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… 13/06/2014 – Holanda 5 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 13/06/2014 – Holanda 5 x 1 Espanha


Arjen Robben liderou a Oranje até as semifinais. Discutivelmente, foi o melhor jogador da Copa de 2014 (Imagem: UOL)

● Quis o destino que a terceira partida da Copa do Mundo de 2014 fosse a reedição da final de 2010. Era o jogo mais esperado da primeira fase. Espanha e Holanda não haviam se enfrentado desde então. Mas as situações das duas seleções estavam muito diferentes de quatro anos antes.

Após o título de 2010, a Espanha entrou para o grupo das grandes seleções do planeta, conquistando o respeito que tanto buscou ao longo das décadas. E continuou dominando o continente ao vencer a Eurocopa de 2012 (goleando a Itália na final por 4 x 0). Aliás, o futebol nunca tinha visto antes uma supremacia tão grande, com a Roja vencendo a Euro 2008, o Mundial de 2010 e a Euro 2012. Desde a Copa de 2010, a Espanha havia jogado 52 vezes, com 38 vitórias, 8 empates e 6 derrotas.

O técnico Vicente Del Bosque se manteve agarrado aos seus medalhões e seguiu leal àqueles que levaram a Fúria às glórias, mesmo com a evidente queda de nível. O estilo de jogo manjado permanecia, mas sem a mesma objetividade de antes. Ainda assim, era difícil de ser batido. Mesmo com uma geração envelhecida, era novamente uma das favoritas para continuar com a taça de campeã do mundo. A equipe jogava por música, com o tiki-taka regido pelos maestros Xavi e Iniesta.

Era um time experiente. Contava com seu capitão Iker Casillas, que havia conquistado a UEFA Champions League pelo Real Madrid vinte dias antes, assim como Sergio Ramos e Xabi Alonso. O time base ainda era o Barcelona, de Xavi, Andrés Iniesta, Gerard Piqué, Sergio Busquets, Jordi Alba e Pedro. O Atlético de Madrid também estava em alta, cedendo Juanfran, Koke, David Villa e Diego Costa.

Eram poucas as diferenças entre os titulares 2010 e 2014. Sérgio Ramos passou para a zaga, no lugar do lesionado Carles Puyol, abrindo vaga para César Azpilicueta na lateral direita. Jordi Alba ocupou a lateral esquerda, no lugar do veterano Joan Capdevila. No ataque, David Villa perdeu a vaga para Diego Costa.

Mas Del Bosque mudou completamente as características do time titular ao inserir Diego Costa no ataque. O brasileiro estava em excelente fase e é um jogador de muita qualidade, mas com virtudes diferentes do restante da equipe. Era (e ainda é) um atacante de força para concluir as jogadas criadas pelo meio campo altamente técnico. Ou daria muito certo, ou daria tudo errado.


A Espanha ainda era considerada a melhor seleção do mundo. Era a favorita destacada, juntamente com o Brasil, dono da casa (Imagem: UOL)

● Por sua vez, a seleção holandesa não vivia uma fase tão boa e raramente era citada no noticiário internacional. Desde a final de 2010, disputou 46 partidas, vencendo 27, empatando 11 e perdendo 8.

O técnico Bert van Marwijk tinha sido demitido após a equipe cair na primeira fase, perder os três jogos e ficar em penúltimo lugar na Euro 2012 (a frente apenas da Irlanda no saldo de gols). Louis van Gaal foi chamado para liderar a Oranje nas eliminatórias para a Copa de 2014, o que conseguiu com sucesso. Sua missão era renovar o elenco e fazer a Laranja voltar a praticar um futebol vistoso.

A renovação foi feita. Eram apenas quatro remanescentes de 2010: Nigel de Jong, Wesley Sneijder, Arjen Robben e Robin van Persie – que era o capitão e, nesse ciclo, se tornou o maior goleador da história de sua seleção.

A linha de frente consagrada seguia a mesma, mas continuava faltando talento nas demais posições. A Oranje estava sob desconfiança. Para atrapalhar ainda mais, dois jogadores importantes no meio campo foram cortados por lesão: Kevin Strootman e o experiente Rafael Van der Vaart.

Na parte final da preparação para a competição, Van Gaal passou a testar uma variação do sistema 5-3-2, quase um 5-4-1. Uma heresia, se comparado ao tradicional e enraizado 4-3-3 holandês. Mas, na prática, além de fortalecer o sistema defensivo, o esquema passou a distribuir melhor os jogadores dentro de campo, de forma que ocupassem o máximo de espaços possíveis.


A Espanha entrou em campo com seu 4-3-3 tradicional, com Iniesta e David Silva nas pontas e Diego Costa se movimentando muito para tentar fazer o pivô.


Van Gaal escalou a Holanda em um inóspito 5-3-2, que havia sido ensaiado desde a lesão de Strootman. Com isso, deu liberdade total a Robben e Van Persie.

● Assim, “Espanha x Holanda” se tornou o primeiro de vários grandes jogos que veríamos na Arena Fonte Nova, em Salvador, pela Copa do Mundo de 2014.

A Espanha entrou em campo pensando em uma vitória protocolar. A Holanda entrou com sangue nos olhos.

No primeiro tempo, a Espanha manteve seu estilo de jogo. O toque de bola envolvente era o mesmo, mas faltava a aproximação do gol adversário. Com a bola nos pés, a Holanda parecia realmente não ser uma adversária à altura. Mas marcava forte, tentando encurtar os espaços no meio e fechando as laterais.

De ambos os lados, as chances apareciam em chutes da intermediária e em bolas cruzadas na área, sem causar maiores ameaças. Mas, no sétimo minuto, a Holanda assustou. Robben deu um passe perfeito, mas Sneijder finalizou em cima de Casillas.

Aos 27 minutos, o eterno maestro Xavi fez um lançamento da intermediária para Diego Costa. O brasileiro dominou dentro da área e deixou o pé para ser tocado pelo carrinho de De Vrij. Costa foi um belo ator e o árbitro italiano Nicola Rizzoli assinalou o pênalti. Na cobrança, Xabi Alonso bateu no canto. Cillessen acertou o lado, mas não conseguiu alcançar a bola. Era o início perfeito para que a hegemonia espanhola se perpetuasse.


Diego Costa cai na área e o árbitro marca pênalti inexistente (Imagem: AP Photo / Wong Maye-E / UOL)

O jogo seguiu e a Holanda não encontrava brechas para tentar o empate. Pelo contrário, corria chances de levar mais. Aos 43′, a Espanha teve uma grande chance para ampliar. O sempre genial Iniesta deu um passe primoroso para David Silva ficar cara do gol, mas ele tentou encobrir Cillessen e o goleiro salvou com a ponta dos dedos.

Como diz um velho ditado: “Quem não faz, leva”. E a Espanha levaria.

No minuto seguinte, Blind recebeu pela esquerda, viu Casillas adiantado e Van Persie se projetando para a área no costado da zaga. O camisa 5 fez um lançamento justo e perfeito para o centroavante, que voou ao encontro da bola, mergulhando em pleno relvado da Arena Fonte Nova, deixando pasmos os 48.173 expectadores. A bola encobriu o goleiro espanhol e morreu no fundo das redes. Uma verdadeira obra de arte.

Um dos gols mais bonitos de todos os Mundiais, que derrubou a invencibilidade de 476 minutos de Casillas sem tomar gols em Copas do Mundo. O último gol que o capitão espanhol havia sofrido tinha sido contra o Chile (2 x 1) ainda na primeira fase da Copa de 2010. Se ele tivesse se mantido sem sofrer gols, bateria o recorde histórico do italiano Walter Zenga, que ficou 517 minutos invicto em 1990.


Robin van Persie e seu lindo mergulho para empatar a partida (Imagem: Giffer.com)

● Esse golaço deu um novo ânimo à Oranje. A Espanha mostrou não ser imbatível. Mas poucos esperavam o que se seguiria depois do intervalo. A Holanda cresceu, se postando mais firme na defesa, pressionando a saída de bola, trocando passes com precisão e aproveitando a velocidade do ataque.

Aos oito minutos, a redenção do craque. Sneijder dominou no meio do campo e abriu para Blind na esquerda. Um novo lançamento perfeito, dessa vez para Arjen Robben. Dentro da área, mesmo cercado, ele faz uma das suas jogadas características. Dominou com a perna esquerda cortando para o meio, passou com facilidade por Piqué e chutou forte para virar o placar e exorcizar o fantasma que lhe assombrou desde o gol feito que errou na final do Mundial quatro anos antes.

A Espanha sentiu o golpe. E a Holanda ainda estava sedenta por gols e vingança. Não bastava vencer. Nessa partida, a Holanda pareceu recordar levemente a “Laranja Mecânica”, aquela de 40 anos antes, que esmagava seus adversários sem dar qualquer chance.

Aos 15′, um contra-ataque de manual iniciado por Janmaat, que passou para Sneijder e partiu para o ataque. Sneijder deixou com Robben, que avançou em velocidade e devolveu para Janmaat, na entrada da área. O lateral ajeitou bonito e Van Persie chutou forte de perna direita. A bomba acertou o travessão e foi para fora.

Aos 19′, Sneijder cobrou falta da ponta esquerda, cruzando para a área. Casillas saiu mal do gol, se chocando com Van Persie e pedindo, em vão, a falta que não existiu. No segundo pau, De Vrij aproveitou a sobra e cabeceou para anotar o terceiro gol.

Pensando em um novo gás no ataque e em tentar voltar para o jogo, Del Bosque colocou Pedro e Fernando Torres no ataque. Mas o que já era uma dolorida derrota, ficaria ainda pior. Os ibéricos tentaram sair com tudo para o ataque e ofereceram o contra-golpe aos holandeses – seu maior ponto forte. Com um espaço enorme entre o meio campo e a defesa adversária, Robben e Van Persie deitaram e rolaram.


Arjen Robben deixa Casillas no chão antes de marcar o último gol do jogo (Imagem: Folha / UOL)

No minuto 27, Janmaat cobrou um arremesso lateral, Sérgio Ramos recuperou a bola e a recuou para Casillas. O goleiro dominou errado e perdeu a dividida com Van Persie. O capitão holandês só empurrou para o gol vazio, marcando o quarto.

Enquanto a Espanha torcia pelo final da partida, a Holanda queria ainda mais. E ainda faltavam longos 18 minutos. Três gols atrás, a Fúria atacava desordenadamente e deixava espaços na marcação.

Aos 35, Arjen Robben (sempre ele) bateria o último dos cinco pregos no caixão do campeão do mundo. Após um roubo de bola no meio campo, Sneijder fez um lançamento em profundidade para Robben. O camisa 11 ganhou em velocidade de Sergio Ramos, dominou já deixando Casillas no chão, cortou de volta para o meio e bateu de esquerda. Nessa arrancada, Robben bateu o recorde de velocidade de um jogador em Copas do Mundo, com 37 km/h. A marca anterior era de Theo Walcott, com 35,7 km/h. Mas não bastava apenas marcar o gol. Antes, era preciso humilhar Casillas, com uma sequência de dribles em cima do capitão espanhol, que ficou estatelado no chão. Era a vingança pessoal de Robben contra o mesmo Casillas que lhe negou o gol do título quatro anos antes.

Mas o placar só não foi mais amplo, porque no final da partida, os holandeses preferiram lances de efeito ao invés de qualquer nova tentativa de gol. Ainda assim, Casillas fez duas ótimas defesas impedindo um vexame ainda maior.


O consagrado Iker Casillas dessa vez não se deu muito bem contra a Espanha (Imagem: UOL)

● A Bahia é a terra da alegria, que dessa vez foi holandesa. Aos espanhóis, apenas a perplexidade de não saber nem o que estava acontecendo. Foi emblemático o momento em que Del Bosque passou a mão sobre a cabeça de todos os seus reservas, incrédulos, com lágrimas nos olhos.

A vitória esmagadora sobre a campeã do mundo fez a seleção holandesa recuperar a confiança. A equipe que era cotada para sofrer um vexame, dava ela própria uma surra em um grande rival. Difícil falar em vingança de 2010, já que não valeu o título mundial. Mas valeu a desforra.

A humilhação estava completa. Em toda a história, essa foi a maior derrota sofrida por uma seleção que ostentava o título de campeã mundial. E a derrota por 5 a 1 ficou até barata. Poderiam ter sido pelo menos 7 a 1 – placar que viríamos mais tarde entre duas outras favoritas.

