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… 13/06/1998 – Nigéria 3 x 2 Espanha

Três pontos sobre…
… 13/06/1998 – Nigéria 3 x 2 Espanha


Sunday Oliseh marca o gol contra a Espanha, em 1998 (Imagem: AP Photo / Remy de la Mauviniere)

● A Nigéria fez uma boa Copa do Mundo em 1994, caindo nas oitavas de final para a Itália de Roberto Baggio. Nos Jogos Olímpicos de 1996, surpreendeu a todos e conquistou a medalha de ouro. Mais amadurecido, era um time forte, com vários destaques no cenário europeu, como, dentre outros, Taribo West (Inter de Milão), Celestine Babayaro (Chelsea), Sunday Oliseh (Ajax), Jay-Jay Okocha (Fenerbahçe), Nwankwo Kanu (Inter de Milão). Como principal desfalque, o ponta esquerda Emmanuel Amunike, reserva do Barcelona.

Os nigerianos tiveram uma preparação conturbada. O técnico Bora Milutinović quase foi demitido do comando por não ter a simpatia do presidente do país, o general Sami Abacha. O general queria o holandês Jo Bonfrere, que levou o time ao Ouro nas Olimpíadas de Atlanta. Para sorte de Milutinović, três dias antes da estreia, Abacha foi vítima de um ataque cardíaco e faleceu.

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Apesar de todos os problemas, o objetivo das “Superáguias” era provar que um time africano poderia ser campeão do mundo pela primeira vez.

A Espanha era cabeça de chave e chegava forte na Copa do Mundo de 1998, recheada de bons jogadores, como o goleiro Zubizarreta, o zagueiro/volante Hierro, os meia-atacantes Luis Enrique e Raúl, além dos atacantes Kiko, Alfonso e Morientes. Sentia falta do volante Guardiola, cortado por lesão. Nesta partida, o objetivo principal da Fúria era estrar com vitória, o que não acontecia desde 1950.


A Nigéria jogou todas suas partidas no 3-5-2, exceto essa. Na estreia, atuou no 4-4-2, com um meio campo em losango e Finidi como atacante aberto pela direita.


Ao contrário da Nigéria, a Espanha jogou as demais partidas no 4-4-2, mas contra os africanos, o técnico Javier Clemente optou pelo 3-5-2. O destaque eram os meias Luis Enrique e Raúl, atacantes em seus clubes. Na prática, a Espanha tinha quatro atacantes, com recomposição defensiva ruim.

● A Espanha começou melhor, pressionando e quase abriu o placar com duas cabeçadas de Raúl. Na primeira, o “goleiro-príncipe” Peter Rufai defendeu. Na segunda, a bola foi por cima do gol.

Mas o gol sairia aos 21 minutos, em uma bela cobrança de falta de Fernando Hierro, a 10 metros da área. Rufai deu um pequeno passo para o lado direito e a bola foi em seu canto esquerdo.

Mas os nigerianos não se abateram e buscaram o empate. Quatro minutos depois, Garba Lawal cobrou escanteio da direita para a pequena área, Mutiu Adepoju subiu mais do que Kiko e marcou de cabeça.

Na volta do intervalo, Hierro fez um lançamento perfeito de 40 metros, para linda conclusão de Raúl, de voleio. Um golaço, que esfriou os ânimos dos africanos.

A partida seguiu equilibrada e com chances para os dois lados.

Mas o destino foi cruel com o grande goleiro Andoni Zubizarreta, em sua quarta Copa. Aos 36 anos, ele era o então recordista de partidas pela seleção de seu país, com 126 jogos disputados e já havia anunciado a aposentadoria para logo depois do torneio.

Em contra-ataque nigeriano, aos 28 minutos, Yekini puxa jogada pelo meio e abre o jogo para Lawal. Ele recebeu a bola pelo lado esquerdo, entrou na área, driblou Iván Campo e cruzou para a área. Era um chute fechado e fraco, sem levar perigo algum, mas Zubizarreta desviou contra as próprias redes. Uma cena rara na carreira do seguro e veterano goleiro.

A Espanha acusou o golpe. O empate recolocou a Nigéria no jogo.

A virada veio aos 33 minutos do segundo tempo. Oliseh aproveitou uma rebatida da zaga espanhola e acertou um belo e potente chute de 116 km/h no canto direito de Zubizarreta, que chegou a tocar na bola, mas não impediu o gol.

Os minutos finais foram de pressão espanhola, mas a defesa nigeriana resistiu e conquistou a vitória.


O capitão Zubizarreta lamenta o segundo gol da Nigéria (Imagem: Ian Waldie / Reuters)

● Foi a primeira partida entre as duas seleções na história.

A Espanha foi eliminada na primeira fase da Copa. Após a estreia, empatou sem gols com o retrancado Paraguai e goleou a envelhecida Bulgária por 6 a 1. Foi a maior goleada da Copa, mas de nada adiantou. Encerrou o grupo D com 4 pontos, atrás dos nigerianos (6 pontos) e paraguaios (5 pontos).

A Nigéria venceu a Bulgária por 1 a 0 e perdeu para o Paraguai por 2 a 1 (com uma equipe mista, com apenas 4 titulares). Despediu-se do Mundial nas oitavas de final, ao perder para a Dinamarca dos irmãos Laudrup por 4 a 1.


Raúl passa por West. Raúl foi um dos destaques da partida (Imagem: Shaun Botterill / Getty Images / Veja)

FICHA TÉCNICA:

 

NIGÉRIA 3 X 2 ESPANHA

 

Data: 13/06/1998

Horário: 14h30 locais

Estádio: Stade de la Beaujoire  – Louis Fonteneau

Público: 35.500

Cidade: Nantes (França)

Árbitro: Esfandiar Baharmast (Estados Unidos)

 

NIGÉRIA (4-4-2):

ESPANHA (3-5-2):

1  Peter Rufai (G)

1  Andoni Zubizarreta (G)(C)

2  Mobi Oparaku

14 Iván Campo

5  Uche Okechukwu (C)

20 Miguel Ángel Nadal

6  Taribo West

4  Rafael Alkorta

3 Celestine Babayaro

2 Albert Ferrer

8  Mutiu Adepoju

6  Fernando Hierro

15 Sunday Oliseh

21 Luis Enrique

10 Jay-Jay Okocha

10 Raúl

11 Garba Lawal

12 Sergi

7  Finidi George

11 Alfonso

20 Victor Ikpeba

19 Kiko

 

Técnico: Bora Milutinović

Técnico: Javier Clemente

 

SUPLENTES:

 

 

12 William Okpara (G)

13 Santiago Cañizares (G)

22 Abiodun Baruwa (G)

22 José Francisco Molina (G)

16 Uche Okafor

15 Juan Carlos Aguilera

21 Godwin Okpara

5  Abelardo

17 Augustine Eguavoen

3  Agustín Aranzábal

19 Benedict Iroha

16 Albert Celades

18 Wilson Oruma

18 Guillermo Amor

4  Nwankwo Kanu

8  Julen Guerrero

13 Tijani Babangida

17 Joseba Etxeberria

14 Daniel Amokachi

9  Juan Antonio Pizzi

9  Rashidi Yekini

7  Fernando Morientes

 

GOLS:

21′ Fernando Hierro (ESP)

24′ Mutiu Adepoju (NIG)

47′ Raúl (ESP)

73′ Andoni Zubizarreta (NIG) (gol contra)

78′ Sunday Oliseh (NIG)

 

CARTÕES AMARELOS:

56′ Guillermo Amor (ESP)

59′ Miguel Ángel Nadal (ESP)

62′ Uche Okechukwu (NIG)

75′ Iván Campo (ESP)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Albert Ferrer (ESP) ↓

Guillermo Amor (ESP) ↑

 

58′ Alfonso (ESP) ↓

Joseba Etxeberria (ESP) ↑

 

70′ Mobi Oparaku (NIG) ↓

Rashidi Yekini (NIG) ↑

 

77′ Miguel Ángel Nadal (ESP) ↓

Albert Celades (ESP) ↑

 

83′ Victor Ikpeba (NIG) ↓

Tijani Babangida (NIG) ↑

 

90+3′ Garba Lawal (NIG) ↓

Godwin Okpara (NIG) ↑

Melhores momentos da partida:

… Jogadores que formaram meu caráter

Três pontos sobre…
… Jogadores que formaram meu caráter

● Acompanho diariamente o excelente site “Todo Futebol” o fundador e editor Felipe Portes fez um texto titulado “Jogadores que formaram meu caráter”. No fim do post, ele convida aos que leram para respondermos com as respectivas listas.

https://medium.com/todo-futebol/jogadores-que-formaram-meu-car%C3%A1ter-650cd6e16b3f#.4emrg7cvt

● Fiquei pensativo ao fazer a lista e mais ainda quando a terminei, ao observar a pouca quantidade de brasileiros que constam nela. Apesar de ser contemporâneo de jogadores como Müller, Careca, Romário, Ronaldo, R10, Cafu, dentre outros, cheguei a conclusão de que, além das Copas do Mundo, foi a maior frequência das transmissões de futebol internacional na TV brasileira a maior responsável pela minha obsessão por futebol. Ressalto que não são necessariamente os melhores jogadores, mas são os que moldaram minha forma de pensar.

● Segue minha lista:

Rogério Ceni
Corajoso, pioneiro e fiel a um clube a vida toda.

Lilian Thuram
Muita segurança e confiança. Nunca tinha feito gols pela seleção francesa, mas acho que é porque não precisavam de seus gols. Quando necessário, fez dois numa semifinal de Copa. Impossível um exemplo de humildade e personalidade maior.

Carles Puyol
Se doava ao máximo para a equipe. Liderança incontestável.

Fabio Cannavaro
Difícil chamar um zagueiro de craque, mas ele era. Além do talento, era um trabalhador incansável desde seu início.

Roberto Carlos
Potência. Explosão. Não parecia, mas era humano e falhava. Mais acertava do que errava. E quando isso acontecia, sempre dava a volta por cima.

Fernando Redondo
Era do Real Madrid. Só isso vale. Era excelente marcador, mas tinha uma habilidade e inteligência que raramente vi. Poderia ser o “10” de qualquer time. Fazia o que queria dentro e fora de campo. Genial.

Carlo Ancelotti
Não é apenas um técnico top. Era um meia por excelência, o chamado “box-to-box”. Era um monstro.

– Alessandro Del Piero
Lenda. Nasceu pra ser campeão. Na Itália após a Segunda Guerra Mundial, só não foi maior que Roberto Baggio e (talvez) Francesco Totti, mas era mais vistoso de ver jogar. Eu sempre quis ser Del Piero. Acho que todos queríamos.

Raúl
Quatro letras que marcaram história. O maior jogador do maior clube de todo o mundo. Tanto o seu auge quanto o início de seu declínio foram cedo demais. Quando era mais difícil ganhar a UCL, fez isso 3 vezes como protagonista. Pode não ser o melhor jogador, mas é meu maior ídolo.

– Jardel
Qual o jogador na história que pode ter times campeões apenas por jogar em função dele? Jardel me ensinou a usar os pontos fortes para minimizar os pontos fracos.

– Gabriel Batistuta
Só o nome dele já impõe respeito e até temor e desespero nos adversários. Mesmo não sendo um fã de futebol, se doava ao máximo. Fica o exemplo: mesmo que você não tenha a profissão que sonhou, dê o seu máximo todos os dias; alguém certamente espera por isso.


(Imagens localizadas no Google)