Três pontos sobre…
… 19/07/1930 – Argentina 6 x 3 México
(Imagem: El Sol del México)
● Juntamente com o anfitrião Uruguai, a Argentina era uma das principais favoritas ao título da primeira Copa do Mundo de futebol. Àquela altura, já tinha uma camisa pesada, tendo conquistado quatro edições do Campeonato Sul-Americano (atual Copa América). Além disso, havia conquistado a medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Amsterdã, em 1928, perdendo a decisão apenas no jogo desempate para o rival Uruguai.
A convocação do elenco argentino para a primeira edição do Mundial foi realizada através de uma votação popular. E, como diz o ditado, “a voz do povo é a voz de Deus”, uma equipe experiente foi montada, com nove vice-campeões olímpicos e outros atletas de renome no país. Era um time muito forte, em condições de realmente disputar o título.
Por outro lado, a falta de confiança dos mexicanos em sua seleção era tamanha que parte da imprensa do país começou uma campanha leve para que o México desistisse de disputar a Copa, para evitar um vexame.
E realmente os resultados em território uruguaio não foram muito bons. O duelo diante dos argentinos era o último jogo do México no Mundial de 1930. Sofreu o primeiro gol da história das Copas e perdeu para a França por 4 x 1. Depois, perdeu para o Chile por 3 x 0. Já chegava eliminado na terceira rodada e jogava apenas pela honra.
A Argentina ainda jogava pela classificação. Na estreia, venceu a França por 1 x 0. E a partida contra os mexicanos era a segunda na competição. A terceira rodada ainda seria disputada contra o Chile três dias depois.
(Imagem: Pinterest)
● Várias fontes indicam que o árbitro boliviano Ulises Saucedo marcou cinco pênaltis nessa partida. Então, esse seria o jogo com o maior número de penalidades máximas na história das Copas. Porém, segundo outras fontes, quatro dessas cobranças foram executadas de uma distância superior a 11 metros, pois não havia a marca do pênalti no gramado e o juiz teria errado na contagem da distância. Há também quem considere as batidas apenas faltas simples sem barreira, de dentro da área. E segundo os mexicanos, a única cobrança executada da distância correta foi a única que entrou, no gol de Manuel Rosas.
E, de acordo com relatos, o goleiro mexicano Óscar Bonfiglio defendeu dois desses tiros: o de Fernando Paternoster aos 23′ e o de Adolfo Zumelzú aos 30′. Por sua vez, o arqueiro portenho Ángel Bossio pegou dois chutes de Manuel Rosas.
Por outro lado, de acordo com a publicação oficial “Álbum Primer Campeonato Mundial de Football”, lançado no Uruguai em 1930, apenas uma penalidade foi marcada: a que resultou no primeiro gol mexicano. Todos os outros gols saíram de jogadas normais.
Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.
● Independentemente desse festival de pênaltis ter acontecido ou não, a Argentina anotou seis gols e conquistou a vitória.
Guillermo Stábile abriu o placar aos oito minutos do primeiro tempo.
Quatro minutos depois, Zumelzú fez o segundo gol da Argentina.
Aos 17′, Stábile marcou de novo.
Aos 38 min, Manuel Rosas diminuiu para o México em uma cobrança de pênalti.
No oitavo minuto do segundo tempo, Francisco Varallo fez 4 x 1 para os albicelestes.
Logo na sequência, Zumelzú marcou de novo.
Aos 20′, Manuel Rosas bateu pênalti, o goleiro Bossio defendeu e Felipe Rosas pegou o rebote para diminuir para os mexicanos. Curiosamente, Manuel Rosas e Felipe Rosas não tinham nenhum grau de parentesco, embora tivessem o mesmo sobrenome e jogassem juntos no mesmo time, o Atlante.
Dez minutos depois, o México se aproximou ainda mais no marcador com um gol de Roberto Gayón. 5 a 3.
Mas logo a Argentina tratou de fechar o placar com Stábile, que chegou ao “há trick”. Final: Argentina 6, México 3.
(Imagem: Goal / Youtube)
● Na última rodada, a Argentina venceu o Chile por 3 x 1 e se classificou para as semifinais, onde goleou os Estados Unidos por 6 x 1. Na decisão, até jogou bem, mas não foi páreo para os donos da casa e perdeu de virada para o Uruguai por 4 x 2.
Curiosamente, o árbitro dessa partida, Ulises Saucedo, era também também o técnico da seleção da Bolívia durante o Mundial.
O atacante Manuel Ferreira era titular absoluto e capitão de sua seleção. E ele precisou desfrutar de um privilégio durante o torneio. Ele estava fazendo um curso de escrivão público e chegou a Montevidéu dias depois da delegação de seu país. Ele também precisou faltar à partida diante do México para voltar à Buenos Aires para fazer uma prova. Mas logo depois, retornou normalmente aos albicelestes e foi um dos destaques de sua seleção rumo à final.
Guillermo Stábile não havia jogado diante da França e estreou contra o México. Acabou conquistando definitivamente a vaga de titular para o restante da competição ao marcar três gols. Ele era conhecido como “El Infiltrador” pela facilidade que se infiltrava nas defesas adversárias. Sua velocidade vinha de sua experiência anterior no atletismo: fazia os cem metros rasos em cerca de 11 segundos.
Stábile foi o artilheiro da primeira Copa do Mundo, com oito gols em quatro jogos e também foi o primeiro jogador a marcar gols em todas as partidas que disputou. Foi o segundo a anotar um “hat trick” em Copas, apenas dois dias após o americano Bert Patenaude ter conseguido essa proeza diante do Paraguai. Ao encerrar a carreira, Stábile se tornou um técnico de sucesso, treinando a seleção Argentina por 21 anos (de 1939 a 1960) e conquistou seis edições da Copa América: 1941, 1945, 1946, 1947, 1955 e 1957.
(Imagem: Pinterest)
● FICHA TÉCNICA: |
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ARGENTINA 6 x 3 MÉXICO |
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Data: 19/07/1930 Horário: 15h00 locais Estádio: Centenário Público: 42.100 Cidade: Montevidéu (Uruguai) Árbitro: Ulises Saucedo (Bolívia) |
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ARGENTINA (2-3-5): |
MÉXICO (2-3-5): |
Ángel Bossio (G)(C) |
Óscar Bonfiglio (G) |
José Della Torre |
Rafael Garza Gutiérrez (C) |
Fernando Paternoster |
Manuel Rosas |
Alberto Chividini |
Felipe Rosas |
Adolfo Zumelzú |
Alfredo Sánchez |
Rodolfo Orlandini |
Raymundo Rodríguez |
Carlos Peucelle |
Francisco Garza Gutiérrez |
Francisco Varallo |
Juan Carreño |
Guillermo Stábile |
Felipe Olivares |
Attilio Demaría |
Roberto Gayón |
Carlos Spadaro |
Hilario López |
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Técnicos: Francisco Olazar / Juan José Tramutola |
Técnico: Juan Luque de Serrallonga |
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SUPLENTES: |
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Juan Botasso (G) |
Isidoro Sota (G) |
Ramón Muttis |
Efraín Amézcua |
Pedro Suárez |
Jesús Castro |
Juan Evaristo |
José Ruiz |
Edmundo Piaggio |
Dionisio Mejía |
Luis Monti |
Luis Pérez |
Natalio Perinetti |
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Roberto Cherro |
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Alejandro Scopelli |
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Manuel Ferreira |
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Mario Evaristo |
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GOLS: |
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8′ Guillermo Stábile (ARG) |
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12′ Adolfo Zumelzú (ARG) |
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17′ Guillermo Stábile (ARG) |
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42′ Manuel Rosas (MEX) |
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53′ Francisco Varallo (ARG) |
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55′ Adolfo Zumelzú (ARG) |
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65′ Manuel Rosas (MEX) (pen) |
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75′ Roberto Gayón (MEX) |
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80′ Guillermo Stábile (ARG) |
Algumas imagens da partida:
Outras imagens desse jogo:
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