A Espanha perdeu toda sua motivação e a aura de invencível. Na sequência, foi derrotada pelo bravo Chile por 2 a 0. Já eliminada, venceu a Austrália por 3 x 0. Voltar para casa mais cedo não estava nos planos dos espanhóis, mas serviu para trazê-los de volta à realidade.

O bom resultado embalou a Oranje na competição. Teve trabalho para bater a Austrália por 3 x 2, mas venceu o Chile por 2 x 0 e garantiu o primeiro lugar do Grupo B. Nas oitavas de final, vitória controversa sobre o México por 2 x 1, com um gol de pênalti (inexistente) nos últimos minutos. Nas quartas de final, parou no paredão da Costa Rica e venceu nos pênaltis. Nas semifinais, após novo empate sem gols, perdeu nas penalidades para a Argentina. Mas saiu do torneio em alta, após terminar em 3º lugar, ao derrotar o anfitrião Brasil por 3 x 0. Era mais do que esperavam no início do Mundial, mas menos do que seu potencial demonstrou na competição.


Louis van Gaal conseguiu “espremer a laranja” e tirou o melhor de sua equipe na partida (Imagem: UOL)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 5 x 1 ESPANHA

 

Data: 13/06/2014

Horário: 16h00 locais

Estádio: Arena Fonte Nova

Público: 48.173

Cidade: Salvador (Brasil)

Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália)

 

HOLANDA (5-3-2):

ESPANHA (4-2-3-1):

1  Jasper Cillessen (G)

1  Iker Casillas (G)(C)

7  Daryl Janmaat

22 César Azpilicueta

2  Ron Vlaar

3  Gerard Piqué

3  Stefan de Vrij

15 Sergio Ramos

4  Bruno Martins Indi

18 Jordi Alba

5  Daley Blind

16 Sergio Busquets

6  Nigel de Jong

14 Xabi Alonso

8  Jonathan de Guzmán

8  Xavi

10 Wesley Sneijder

6  Andrés Iniesta

11 Arjen Robben

21 David Silva

9  Robin van Persie (C)

19 Diego Costa

 

Técnico: Louis van Gaal

Técnico: Vicente del Bosque

 

SUPLENTES:

 

 

23 Tim Krul (G)

12 David de Gea (G)

22 Michel Vorm (G)

23 Pepe Reina (G)

12 Paul Verhaegh

2  Raúl Albiol

13 Joël Veltman

5  Juanfran

14 Terence Kongolo

4  Javi Martínez

16 Jordy Clasie

17 Koke

18 Leroy Fer

10 Cesc Fàbregas

20 Georginio Wijnaldum

20 Santi Cazorla

17 Jeremain Lens

13 Juan Mata

15 Dirk Kuyt

11 Pedro

21 Memphis Depay

7  David Villa

19 Klaas-Jan Huntelaar

9  Fernando Torres

 

GOLS:

27′ Xabi Alonso (ESP) (pen)

44′ Robin van Persie (HOL)

53′ Arjen Robben (HOL)

64′ Stefan de Vrij (HOL)

72′ Robin van Persie (HOL)

80′ Arjen Robben (HOL)

 

CARTÕES AMARELOS:

25′ Jonathan de Guzmán (HOL)

41′ Stefan de Vrij (HOL)

65′ Iker Casillas (ESP)

66′ Robin van Persie (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

62′ Diego Costa (ESP) ↓

Fernando Torres (ESP) ↑

 

62′ Xabi Alonso (ESP) ↓

Pedro (ESP) ↑

 

62′ Jonathan de Guzmán (HOL) ↓

Georginio Wijnaldum (HOL) ↑

 

77′ Stefan de Vrij (HOL) ↓

Joël Veltman (HOL) ↑

 

78′ David Silva (ESP) ↓

Cesc Fàbregas (ESP) ↑

 

79′ Robin van Persie (HOL) ↓

Jeremain Lens (HOL) ↑


As manchetes dos principais jornais espanhóis foram tão cruéis quanto a goleada sofrida (Imagem: El Universo)

Gols da partida:

… 12/06/1938 – Brasil 1 x 1 Tchecoslováquia

Três pontos sobre…
… 12/06/1938 – Brasil 1 x 1 Tchecoslováquia

“A Batalha de Bordeaux”


(Imagem: UOL)

● A partida marcou a inauguração do novíssimo estádio Parc Lescure, em Bordeaux. Isso obrigou as duas delegações a fazerem longos percursos de trem. Os tchecos viajaram 521 quilômetros desde Le Havre e os brasileiros 758 quilômetros desde Estrasburgo (uma viagem de quase 12 horas).

Nas oitavas de final, as duas equipes precisaram da prorrogação para eliminar seus respectivos rivais. A Tchecoslováquia bateu a Holanda por 3 a 0 (gols de Košťálek aos 93′, Nejedlý aos 111′ e Zeman aos 118′). O Brasil teve mais dificuldades para passar pela Polônia. Foi uma chuva de gols na vitória por 6 a 5, como já contamos aqui. Agora, a Seleção teria ainda mais problemas. Se o embate contra os poloneses foi duro, o duelo contra os tchecos seria ainda mais. Para ver o nível, bastava ver o confronto direto entre Polônia e Tchecoslováquia: em nove partidas até então, haviam sido oito vitórias da seleção tcheca.

No Mundial anterior, em 1934, o Brasil tinha decepcionado, sendo eliminado logo na primeira partida, em derrota para a Espanha por 3 x 1. Por sua vez, a Tchecoslováquia tinha uma bela equipe, que chegou até a final, quando perdeu de forma controversa para a anfitriã Itália apenas na prorrogação por 2 x 1, de virada.


(Imagem: Arquivo CBF)

Enquanto o Brasil tinha como remanescentes quatro jogadores (o capitão Martim Silveira, Luisinho Mesquita de Oliveira, Patesko e Leônidas da Silva), a seleção eslava ainda permanecia com seu time base, mantendo todo o sistema defensivo (Plánička, Burgr e Daučík) e o meio de campo (Košťálek, Bouček e Kopecký), além de seus dois melhores atacantes (Puč e Nejedlý). Assim, embora os sul-americanos tivessem um talento inegável, os centro-europeus eram favoritos.

Era um confronto de extremos. Os tchecos tinham um futebol metódico e jogadores experientes. Os brasileiros jogavam de forma artística e quase amadora. Para o adversário e para a imprensa estrangeira, o Brasil tinha um ataque extraordinário, mas a defesa “algo fraca”. De fato, os cinco gols sofridos contra a Polônia ligaram o alerta do técnico Ademar Pimenta, mas ele só fez uma mudança: o goleiro Walter entrou no lugar de Batatais. Domingos da Guia, mesmo com febre, foi para o jogo.


O Brasil atuava no sistema clássico, o 2-3-5, com muita fragilidade no sistema defensivo.


A Tchecoslováquia jogava em uma adaptação do 2-3-5 chamada “Sistema Danubiano”, que consistia na maior aproximação dos homens do ataque, com muitas tabelas e toques rápidos.

● Mas ambos fugiram de suas características, esqueceram a bola e partiram para o jogo violento. Tanto que essa partida ficou eternizada como “A Batalha de Bordeaux”.

Foi uma verdadeira guerra campal. Três das quatro expulsões dessa edição da Copa aconteceram nessa partida (a outra foi do alemão Hans Pesser, aos 6′ da prorrogação do empate com a Suíça por 1 x 1). Zezé Procópio foi o primeiro, logo aos 14 minutos da etapa inicial, depois de dar um chute sem bola em Nejedlý. Aos 44′ do segundo tempo, Machado e Říha trocaram agressões e também foram convidados a sairem do campo pelo árbitro húngaro Pal von Hertzka. Mas a verdade é que se o juiz fosse mais rigoroso, pelo menos a metade dos atletas deveria ter ido para o chuveiro mais cedo. O número de três expulsões em uma única partida só foi superado 68 anos depois, no confronto das oitavas de final de 2006 entre Portugal e Holanda, que teve quatro jogadores recebendo o cartão vermelho (Costinha, Deco, Khalid Boulahrouz e Gio van Bronckhorst).

O clima tenso seguiu por todo o jogo. Leônidas era o principal alvo dos tchecos, levando pontapés constantes. Um deles, desferido por Košťálek no fim do jogo, fez com que o craque brasileiro saísse carregado de campo e ficasse quase cinco minutos sendo atendido.

Em um dos raros momentos que foi possível praticar o futebol, o próprio Leônidas abriu o placar quando o relógio apontava meia hora jogada.

Mas aos 20′ da etapa final, Nejedlý e Šimůnek fizeram uma tabela no meio da área e Domingos da Guia tentou cortar com o peito, mas conduziu a bola com o braço. Pênalti indiscutível. Oldřich Nejedlý cobrou e converteu.

No fim da prorrogação, o empate por 1 x 1 persistiu e o saldo da guerra era altamente preocupante para os dois lados. O grande goleiro eslavo František Plánička havia jogado mais de meia hora e fechado o gol mesmo com a clavícula deslocada após um choque com Perácio e o artilheiro Oldřich Nejedlý (goleador da Copa de 1934) tinha fraturado o pé direito. Ambos estavam fora da partida de desempate, marcada para apenas 48 horas depois. Do lado brasileiro, Perácio saiu arrebentado e Leônidas, que tanto apanhou, não tinha condições de jogo.


Gol de Leônidas (Imagem: Arquivo CBF)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 1 x 1 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 12/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Parc Lescure

Público: 22.021

Cidade: Bordeaux (França)

Árbitro: Pal von Hertzka (Hungria)

 

BRASIL (2-3-5):

TCHECOSLOVÁQUIA (2-3-5):

Walter (G)

František Plánička (G)(C)

Domingos da Guia

Jaroslav Burgr

Machado 

Ferdinand Daučík

Zezé Procópio

Josef Košťálek

Martim Silveira (C)

Jaroslav Bouček

Afonsinho

Vlastimil Kopecký

Lopes

Jan Říha

Romeu Pellicciari

Ladislav Šimůnek

Leônidas da Silva

Josef Ludl

Perácio

Oldřich Nejedlý

Hércules

Antonín Puč

 

Técnico: Ademar Pimenta

Técnico: Josef Meissner

 

SUPLENTES:

 

 

Batatais (G)

Karel Burket (G)

Jaú

Karel Černý

Nariz

Josef Orth

Britto

Karel Kolský

Brandão

Otakar Nožíř

Argemiro

Vojtěch Bradáč

Roberto

Václav Horák

Luisinho Mesquita de Oliveira

Arnošt Kreuz

Niginho

Oldřich Rulc

Tim

Karel Senecký

Patesko

Josef Zeman

 

GOLS:

30′ Leônidas da Silva (BRA)

65′ Oldřich Nejedlý (TCH) (pen)

 

EXPULSÕES:

14′ Zezé Procópio (BRA)

89′ Machado (BRA)

89′ Jan Říha (TCH)

Algumas imagens da partida:


… 14/06/1938 – Brasil 2 x 1 Tchecoslováquia (Partida de Desempate)


(Imagem: Arquivo CBF)

● Dois dias depois do empate por 1 x 1, Brasil e Tchecoslováquia voltaram a campo, mas com times bastante diferentes, em grande parte devido às contusões da partida anterior.

Os tchecos não tinham o goleiro Plánička (clavícula deslocada) e os atacantes Puč (lesão na perna esquerda) e Nejedlý (fratura no pé direito), além de duas alterações feitas pelo técnico tcheco Josef Meissner. Ele imaginou que iria surpreender o seu colega brasileiro Ademar Pimenta ao fazer tantas alterações em sua equipe. Mas na hora que os dois times entraram em campo, Meissner só se convenceu que aquele era mesmo o Brasil quando viu Leônidas uniformizado. À exceção do centroavante e do goleiro Walter, todos os jogadores eram diferentes do que atuaram dois dias antes. O novo time era o “branco”, mais pesado, com a adição do combalido Leônidas.

Comparado à guerra que foi no primeiro jogo, o segundo foi bem mais tranquilo. Mas ainda assim o brasileiro Nariz quebrou o braço e o tcheco Kopecký teve que deixar o campo carregado aos 30 minutos do segundo tempo.

Mas o fato é que os 18 mil torcedores presentes no Parc Lescure apreciaram uma boa partida.


O Brasil mudou nove jogadores em relação ao jogo anterior. Agora, era um time mais pesado. Permanecia o sistema tático 2-3-5 e o craque Leônidas, o grande diferencial daquela seleção.


Os tchecos jogaram novamente no 2-3-5, mas mudaram meio time que atuou dois dias antes.

● A partida foi tensa. Os tchecos começaram controlando o ritmo da partida e abriram o placar aos 25 minutos com Vlastimil Kopecký.

O segundo tempo foi todo do Brasil, que voltou mais incisivo e empatou aos 12′, com o imparável Leônidas.

Três minutos depois, um susto. Senecký chutou rasteiro e Walter fez a defesa, mas a bola escapou de suas mãos e pareceu ter entrado cerca de um palmo no gol, antes que o goleiro pudesse puxá-la de volta. O árbitro francês Georges Capdeville não viu o segundo gol da Tchecoslováquia e mandou o jogo seguir.

Logo em seguida, aos 17′, Roberto vira o jogo com um gol de voleio.

Mas o grande jogador da partida foi o meia Tim, de 23 anos, que estreava na Copa. Encantado com sua visão de jogo, um jornal francês o chamou de “Criador”. Ele ainda ganharia o apelido de “El Péon”, dado pelos argentinos quatro anos depois, por “conduzir o time brasileiro como um peão (‘peón‘) conduz a sua manada”. Uma grande pena que esse foi seu único jogo em Copas do Mundo.


Gol de Leônidas (Imagem: Arquivo CBF)

● O entusiasmo pela vitória foi tão grande que o Ministro das Relações Exteriores, Gustavo Capanema, enviou um telegrama para a França, cumprimentando e exaltando os “invencíveis lutadores”. A CBD, também por telegrama, chamou os jogadores de “bravos legionários”. O interventor do Governo Federal no estado do Rio de Janeiro, o comandante Amaral Peixoto, divulgou uma nota promovendo o autor do segundo gol brasileiro, Roberto, a subchefe da Polícia Especial de Niterói, corporação a que o jogador pertencia.

No dia seguinte, enquanto esperavam para embarcar no trem que os levaria de Bordeaux para Marselha, alguns jogadores ficaram fazendo embaixadinhas (ou altinha, dependendo da região). Foi um verdadeiro show coletivo. Algo muito corriqueiro em todo território brasileiro desde sempre, mas que nunca tinha sido visto na Europa. Segundo os relatos, durante vários minutos uma bola foi sendo passada de pé em pé sem tocar o chão. Foi uma grande demonstração da habilidade brasileira no controle de bola, impressionando os jornalistas europeus.


Gol de Roberto (Imagem: Arquivo CBF)

Eliminada a Tchecoslováquia, vice em 1934, o Brasil agora iria encarar a campeã Itália. Mas nos dois dias que antecederam o jogo, duas perguntas estavam na boca de todos. Qual time seria escalado por Ademar Pimenta, o que enfrentou a Polônia (azul, mais leve) ou o do segundo jogo contra a Tchecoslováquia (branco, mais pesado)? E ainda a maior preocupação: Leônidas iria jogar? Ele era o único que havia participado dos três jogos e o que mais tinha sofrido com a violência adversária. Mas na véspera da semifinal, o centroavante já sabia que não tinha a mínima condição de jogo.

A participação de Leônidas na partida de desempate contra a Tchecoslováquia custou muito caro. Ele já não estava fisicamente bem e só entrou em campo porque seu reserva imediato, Niginho, então no Vasco, não tinha condições legais de jogo. Em 1935, quando atuava pela Lazio de Mussolini, Niginho abandonou a Itália devido à ameaça de ser convocado para defender o país na guerra com a Etiópia. Seu clube pagou sua viagem para o Brasil, mas não o autorizou a assinar com o Palestra Itália (atual Palmeiras). A Itália chegou a informar à FIFA sobre a irregularidade e os dirigentes brasileiros preferiram nem correr riscos e decidiram que o jogador não seria escalado. Por isso Leônidas foi para o sacrifício contra os tchecos. Depois, em uma carta de próprio punho à revista carioca Sport Ilustrado, Leônidas escreveu: “Joguei esta partida porque Niginho não está com a situação regularizada. Porém, fui infeliz, me machuquei e não posso jogar amanhã contra a Itália”.


(Imagem: Arquivo CBF)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 2 x 1 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 14/06/1938

Horário: 18h00 locais

Estádio: Parc Lescure

Público: 18.141

Cidade: Bordeaux (França)

Árbitro: Georges Capdeville (França)

 

BRASIL (2-3-5):

TCHECOSLOVÁQUIA (2-3-5):

Walter (G)

Karel Burket (G)

Jaú

Jaroslav Burgr (C)

Nariz

Ferdinand Daučík

Britto

Josef Košťálek

Brandão

Jaroslav Bouček

Argemiro

Vlastimil Kopecký

Roberto

Václav Horák

Luisinho Mesquita de Oliveira

Karel Senecký

Leônidas da Silva (C)

Josef Ludl

Tim

Arnošt Kreuz

Patesko

Oldřich Rulc

 

Técnico: Ademar Pimenta

Técnico: Josef Meissner

 

SUPLENTES:

 

 

Batatais (G)

František Plánička (G)

Domingos da Guia

Karel Černý

Machado

Josef Orth

Zezé Procópio

Karel Kolský

Martim Silveira

Otakar Nožíř

Afonsinho

Vojtěch Bradáč

Lopes

Jan Říha

Romeu Pellicciari

Oldřich Nejedlý

Niginho

Antonín Puč

Perácio

Ladislav Šimůnek

Hércules

Josef Zeman

 

GOLS:

25′ Vlastimil Kopecký (TCH)

57′ Leônidas da Silva (BRA)

62′ Roberto (BRA)

Algumas imagens da partida:

… 11/06/1998 – Itália 2 x 2 Chile

Três pontos sobre…
… 11/06/1998 – Itália 2 x 2 Chile


Marcelo Salas ganha no alto de Fabio Cannavaro e vira o jogo para o Chile (Imagem: Pinterest)

● Na Copa do Mundo de 1998, uma das maiores ameaças às potências consagradas era o Chile. Subestimado pela mídia estrangeira, o país se vangloriava de sua dupla de ataque: Iván “Bam-Bam” Zamorano e Marcelo Salas, “El Matador”. Salas estava em uma fase esplendorosa e tinha acabado de ser vendido pelo River Plate (Argentina) à Lazio (Itália) por US$ 20 milhões.

O Chile voltava a disputar um Mundial depois de 16 anos. Em 1986, parou nas eliminatórias ao perder nas últimas partidas para o Paraguai. Em 1990, foi punido pela FIFA por um episódio no qual o goleiro sãopaulino Roberto Rojas cortou seu próprio rosto e fingiu ter sido atingido por um sinalizador no jogo contra o Brasil. Por isso, a FIFA suspendeu o Chile também das eliminatórias de 1994. Em 1998, a vaga veio com muito sufoco, apenas no critério de saldo de gols, após um empate em número de pontos com o arqui-inimigo Peru.

A Itália vinha do vice-campeonato na Copa do Mundo de 1994, quando perdeu nos pênaltis para o Brasil por 3 x 2, após o empate por 0 x 0 no tempo normal e na prorrogação.

Para sua estreia em 1998, o técnico italiano Cesare Maldini (pai de Paolo Maldini) não contava com Alessandro Del Piero, craque da Juventus, lesionado. Roberto Baggio, veterano de duas Copas, foi convocado de última hora para levar seu talento e sua criatividade à Squadra Azzurra. O camisa 18 seria titular e o grande nome dessa partida inaugural.


Cesare Maldini escalou sua Itáliano sistema 4-4-2, com duas linhas de 4. Roberto Baggio tinha liberdade para desfilar seu talento no ataque.


Nelson Acosta armou seu time no 3-5-2. Fabián Estay era quem criava as jogadas para a dupla Salas e Zamorano.

● Quase 32 mil pessoas foram ao Parc Lescure para ver o confronto entre Itália e Chile, que se enfrentavam na abertura do Grupo B, em Bordeaux.

A Itália abriu o placar aos 10 minutos de jogo. Paolo Maldini, de seu próprio campo, lança a bola para a intermediária chilena. Com um só toque, Roberto Baggio deixa Christian Vieri livre, na cara do gol. O atacante da Lazio bate de primeira, rasteiro, no canto direito do goleiro Nelson Tapia. Foi uma finalização perfeita, assim como a assistência de Baggio.

A Squadra Azzurra passava sufoco diante do Chile. Os atacantes Salas (1,73 m) e Zamorano (1,78 m), mesmo mais baixos que a zaga italiana, ganhavam quase todas as bolas pelo alto. E foi dessa forma que o Chile viraria o marcador.

No último minuto do primeiro tempo, Fabián Estay cobra escanteio e Zamorano tenta de cabeça. A bola bate em Reyes e sobra para Salas, que balança as redes.

Logo no início da etapa final, aos 4′, Fuentes ergue a bola na área. Salas ganha no alto de Cannavaro e cabeceia no canto direito de Pagliuca.

Mas a seleção chilena acabou castigada pela falta de experiência e cedeu o empate.

A cinco minutos do fim, Roberto Baggio rouba a bola pela direita, perto da linha da grande área, e a chuta de forma proposital na mão de Francisco Rojas, que estava dentro da área. O árbitro nigerino Lucien Bouchardeau marcou pênalti.

O próprio Baggio partiu para a cobrança. Ele resolveu encarar de frente suas amargas lembranças que o assombravam desde o erro no pênalti decisivo na final da Copa do Mundo de 1994. Ele ignora as provocações dos chilenos e converte com serenidade budista, exorcizando seus demônios. Ele bateu forte, no canto direito. Tapia foi na bola, mas ela entrou.

O empate por 2 x 2 premiou os esforços das duas equipes e, principalmente, a torcida, que viu um grande espetáculo.


Roberto Baggio não estava mais em seu auge, seu talento ainda era imprescindível para a Azzurra (Imagem: Popperfoto / Getty Images)

● O Chile não vencia uma partida em Copas do Mundo desde 1962, quando sediou o torneio e terminou em 3º lugar. E esse tabu não seria quebrado em 1998, quando empatou os três jogos da primeira fase: Itália (2 x 2), Áustria (1 x 1) e Camarões (1 x 1). Nas oitavas de final, perdeu para o Brasil por 4 a 1, com dois gols de Ronaldo e dois de César Sampaio, com Salas descontando para o Chile.

Mesmo com a queda precoce, Marcelo Salas foi um dos destaques do torneio, marcando quatro gols.

A Itália, após empatar com o Chile (2 x 2), venceu Camarões (3 x 0) e Áustria (2 x 1). Nas oitavas, passou pela Noruega com uma vitória por 1 a 0. Nas quartas, amargou a terceira eliminação seguida nos pênaltis ao perder para a França por 4 a 3, depois de um empate sem gols no tempo regulamentar e na prorrogação. A Azzurra já havia sido eliminada dessa forma em 1990, na semifinal contra a Argentina, e em 1994, na decisão contra o Brasil.


A dupla “Sa-Za” era mesmo infernal para as defesas adversárias (Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 2 x 2 CHILE

 

Data: 11/06/1998

Horário: 17h30 locais

Estádio: Parc Lescure (atual Stade Chaban-Delmas)

Público: 31.800

Cidade: Bordeaux (França)

Árbitro: Lucien Bouchardeau (Níger)

 

ITÁLIA (4-4-2):

CHILE (3-5-2):

12 Gianluca Pagliuca (G)

1  Nelson Tapia (G)

5  Alessandro Costacurta

6  Pedro Reyes

6  Alessandro Nesta

3  Ronald Fuentes

4  Fabio Cannavaro

5  Javier Margas

3  Paolo Maldini (C)

15 Moisés Villarroel

15 Angelo Di Livio

4  Francisco Rojas

9  Demetrio Albertini

8  Clarence Acuña

11 Dino Baggio

7  Nelson Parraguez

16 Roberto Di Matteo

20 Fabián Estay

18 Roberto Baggio

11 Marcelo Salas

21 Christian Vieri

9  Iván Zamorano (C)

 

Técnico: Cesare Maldini

Técnico: Nelson Acosta

 

SUPLENTES:

 

 

1  Francesco Toldo (G)

12 Marcelo Ramírez (G)

22 Gianluigi Buffon (G)

22 Carlos Tejas (G)

2  Giuseppe Bergomi

2  Cristián Castañeda

8  Moreno Torricelli

8 Luis Musrri

7  Gianluca Pessotto

16 Mauricio Aros

13 Sandro Cois

14 Miguel Ramírez

14 Luigi Di Biagio

19 Fernando Cornejo

17 Francesco Moriero

17 Marcelo Veja

10 Alessandro Del Piero

10 José Luis Sierra

20 Enrico Chiesa

21 Rodrigo Barrera

19 Filippo Inzaghi

13 Manuel Neira

 

GOLS:

11′ Christian Vieri (ITA)

45+3′ Marcelo Salas (CHI)

48′ Marcelo Salas (CHI)

84′ Roberto Baggio (ITA) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

8′ Angelo Di Livio (ITA)

31′ Fabio Cannavaro (ITA)

45′ Nelson Parraguez (CHI)

53′ Clarence Acuña (CHI)

66′ Francisco Rojas (CHI)

 

SUBSTITUIÇÕES:

57′ Roberto Di Matteo (ITA) ↓

Luigi Di Biagio (ITA) ↑

 

61′ Angelo Di Livio (ITA) ↓

Enrico Chiesa (ITA) ↑

 

63′ Javier Margas (CHI) ↓

Miguel Ramírez (CHI) ↑

 

71′ Christian Vieri (ITA) ↓

Filippo Inzaghi (ITA) ↑

 

81′ Fabián Estay (CHI) ↓

José Luis Sierra (CHI) ↑

 

82′ Clarence Acuña (CHI) ↓

Fernando Cornejo (CHI) ↑

Gols da partida (em inglês):

Gols da partida (Rede Globo):

… 10/06/1970 – Brasil 3 x 2 Romênia

Três pontos sobre…
… 10/06/1970 – Brasil 3 x 2 Romênia


Cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Mircea Lucescu e Carlos Alberto (Imagem: Getty Images)

● A expressão “grupo da morte” surgiu nessa Copa, para se referir ao Grupo 3, formado por Brasil (bicampeão em 1958 e 1962), Inglaterra (campeã em 1966), Tchecoslováquia (vice em 1962) e Romênia.

No retrospecto histórico, os romenos seriam os adversários mais fracos do grupo. Eles tinham feito um jogo duro contra a Inglaterra, perdendo só por 1 a 0 e haviam vencido a Tchecoslováquia por 2 a 1. Agora, precisavam da vitória para se classificar e jogavam um futebol técnico e ofensivo. Seria um grande teste para o setor defensivo brasileiro.

O Brasil estreou dando um show, goleando a Tchecoslováquia por 4 x 1. Depois, bateu os ingleses, então campeões do mundo, por 1 a 0. Essas duas vitórias garantiram a classificação antecipada e a Seleção pôde enfrentar a Romênia com total tranquilidade, embora precisasse vencer para confirmar o primeiro lugar do grupo.

Rivellino sentia dores e foi poupado. Paulo Cézar Caju ocupou seu lugar. Infelizmente ele não reeditaria sua grande atuação contra a Inglaterra.

Gérson ainda estava machucado (não havia jogado contra os ingleses) e também foi poupado. Zagallo escalou Fontana para a zaga e deslocou Piazza para sua posição original no meio de campo, avançando Clodoaldo.

Na teoria, o Brasil jogaria mais fechado. Porém, na prática, por incrível que pareça, ficou mais vulnerável.


O Brasil jogava em um 4-3-3, com Paulo Cézar Caju apoiando mais a esquerda e fechando pelo meio. No ataque, Tostão era o “falso 9” (criando tendências para o futuro), se revezando com Pelé – hora como atacante, hora como ponta-de-lança. O jogador mais avançado era Jairzinho, um ponta-direita que fechava pelo centro, abrindo espaços para os avanços constantes de Carlos Alberto.


A Romênia também jogava no sistema 4-3-3.

● Mais de 50 mil presentes no Estádio Jalisco, em Guadalajara.

Pelé começou o jogo com apetite. Aos 19 minutos, o Rei sofreu falta perto da área. Ele mesmo cobrou, com efeito, e acertou o canto direito do goleiro. Foi o segundo gol dele no torneio e o 10º em Copas.

Três minutos depois, Paulo Cézar Caju puxou jogada pela esquerda e cruzou rasteiro. Jairzinho entrou pela defesa romena e se antecipou ao goleiro, desviando para o gol.

Ainda aos 27 minutos do primeiro tempo, o goleiro romeno Stere Adamache se lesionou. Ele se tornou o primeiro goleiro a ser substituído na história das Copas do Mundo. Em seu lugar, entrou Rică Răducanu.

A defesa brasileira se distraiu e a Romênia aproveitou para empatar aos 34′. Dumitru lança para Florea Dumitrache, o craque daquele time. Ele dominou, driblou Brito e chutou por baixo de Félix. Esse gol devolveu a Romênia para o jogo.

Aos 21′ da etapa final, o Brasil teve dois escanteios seguidos. Depois da segunda cobrança, Jairzinho cruzou da direita para a pequena área. Tostão se esticou de forma acrobática para tocar de calcanhar na bola e Pelé entrou de carrinho para marcar seu segundo gol no jogo.

Boa parte do mérito desse gol é de Tostão, que ainda não tinha feito nenhum na Copa, mas já vinha tendo um papel decisivo nas vitórias da Seleção de Zagallo.


Jairzinho não teve facilidade com a marcação romena (Imagem localizada no Google)

Novamente com dois gols de vantagem, o Brasil voltou a diminuir o ritmo, se poupando para o jogo das quartas de final.

A Romênia sentiu que Fontana estava desentrosado no time, foi ao ataque e conseguiu descontar mais uma vez. Aos 38′, o lateral direito Sătmăreanu foi à linha de fundo e cruzou para a área. Emerich Dembrovschi ganhou no alto de Félix e desviou para o gol.

Quando o Brasil estava com a posse de bola no ataque, a torcida mexicana se levantava e a imprensa do mundo todo elogiava a nata do “futebol arte” sul-americano em todo seu potencial. Quando perdia a bola, todos criticavam sua defesa, o estádio inteiro gritava pelo nome de Dumitrache, e a torcida brasileira ficava com o coração na mão.

Nos minutos finais, o Brasil sofreu com o bombardeio aéreo da Romênia (e a insegurança de Félix nas bolas altas), mas já não havia mais tempo.

Fim de jogo: 3 a 2 para o Brasil.


Pelé cobra falta e abre o placar (Imagem localizada no Google)

● Embora não tivesse feito sua melhor atuação, o Brasil fez o suficiente para terminar a fase de grupos com 100% de aproveitamento.

A partida contra a Romênia serviu para chamar a atenção de todo o mundo para uma velha mania dos brasileiros: subestimar o adversário. Isso poderia ser fatal em algum momento.

Garantidos em primeiro lugar no grupo, os brasileiros permaneceram em Guadalajara para o confronto das quartas de final contra o Peru, em excelente fase, treinado pelo ídolo brasileiro Didi. O Brasil bateu os peruanos por 4 x 2.

Nas semifinais, a Seleção se vingou do Maracanazzo e venceu os uruguaios de virada por 3 a 1.

Na histórica decisão, venceu e convenceu. Goleou a Itália por 4 a 1, conquistando em definitivo a Taça Jules Rimet.


(Imagem: O Craiovano)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 3 x 2 ROMÊNIA

 

Data: 10/06/1970

Horário: 16h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 50.804

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Ferdinand Marschall (Áustria)

 

BRASIL (4-3-3):

ROMÊNIA
(4-2-4):

1  Félix (G)

21 Stere Adamache (G)

4  Carlos Alberto Torres (C)

2  Lajos Sătmăreanu

2  Brito

4  Mihai Mocanu

15 Fontana

5  Cornel Dinu

16 Everaldo

3  Nicolae Lupescu

3  Wilson Piazza

15 Ion Dumitru

5  Clodoaldo

10 Radu Nunweiller

7  Jairzinho

16 Alexandru Neagu

9  Tostão

7  Emerich Dembrovschi

10 Pelé

9  Florea Dumitrache

18 Paulo Cézar Caju

11 Mircea Lucescu (C)

 

Técnico: Zagallo

Técnico:
Angelo Niculescu

 

SUPLENTES:

 

 

12 Ado (G)

1  Rică Răducanu (G)

22 Leão (G)

22 Gheorghe Gornea (G)

21 Zé Maria

12 Mihai Ivăncescu

14 Baldocchi

6  Dan Coe

17 Joel Camargo

13 Augustin Deleanu

6  Marco Antônio

14 Vasile Gergely

8  Gérson

20 Nicolae Pescaru

11 Rivellino

8  Nicolae Dobrin

13 Roberto

17 Gheorghe Tătaru II

20 Dadá Maravilha

18 Marin Tufanac

19 Edu

19 Flavius Domide

 

GOLS:

19′ Pelé (BRA)

22′ Jairzinho (BRA)

34′ Florea Dumitrache (ROM)

67′ Pelé (BRA)

84′ Emerich Dembrovschi (ROM)

 

CARTÕES AMARELOS:

Mihai Mocanu (ROM)

Ion Dumitru (ROM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

27′ Stere Adamache (ROM) ↓

Rică Răducanu (ROM) ↑

 

60′ Everaldo (BRA) ↓

Marco Antônio (BRA) ↑

 

72′ Florea Dumitrache (ROM) ↓

Gheorghe Tătaru II (ROM) ↑

 

74′ Clodoaldo (BRA) ↓

Edu (BRA) ↑

Gols da partida:

… 09/06/2006 – Alemanha 4 x 2 Costa Rica

Três pontos sobre…
… 09/06/2006 – Alemanha 4 x 2 Costa Rica


A belíssima Allianz Arena, em Munique, foi inaugurada em maio de 2005, especialmente para abrigar jogos da Copa do Mundo de 2006, inclusive a abertura oficial da competição (Imagem: Foto-net / FIFA)

● Essa partida era o início do sonho alemão de repetir 1974 e conquistar a Copa do Mundo em casa. E Munique era o lugar certo para o jogo inaugural. Foi lá que Franz Beckenbauer tinha erguido a taça do mundo pela Alemanha Ocidental 32 anos antes.

O time treinado por Jürgen Klinsmann não suscitava grandes expectativas (leia mais abaixo). Os alemães vinham de resultados ruins. Caíram na primeira fase da Eurocopa de 2004 quando ainda era comandada por Rudi Völler. Depois, já dirigida por Klinsmann, tinha sido goleada pela Itália por 4 x 1 em um amistoso. Se já não bastasse tudo isso, Michael Ballack, o craque do time, estava lesionado e era dúvida para a competição – era certo que não jogaria na estreia.

A Costa Rica tinha uma equipe muito limitada. Mas apostava na famosa zebra que historicamente costumava aparecer no primeiro jogo dos Mundiais. Mas dessa vez, a seleção caribenha tinha chances mínimas de surpreender.


A Alemanha atuou no 4-4-2. As jogadas fluíam bem no meio de campo, com a  qualidade de Schneider, Frings, Borowski e Schweinsteiger, apoiados pelas constantes subidas de Lahm ao ataque.


O brasileiro naturalizado costarriquenho Alexandre Guimarães armou sua seleção no defensivo sistema 5-3-2, contando com as escapadas dos experientes atacantes Ronald Gómez e Paulo Wanchope.

● E as duas seleções contrariaram o histórico das partidas de abertura das Copas do Mundo, que geralmente têm placares econômicos.

A partida começou sem a típica cautela das estreias e com os donos da casa marcando pressão e criando diversas chances de gol a todo momento.

Com o apoio da torcida e os jogadores ligados, a Alemanha imprimiu um ritmo alucinante na partida.

Com apenas seis minutos, o placar foi aberto. Atuando na esquerda, o jovem lateral Philipp Lahm pegou a sobra da defesa, avançou pelo meio passando por dois adversários e chutou no ângulo.

Mas a vantagem que o ataque alemão produzia, a defesa ajudava a desfazer com erros de posicionamento. Aos 12′, a zaga falhou. Rónald Gómez lançou para Paulo Wanchope, que ficou cara a cara com o goleiro Lehmann e tocou no canto direito. Tudo igual no marcador.

Mas a pressão dos locais continuou e foi premiada cinco minutos depois. Bernd Schneider tentou a jogada pela direita e passou para Schweinsteiger, na área. O meia driblou um zagueiro e chutou cruzado. Miroslav Klose apareceu no meio do caminho e mandou para as redes. Festa e presente de aniversário para o camisa 11, que comemorava seus 28 anos naquele mesmo dia.

