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… Igreja Maradoniana: o culto onde Maradona é deus

Três pontos sobre…
… Igreja Maradoniana: o culto onde Maradona é deus


(Imagem: Globo Esporte)

● A Igreja Maradoniana foi fundada no dia 30/10/1998, na cidade argentina de Rosário.

Tudo começou em um encontro do jornalista Hernán Amez e seu amigo Héctor Campomar, quando um olhou para o outro e disse: “Feliz Natal”, em alusão ao aniversário de Maradona. Convidaram outro amigo, Alejandro Verón (compadre de Amez), e juntos resolveram fundar a Igreja Maradoniana.

A cronologia da associação começa com o nascimento de Diego Armando Maradona, em 30/10/1960. Para eles, desde então, o calendário passou a ser dividido em a.D. e d.D., ou seja, antes e depois de Diego. Sendo assim, no último dia 30 começou o ano 56.

Na casa de Amez, na Rua Garay, nº 197, há uma pequena capela com um altar ao seu ídolo, onde há uma bola “ensanguentada”, com uma coroa de espinhos. Apesar da capela, a entidade deve parte da popularidade à Internet e não conta com uma sede física, nem fixa. Os encontros são sempre em Buenos Aires, capital da Argentina, num local alugado pela organização – uma espécie de “culto”, onde, no final de cada cerimônia, cantam o nome de Tota em formato gregoriano, como se a mãe de Diego, dona Tota, fosse uma espécie de “mãe de deus”.

Maradona nunca participou do culto, até por questão de segurança – a sua presença poderia tornar impossível o controle dos seguidores. “Meu sonho é conseguir construir uma igreja física para nosso deus”, diz Hernán Amez. A associação não cobra dízimo e colabora com o Hospital Infantil de Rosário, com alguns valores arrecadados em doações.

● A data de nascimento de Diego Armando Maradona é considerada o Natal. A Páscoa é comemorada em 22 de junho, dia em que a Argentina venceu a Inglaterra na Copa de 1986, com dois gols do “Pibe de Oro” (um com a mão e outro driblando meio time adversário). A bíblia é o livro “Yo Soy El Diego De La Gente”, biografia escrita pelo jornalista Daniel Arcucci, secretário de redação do jornal argentino La Nación.

O ritual de batismo consiste em uma repetição teatral do famoso gol de mão contra os ingleses na Copa de 1986, em que o candidato deve correr em direção a alguém que faz as vezes de goleiro e desviar a bola para o gol com a mão esquerda (não pode ser a direita). O candidato também deve comungar pela primeira vez um pedaço de pizza napolitana com a água benta dos cardeais, colocar a mão na bíblia maradoniana e proferir os “Dez Mandamentos” da religião (leia mais abaixo).

Dentre as regras da igreja está que o nome do primogênito do fiel deverá ser Diego. Aqueles que fazem parte da religião que cultua a imagem de “El Diez” podem até mesmo casar sob as suas regras. Mas nem sempre ficam sabendo com antecedência que estão prestes a dizer “sim”. Algumas vezes, o matrimônio é realizado de surpresa. Os noivos devem prometer respeitar os Dez Mandamentos da Igreja Maradoniana e juram amor eterno ao futebol.

Embora com propósitos distintos, os fanáticos pelo ex-jogador possuem as suas versões para as orações “Pai Nosso” (“Diego Nuestro”), “Ave Maria” (“Dios te Salve”) e “Credo” (“Creo em Dios”); todas adaptações feitas sobre o futebol.

Os colegas de equipe de Diego na conquista da Copa de 1986 são considerado apóstolos, pois estavam presentes no milagre. O maior pecado do fiel é não amar o futebol. Eles consideram como o próprio diabo o brasileiro João Havelange, ex-presidente da FIFA e falecido recentemente.

Para Hernán Amez, “Pelé é o verdadeiro rei do futebol e merece esse título. E Maradona é o deus. Nosso deus.” “El Diez” está ligado a um momento emocional dos argentinos, a um período de felicidade, depois de tanto sofrimento com a ditadura e a Guerra das Malvinas. A missão da igreja é que siga vivo o espírito do deus do futebol e que todos possam recordar sua magia e arte. “O Maradona é um deus terrenal. Há um costume muito tradicional nas religiões de olhar para Deus somente para pedir. No nosso caso, apenas agradecemos”, disse. E completa: “Não há proibição alguma de que nossos seguidores tenham outra religião. Eu já fui católico. A maioria de nós, argentinos, somos batizados católicos, mas a verdade é que não a seguimos. Por exemplo: aqui em Rosário, aos domingos, a missa reúne cerca de 5 mil pessoas. Já uma partida de futebol reúne 30 mil. A partir daí sabemos em que as pessoas acreditam mais.”

