o jogo acabar.
A Arábia Saudita mostrou que também sabe atacar, mesmo com suas muitas limitações. O lateral esquerdo Al-Shahrani foi à linha de fundo e cruzou para a área. Bahebri apareceu na pequena área, mas chutou por cima.
O restante do jogo foi ruim.
Aos seis minutos do segundo tempo, Luis Suárez cobrou falta da intermediária, a bola veio quicando, mas Al-Owais espalmou bem.
Aos 23′, Sánchez cruzou uma falta na área e Martín Cáceres cabeceou por cima.
A dez minutos do fim, Torreira chutou da intermediária, a bola desviou em Edinson Cavani e quase matou o goleiro saudita, mas foi para fora.
Pouco depois, Cavani arrancou, mas perdeu a bola para a zaga. Como o atacante mostrou sua garra ao insistir na jogada, roubar a bola e chutar cruzado. Mas o goleiro saiu bem e fechou o ângulo, defendendo com os pés.
Foi o sexto gol de Suárez em Copas, se tornando também o primeiro uruguaio a marcar em três Copas diferentes (2010, 2014 e 2018). Em 100 partidas, marcou 52 vezes e é o maior goleador da história da Celeste. Além disso, com 423 gols, se igualou a Fernando Morena como o maior artilheiro do futebol uruguaio em todos os tempos.
Era sabido que o Irã tem uma defesa muito bem postada e seria muito difícil de ser vazada. Mas, do outro lado havia a seleção espanhola, uma das melhores do mundo em furar retrancas, sempre com muita paciência.
O mesmo roteiro foi repetido durante todo a primeira etapa: os espanhóis tocavam a bola e os iranianos fechavam os espaços.
A primeira chance da Fúria só apareceu nos acréscimos do primeiro tempo, quando David Silva chutou de fora da área, mas a bola foi desviada pela zaga.
Aos 3′ da etapa final, Isco foi à linha de fundo e cruzou. A defesa afastou mal, Busquets chutou forte e o goleiro Beiranvand defendeu. Na sobra, Lucas Vázquez dividiu com o goleiro de forma faltosa.
Pouco depois, Amiri cobrou o lateral na área e a bola sobrou para Ansarifard chutar forte, na rede pelo lado de fora. Passou muito perto.
Aos nove minutos, o magistral Andrés Iniesta encontrou Diego Costa na área. O brasileiro se enrolou, mas teve sorte em uma dividida na qual a bola bateu nele e foi para o gol. Um gol chorado, que retrata bem como foi a partida.
Aos 17′, após cobrança de falta para a área, Ezatolahi recebe sozinho e empata para o Irã. Porém, o árbitro de vídeo participou bem ao anular o tento dos persas. Realmente, Ezatolahi estava impedido tanto no lançamento, quanto no desvio do companheiro de equipe dentro da área.
No minuto 25′, Isco cobrou o escanteio rasteiro para dentro da área, David Silva rolou para trás, mas Sergio Ramos não pegou em cheio na finalização.
A oito minutos do fim, Amiri passou a bola por baixo das pernas de Piqué e cruzou na segunda trave, mas Taremi cabeceou por cima, perdendo a chance mais clara do jogo.
O empate realmente seria mais justo, pelo que os iranianos jogaram. Agora, para se classificarem, jogam por uma vitória contra Portugal. Não é impossível.
Melhores momentos da partida:
● Ficha Técnica — Irã 0 x 1 Espanha
Data: 20/06/2018 — Horário: 21h00 locais
Estádio: Arena Kazan — Cidade: Kazan (Rússia)
Público: 42.718
Árbitro: Andrés Cunha (Uruguai)
Gol: 54′ Diego Costa (ESP)
Cartões Amarelos: 79′ Vahid Amiri (IRA); 90+2′ Omid Ebrahimi (IRA)
Irã (4-1-4-1): 1.Alireza Beiranvand; 23.Ramin Rezaeian, 19.Majid Hosseini, 8.Morteza Pouraliganji e 3.Ehsan Haj Safi (C) (5.Milad Mohammadi ↑69′); 6.Saeid Ezatolahi; 9.Omid Ebrahimi, 11.Vahid Amiri, 10.Karim Ansarifard (18.Alireza Jahanbakhsh ↑74′) e 17.Mehdi Taremi (14.Saman Ghoddos ↑86′); 20.Sardar Azmoun. Técnico: Carlos Queiroz
Espanha (4-1-4-1): 1.David de Gea; 2.Dani Carvajal, 3.Gerard Piqué, 15.Sergio Ramos (C) e 18.Jordi Alba; 5.Sergio Busquets; 11.Lucas Vázquez (20.Marco Asensio ↑79′), 6.Andrés Iniesta (8.Koke ↑71′), 21.David Silva e 22.Isco; 19.Diego Costa (9.Rodrigo Moreno ↑89′). Técnico: Fernando Hierro