O ritmo foi menos intenso até os 16′ do segundo tempo, quando Lahm cruzou da esquerda, a zaga desviou mal e a bola ficou para Klose cabecear. O goleiro Porras salvou, mas o próprio atacante estava lá para aproveitar a sobra e fazer o gol.

Mas a defesa deu mole de novo para Wanchope aos 28′. Centeno tabelou com Gómez e deixou o camisa 9 na cara do gol, livre para tocar na saída de Lehmann. Os alemães pediram impedimento, em vão.

O placar se mexeu pela última vez aos 42′. Em uma falta na intermediária, Schweinsteiger rolou para Frings chutar de primeira no ângulo. Um verdadeiro golaço!


O jovem Philipp Lahm comemora o primeiro gol do torneio (Imagem: Kai Pfaffenbach / Reuters)

● A vitória memorável por 4 a 2, logo na abertura, é mais do que a Alemanha podia esperar e era um alerta aos futuros adversários, demonstrando a força da anfitriã.

Nas ruas, os torcedores foram à loucura. O desempenho alemão confundiu os críticos e deu um tom ao torneio. A febre da Copa do Mundo começava a contaminar todo o país.

Na segunda partida, o gol da vitória (1 x 0) da Alemanha sobre a rival Polônia foi arrancado aos 46 minutos do segundo tempo. No terceiro jogo, completou os 100% de aproveitamento ao atropelar o Equador por 3 a 0. Nas oitavas de final, ganhou tranquilamente da Suécia por 2 a 0. Nas quartas, uma verdadeira batalha no clássico contra a Argentina: após empate por 1 a 1, venceu nos pênaltis por 4 a 2, com uma grande confusão no final. Nas semifinais, perdeu para a Itália por 2 a 0, com gols nos dois últimos minutos da prorrogação. Na decisão do 3º lugar, venceu Portugal por 3 a 1 e saiu de cabeça erguida.

A Costa Rica foi a lanterna do grupo A, com três derrotas. Perdeu por 4 a 2 para a Alemanha, 3 a 0 para o Equador e 2 a 1 para a Polônia.


Paulo Wanchope deu trabalho para a defesa alemã (Imagem: Bongarts / Getty Images / Daily Mail)

● Pela sua importância naquela seleção da Alemanha, o técnico Jürgen Klinsmann merece um espaço a parte. E quem melhor escreveu sobre o tema foram Axel Torres e André Schön, no livro “Gol da Alemanha” (2016):

“Klinsmann [como técnico] não funcionou, mas é o símbolo da mudança. […] Fez todos entenderem que era preciso mudar, que era preciso procurar outra mentalidade.”

“Circulavam boatos pela internet de que o trabalho [em 2006] não fora de Klinsmann, mas daquele que seria seu sucessor, Joachim Löw. A tarefa de Klinsmann, diziam, consistia unicamente em motivar o time. Essas pessoas esqueciam o trabalho – sutil, porém colossal – que significava mudar tudo. Klinsmann desafiou o sistema e o ‘establishment’ do futebol alemão.”

“Ele morava na Califórnia… e apostava em um futebol ofensivo, confiando o futuro do país a garotos jovens; não era pragmático e dava pouca importância a valores tradicionais como a experiência, o trabalho e a ordem defensiva acima de tudo.”

“Quando o árbitro apitou o início de Alemanha x Costa Rica, jogo de abertura da Copa, a pressão sobre Klinsmann era máxima. […] O que aconteceu naquele jogo diante da seleção caribenha é digno de estudo. Nunca uma goleada tão previsível pela diferença de nível entre as duas seleções teve um impacto tão revolucionário. Jamais uma resultado tão normal ‘para quem era de fora’ mudou tanto a percepção das pessoas.”

“Dois meses antes do início da Copa, Klinsmann reuniu-se com [o goleiro Oliver] Kahn em um hotel […] para anunciar que ele seria convocado como reserva. Os jornais do dia seguinte publicaram a história e trataram-na quase como um sacrilégio. […] Mexer com uma ‘entidade’ como Kahn era inédito, mas Klinsmann bancou o risco. Inesperadamente e contra todos os prognósticos, seu time só parou aos catorze minutos do segundo tempo da prorrogação na semifinal contra a Itália, com um golaço do lateral esquerdo Fabio Grosso [e outro belo gol e Alessandro Del Piero, marcado em contra-ataque no último lance da partida].”

“Depois disso, a Alemanha não apenas fez as pazes com Jürgen Klinsmann, como o santificou. Na manhã seguinte àquela honrosa derrota, todo o país queria que ele continuasse no cargo. Até o ‘Bild’ elogiou. Mas Klinsmann deu por terminado seu ciclo na seleção, deixando toda a Alemanha com lágrimas nos olhos.”


Jürgen Klinsmann foi importantíssimo para quebra de paradigmas de um país conhecido pela sua rigidez nas tradições (Imagem: AFP)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 4 x 2 COSTA RICA

 

Data: 09/06/2006

Horário: 18h00 locais

Estádio: Allianz Arena

Público: 66.000

Cidade: Munique (Alemanha)

Árbitro: Horacio Elizondo (Argentina)

 

ALEMANHA (4-4-2):

COSTA RICA (5-3-2):

1  Jens Lehmann (G)

18 José Porras (G)

3  Arne Friedrich

5  Gilberto Martínez

17 Per Mertesacker

4  Michael Umaña

21 Christoph Metzelder

20 Douglas Sequeira

16 Philipp Lahm

3  Luis Marín

19 Bernd Schneider (C)

12 Leonardo González

8  Torsten Frings

6  Danny Fonseca

18 Tim Borowski

10 Walter Centeno

7  Bastian Schweinsteiger

8  Mauricio Solís

20 Lukas Podolski

11 Rónald Gómez

11 Miroslav Klose

9  Paulo Wanchope

 

Técnico: Jürgen Klinsmann

Técnico: Alexandre Guimarães

 

SUPLENTES:

 

 

12 Oliver Kahn (G)

1  Álvaro Mesén (G)

23 Timo Hildebrand (G)

23 Wardy Alfaro (G)

4  Robert Huth

2  Jervis Drummond

6  Jens Nowotny

17 Gabriel Badilla

2  Marcell Jansen

22 Michael Rodríguez

5  Sebastian Kehl

15 Harold Wallace

15 Thomas Hitzlsperger

14 Randall Azofeifa

13 Michael Ballack

16 Carlos Hernández

22 David Odonkor

7  Christian Bolaños

14 Gerald Asamoah

13 Kurt Bernard

10 Oliver Neuville

21 Víctor Núñez

9  Mike Hanke

19 Álvaro Saborío

 

GOLS:

6′ Philipp Lahm (ALE)

12′ Paulo Wanchope (COS)

17′ Miroslav Klose (ALE)

61′ Miroslav Klose (ALE)

73′ Paulo Wanchope (COS)

87′ Torsten Frings (ALE)

 

CARTÃO AMARELO: 30′ Danny Fonseca (COS)

 

SUBSTITUIÇÕES:

66′ Gilberto Martínez (COS)

Jervis Drummond (COS)

 

72′ Tim Borowski (ALE)

Sebastian Kehl (ALE)

 

78′ Mauricio Solís (COS) ↓

Christian Bolaños (COS) 

 

79′ Miroslav Klose (ALE) ↓

Oliver Neuville (ALE) 

 

90+1′ Bernd Schneider (ALE) ↓

David Odonkor (ALE)

 

90+1′ Rónald Gómez (COS) ↓

Randall Azofeifa (COS) 


Philipp Lahm puxa a bola para o meio, de onde sairia o chute que inaugurou as redes da Copa da 2006 (Imagem: Coub)

Gols da partida:

… 08/06/1958 – Brasil 3 x 0 Áustria

Três pontos sobre…
… 08/06/1958 – Brasil 3 x 0 Áustria


Nílton Santos surpreendeu, avançou ao ataque e marcou o segundo gol brasileiro (Imagem: Getty Images)

● Para a Copa do Mundo de 1958, chegaram como favoritas para a competição a seleção da Inglaterra (que embora não justificasse em campo, ainda era aclamada como a melhor do mundo), a Alemanha Ocidental (campeã mundial em 1954) e a União Soviética (com seu “futebol científico”). Dentre as sul-americanas, apenas a Argentina merecia alguma atenção, não pelo favoritismo, mas pelo fato de ter voltado a disputar um Mundial 24 anos depois.

O Brasil foi sorteado no grupo mais equilibrado da competição. A Áustria tinha terminado o Mundial anterior no 3º lugar; a Inglaterra era sempre forte, embora desfalcada pelo acidente que vitimou vários atletas do Manchester United e titulares do English Team; a União Soviética era estreante em Copas, mas vinha com praticamente a mesma equipe que tinha conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos em 1956, em Melbourne.

O adversário brasileiro na estreia era a forte Áustria, capitaneada por Gerhard Hanappi.

Mas a Seleção Brasileira estava muito bem preparada, como já contamos neste outro texto.


O Brasil atuava em um falso 4-2-4, se transformando em um 4-3-3 com o recuo voluntário de Zagallo.


A Áustria jogava no tradicional sistema WM.

● Um público de 17.788 pessoas compareceram ao estádio Rimnersvallen, na pequena cidade de Uddevalla, para assistir a um encontro clássico: a técnica sul-americana contra a força e a destreza europeia.

O jogo foi duro, especialmente na primeira etapa, com os jogadores tensos e o ataque brasileiro hesitante.

Gylmar chegou a salvar algumas oportunidades criadas pela Áustria.

Até que aos 37 minutos, o craque brasileiro Didi faz um lançamento genial, de seu próprio campo, para José Altafini, o “nosso” Mazzola. O jovem prodígio do Palmeiras recebe na área, domina e chuta cruzado, no canto direito de Szanwald, para abrir o placar.

A Áustria começa bem o segundo tempo, dando sinais de que continuaria pressionando. O ponta direita Walter Horak passa pela defesa brasileira, mas Gylmar agarra firme o chute de Hans Buzek.

Os austríacos avançam com tudo, mas sofrem com os contra-ataques.

Aos 5′ da etapa final, Nílton Santos, a “Enciclopédia do Futebol”, roubou a bola de Horak e arrancou pela esquerda (uma cena raríssima no futebol daquela época). Como Zagallo fez a cobertura, o lateral esquerdo avançou, chegou à área, tabelou com Mazzola, recebeu nas costas da defesa e tocou no alto, na saída do goleiro. Foi o gol mais importante dos 14 que Nílton marcou em toda sua carreira. Ele contrariou completamente as ordens do técnico Vicente Feola, que, do banco de reservas, gritava: “Volta, Nílton! Volta!” até o momento em que a bola parou na rede. Felizmente o craque não obedeceu ao treinador, que depois mudou o grito: “Boa, Nílton! Boa!”

Pouco depois, Dino Sani cruza perigosamente, mas o goleiro Rudolf Szanwald segura com tranquilidade.

O Brasil se mantém firme diante da pressão constante (mas inócua) da Áustria.

De Sordi avança, mas não tem a qualidade de Nílton Santos. Seu chute vai longe da meta.

A um minuto do fim, Mazzola arranca, cercado por dois marcadores, e chuta de fora da área, no canto esquerdo do goleiro. Era seu segundo gol no jogo, o terceiro do Brasil.

Boa estreia brasileira: 3 a 0.


Mazzola deu muito trabalho ao goleiro Rudolf Szanwald (Imagem: Globo Esporte)

● As joelheiras de Gylmar ¹*

Ao chegar no vestiário, o goleiro Gylmar dos Santos Neves notou o desespero do roupeiro:
– Gylmar, esqueci as suas joelheiras no hotel. O doutor Paulo vai querer me matar!
– Não se preocupe! – respondeu Gylmar. – Vou dizer que eu é que decidi jogar sem joelheiras.
Gylmar jogou sem o acessório contra a Áustria e não sentiu falta. Tanto que não usaria mais joelheiras pelo resto da competição.
– No final, achei que joguei com mais liberdade.

¹* Trecho extraído do livro:
Duarte, Marcelo. O Guia dos Curiosos: Copas. 1. ed. São Paulo: Panda Books, 2014.


(Imagem localizada no Google)

FICHA TÉCNICA:

 

BRASIL 3 x 0 ÁUSTRIA

 

Data: 08/06/1958

Horário: 19h00 locais

Estádio: Rimnersvallen

Público: 17.788

Cidade: Uddevalla (Suécia)

Árbitro: Maurice Guigue (França)

 

BRASIL (4-2-4):

ÁUSTRIA (WM):

3  Gylmar (G)

1  Rudolf Szanwald (G)

14 De Sordi

5  Gerhard Hanappi (C)

2  Bellini (C)

3  Ernst Happel

15 Orlando

4  Franz Swoboda

12 Nilton Santos

2  Paul Halla

5  Dino Sani

6  Karl Koller

6  Didi

7  Walter Horak

17 Joel

11 Helmut Senekowitsch

18 Mazzola

9  Hans Buzek

21 Dida

10 Alfred Körner

7  Zagallo

13 Walter Schleger

 

Técnico: Vicente Feola

Técnico: Josef Argauer

 

SUPLENTES:

 

 

1  Castilho (G)

12 Kurt Schmied (G)

4  Djalma Santos

22 Bruno Engelmeier (G)

16 Mauro

15 Walter Kollmann

9  Zózimo

18 Leopold Barschandt

8  Oreco

16 Karl Stotz

19 Zito

17 Ernst Kozlicek

13 Moacir

21 Ignaz Puschnik

11 Garrincha

20 Herbert Ninaus

20 Vavá

8  Paul Kozlicek

10 Pelé

14 Josef Hamerl

22 Pepe

19 Robert Dienst

 

GOLS:

37′ Mazzola (BRA)

50′ Nilton Santos (BRA)

85′ Mazzola (BRA)

Gols da partida:

Melhores momentos da partida:

… 07/06/2002 – Inglaterra 1 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 07/06/2002 – Inglaterra 1 x 0 Argentina


(Imagem: AP Photo / Ricardo Mazalan)

● Argentina e Inglaterra era o jogo mais esperado da primeira fase da Copa do Mundo de 2002. Era o reencontro das duas grandes rivais históricas, em confrontos que extrapolam o futebol (como em 1966 e 1986).

O último duelo oficial tinha sido nas oitavas de final da Copa anterior, em 1998. Naquela ocasião, a Inglaterra teve de jogar todo o segundo tempo e a prorrogação com um homem a menos, já que David Beckham foi expulso por chutar Diego Simeone, revidando uma entrada violenta e a provocação do argentino. Mesmo assim, o English Team segurou o empate por 2 x 2 e levou a partida para os pênaltis, mas perdeu por 4 x 3, com uma grande atuação do goleiro albiceleste Carlos Roa. Beckham foi responsabilizado pela derrota de 1998, mas agora era o capitão que liderava seu país à revanche.

Quatro anos depois, ingleses e argentinos renovam sua rivalidade sob os olhos atentos do melhor árbitro do mundo, o italiano Pierluigi Collina. Beckham e Simeone estavam mais uma vez cara a cara. Era visível a animosidade entre os dois, mas claramente eles queriam vencer na bola e não de outra forma.

O sueco Sven Gorän Eriksson, técnico da Inglaterra, tinha várias preocupações antes do Mundial, principalmente de ordem médica. No dia 10 de abril, David Beckham sofreu uma falta feia em um jogo do Manchester United e fraturou um osso metatarso do pé esquerdo (lesão semelhante à de Neymar em 2018) e se tornou dúvida para a Copa. Duas semanas depois, foi a vez do lateral Gary Neville, que sofreu a mesma lesão. Para completar, dez dias antes do início da Copa, o meio campista Danny Murphy teve a mesma fratura no amistoso entre Inglaterra e Coreia do Sul. Beckham fez uma terapia de reconstrução óssea (também aplicada em cavalos de corrida) e conseguiu se recuperar a tempo. Já os outros dois jogadores ficaram mesmo fora da lista final para o Mundial.

A seleção argentina era a grande favorita à conquista do Mundial de 2002. Estava invicta há quase dois anos e tinha quebrado o recorde de melhor campanha da história das eliminatórias sul-americanas. Se já não bastasse, contava com craques de nível mundial como Gabriel Batistuta, Hernán Crespo, Juan Sebastián Verón, Ariel Ortega, Javier Zanetti, Pablo Aimar e outros. O técnico Marcelo “Loco” Bielsa se deu ao luxo de desprezar Juan Román Riquelme, um dos melhores armadores das últimas décadas.

Claramente o Grupo F era o temido “Grupo da Morte”. A Argentina vinha de uma vitória tranquila por 1 a 0 sobre a Nigéria e precisava apenas de uma vitória para se garantir na próxima fase. A Inglaterra tinha empatado com a Suécia por 1 x 1 e precisava vencer.


A Inglaterra jogava no 4-4-2 ao seu estilo mais tradicional.


A Argentina atuava no 3-4-3 consagrado por Marcelo “Loco” Bielsa.

● A partida começou disputada, com muitas bolas divididas. A Argentina abusava das faltas duras no meio campo, impedindo a criação de jogadas do adversário.

Logo aos sete minutos, o lateral Juan Pablo Sorín invadiu a área pela esquerda, puxou a marcação e tocou de calcanhar para Kily González chutar forte de primeira, mas a bola saiu à esquerda do goleiro inglês David Seaman.

Apesar do domínio territorial argentino, quem esteve mais perto do gol foi o time inglês.

Aos 17′, Hargreaves driblou Javier Zanetti e lançou Michael Owen na entrada da grande área. O zagueiro Walter Samuel foi mais rápido e controlou bem a jogada.

Beckham era o mestre das bolas paradas inglesas, que levavam perigo a qualquer adversário, mas o jogador inglês mais temido era mesmo Michael Owen, o “Wonderkid” (“Garoto Maravilha”). Na Copa de 1998, ele já tinha infernizado a zaga argentina e feito um gol de placa, arrancando da intermediária e passando por dois adversários antes de finalizar.

Agora, aos 24 minutos ele apareceu pela primeira vez. Emile Heskey roubou a bola de Verón e Hargreaves fez um belo lançamento rasteiro, pegando Owen de frente para a defesa. Ele entrou na área e chutou rasteiro, cruzado. A bola foi na trave direita do goleiro Cavallero.

No minuto seguinte, a Argentina voltou a pressionar. Kily González cruzou e Gabriel Batistuta cabeceou para uma boa defesa de Seaman.

Aos 43′, Michael Owen mostrou que estava mesmo inspirado. Ele entrou na área pelo lado esquerdo e driblou Pochettino, que o derrubou. Collina assinalou pênalti. Beckham bateu forte, no meio do gol, fazendo o que seria o único gol do jogo.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

Enquanto isso, o técnico argentino “El Loco” Bielsa caminhava inquieto de um lado para outro no banco de reservas. No intervalo, ele trocou o burocrático Verón pelo arisco Pablo Aimar, que passou a ser a peça central em busca do empate.

O English Team manteve o ritmo na etapa final. Logo aos 4′, Paul Scholes chutou forte de fora da área, mas Cavallero defendeu bem.

Scholes era o principal responsável pela armação das jogadas no meio campo inglês. Ele fez lançamento longo para a área e o veterano Teddy Sheringham recebeu livre, emendando um sem-pulo que obrigou Cavallero a fazer uma defesa dificílima.

Com a vantagem, os britânicos passaram a jogar somente nos contra-ataques, aproveitando principalmente a precisão dos passes de Scholes e a velocidade de Trevor Sinclair (que tinha entrado no lugar do lesionado Hargreaves na primeira etapa).

A Argentina insistia em jogadas aéreas improdutivas. Quando a zaga inglesa não afastava, o goleiro Seaman pegava.

Aos 32′, a albiceleste perdeu sua melhor chance. Após a cobrança de um escanteio da direita, Mauricio Pochettino subiu mais que a zaga inglesa e cabeceou forte, no meio do gol. David Seaman fez uma grande defesa.

Mas a Argentina já estava sem forças para reagir.

Após o apito final, David Beckham foi quem mais comemorou a vitória, como uma espécie de vingança pessoal diante do que lhe aconteceu em 1998.

O resultado deixou os argentinos em situação delicada, precisando ganhar da Suécia para passar para a próxima fase.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Essa era a primeira vitória inglesa sobre a Argentina em Copas do Mundo desde 1966.

Era também o fim da invencibilidade de 18 jogos do técnico argentino Marcelo Bielsa. A última derrota dos portenhos havia sido no dia 26 de julho de 2000, pelas Eliminatórias, quando o Brasil venceu por 3 a 1.

A Inglaterra fez uma campanha digna. Empatou com a Suécia por 1 a 1, venceu a Argentina por 1 a 0 e empatou com a Nigéria por 0 a 0. Nas oitavas de final, fez um ótimo primeiro tempo e venceu a Dinamarca por 3 a 0. Nas quartas, parou no Brasil, com um show de Ronaldinho Gaúcho, e perdeu de virada por 2 a 1.

A Argentina acabou caindo mesmo na primeira fase. Após vencer a Nigéria por 1 a 0, perdeu para os ingleses por 1 a 0. No empate com a Suécia por 1 x 1, os argentinos não conseguiram a classificação mesmo com a ajuda da arbitragem no gol de empate. O juiz emiradense Ali Bujsaim não marcou uma falta clara em Henrik Larsson, deu um pênalti inexistente para os albicelestes e ainda ignorou o gol irregular de Hernán Crespo, que tinha invadido a área antes da cobrança, na sequência do lance. Ao final do jogo, os argentinos choraram a eliminação ainda em campo.

Curiosamente, juntamente com a delegação da seleção inglesa, viajou também um famoso cabeleireiro de Londes para acompanhar os atletas no Mundial: Scott Warren. Para atender a todos, ele veio acompanhado de mais três cabeleireiros de sua equipe. O único que não utilizou os serviços de Warren foi David Beckham, que tinha seu cabeleireiro particular, Aidan Phelan.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

INGLATERRA 1 x 0 ARGENTINA

 

Data: 07/06/2002

Horário: 20h30 locais

Estádio: Sapporo Dome

Público: 35.927

Cidade: Sapporo (Japão)

Árbitro: Pierluigi Collina (Itália)

 

INGLATERRA (4-4-2):

ARGENTINA (3-4-3):

1  David Seaman (G)

12 Pablo Cavallero (G)

2  Danny Mills

4  Mauricio Pochettino

5  Rio Ferdinand

6  Walter Samuel

6  Sol Campbell

13 Diego Placente

3  Ashley Cole

8  Javier Zanetti

21 Nicky Butt

14 Diego Simeone

18 Owen Hargreaves

11 Juan Sebastián Verón (C)

8  Paul Scholes

3  Juan Pablo Sorín

7  David Beckham (C)

10 Ariel Ortega

10 Michael Owen

9  Gabriel Batistuta

11 Emile Heskey

18 Kily González

 

Técnico: Sven-Göran Eriksson

Técnico: Marcelo “Loco” Bielsa

 

SUPLENTES:

 

 

13 Nigel Martyn (G)

23 Roberto Bonano (G)

22 David James (G)

1  Germán Burgos (G)

12 Wes Brown

2  Roberto Ayala

15 Martin Keown

22 José Chamot

16 Gareth Southgate

5  Matías Almeyda

14 Wayne Bridge

15 Claudio Husaín

4  Trevor Sinclair

20 Marcelo Gallardo

23 Kieron Dyer

16 Pablo Aimar

19 Joe Cole

17 Gustavo López

20 Darius Vassell

7  Claudio López

17 Teddy Sheringham

21 Claudio Caniggia

9  Robbie Fowler

19 Hernán Crespo

 

GOL: 44′ David Beckham (ING) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

13′ Gabriel Batistuta (ARG)

29′ Ashley Cole (ING)

50′ Emile Heskey (ING)

 

SUBSTITUIÇÕES:

19′ Owen Hargreaves (ING) ↓

Trevor Sinclair (ING) ↑

 

INTERVALO Juan Sebastián Verón (ARG) ↓

Pablo Aimar (ARG) ↑

 

54′ Emile Heskey (ING) ↓

Teddy Sheringham (ING) ↑

 

60′ Gabriel Batistuta (ARG) ↓

Hernán Crespo (ARG) ↑

 

64′ Kily González (ARG) ↓

Claudio López (ARG) ↑

 

80′ Michael Owen (ING) ↓

Wayne Bridge (ING) ↑

Melhores momentos da partida:

… 06/06/1970 – Romênia 2 x 1 Tchecoslováquia

Três pontos sobre…
… 06/06/1970 – Romênia 2 x 1 Tchecoslováquia


O tcheco Andrej Kvašňák, cercado pelos romenos Alexandru Neagu e Cornel Dinu (Imagem: Getty Images)

● A Tchecoslováquia estava na sua sexta participação em Copas do Mundo. Havia chegado a duas finais e perdido ambas. Em 1934, foi vítima da Itália de Mussolini. Em 1962, perdeu para a Seleção Brasileira, já sem Pelé, mas com Garrincha e Vavá.

A Romênia voltava a disputar um Mundial 32 anos depois. Havia participado das três primeiras edições (1930, 1934 e 1938), mas não havia se classificado mais desde então. Na fase qualificatória, havia eliminado a ótima seleção de Portugal (sensação quatro anos antes), a tradicional Suíça e a Grécia.

A expressão “grupo da morte” surgiu nessa Copa, para se referir ao Grupo 3, formado por Brasil (bicampeão em 1958 e 1962), Inglaterra (campeã em 1966), Tchecoslováquia (vice em 1962) e Romênia (com uma seleção muito técnica).

Na estreia, tanto romenos quanto tchecos tinham perdido.

Mas enquanto a Tchecoslováquia foi impiedosamente goleada pela Seleção Brasileira por 4 a 1, a Romênia tinha vendido caro a derrota por 1 a 0 para os ingleses, até então detentores do título mundial.

Eram duas seleções técnicas e ofensivas.

A única alteração na seleção romena em relação à estreia foi a troca de Gheorghe Tătaru II por Alexandru Neagu na ponta direita.

Por sua vez, o treinador da Tchecoslováquia, Jozef Marko, surpreendeu mudando meio time: tirou Ivo Viktor e colocou Vencel, no gol; mudou a defesa, com Zlocha no lugar de Hagara; trocou Hrdlička e František Veselý por Kvašňák e Bohumil Veselý no meio; e ainda alterou o comando de ataque, com Jurkanin substituindo Adamec.


As duas seleções atuavam no sistema 4-3-3

● A Tchecoslováquia começou melhor e Ladislav Petráš abriu o placar aos quatro minutos de partida, com uma linda cabeçada. Na comemoração, ele repetiu o sinal da cruz que havia feito no jogo contra o Brasil (e que havia levado o brasileiro Jairzinho a imitá-lo na sequência do Mundial).

No segundo tempo, os romenos tomaram conta do jogo. Neagu foi o destaque, marcando um gol e sofrendo um pênalti.

Aos oito, Radu Nunweiller rolou para Neagu, que driblou Horváth e chutou cruzado, no canto esquerdo do goleiro Vencel.

A virada veio aos 31′. Neagu recebeu um belo passe na entrada da grande área e foi agarrado por Zlocha. Pênalti bem marcado pelo árbitro mexicano Diego de Leo. Florea Dumitrache, o craque do time, cobrou no ângulo direito de Vencel e fez o gol da vitória.


O capitão romeno Mircea Lucescu finaliza, mas para na defesa do goleiro tcheco Alexander Vencel (Imagem: Getty Images)

● Esse resultado deixou a Tchecoslováquia praticamente eliminada. Os tchecos ainda perderiam para a Inglaterra por 1 a 0 no último jogo. Terminou em último lugar no Grupo 3, sem somar pontos; foram 2 gols marcados e 7 sofridos.

A Romênia ainda tinha chances de classificação, mas tinha que vencer o Brasil na última rodada.


(Imagem: Panini)

FICHA TÉCNICA:

 

ROMÊNIA 2 x 1 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 06/06/1970

Horário: 16h00 locais

Estádio: Jalisco

Público: 56.818

Cidade: Guadalajara (México)

Árbitro: Diego de Leo (México)

 

ROMÊNIA (4-3-4):

TCHECOSLOVÁQUIA (4-3-3):

21 Stere Adamache (G)

22 Alexander Vencel (G)

2  Lajos Sătmăreanu

2  Karol Dobiaš

4  Mihai Mocanu

3  Václav Migas

5  Cornel Dinu

5  Alexander Horváth (C)

3  Nicolae Lupescu

15 Ján Zlocha

15 Ion Dumitru

9  Ladislav Kuna

10 Radu Nunweiller

6  Andrej Kvašňák

16 Alexandru Neagu

7  Bohumil Veselý

7  Emerich Dembrovschi

8  Ladislav Petráš

9  Florea Dumitrache

19 Josef Jurkanin

11 Mircea Lucescu (C)

11 Karol Jokl

 

Técnico: Angelo Niculescu

Técnico: Jozef Marko

 

SUPLENTES:

 

 

1  Rică Răducanu (G)

1  Ivo Viktor (G)

22 Gheorghe Gornea (G)

13 Anton Flešár (G)

12 Mihai Ivăncescu

12 Ján Pivarník

6  Dan Coe

14 Vladimír Hrivnák

13 Augustin Deleanu

4  Vladimír Hagara

14 Vasile Gergely

17 Jaroslav Pollák

20 Nicolae Pescaru

16 Ivan Hrdlička

8  Nicolae Dobrin

18 František Veselý

17 Gheorghe Tătaru II

10 Jozef Adamec

18 Marin Tufanac

20 Milan Albrecht

19 Flavius Domide

21 Ján Čapkovič

 

GOLS:

5′ Ladislav Petráš (TCH)

52′ Alexandru Neagu (ROM)

75′ Florea Dumitrache (ROM) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

Andrej Kvašňák (TCH)

Radu Nunweiller (ROM)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Josef Jurkanin (TCH) ↓

Jozef Adamec (TCH) ↑

 

69′ Karol Jokl (TCH) ↓

František Veselý (TCH) ↑

 

69′ Mircea Lucescu (ROM) ↓

Gheorghe Tătaru II (ROM) ↑

 

81′ Ion Dumitru (ROM) ↓

Vasile Gergely (ROM) ↑

Gols da partida:

Lances individuais do romeno Florea Dumitrache nessa partida:

… 05/06/2002 – Estados Unidos 3 x 2 Portugal

Três pontos sobre…
… 05/06/2002 – Estados Unidos 3 x 2 Portugal


Luís Figo em disputa de bola com Brian McBride (Imagem: Pinterest)

● Portugal voltava a disputar a Copa após 16 anos, com status de grande sensação. Tinha uma equipe de nível mundial, bastante qualificada. Foi semifinalista da Eurocopa dois anos antes e agora queria dar um passo além, no maior palco do mundo.

Onze anos depois de faturar pela segunda vez seguida o Mundial Sub-20, os lusos chegavam à Copa de 2002 tendo em sua constelação várias estrelas daquela geração vencedora: Luís Figo (melhor jogador do planeta em 2001), Rui Costa, João Vieira Pinto, Jorge Costa, Abel Xavier e Nuno Capucho. Além deles, haviam outros jogadores experientes e vencedores, como: Vítor Baía, Fernando Couto, Paulo Sousa, Pauleta, Sérgio Conceição, e os jovens Jorge Andrade e Nuno Gomes. Eram atletas que tinham potencial para surpreender e até sonhar com o título mundial. Mas para muitos, seria a última Copa, devido à idade.

Os acontecimentos de 11 de setembro do ano anterior deixaram os Estados Unidos e seus cidadãos em alerta máximo. Os jogadores de futebol não eram exceção e medidas de segurança foram ainda mais intensificadas para a chegada da seleção americana à Coreia do Sul. Um pequeno exército cuidou de Bruce Arena e seus comandados durante toda sua estadia.

Após uma campanha digna em 1994, quando sediou o torneio, os Estados Unidos tinham decepcionado e terminado em último entre os 32 participantes na Copa de 1998. Agora, a missão dos americanos era fazer uma campanha digna e, com uma grande dose de sorte, passar de fase. Mas eles quase não nutriam esperanças em uma chave com o favorito Portugal, a co-anfitriã Coreia do Sul e a historicamente forte Polônia. Assim, ninguém esperava que os Estados Unidos fossem oferecer resistência.

Bruce Arena escalou os Estados Unidos em um 4-4-2, com duas linhas de quatro.


Portugal jogava também jogava em uma espécie 4-4-2 que se alternava. Quando se defendia, era um 4-1-4-1, com Petit fechando no meio e João Pinto recuando. Quando atacava, se tornava um 4-1-3-2, com Sérgio Conceição e Luís Figo avançando pelas pontas, Rui Costa armando pelo meio e João Pinto se tornando atacante.

● Os 37.306 presentes no estádio de Suwon viram um dos melhores confrontos do campeonato.

A verdade é que Portugal estreou contra os Estados Unidos pensando no primeiro lugar do grupo D. Mas enquanto os lusos pensavam, os americanos jogavam.

Quatro minutos depois que o árbitro equatoriano Byron Moreno deu o apito inicial, os Estados Unidos já anotavam o primeiro gol. O capitão Earnie Stewart cobra escanteio para a área. Brian McBride tenta de cabeça, o goleiro Vítor Baía faz boa defesa, mas dá rebote. A zaga fica parada e John O’Brien aproveita a sobra e completa para o gol.

O início desastroso dos tugas começava na incapacidade de segurar a bola, continuava nos erros de posicionamento da defesa e na falta de aproximação entre o meio campo e o atacante Pauleta. Figo e Rui Costa foram nulos durante todo o jogo.

Aos 29′, Jorge Costa faz tudo que não deveria fazer. Ele erra o passe ao sair jogando pela esquerda e dá a bola aos norte-americanos. O garoto Landon Donovan fica com ela e cruza. A bola bate na nuca do próprio Jorge Costa e entra no gol. Os Estados Unidos já tinham feito mais gols nesse jogo do que em toda a Copa passada.

Aos 36 minutos, Tony Sanneh cruza da direita e McBride mergulha e cabeceia para o gol, sem ser incomodado.


Brian McBride mergulha para fazer o segundo gol dos EUA (Imagem: Pinterest)

Para os lusos, a derrota ganhava ares de vexame. A defesa se esforçou muito em falhar e deu três gols de presente aos estadunidenses, que passaram a se fechar mais, dificultando a criação dos patrícios.

Mas apenas três minutos depois, Figo cobra o escanteio, Beto tenta de cabeça, Pablo Mastroeni afasta mal e Beto manda a sobra no ângulo do ótimo Brad Friedel.

Na sequência, Portugal teve inúmeras chances perdidas, principalmente pelo centroavante Pauleta.

Conseguiria diminuir só aos 26′ do segundo tempo. Pauleta ergue a bola na área. Jeff Agoos tenta cortar e joga a bola contra seu próprio patrimônio, mas isso não evitou o naufrágio português na estreia.

Foi a primeira (e, por enquanto, única) vez na história das Copas em que houveram dois gols contra na mesma partida, um para cada seleção.

Portugal teve mais posse de bola (57%, contra 43% dos adversários), mais chutes a gol (12 a 10) e mais oportunidades criadas. Um empate talvez deixasse o placar mais justo, mas quem joga tão mal e comete erros tão graves com os lusos fizeram no primeiro tempo, não merece um resultado melhor. A valentia dos ianques foi recompensada com a vitória.


O garoto Landon Donovan foi decisivo para a vitória de sua seleção, ao contrário do badalado Luís Figo (Imagem: EPA / Telegraph)

● “Entramos para o segundo tempo meio desanimados. Sofremos um gol logo antes do intervalo, depois de um escanteio, e ficou 3 a 1, mas achamos que a vantagem era boa, estando dois gols à frente. Eles não iam desistir facilmente.” ― Bruce Arena, técnico americano

“Foi inacreditável, uma noite confusa, nevoeiro asiático. Em 20 minutos, já estava 3 a 0 para nós. Nem parecia verdade, parecia um sonho. Só sei que vencemos por 3 a 2 e acho que isso vai nos trazer mais resultados bons nesta Copa.” ― John O’Brien.

E realmente aconteceram boas coisas para os EUA na sequência da competição. Após baterem os lusos, empataram com a Coreia do Sul por 1 x 1 e perderam para a Polônia por 3 x 1. Nas oitavas de final, venceram os arquirrivais mexicanos por 2 x 0. Nas quartas, jogaram bem e venderam caro a derrota para a Alemanha por 1 x 0, perdendo muitas chances de vencer, com um grande jogo e grandes defesas do goleiro alemão Oliver Kahn. Mas saíram de cabeça erguida, ao contrário dos portugueses.