● A religião tem o tetragrama sagrado “D10S”, que mistura a palavra em espanhol para Deus (Dios) com o “D” de Diego e o “10” de sua camisa. Hoje, conta com mais de 250 mil seguidores em cerca de 80 países, sendo na faixa de 15% de brasileiros, dentre eles famosos como Ronaldinho Gaúcho, Deco e Careca. Esse, seu grande amigo e parceiro da época do Napoli, disse certa vez: “Ele é mesmo um deus. É a maneira do povo retribuir tudo o que ele já fez pela Argentina, e mostrar sua admiração. Sou um desses admiradores também”.

Se Maradona é deus, os fundadores da religião prometeram “elevar” Lionel Messi a status de “Jesus Cristo”, caso ele conquistasse o título da Copa do Mundo de 2014, o que não aconteceu, após derrota para a Alemanha na prorrogação. Amez, de forma quase bíblica, disse: “Se Messi ganha a Copa do Mundo, estará sentado à direita de D10S Diego, no olimpo Maradoniano e será o Messias. Nós já lemos o Antigo Testamento, escrito pelo Diego, e agora estamos vendo o Messi escrever o Novo Testamento. Ele é o Messias e está escrevendo o Novo Testamento para a Igreja Maradoniana.”


Veja os 10 mandamentos da Igreja Maradoniana:

1. Amar o futebol acima de todas as coisas.

2. Declarar amor incondicional a Diego e ao futebol.

3. Espalhar os milagres de Diego em todo o universo.

4. Não proclamar Diego em nome de um só clube.

5. A bola não será manchada (sobre problemas extra campo).

6. Defender a camisa argentina e respeitar as pessoas.

7. Honrar os templos onde jogou e seus mantos sagrados.

8. Predicar os princípios da Igreja Maradoniana.

9. Levar Diego como segundo nome e colocar no filho.

10. Não ser cabeça de garrafa térmica e que a tartaruga não fuja (frases dele).

Oração “Creo en Dios”:

“Eu acredito em Diego
Futebolista Todo Poderoso,
Criador de magia e paixão.
Eu acredito em penugem, nosso D10s, nosso Senhor.
Que foi concebido por obra e graça de Tota e Don Diego.
Nascido em Villa Fiorito.
Ele sofreu sob o poder de Havelange.
Foi crucificado, morto e mal tratado.
Suspenso das quadras.
Cortaram-lhe as pernas.
Mas ele voltou e ressuscitou seu feitiço.
Estará dentro de nossos corações.
para sempre e na eternidade.
Eu acredito em espírito de futebol.
A Santa Igreja Maradoniana,
O golo para os ingleses,
A canhota mágica,
A eterna gambetta diablada,
E em um Diego eterno.
Diego.”

… Maradona: lenda na seleção Argentina

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… Maradona: lenda na seleção Argentina


(Imagem: Pinterest)

● Em 27/02/1977, com apenas 16 anos, Maradona estreou pela seleção argentina principal em um amistoso com a Hungria. Apenas alguns dias depois, em 03/04, estreou na seleção sub-17 no Sul-Americano, onde não teve bons resultados. Foi pré-convocado para a Copa de 1978, mas mesmo com clamor do público e da mídia, o técnico César Luis Menotti decidiu não convocá-lo para a Copa na própria Argentina. O técnico explicaria: “Ele ainda é um garoto e precisa amadurecer. Mas sem dúvida ele pode mais que os outros e ainda vai brilhar muito no futebol”. Diego não guarda mágoas de Menotti e o considera o melhor treinador que já teve. O ex-craque Omar Sívori também o consolou: “Me escute, garoto… você tem a verdade do futebol dentro de si e toda uma vida para mostrá-la”. Mesmo decepcionado, Diego enviaria um telegrama aos jogadores, desejando sorte, e assistiu in loco dois jogos (contra a Itália e a final contra a Holanda).

“Poderia ter jogado no mundial de 1978. Estava afinado como nunca. Chorei muito, senti como uma injustiça. (…) Quando se deu a notícia [de que seria cortado] vieram alguns a me consolar: Luque, um grande tipo, o Tolo Gallego… e ninguém mais. Nesse momento eram demasiado grandes para gastar uma palavra com um garoto. (…) O pior foi quando voltei a minha casa. Parecia um velório. Chorava minha velha, meu velho, meus irmãos… esse dia, o mais triste da minha carreira, jurei que iria ter revanche. Foi a maior desilusão da minha vida, me marcou para sempre.”

No ano seguinte, foi o protagonista de sua seleção no título Mundial Sub-20 de 1979, marcando 6 gols e sento escolhido o melhor jogador do torneio. Disputou sua primeira Copa em 1982, mas a então campeã Argentina caiu na segunda fase, com derrotas para Itália (1 x 2, caçado impiedosamente por Claudio Gentile – que de gentil só tinha o nome) e Brasil (1 x 3, onde foi expulso por dar uma solada nos testículos do volante Batista, pensando ser em Falcão).

● Na Copa de 1986, o técnico Bilardo era questionado por dar a faixa de capitão a Diego, já que ele ainda não tinha provado seu valor no futebol nem em clubes e nem na seleção. Maradona “mandava” tanto na seleção, que o ídolo argentino Daniel Passarella não jogou um segundo sequer nessa Copa (era desafeto de Diego). Nas quartas de final, mostrou a todos a sua verdadeira grandeza. Argentina e Inglaterra tinham se enfrentado recentemente na Guerra das Malvinas, com derrota platina. No sexto minuto do segundo tempo, “El Diez” tocou para um companheiro, que perdeu a bola, mas o zagueiro inglês Steve Hodge chutou a bola para cima e ela foi em direção ao goleiro Peter Shilton. Maradona foi correndo de encontro ao goleiro (20 cm mais alto), cerrou o punho e socou a bola, encobrindo Shilton. Mesmo com protestos ingleses, o gol foi validado. Maradona mais tarde diria que “se houve mão na bola, foi a mão de Deus”. Com os adversários ainda revoltados com esse gol, a Argentina trocava passes no campo defensivo quando “El Pibe” pegou a bola. Ele estava de costas para o gol inglês e era marcado por três adversários (Steve Hodge, Peter Reid e Peter Beardsley). Assim que Beardsley se aproximou, Diego girou em sentido contrário, saindo de seu campo e avançando na intermediária adversária. Reid o perseguiu sem sucesso, enquanto Terry Butcher e Terry Fenwick foram facilmente deixados para trás. Diego seguiu (com a impressão que driblava todos os milhões de britânicos e vencia a Guerra das Malvinas), entrou na área, driblou o goleiro Shilton e mandou para as redes, sem chances para o carrinho desesperado de Butcher. Esse é chamado de “gol do século” e possivelmente é o gol mais lindo da história das Copas. Gary Lineker descontou, mas a Argentina venceu por 2 x 1. Na final contra a Alemanha Ocidental, liderou seu país ao segundo título mundial. Logicamente, foi escolhido como Bola de Ouro da Copa.

Na Copa de 1990, Diego já tinha seu talento mundialmente reconhecido, pois já tinha dado títulos inéditos para o Napoli e tinha carregado sua seleção na Copa anterior. Após uma primeira fase desastrosa, a Argentina enfrentou o rival Brasil nas oitavas de final. A equipe brasileira fez seu melhor jogo, mas desperdiçou inúmeras oportunidades. Maradona apenas caminhava na partida, devido às inúmeras pancadas recebidas em jogos anteriores. Mas nunca pode se descuidar com um gênio. Aos 35 minutos do segundo tempo, ele acelerou uma jogada, driblou quatro brasileiros e deixou Caniggia livre, para passar por Taffarel e fazer o gol. Venceria a Iugoslávia nos pênaltis. Na semifinal, enfrentaria os anfitriões italianos, mas jogaria em sua casa, Nápoles. Diego convocou os napolitanos a torcer por ele e não por seu país e a torcida ficou dividida. A Argentina venceu a Itália nos pênaltis, novamente com um show de defesas do goleiro Sergio Goycoechea. Na final, novamente contra a Alemanha Ocidental, em Roma, Diego foi vaiado do início ao fim do jogo. A Argentina já era mais fraca que a Copa anterior e esteve desfalcada de quatro titulares nessa final. Ainda perderia um jogador expulso no início do segundo tempo. A cinco minutos do fim, a Alemanha marca em um pênalti duvidoso e é campeã. Diego se recusa a apertar a mão do presidente da FIFA, João Havelange, e a torcida romana faz festa ao ver Maradona chorando.
Em 1994, surpreendeu ao mundo com a rápida recuperação de sua forma física. Fez um golaço na estreia contra a Grécia e demonstrou um fôlego incansável na segunda partida, contra a Nigéria, mas depois foi pego no exame antidoping e provado que utilizou efedrina para emagrecer. Mesmo aposentado, houve certa pressão para que o agora técnico Daniel Passarella o convocasse para a Copa do Mundo de 1998.

● Em outubro de 2008, após a demissão de Alfio Basile, Diego Armando Maradona foi nomeado técnico da seleção argentina. No período, teve desentendimentos com vários atletas, mas em especial com Juan Román Riquelme. Em 2009 sofreu uma acachapante e histórica derrota para a Bolvívia, na altitude de La Paz, por 6 a 1. Também perdeu para o Brasil em casa, por 3 x 1. Em menos de 20 jogos, ele utilizou 80 jogadores diferentes. Em 14/10/2009, se classificou para a Copa do Mundo de 2010 no sufoco, apenas na última rodada, em uma vitória por 1 a 0 contra o rival Uruguai, em pleno Estádio Centenário. A entrevista após o jogo foi mais uma polêmica para a sua biografia com a declaração: “Com o perdão das damas aqui presentes, que vocês (jornalistas) ’chupem’, continuem ’chupando’”. Pela atitude, foi punido pela FIFA com dois meses de suspensão e uma multa de 25 mil francos suíços. Não convocou para a Copa, dentre outros craques, Javier Zanetti e Esteban Cambiasso, que tinham acabado de conquistar a tríplice coroa na Itália. Na Copa, após uma primeira fase tranquila, venceu bem o México e foi eliminado nas quartas de final para a Alemanha, em uma goleada acachapante por 0 x 4. Felizmente, o resultado poupou a todos de ver o ex-jogador cumprir a promessa de correr pelado caso seu time vencesse a Copa. Foi demitido do cargo depois de 24 partidas, com 18 vitórias e 6 derrotas.

… Maradona: ídolo de três clubes

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… Maradona: ídolo de três clubes

Quem é o melhor jogador de futebol nascido em outubro? Muitos e muitos craques nasceram no 10º mês do ano. Só pra citar alguns: Falcão, Careca, Didi e Lev Yashin. Além dos já homenageados nessa coluna (Zlatan Ibrahimovic, Zvonimir Boban, Pelé e Garrincha). Mas no dia 30/10/1960, na cidade argentina de Lanús, na região metropolitana de Buenos Aires, nasceu Diego Armando Maradona. Provavelmente o melhor jogador de todos os tempos (Pelé é “hors-concours“).


(Imagem: Pinterest)

● Conta a lenda que com apenas um aninho de idade, Maradona já chutava sua primeira bola. Aos nove anos iniciou nas divisões de base do Argentinos Junior, na geração conhecida como “Los Cebollitas”. Aos 10, apareceu nos jornais pela primeira vez: “um menino com porte e classe de craque”, dizia a manchete do diário “Clarín”. Sua estreia na primeira divisão foi em 20/10/1976, aos 15 anos, em uma derrota do Argentinos Juniors para o Talleres por 1 a 0. Sua primeira jogada foi uma “caneta” contra um adversário. Segundo Diego, “nesse dia, toquei o céu com as mãos”. Em 1978 foi o maior goleador do campeonato argentino. No ano seguinte, foi artilheiro dos campeonatos nacional e metropolitano, além de ter sido eleito o melhor jogador sul-americano. Em 1980 voltou a ser artilheiro dos dois campeonatos e novamente melhor da América do Sul, além de levar o Argentino Juniors ao vice-campeonato nacional (melhor resultado do clube na história até 1984).

Se transferiu para o clube de coração em 1981, o Boca Juniors, realizando um sonho. Seu contrato tinha uma cláusula que proibia que jogasse contra o Argentinos Juniors. Logo no primeiro ano, o Boca Juniors quebrou um tabu de cinco anos sem títulos, vencendo o metropolitano. Sua primeira passagem pelo Boca foi rápida e intensa, com muitos gols no Superclássico contra o River Plate.

● Em 04/09/1982, estreou no Barcelona, em uma derrota por 2 a 1 para o Valencia. O Barça estava num longo jejum na liga, pois após o título em 1960, venceu apenas em 1974. Diego não conseguiu quebrar esse tabu. No total, jogou 58 vezes pelo Barça e marcou 38 gols, conquistando a Copa do Rei, a Copa da Liga e a Supercopa da Espanha em 1983. Foi nesse tempo, na cidade catalã, que ele começou a usar drogas. Na final da Copa do Rei de 1984, protagonizou uma batalha campal com Miguel Ángel Sola, do Athletic Bilbao e foi suspenso por três meses na Liga Espanhola, o que provocou sua transferência para o Napoli, que era uma equipe tradicional, mas pequena, com apenas dois títulos da Copa da Itália.

Conseguiu um verdadeiro milagre ao conquistar o título da Série A da temporada 1986/87. O bi escapou na temporada seguinte, mas Diego foi artilheiro com 15 gols (seu parceiro Careca marcou 13). Maradona conseguiu dar ao Napoli também o inédito título da Copa da UEFA de 1989/89, na final contra o Stuttgart. Na temporada seguinte, conquista o segundo título italiano do clube. Em março de 1991 foi suspenso do futebol por 15 meses devido ao resultado positivo de seu exame antidoping, escancarando o vício nas drogas. Posteriormente, o então presidente do clube, Corrado Ferlaino, admitiu que por diversas vezes que Diego era sorteado para o antidoping, o exame era burlado com a urina de jogadores “limpos”.

● Após uma batalha judicial contra o clube, se transferiu para o Sevilla. Após desentender com o técnico Carlos Billardo, abandona o clube e volta para atuar no seu país natal, no Newell’s Old Boys, mas diversas lesões o atrapalham a ter uma sequência se jogos. Cada vez mais fora de forma e afundado nas drogas, em fevereiro de 1994 atira com uma espingarda de ar comprimido em jornalistas que fazem plantão na porta de sua casa. Incrivelmente, apareceu em excelente forma física na Copa de 1994, mas de novo antidoping deu positivo, dessa vez na segunda partida da Copa, contra a Nigéria. Novamente foi punido por 15 meses pela FIFA. Sem poder jogar, se tornou técnico do inexpressivo Textil Mandiyú, mas durou apenas poucas semanas, 12 jogos e apenas uma vitória. Assume como treinador do Racing, mas sai em março de 1995, com 11 partidas e 2 vitórias. Com o fim de sua punição, voltou ao seu amado Boca Juniors e descoloriu uma faixa dourada do lado superior direito de seu cabelo, simbolizando a faixa dourada do uniforme xeneize. O clube também contrata seu amigo Claudio Caniggia. O Boca estava em novo jejum desde 1992 e continuou. Memorável foi apenas uma goleada por 4 a 1 contra o River Plate, em que após o terceiro gol de Caniggia, ele e Maradona se beijam na boca na comemoração. Em 25/10/1997 joga sua última partida, um Superclássico e anuncia sua aposentadoria, após rumores de novo antidoping positivo.

… Rei Pelé e algumas curiosidades

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… Rei Pelé e algumas curiosidades


(Imagem: Placar)

● Desde pequenininho brincava de bola, por influência do pai, Seu Dondinho, que era jogador de futebol profissional. Mas foi exatamente em 16/07/1950, aos nove anos de idade, na final da Copa do Mundo perdida pelos brasileiros em casa para o Uruguai por 2 x 1, que o menino, ao ver o choro do pai pela derrota, afirmou: “Não chore, papai. Vou ganhar uma Copa para o senhor”. Aí é que Dondinho chorou mesmo! E o menino venceu três Mundiais.

● Ganhou dinheiro com futebol pela primeira vez aos 10 anos, quando recebeu 4.500 réis para jogar pelo Ipiranguinha, um time amador de Bauru. Com a mesma idade, ainda em Bauru, criou um time, o Sete de Setembro. Para comprar uniforme e outros itens, Pelé e os coleguinhas roubavam amendoim nos trens e vendiam na praça da cidade.

● Aos 16 anos, atuou com a camisa cruzmaltina em um combinado Santos-Vasco. Na zaga de seu time estava Augusto, capitão brasileiro na Copa de 1950 e que, segundo histórias, acabou com a carreira de Dondinho.

● Em 1958 se tornou artilheiro do Campeonato Paulista com incríveis 58 gols, recorde praticamente inalcançável.

● Em jogo treino da seleção brasileira em 1958, preparatório para a Copa, Pelé levou uma pancada de Ari Clemente e lesionou o joelho, mas foi mantido na delegação após uma reunião de cinco horas. O psicólogo João Carvalhaes afirmava que Pelé era imaturo e mesmo com todas as dificuldades, foi bancado pela comissão técnica e estreou no terceiro jogo, contra a União Soviética. Se tornou e é até hoje o campeão mais jovem da história das Copas, aos 17 anos.

● Já famoso e campeão do mundo, ele serviu ao exército por seis meses, em 1959, no 6º grupo de artilharia de costa motorizado, na cidade litorânea Praia Grande.

● No segundo jogo da Copa de 1962, no 0 x 0 contra a Tchecoslováquia, teve um raro estiramento aos 28 minutos do primeiro tempo e ficou o jogo todo apenas fazendo número. No fim do torneio se tornou bicampeão, mas não conseguiu comemorar dentro do campo. Em 1966 foi literalmente caçado em campo e viu o Brasil cair ainda na primeira fase. Em 1970, no auge de sua forma, liderou o Brasil ao terceiro título.

● Depois de consagrado mundialmente, apenas em uma vez em toda a carreira Pelé foi reserva. Foi na preparação para a Copa do Mundo de 1970, no Morumbi, em amistoso sem gols contra a Bulgária. Pelé substituiu Tostão no segundo tempo e vestiu o número 13. A camisa 10 não foi usada por ninguém nesse dia.

● Pelé é chamado de Rei desde a Copa de 1958. Mas se tornou também Cavaleiro da Rainha em 03/12/1997, sendo condecorado pela rainha britânica Elizabeth II e se tornou “Sir”. Por não ser britânico, ele não pode usar o título de forma fixa, sendo apenas Cavaleiro Honorário. Antes, em 1994, recebeu a mais alta insígnia da Hungria, a Cruz da Ordem do Mérito da República da Hungria.

● Pelé perdeu apenas 14 pênaltis na carreira, sendo todos pelo Santos. Desses, a metade chutou para fora, um na trave e apenas seis foram defendidos pelo goleiro adversário.

● Foi expulso em 13 partidas, todas pelo Santos. O árbitro que mais o pôs para fora foi Armando Marques, em quatro jogos. No campeonato paulista de 1957, o Corinthians precisava vencer o Santos para ser campeão. O Peixe venceu por 1 a 0 e o São Paulo foi campeão. Pelé apanhou o jogo todo e foi expulso quando revidou. Inconformado, ao fim do jogo afirmou: “esse time não vai ganhar campeonato nenhum”. A maldição durou até 1977, exatos doze dias após o Rei se retirar definitivamente do esporte.

● Em janeiro de 1969, o Santos foi para mais uma excursão na África, em que previa amistosos no Congo-Kinshasa (ex-Zaire e atual República Democrática do Congo) e no Congo-Brazzaville (atual Congo). O único senão era a guerra que há meses era travada naquele momento entre os dois países. Mas a trégua foi forçada para ver Pelé. O barco que levou o time do Peixe pelo Rio Congo foi escoltado pelos soldados de Brazzaville até o encontro com o exército de Kinshasa. Nos dois países, foram cinco jogos em nove dias, em que Pelé marcou sete gols. Na segunda partida, contra uma seleção do Congo-Brazzaville, o Santos perdia por 2 a 0 e a arbitragem era absurdamente tolerante com as pancadas africanas. Pelé, revoltado, resolveu protestar e pensou em sair de campo. Mas sabia que a sua vida e a de seus colegas de time poderiam estar em risco se os africanos se enfurecessem. Assim, os santistas simplesmente sentaram no gramado. No mesmo instante, o árbitro da partida recebeu um bilhete misterioso e convenceu os jogadores santistas a voltarem ao jogo e passou a apitar corretamente. O Santos virou por 3 x 2, com dois gols de Pelé. Apenas nos vestiários é que souberam o teor do bilhete: “O Santos, time de Pelé, está aqui para dar um espetáculo. Eu estou aqui para assistir a esse espetáculo. Se você não apitar segundo as regras do jogo, vai sair preso do estádio.” Quem assinou foi o comandante Marien Ngobi, chefe de estado do Congo-Brazzaville. Por causa de Pelé nesta visita, o então presidente de Congo-Kinshasa, Joseph Mobuto, oficializou no país o dia 23 de janeiro como o Dia Nacional do Esporte.

● Na mesma excursão, em 04/02/1969, o Santos esteve na Biafra (atual Nigéria), onde a guerra civil já durava dois anos. O jogo, na cidade de Benin, não estava programado e só foi realizado após as autoridades garantirem a segurança de todos. Foi um breve momento de paz na cidade e o tenente coronel Samuel Ogbemudia decretou feriado na parte da tarde e liberou a ponte que ligava as cidades de Benin e Sapele, autorizando a passagem de todos que quisessem ver Pelé. Assim que o Santos subiu no avião, as hostilidades recomeçaram e a guerra só teve fim em janeiro de 1970. Ou seja, em apenas uma viagem, Rei Pelé parou duas guerras.

● Ainda no histórico ano de 1969 (em que também sairia o gol 1.000), em uma excursão pela Colômbia, no estádio El Campín, foi expulso pelo árbitro local Guillermo Velásquez. O público ficou irritadíssimo, pois foram ao estádio para ver o Rei. O juiz teve que ser trocado e Pelé continuou fazendo a festa do povo.

● Em 1959 a usina Chiabrando & Amandola, da cidade paulista de Piracicaba, ofereceu a Seu Dondinho uma proposta para a criação da “Caninha Pelé”. O rótulo tinha a foto de Pelé com o terno usado na volta da Suécia na Copa do Mundo de 1958. O garoto ainda era menor de idade e coube a seu pai receber a oferta. Mesmo assim, aconselhado por Zito, o Rei disse ao pai: “isso não é bom pra mim. Propaganda de pinga não pega bem.” As raras amostras de testes do produto se tornara artigo de colecionador e custam atualmente na faixa de R$ 17 mil. No fim, Pelé nunca aceitou associar seu nome à bebidas alcoólicas e ao tabaco.

● Pelé sempre tocou violão, é compositor e já gravou um CD produzido pelo respeitadíssimo Sérgio Mendes. Fez diversas publicidades bem diferentes, como sobre a alfabetização (“abc, abc, toda criança tem que ler e escrever…”) e a de um jogo de Atari chamado Championship Soccer, que ficou conhecido nos EUA com o nome de Pelé’s Soccer. Mas uma das mais marcantes foi a propaganda do Viagra em 2002, em que dizia: “consulte seu médico. Eu faria isso”. Entre 1977 e 1982, Maurício de Souza publicou histórias em quadrinhos com o personagem Pelezinho. Já o “Café Pelé” foi criado em 1970 após assinatura de contrato entre a empresa Cacique e o Rei. Atualmente, Edson Arantes do Nascimento não é proprietário da marca “Pelé”, pois vendeu os direitos sobre o nome em 2010 para a empresa americana Legends 10.

● Certa vez, o cantor Jair Rodrigues e Pelé se encontraram em um aeroporto e Jair brincou com o Rei: “Tu tá rico, hein,Negão? Uma mala bonitona dessas eu nunca vou ter”. Ao chegar em casa, dias depois, Jair encontrou uma mala de couro igualzinha a de Pelé. Ao questionar a empregada, ela respondeu: “Foi um negão que trouxe e disse que era o Pelé. Vê se pode, Seu Jair?! Mas não se preocupa que eu nem deixei o homem entrar.”

● Pelé cursou faculdade e se formou na década de 70 na Faculdade de Educação Física de Santos (atual Universidade Metropolitana de Santos).

● O armário número 6 do vestiário principal da Vila Belmiro, que Pelé usava, está trancado desde sua despedida do clube em 1974. Só ele tem a chave e o clube o aposentou em respeito ao ídolo. Ninguém nunca o viu aberto e não se sabe o que tem dentro. Nem o Rei fala. Especula-se que ele tenha deixado dois pares dede chuteiras, um chapéu de couro e um colete.

● Foi o primeiro entrevistado de Maradona no programa “La Noche del Diez”, programa semanal argentino que era apresentado por Diego Armando Maradona. Além de ambos trocarem passes de cabeça em embaixadinhas, Maradona chamou Pelé de Rei. Pelé, por sua vez, cantou a música de sua composição “Quem sou eu, quem é você?”. Veja a entrevista completa neste vídeo: