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… Final da Copa Libertadores da América 2018 em três atos

Três pontos sobre…
… Final da Copa Libertadores da América 2018 em três atos

(Imagem: BOL / UOL)

● Era a final dos sonhos da CONMEBOL, dos argentinos e, talvez, do mundo todo. River Plate x Boca Juniors. Provavelmente os times mais tradicionais do continente, com uma disputa secular. Ambos nasceram no mesmo bairro e tomaram caminhos diferentes. Enquanto o River se tornou um clube um pouco mais elitista, os mais humildes se aproximavam mais do Boca.

Poderia ter sido uma grande final brasileira. Foram semifinais muito equilibradas, mas Palmeiras e Grêmio não foram páreo para os portenhos.

E a primeira partida ocorreu dia dia 10/11, mas foi adiada para o dia seguinte devido às péssimas condições climáticas. O local foi o mítico Estádio Alberto José Armando, mais conhecido e temido como La Bombonera: o estádio que “pulsa” como os corações xeneizes.

Foi uma partida leal, com quatro gols e empate por 2 x 2. Um gol para cada lado construído em jogadas trabalhadas e também outro para cada lado em bolas paradas.

O Boca deixou não conseguiu aproveitar a vantagem de jogar em casa e com torcida única a seu favor.

(Imagem: BOL / UOL)

● E no dia 24/11 o River tinha a chance de conquistar a Copa em sua casa, o Estádio Monumental Antonio Vespucio Liberti, o Monumental de Núñez, lotado de torcedores millonarios. O mundo inteiro esperava. Gianni Infantino, presidente da FIFA, estava lá para entregar a taça ao campeão.

Mas alguns poucos idiotas travestidos de aficionados atiraram pedras e gás de pimenta no ônibus do Boca, que chegava ao local da partida. Alguns atletas foram gravemente atingidos, principalmente o capitão Pablo Pérez, que teve um problema no olho.

A CONMEBOL insistia para o jogo ocorrer. O Boca não tinha a mínima condição física e emocional de disputar uma final continental contra o maior rival e sem seu capitão. Pediu o adiamento. O River aceitou. A CONMEBOL relutou, mas aceitou remarcar para o dia seguinte, após mais de duas horas e meia de indecisões.

No dia 25, domingo, compareceu novamente a paciente torcida que já havia esperado horas no dia anterior. Esperou mais algumas em vão. A final foi adiada novamente e não teria datas para acontecer na semana seguinte, devido ao importante encontro do G-20 sediado em Buenos Aires.

O Boca tentou a qualquer custo ser declarado vencedor da partida, tendo como base o fato que ocorreu três anos antes. Em 2015, torcedores do Boca jogaram spray de pimenta no vestiário do River, afetando seriamente os jogadores rivais. A CONMEBOL declarou o River vencedor. Mas claramente são situações diferentes e vamos citar dois pontos principais que as diferem. O incidente de 2015 foi dentro do estádio La Bombonera, que deveria ter a segurança privada e ser responsabilidade do clube mandante. O problema de 2018 ocorreu em via pública, que severia ser resguardada pela polícia argentina. Esse é o primeiro ponto. O segundo é mais nítido: em 2015, eram as oitavas de final; agora, era a decisão tão sonhada.

E a CONMEBOL conseguiu se sair ainda mais suja ao levar o jogo para fora da Argentina. Dentre vários candidatos, foi “escolhido” o Estádio Santiago Bernabéu, do Real Madrid. Uma decisão deveras estranha, mas já antecipa um pouco a decisão da entidade ao levar as finais para um “campo neutro” em jogo único, semelhante ao que ocorre na UEFA Champions League. Mas muito estranho ver a final da Liberta em solo europeu.

(Imagem: BOL / UOL)

● E no dia 09/12/2018, finalmente, nós assistimos a história sendo feita. River x Boca duelando na Espanha valendo o título da Taça Libertadores da América.

O River tinha a posse de bola, mas o Boca era mais seguro e jogava melhor. No primeiro tempo, Leonardo Ponzio errava tudo que tentava, enquanto Nahitan Nández acertava até quando errava. E em um belíssimo contra-ataque, o próprio Nández fez um lançamento rasteiro genial para o renascido Darío Benedetto. O centroavante saiu fácil da marcação de Maidana e tirou do alcance do goleiraço Armani.