Portugal caiu ainda na primeira fase. Após essa derrota para os EUA, goleou a Polônia por 4 a 0. Na última rodada, com a vitória dos poloneses sobre os americanos, Portugal jogava pelo empate com a co-anfitriã Coreia do Sul. Com dois jogadores a menos (João Pinto e Beto foram expulsos), os portugueses tentaram sinalizar para os sul-coreanos para que mantivessem o placar zerado, garantindo as duas equipes na próxima fase. Mas os asiáticos não entenderam ou não quiseram saber do empate, seguiram atacando e venceram por 1 a 0, eliminando os tugas e classificando os americanos.

John O’Brien aproveita a sobra e abre o placar (Imagem: Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

ESTADOS UNIDOS 3 x 2 PORTUGAL

 

Data: 05/06/2002

Horário: 18h00 locais

Estádio: Suwon World Cup Stadium

Público: 37.306

Cidade: Suwon (Coreia do Sul)

Árbitro: Byron Moreno (Equador)

 

ESTADOS UNIDOS (4-4-2):

PORTUGAL (4-4-2):

1  Brad Friedel (G)

1  Vítor Baía (G)

22 Tony Sanneh

22 Beto

23 Eddie Pope

5  Fernando Couto (C)

12 Jeff Agoos

2  Jorge Costa

2  Frankie Hejduk

23 Rui Jorge

8  Earnie Stewart (C)

20 Petit

5  John O’Brien

10 Rui Costa

4  Pablo Mastroeni

11 Sérgio Conceição

17 DaMarcus Beasley

7  Luís Figo

21 Landon Donovan

8  João Pinto

20 Brian McBride

9  Pauleta

 

Técnico: Bruce Arena

Técnico: António Oliveira

 

SUPLENTES:

 

 

18 Kasey Keller (G)

16 Ricardo (G)

19 Tony Meola (G)

15 Nélson (G)

3  Gregg Berhalter

3  Abel Xavier

6  David Regis

13 Jorge Andrade

14 Steve Cherundolo

4  Marco Caneira

16 Carlos Llamosa

18 Nuno Frechaut

10 Claudio Reyna

6  Paulo Sousa

13 Cobi Jones

17 Paulo Bento

7  Eddie Lewis

14 Pedro Barbosa

11 Clint Mathis

12 Hugo Viana

15 Josh Wolff

19 Capucho

9  Joe-Max Moore

21 Nuno Gomes

 

GOLS:

4′ John O’Brien (EUA)

29′ Jorge Costa (EUA) (gol contra)

36′ Brian McBride (EUA)

39′ Beto (POR)

71′ Jeff Agoos (POR) (gol contra)

 

CARTÕES AMARELOS:

34′ Beto (POR)

52′ Petit (POR)

90’+ 2′ DaMarcus Beasley (EUA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Earnie Stewart (EUA) ↓

Cobi Jones (EUA) ↑

 

69′ Rui Jorge (POR) ↓

Paulo Bento (POR) ↑

 

74′ Jorge Costa (POR) ↓

Jorge Andrade (POR) ↑

 

75′ Landon Donovan (EUA) ↓

Joe-Max Moore (EUA) ↑

 

80′ Eddie Pope (EUA) ↓

Carlos Llamosa (EUA) ↑

 

80′ Rui Costa (POR) ↓

Nuno Gomes (POR) ↑

Gols da partida:

… 04/06/2002 – Japão 2 x 2 Bélgica

Três pontos sobre…
… 04/06/2002 – Japão 2 x 2 Bélgica


Marc Wilmots e Kazuyuki Toda em disputa de bola (Imagem: FIFA.com)

● Era a primeira Copa do Mundo disputada na Ásia e a primeira a ser co-organizada. Quase todos já haviam estreado e no dia 04/06 foi a vez dos donos da casa. A Coreia do Sul jogou às 20h30 e venceu a Polônia por 2 x 0.

Um pouco antes, às 18h00, foi a vez dos japoneses entrarem na festa. A animação da torcida era enorme para enfrentar a experiente Bélgica, em confronto válido pelo Grupo H.

Era apenas a segunda Copa do Mundo que a seleção japonesa disputava. Em 1998, terminou em último lugar de seu grupo, com três derrotas (Argentina e Croácia, por 1 x 0, e Jamaica, por 3 x 1 – o primeiro e, até então, único gol feito pelos orientais no torneio, anotado pelo veterano atacante Masashi Nakayama).

O Japão era o atual campeão da Copa da Ásia. O técnico francês Philipp Troussier estava entusiasmado e vislumbrava uma vaga nas próxima fase. Grande ambição para um país sem história no futebol, mas que não queria ser o primeiro anfitrião da história a cair na primeira fase.


O Japão atuou no sistema 3-5-2. Kazuyuki Toda fechava mais no meio, dando liberdade para os avanços de Junichi Inamoto e Hidetoshi Nakata.


Robert Waseige escalou a Bélgica em um 4-4-2, com duas linhas de 4. O veterano Marc Wilmots era o destaque.

● Apesar do apoio maciço de quase todos os 55 mil presentes no Saitama Stadium, a seleção japonesa só conseguiu jogar bem no segundo tempo.

Antes disso, os torcedores viram um espetáculo sofrível, sem emoção, decepcionante para ambos os lados. Foram apenas quatro chances criadas, sendo uma cabeçada de Wilmots bem defendida pelo goleiro Narazaki e três finalizações para fora.

A maior decepção ficou por conta do craque japonês Hidetoshi Nakata, que não conseguiu criar nenhuma perigosa para sua equipe durante toda a partida.

Mas o jogo ferveu na etapa final.

Aos 12 minutos, Johan Walem ergue a bola para á área. A defesa japonesa tenta tirar por duas vezes, mas não consegue. A bola cai com Van Meir, que a joga de volta para a área. O capitão Marc Wilmots, no costado da zaga, acerta uma linda bicicleta e inaugura o marcador. Não era o início esperado para a Terra do Sol Nascente. E os japoneses, que tanto usam bicicletas no seu dia a dia, de repente viram uma dentro de campo. Mas dessa bike, eles não gostaram.


O capitão belga Marc Wilmots acerta uma linda bicicleta e abre o placar (Imagem: Pinterest)

O gol despertou os donos da casa que foram buscar a virada, comandados por Junichi Inamoto, meia do Arsenal, da Inglaterra.

Aos 14′, Shinji Ono faz lançamento longo. O volante Timmy Simons e o goleiro Geert De Vlieger ficam parados, indecisos, e Suzuki, de olhos bem abertos, surge entre os dois e toca para o gol.

Nove minutos depois, os belgas vacilam e oferecem o contra-ataque para os japoneses. Inamoto toma a bola no meio campo, tabela com Yanagisawa, recebe perto da área, passa por Van Meir, entra na área e bate na saída do goleiro.

A velocidade japonesa deixa os belgas atordoados. Mas justamente quando o Japão mandava na partida, a Bélgica empata.

Aos 30′, quando a defesa japonesa estava saindo para o fazer a linha de impedimento, Van Meir faz um lançamento para Van der Heyden, em posição legal. Já dentro da área, o belga dá um toque sutiu e encobre o goleiro Narazaki. Era a água no saquê dos japoneses.

Logo em seguida, o árbitro anula um gol de Inamoto, alegando falta no goleiro. Depois, não assinala um pênalti para a Bélgica. E as duas equipes tiveram que se contentar com o empate, que ficou de bom tamanho principalmente para os anfitriões, que somavam seu primeiro ponto em Copas do Mundo e já sonhavam com a inédita classificação.


Junichi Inamoto fez um belo gol e virou o jogo para o Japão (Imagem: Getty Images)

● Segundo o técnico Philipp Troussier, o Japão mereceu a vitória: “Eu creio que, no balanço final da partida, é justo dizer que foram dois pontos perdidos. Ao mesmo tempo, senti como se fosse um ponto ganho. É um ganho importante. O empate em 2 a 2 foi importante porque nos deu o primeiro ponto numa Copa e gerou uma onda de otimismo que nos carregou no segundo jogo”.

No jogo seguinte, diante da Rússia, o Japão obteve sua primeira vitória, por 1 x 0. E no terceiro jogo do grupo H, a inédita classificação para a próxima fase. Mas a Turquia foi a algoz nas oitavas de final, vendendo os anfitriões por 1 x 0. Muitos culparam a chuva, que teria prejudicado o toque de bola e a correria japonesa e beneficiado a maior força física dos turcos. O máximo que o Japão conseguiu foi uma bola na trave, em falta cobrada pelo brasileiro naturalizado japonês, Alex Santos.

O segundo lugar do grupo ficou com a Bélgica, que empatou os dois primeiros jogos, batendo o recorde de empates consecutivos em Mundiais, com cinco. Já vinha de três empates seguidos em 1998 (0 x 0 com a Holanda, 2 x 2 com o México e 1 x 1 com a Coreia do Sul). Em 2002, empatou com o Japão (2 x 2) e com a Tunísia (1 x 1). Na última rodada, enfim, venceu a Rússia por 3 x 2, quando os russos se classificariam com um empate. Nas oitavas de final, fez um jogo duríssimo contra o futuro campeão Brasil, mas perdeu por 2 x 0, em uma arbitragem muito controversa, que anulou um gol de Wilmots quando a partida ainda estava empatada sem gols, alegando falta do belga (que claramente não aconteceu).


Bart Goor avançando entre Toda e Daisuke Ichikawa (Imagem: Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

JAPÃO 2 x 2 BÉLGICA

 

Data: 04/06/2002

Horário: 18h00 locais

Estádio: Saitama Stadium

Público: 55.256

Cidade: Saitama (Japão)

Árbitro: William Mattus (Costa Rica)

 

JAPÃO (3-5-2):

BÉLGICA (4-4-2):

12 Seigo Narazaki (G)

1  Geert De Vlieger (G)

3  Naoki Matsuda

15 Jacky Peeters

4  Ryuzo Morioka (C)

16 Daniel Van Buyten

16 Kōji Nakata

4  Eric Van Meir

22 Daisuke Ichikawa

12 Peter Van der Heyden

21 Kazuyuki Toda

18 Yves Vanderhaeghe

7  Hidetoshi Nakata

6  Timmy Simons

5  Junichi Inamoto

10 Johan Walem

18 Shinji Ono

8  Bart Goor

11 Takayuki Suzuki

7  Marc Wilmots (C)

13 Atsushi Yanagisawa

11 Gert Verheyen

 

Técnico: Philippe Troussier

Técnico: Robert Waseige

 

SUPLENTES:

 

 

1  Yoshikatsu Kawaguchi (G)

13 Franky Vandendriessche (G)

23 Hitoshi Sogahata (G)

23 Frédéric Herpoel (G)

2  Yutaka Akita

2  Éric Deflandre

17 Tsuneyasu Miyamoto

3  Glen De Boeck

20 Tomokazu Myojin

5  Nico Van Kerckhoven

6  Toshihiro Hattori

14 Sven Vermant

19 Mitsuo Ogasawara

19 Bernd Thijs

15 Takashi Fukunishi

17 Gaëtan Englebert

14 Alex Santos

21 Danny Boffin

8  Hiroaki Morishima

20 Branko Strupar

9  Akinori Nishizawa

22 Mbo Mpenza

10 Masashi Nakayama

9  Wesley Sonck

 

GOLS:

57′ Marc Wilmots (BEL)

59′ Takayuki Suzuki (JAP)

67′ Junichi Inamoto (JAP)

75′ Peter Van der Heyden (BEL)

                                                             

CARTÕES AMARELOS:

21′ Peter Van der Heyden (BEL)

31′ Kazuyuki Toda (JAP)

54′ Junichi Inamoto (JAP)

62′ Gert Verheyen (BEL)

82′ Eric Van Meir (BEL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

64′ Shinji Ono (JAP) ↓

Alex Santos (JAP) ↑

 

68′ Takayuki Suzuki (JAP) ↓

Hiroaki Morishima (JAP) ↑

 

68′ Johan Walem (BEL) ↓

Wesley Sonck (BEL) ↑

 

71′ Ryuzo Morioka (JAP) ↓

Tsuneyasu Miyamoto (JAP) ↑

 

83′ Gert Verheyen (BEL) ↓

Branko Strupar (BEL) ↑

Gols da partida e lances duvidosos: