… 16/07/1950 – Suécia 3 x 1 Espanha

Três pontos sobre…
… 16/07/1950 – Suécia 3 x 1 Espanha


Suécia no Mundial de 1950 (Imagem: Wikipédia)

● A Copa do Mundo de 1950 foi a única que não teve uma final. O Mundial disputado no Brasil teve uma primeira fase com quatro grupos, com o vencedor de cada chave se classificando para um quadrangular final. Esse regulamento foi mantido apenas nessa edição, com o objetivo de ter mais jogos e maior lucro – em um torneio esvaziado devido ao pós-guerra.

E para a fase final, se classificaram duas seleções europeias e duas sul-americanas: Brasil (Grupo 1), Espanha (Grupo 2), Suécia (Grupo 3) e Uruguai (Grupo 4) disputariam o título jogando entre si, todos contra todos em um único turno.

A Espanha chegou forte. Os maiores destaques eram o zagueiro José Parra, o ponta direita Estanislau Basora e o centroavante Telmo Zarra. O ponto fraco eram os goleiros: nenhum entre Antoni Ramallets, Ignacio Eizaguirre e Juan Acuña inspirava confiança.

A Fúria convenceu ao vencer os três jogos pelo Grupo 2 da primeira fase. Bateu os Estados Unidos por 3 a 1, o Chile por 2 a 0 e a poderosa Inglaterra por 1 x 0 – no primeiro Mundial que o English Team aceitou disputar.

No quadrangular decisivo os espanhóis, empataram com o Uruguai por 2 x 2 e foram goleados pelo Brasil por 6 x 1.


(Imagem: Pinterest)

● A seleção sueca não era uma equipe qualquer e merecia todo o respeito. Tinha um bom time, que havia conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. O mesmo time base ainda ganharia a medalha de bronze nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952.

Com 34 anos, o zagueiro sueco Erik Nilsson era o capitão de sua equipe. Ele havia disputado o Mundial de 1938. Apenas Nilsson e o suíço Alfred Bickel disputaram uma edição de Copa antes e outra depois da Segunda Guerra Mundial.

Além de Nilsson, os principais destaques individuais eram o goleiro Kalle Svensson, o centromédio Knut Nordahl, o ponta esquerda Lennart Skoglund e o centroavante Hasse Jeppson. Curiosamente, Svensson e Skoglund estariam presentes também na Copa de 1958, quando a Suécia perdeu a final em casa para o Brasil de Pelé por 5 x 2.

Para o Mundial de 1950, o técnico inglês George Raynor precisou montar o elenco sueco apenas com jogadores que atuavam no país e não pôde convocar seus principais destaques. O trio “Gre-No-Li”, formado pelos atacantes Gunnar Gren, Gunnar Nordahl e Nils Liedholm brilhava no Milan e não foi liberado pelos italianos para viajarem ao Brasil. Outros jogadores profissionais suecos impedidos de disputarem o Mundial foram: o zagueiro Kjell Rosén, os meias Bertil Nordahl, Åke Hjalmarsson, Ivar Eidefjäll, Pär Bengtsson e os atacantes Dan Ekner, Gunnar Andersson e Henry Carlsson. Certamente a Suécia teria um time ainda mais forte se pudesse ter contado com todos os seus melhores jogadores.

Pelo Grupo 3 da Copa, a Suécia venceu a Itália de virada por 3 x 2, naquela que foi a primeira derrota dos italianos na história das Copas. A classificação sueca foi garantida com o empate por 2 x 2 contra o Paraguai. A chave tinha três seleções, já que a Índia havia desistido de disputar a competição em protesto contra uma decisão da FIFA que proibia jogar descalço, como era comum no país.

Na fase final, a Suécia foi massacrada pela Seleção Brasileira por 7 x 1 e perdeu para o Uruguai por 3 x 2.


As duas seleções jogavam no sistema WM.

● No dia 16 de julho aconteceu a última rodada da fase final da Copa do Mundo de 1950. As duas partidas ocorreram simultaneamente.

Suécia e Espanha disputaram o 3º lugar no estádio Pacaembu para apenas 11.227 pessoas – em sua maioria, membros da colônia espanhola em São Paulo. Os paulistanos preferiam ficar em casa e acompanhar pelo rádio a transmissão de Brasil x Uruguai. Enquanto isso, enquanto o Maracanã tinha mais gente do que cabia (algumas fontes indicam mais de 200 mil expectadores).

Os espanhóis eram considerados amplamente favoritos e só precisavam de um empate para ficar com o bronze.

A Fúria deu o pontapé inicial e teve a primeira chance.

José Juncosa escapou pela ponta esquerda, mas foi travado em uma dividida com o goleiro Kalle Svensson e o zagueiro Lennart Samuelsson, que vinha por trás.

Com mais calma e entusiasmo, logo a Suécia passou a ter o domínio de jogo. Os suecos já haviam absorvido a goleada sofrida para os brasileiros (7 x 1) e os espanhóis ainda estavam remoendo a sua difícil derrota (6 x 1).

Aos 15′, Ingvar Gärd conduziu pelo meio, livre de marcação, e tocou para Karl-Erik Palmér. Ele dominou e bateu de fora da área. O goleiro Ignacio Eizaguirre espalmou mal e Stig Sundqvist finalizou no canto direito. Suécia 1 a 0.

Nervosos, os jovens defensores espanhóis ficaram discutindo entre si e ninguém foi tirar a bola do fundo do gol. Todos esperavam a nova saída, mas o bate-boca não cessava. O árbitro holandês Karel van der Meer precisou ir até a área, acalmar os ânimos, pegar a bola no fundo da rede e levá-la para o centro do campo.

A Espanha tentou reagir, mas sofreu o segundo gol no contra-ataque aos 33 minutos. Sundqvist cruzou da direita e Bror Mellberg apareceu na segunda trave para escorar para o gol.

Os suecos quase marcaram o terceiro. Palmér mandou um voleio do bico direito da área e a bola bateu no travessão. No rebote, Eizaguirre saiu nos pés de Rydell para impedir a finalização.

Depois do intervalo, os espanhóis passaram a agredir mais a defesa sueca, que precisou se fechar.

Juncosa cruzou da esquerda e Svensson tirou de soco.

Rosendo Hernández foi travado na hora do chute pelo capitão Erik Nilsson. Na sobra, Estanislau Basora cruzou para a área, mas Samuelsson cabeceou para escanteio.

Mas, a dez minutos do fim, foi o time nórdico quem fez o terceiro e esfriou as esperanças dos ibéricos. Em outro contragolpe, Gunnar Johansson cruzou da direita e Palmér chegou batendo de esquerda, da marca do pênalti.

Dois minutos depois, Telmo Zarra diminuiu para a Fúria, em um cruzamento da esquerda de Juncosa.


(Imagem: Pinterest)

● Mesmo perdendo, essa foi a melhor classificação final da seleção espanhola em Copas do Mundo até o título de 2010.

Para a Suécia, a terceira colocação estava muito além das expectativas iniciais.

Contudo, o sucesso nos gramados brasileiros teve um efeito devastador para a Suécia: 10 dos 11 titulares foram imediatamente contratados por clubes italianos – em efeito semelhante ao que já havia acontecido dois anos antes, quando venceram as Olimpíadas.

E o primeiro craque quase ficou pelo Brasil. No dia 06/07, o São Paulo F.C. fez uma proposta de 170 mil cruzeiros (cerca de 10 mil dólares na época) pelo ponta esquerda Lennart Skoglund. do AIK de Gotemburgo. O negócio não deu certo, pois o valor foi considerado baixo por um dirigente do clube, que acompanhava a delegação do país. Menos de um mês depois, Skoglund foi contratado pela Inter de Milão por um valor cinco vezes maior.


(Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

SUÉCIA 3 x 1 ESPANHA

 

Data: 16/07/1950

Horário: 15h00 locais

Estádio: Pacaembu

Público: 11.227

Cidade: São Paulo (Brasil)

Árbitro: Karel van der Meer (Holanda)

 

SUÉCIA (WM):

ESPANHA (WM):

1  Kalle Svensson (G)

1  Ignacio Eizaguirre (G)

2  Lennart Samuelsson

2  Vicente Asensi

3  Erik Nilsson (C)

3  Gabriel Alonso

4  Sune Andersson

5  José Parra

5  Gunnar Johansson

4  Alfonso Silva

6  Ingvar Gärd

6  Antonio Puchades

7  Stig Sundqvist

7  Estanislau Basora

8  Karl-Erik Palmér

8  Rosendo Hernández

9  Ingvar Rydell

9  Telmo Zarra (C)

10 Bror Mellberg

10 José Luis Panizo

11 Egon Jönsson

11 José Juncosa

 

Técnico: George Raynor

Técnico: Guillermo Eizaguirre

 

SUPLENTES:

 

 

Torsten Lindberg (G)

Antoni Ramallets (G)

Tore Svensson (G)

Juan Acuña (G)

Ivan Bodin

José Gonzalvo II

Knut Nordahl

Mariano Gonzalvo III

Arne Månsson

Francisco Antúnez

Olle Åhlund

Rafael Lesmes II

Stellan Nilsson

Nando

Börje Tapper

Silvestre Igoa

Lennart Skoglund

César

Hasse Jeppson

Luis Molowny

Kurt Svensson

Agustín Gaínza

 

GOLS:

15′ Stig Sundqvist (SUE)

33′ Bror Mellberg (SUE)

80′ Karl-Erik Palmér (SUE)

82′ Telmo Zarra (ESP)

Lances da partida:

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