Falando nisso, Armani já tinha feito várias defesas, impedindo que o Boca inaugurasse o marcador, mas dessa vez nada pode fazer. Um belíssimo gol.

O River tentava entrar na marcação rival, mas não conseguia. Até que Matías Biscay (auxiliar do suspenso técnico Marcelo Gallardo) fez uma alteração ousada. Tirou o volante Ponzio, fora de forma, e colocou o colombiano Juan Fernando Quintero aberto pela direita. Saiu do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1, com três meias canhotos habilidosos.

Benedetto não aguentou o jogo todo e saiu aos 15′. Logo depois, Fernández tabelou com Palacios, invadiu a área e tocou para trás. O decidivo Lucas Pratto só completou para o gol. Uma bela trama que resultou no empate.

Os Millonarios melhoraram muito, mas o empate prevaleceu até o minuto final. Uma das decisões mais equilibradas e mais longas da história só poderia terminar na prorrogação.

E logo no início do tempo extra, o bom volante colombiano Wílmar Barrios recebeu o segundo cartão amarelo e foi para o chuveiro mais cedo. Agora, o River tinha ainda mais espaço e crescia. Mas perdia diversas oportunidades.

Na segunda etapa, Quintero virou o jogo com uma pancada da entrada da área. Mais um golaço em uma final com belos gols.

Tudo parecia decidido e o River foi empilhando chances desperdiçadas. O Boca morreu física, mental e taticamente. Fernando Gago não aguentou jogar nem 30 minutos e saiu lesionado, deixando os xeneizes com nove homens.

O goleiro Andrada tentava ser um goleiro linha, mas mais parecia um maluco que não sabia onde se posicionar. E em uma cobrança de escanteio na qual ele próprio estava na área, o River foi rápido no contragolpe e Pity Martínez ficou sozinho, sem marcação e sem goleiro para correr o campo todo e marcar o terceiro, o gol do título.

Marcelo Gallardo aumenta ainda mais sua idolatria em Núñez. Lucas Pratto e Franco Armani foram contratados para serem campeões e o fizeram com grande destaque para ambos. Pity Martínez mostrou mais lampejos do que o habitual. A dupla de zaga, embora lenta e idosa, deu conta do recado. Enzo Pérez já passou de seu auge, mas ainda é importante no time. Borré e Scocco nem fizeram tanta falta.

O River conquista seu quarto título da Libertadores. Derrotou seu maior rival e também seus fantasmas. Provou ser enorme.

Por tudo que houve e não houve, essa será uma final que demorará a ser esquecida. Bastidores “conmebolescos” à parte, venceu a melhor equipe.

… Grêmio 1 x 2 River Plate

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… Grêmio 1 x 2 River Plate


(Imagem: UOL)

Desde o início já se previa um confronto histórico nas semifinais da Copa Libertadores da América entre dois tricampeões: Grêmio e River Plate.

Por ser o atual campeão, o tricolor gaúcho tinha um ligeiro favoritismo. Que se escancarou ao vencer dentro do Monumental de Núñez (1 x 0).

No jogo de volta, com a Arena lotada, suportou a pressão do rival argentino e ainda abriu o placar.

No segundo tempo, Everton Cebolinha teve uma chance de matar a classificação, mas perdeu gol feito.

Mas, se apenas um desastre tiraria o Grêmio da decisão, ele aconteceu!

A dez minutos do fim do tempo regulamentar, o River empatou. Seis minutos depois, em um lance comum na área, o VAR chamou a atenção do árbitro uruguaio Andrés Cunha para um possível pênalti, que foi confirmado.

Segundo cartão amarelo para o zagueiro Bressan (que tinha acabado de entrar) e pênalti, que Pity Martínez converteu.

Com o placar agregado em 2 x 2, o River se classificou pelo critério de gols marcados fora de casa. Detalhe: os quatro gols do duelo foram originados em bolas paradas.

Essa eliminação coloca por terra todo o planejamento do grande Grêmio em 2018. Resta lutar pela classificação direta para a Libertadores 2019 através do Brasileirão.

P.S.: Bressan é um zagueiro até razoável, mas ele dá azar ao Grêmio.

… Times “fracos” na final do Campeonato Mundial de Clubes

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… Times “fracos” na final do Campeonato Mundial de Clubes


(Imagem: goleiro do TP Mazembe em 2010, Robert Kidiaba, do Goal.com)

O jogo de hoje entre Kashima Antlers (JAP) x Real Madrid mostrou algo comum no futebol: vencendo ou não, um time considerado inferior, sem grandes nomes individuais, mas organizado taticamente e com uma boa proposta de jogo pode suportar a pressão de jogar contra um time cheio de craques.

Embora uma equipe nessas circunstâncias nunca tenha vencido um clube de camisa mais “pesada”, algumas finais de Campeonato Mundial (incluindo a Copa Intercontinental) tiveram uma partida equilibrada.

2016 – Real Madrid 4 x 2 Kashima Antlers
Foi a terceira vez que o time da casa chega à final e a primeira vez de um asiático. Com uma boa estrutura tática, mesmo dependendo de poucos jogadores razoáveis, o time japonês soube segurar o Real Madrid e foi campeão mundial por oito minutos. Mas a “camisa branca que enverga varal” e a precisão das conclusões de Cristiano Ronaldo deram o título aos merengues. Mas fica aquela pontinha de injustiça. A arbitragem (de novo) interferiu diretamente na partida, ao não apresentar o segundo cartão amarelo e, consequentemente o vermelho, ao capitão blanco Sergio Ramos. O Antlers estiveram melhor na maior parte do tempo e poderiam ser o primeiro campeão mundial do continente, mas deixa na história a excelente forma que se apresentou no campeonato, inclusive batendo por 3 a 0 nas semifinais o Atlético Nacional de Medellín.

2013 – Bayern de Munique 2 x 0 Raja Casablanca
O Raja surpreendeu a todos como o primeiro time anfitrião a chegar na final (o primeiro foi o Corinthians em 2000), inclusive vencendo o Atlético Mineiro por 3 a 1 (o que se torna motivo de chacotas contra os torcedores do Galo, especialmente dos cruzeirenses). Tá certo que o Bayern tirou o pé na final, mas não podemos tirar os méritos do clube marroquino pelo placar relativamente magro.

2010 – Internazionale 3 x 0 TP Mazembe
Essa foi a primeira final de um clube fora do eixo Europa / América do Sul. E não foi por acaso. O time congolês, cheio de jogadores rápidos do meio pra frente, venceu o bom time do Pachuca nas quartas de final e o Internacional de Porto Alegre na semifinal. Contra a Inter de Milão, não teve chances. Mas Mazembe é piada eterna dos gremistas contra os colorados.

2008 – Manchester United 1 x 0 LDU Quito
Mesmo sendo o time mais forte da história do Equador e tendo vencido a Libertadores, a LDU era uma equipe fraca e estava sem seu principal aliado (a altitude de 2.800 metros de Quito). Ainda assim, não passou vergonha ao vencer o mexicano Pachuca na semifinal. Na decisão, suportou a pressão do United até 28 minutos do segundo tempo, quando Wayne Rooney fez o gol do título.

2004 – Porto 0(8) x 0(7) Once Caldas
Uma final com duas zebras. Dois times que, se não eram ruins, estavam longe de ser bons. Uma final xoxa, em que o placar zerado refletia bem a nota dos dois times. Nenhum merecia ser campeão, mas a história do Porto obrigava o time a vencer o (até pouco tempo antes) inexpressivo clube colombiano, o que ocorreu apenas nos pênaltis.

1989 – Milan 1 x 0 Atlético Nacional
O querido time de Medellín venceu a Libertadores pela primeira vez em 1989 e era um grande esquadrão colombiano. Entra nessa lista por ter enfrentado o excepcional Milan, uma das melhores equipes da história (a última bicampeã europeia, inclusive). Aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação, quando todos já confiavam nos pênaltis e no folclórico goleiro René Higuita, o meia Alberigo Evani fez o único gol.

1986 – River Plate 1 x 0 Steaua Bucareste
Caso raro de o sul-americano ser mais forte que o europeu. O Steaua tinha seus méritos e um time muito organizado e bom, mas o River sempre foi um gigante do continente e do mundo. Com obrigação de vencer pela sua história, o time argentino não deu chances à zebra.

1985 – Juventus 2(4) x 2(2) Argentinos Juniors
O Argentinos Juniors tinha o melhor time de sua história e era muito bom. Mas enfrentou a Juventus de Platini, Michael Laudrup e recheada de italianos campeões da Copa do Mundo de 1982. Mesmo muito mais cotada para ser campeã, a Juve precisou dos pênaltis para conquistar o primeiro título mundial.