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… Cinco anos sem Doutor Sócrates

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… Cinco anos sem Doutor Sócrates


(Imagens localizadas no Google)

● Sócrates faleceu às 04h30 da manhã do dia 04 de dezembro de 2011 (há exatos cinco anos), com falência múltipla dos órgãos em decorrência do choque séptico, no Hospital Alberto Einstein, em São Paulo.

Em agosto de 2011, Sócrates foi internado na UTI do Hospital Albert Einstein devido a uma hemorragia digestiva causada por hipertensão portal (na veia porta, que drena o sangue do sistema digestivo). Após essa primeira internação, o craque admitiu que tinha problemas de alcoolismo. No mês seguinte voltou a ser internado pelos mesmos problemas. Já no início de dezembro de 2011, ele foi internado novamente devido a uma suporta intoxicação alimentar, que se transformou em um quadro grave de choque séptico em razão da condição debilitada de sua saúde, que o levou a óbito.

No mesmo dia 04/12/2011, o seu querido Corinthians se sagrou campeão brasileiro pela quinta vez. No início da partida, os jogadores e a comissão técnica do alvinegro prestaram uma homenagem a Sócrates, repetindo o gesto utilizado por ele na comemoração de seus gols (punho cerrado e mão ao ar, como na foto, o que foi prontamente repetido pela torcida. Botafogo, Corinthians e Fiorentina decretarem luto oficial. Sua morte repercutiu em redes sociais de quase todos as pessoas ligadas ao esporte e amigos do Magrão. Foi também destaque na imprensa esportiva mundial, como nos jornais espanhóis “As” e “Marca”, os britânicos “The Sun”, “BBC” e “The Economist”, os italianos “Gazzetta dello Sport”, “Guerin Sportivo” e “La repubblica”, os portugueses “A Bola” e “Record”, os argentinos “El Gráfico” e “Olé”, os americanos “CNN” e “New York Times” e os franceses “France Football” e “Le Monde.” Foi sepultado no mesmo dia, no cemitério Bom Pastor, na cidade de Ribeirão Preto. Ele tinha 57 anos e era pai de seis filhos.

● Sócrates Sampaio de Souza Vieira de Oliveira nasceu em Belém, no dia 19/02/1954. Era conhecido também como Dr. Sócrates ou Magrão. Era irmão mais velho de Raí, ídolo do São Paulo e pai de Gustavo Vieira de Oliveira, diretor de futebol que passou pelo SPFC em 2016. Ingressou na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP aos 17 anos, mas já jogava pelo Botafogo. Se profissionalizou no esporte em 1973, mas sem abandonar o curso, que seguiu concomitantemente com o futebol até se formar, em 1977.

Se fez notar também pela sua militância política, especialmente nos anos 1980, quando fez parte do movimento pelas Diretas Já e liderou a chamada “Democracia Corintiana” (que não tinha nada de democracia, de acordo com o Guia Politicamente Incorreto do Futebol, de Jones Rossi e Leonardo Mendes Júnior). Era conhecido por seu estilo altivo e elegante. Sua principal característica era sua habilidade no uso do calcanhar, que se justificava por ser muito alto e não ter o equilíbrio de um jogador mais baixo; por ter seu centro de gravidade mais alto, os toques de calcanhar foi a forma que encontrou para permanecer mais em pé. Mas seu futebol era completo. Dominava todos os fundamentos. Arrematava bem de todas as formas, incluindo gols de falta, de cabeça e de fora da área, além das várias assistências. Um dos maiores (senão o maior) ídolos do Corinthians e do Botafogo de Ribeirão Preto, é uma das lendas do futebol mundial. Em 28/07/2012, o Corinthians inaugurou um busto em homenagem a Sócrates no Parque São Jorge.

Pelo Botafogo, jogou de 1973 a 1978, com 274 tentos anotados em 269 jogos. Pelo Corinthians, entre 1978 a 1984, fez 172 gols em 298 partidas. Jogou na Fiorentina apenas na temporada 1984/85 (13 gols em 28 jogos). Jogou no Flamengo de 1986 a 1987, marcando 8 vezes em 45 partidas disputadas. Passou pelo Santos em 1988, com 7 gols nas 23 partidas em que atuou. Encerrou a carreira ainda em 1988, no mesmo Botafogo que o projetou, com sete jogos e um gol. Em 1988, em amistoso com ídolos corintianos em campo, jogou 15 minutos com a camisa do Corinthian-Casuals. Em 2004, aos 50 anos de idade, atendendo a um convite de um amigo, participou de uma partida festiva com a camisa do Garfoth Town, equipe da oitava divisão da Inglaterra.

Após deixar os gramados, foi um técnico sem sucessos no Botafogo-SP em 1990, na LDU Quito (Equador) em 1996 e na Cabofriense-RJ em 1999.

Estreou na Seleção Brasileira em 1979, em amistoso contra o Paraguai. Era líder e capitão de uma Seleção de estrelas na Copa do Mundo de 1982, mas o destino não quis laureá-lo como campeão do mundo, saindo do torneio na fase quartas de final, contra a Itália. Mas Sócrates foi destaque da competição. Teve também excelente atuação na Copa América de 1983, mas o Brasil foi vice-campeão, perdendo para o Uruguai no placar agregado das finais em ida e volta. Jogou também a Copa do Mundo de 1986, mas já estava fora de sua forma ideal e não foi tão exuberante quanto quatro anos antes. Não usava mais a faixa de capitão (era do zagueiro Edinho), mas ainda era o líder natural do time. Na decisão por pênaltis nas quartas de final contra a França, perdeu o seu. Ao todo pela Seleção Canarinho, disputou jogou 69 vezes e marcou 25 gols.

● Em fevereiro de 2015, o jornal britânico The Guardian, em seu quadro “The Joy of Six”, elegeu Sócrates como um dos seis esportistas mais inteligentes da história, sendo o único futebolista da lista. Para isso, o periódico levou em conta currículos que extrapolam a linha esportiva, com atuação preponderante em suas áreas e fora delas. Sócrates fez de tudo enquanto viveu:

– Em parceria com o jornalista Ricardo Gozzi, escreveu o livro “Democracia Corinthiana: A utopia em jogo” (2002), onde conta sua experiência de democracia interna no clube durante o período de 1982-1984.

– Gravou um disco solo, de música sertaneja, chamado “Canto de caboclo” (1980), pela gravadora RCA, em tiragem de 50.000 exemplares rapidamente vendidos.

– Participou do disco “Aquarela” de seu amigo Toquinho, em 1982.

– No teatro, produziu a peça “Perfume de Camélia” (1983), com a atriz Maria Isabel de Lisandra. A peça foi exibida no teatro Ruth Escobar.

– Participou do documentário “Ser campeão é detalhe” (2011) sobre a Democracia Corintiana, realizado pelos alunos da disciplina Projeto de Cinema do curso de Midialogia da Unicamp.

– Ao lado de Zico, fez uma participação especial na novela “Feijão Maravilha”, da Rede Globo, em 1979, contracenando com os atroes Ivon Cury, Grande Otelo e Olney Cazarré.

– Em 1992, inaugurou em Ribeirão Preto, com um investimento de US$ 300 mil, a “Medicine Sócrates Center”, uma clínica médica destinada a atender profissionais de diversas modalidades esportivas, além de pacientes comuns.

– Era comentarista esportivo no programa esportivo “Cartão Verde”, da TV Cultura, desde 2008 até sua morte.

Feitos e premiações de Sócrates:

Pelo Botafogo-SP:
– Campeão da Taça Cidade de São Paulo (1º turno do Campeonato Paulista) em 1977.

Pelo Corinthians:
– Campeão do Campeonato Paulista em 1979, 1982 e 1983.
– Campeão da Taça Governador do Estado de São Paulo em 1984.
– Campeão da Copa dos Campeões SP x RJ em 1984.
– Campeão da Taça Cidade de Porto Alegre em 1983.
– Campeão da Copa da Feira de Hidalgo em 1981, no México.
– Campeão da Copa Cidade de Turim em 1983, na Itália.

Pelo Flamengo:
– Campeão do Campeonato Carioca em 1986.
– Campeão da Taça Rio em 1986.

Pela Seleção Brasileira:
– Vice-campeão do Mundialito de Montevidéu em 1980.
– Vice-campeão da Copa América de 1983.
– 3º lugar na Copa América de 1979.
– 5º lugar na Copa do Mundo de 1982.
– 5º lugar na Copa do Mundo de 1986.
– Troféu Sport Billy – Troféu Fair Play da FIFA da Copa do Mundo de 1982.
– Troféu Sport Billy – Troféu Fair Play da FIFA da Copa do Mundo de 1986.
– Campeão da Taça da Inglaterra em 1981.
– Campeão da Taça da França em 1981.

Distinções e premiações individuais:
– Artilheiro do Campeonato Paulista de 1976 (27 gols).
– Artilheiro da Taça Cidade de Porto Alegre de 1983 (7 gols).
– Nomeado para a lista “FIFA 100” (feita por Pelé, onde constam os 125 melhores jogadores da história que até então estavam vivos em 2004).
– Eleito o melhor jogador sul-americano pelo jornal El Mundo em 1983.
– Eleito para a Bola de Prata da Revista Placar em 1980.
– Eleito o 5º melhor jogador do mundo pela revista World Soccer em 1982.
– Eleito o 21º melhor jogador brasileiro do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 6º melhor jogador da Copa do Mundo de 1982.
– Convocado para a Seleção da FIFA em 1982.
– Eleito para a lista dos 100 craques do Século XX pela revista World SOccer em 1999.
– Eleito para a lista dos 100 craques das Copas do Mundo pela CNN Sports em 2002.
– Craque do ano de 1982 da Revista Placar, eleito pela crítica e pelos leitores.
– Craque do ano de 1983 da Revista Placar, eleito pela crítica.
– 4º maior craque do Brasil na década de 1970 da Revista Placar, eleito pela crítica em 1979.

… Edmundo 4 x 1 Flamengo, em 1997

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… Edmundo 4 x 1 Flamengo, em 1997


(Imagem: Mantos do Futebol)

● Em 03/12/1997, uma quarta-feira, em jogo válido pela 5ª rodada do Grupo A da fase semifinal do Campeonato Brasileiro de 1997, Flamengo e Vasco se enfrentavam em um Maracanã lotado. Naquele ano, a fase semifinal foi disputada em dois grupos com quatro times. O líder Vasco tinha 10 pontos, enquanto o Flamengo tinha 7 e, se vencesse, iria a 10 e ambos ainda teriam uma partida por jogar. Ou seja, se o rubro-negro vencesse, ainda teria chances; se o cruzmaltino empatasse um dos dois jogos (o outro seria contra o Juventude), estaria matematicamente classificado.

Logo aos 16 minutos, Edmundo (o melhor jogador do campeonato disparado) passou pelo goleiro Clemer e abriu o placar. O Vasco ficaria com um a menos ainda na etapa inicial, aos 35, com a expulsão do volante Nelson “Patola”.

Mas o camisa 10 vascaíno estava infernal e ampliou aos 9 do segundo tempo, quando recebeu lançamento de Juninho e contou com a sorte quando a bola bateu em suas costas, tirando Júnior Baiano e Clemer da jogada.

Já no fim, aos 39, Júnior Baiano diminuiu cobrando pênalti para o Flamengo e deu esperanças à torcida.

Mas por pouco tempo. Aos 44, Edmundo recebeu a bola na área e colocou a defesa adversária para dançar: driblou logo dois em um único corte! Sensacional! E, de perna esquerda, fez seu “hat-trick”, batendo o recorde de artilharia em uma mesma edição do Brasileirão, com 29 gols marcados (superando Reinaldo, do Atlético-MG, que anotou 28 em 1977).

Como último prego no caixão do rival, ainda deu tempo para o lateral Maricá fechar a goleada nos acréscimos. Final: 4 x 1, Vasco.

● Foi um dos maiores shows individuais de um jogador na história recente do Brasileirão.

Foi uma verdadeira noite de gala, que nunca sairá da memória de todos os torcedores do Vasco da Gama e dos amantes do futebol em geral.

O Vasco jogou tanto contra o Flamengo, que nem precisou marcar gols na final. Com dois empates por 0 x 0 com o Palmeiras, por ter melhor campanha, o Vasco se tornou campeão brasileiro de 1997.

FICHA TÉCNICA

Flamengo 1 x 4 Vasco
FLAMENGO
Clemer; Leandro Silva, Júnior Baiano, Juan e Gilberto; Jamir, Bruno Quadros (Renato Gaúcho), Iranildo (Lê) e Athirson; Lúcio e Sávio. Técnico: Paulo Autuori.
VASCO
Carlos Germano; Filipe Alvim (Maricá), Alex Pinho, Mauro Galvão e César Prates; Nasa, Nelson, Juninho Pernambucano (Moisés) e Ramon; Edmundo e Evair (Fabrício Carvalho). Técnico: Antônio Lopes.
Data: 03/12/1997
Local: Estádio Maracanã
Público: 75.493
Árbitro: Paulo César de Oliveira
Gols:
16′ Edmundo (VAS)
54′ Edmundo (VAS)
84′ Júnior Baiano (FLA)
89′ Edmundo (VAS)
90’+ 1′ Maricá (VAS)
Cartão Vermelho: Nelson (VAS)

… Palmeiras: Campeão Brasileiro 2016

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… Palmeiras: Campeão Brasileiro 2016


(Imagem: iG Esporte)

● Um estádio de primeiríssimo mundo, que ontem bateu seu recorde de público, com 40.986 expectadores, que conseguiu vender e bem os seus “naming rights” para uma seguradora alemã. Um grande clube em uma belíssima casa, com conforto aos torcedores e sócio-torcedores, que chegaram a enormes 126.728 associados no “Avanti”. Um presidente que assumiu o clube na Série B e o entrega a seu sucessor como campeão brasileiro, além de injetar muitos milhões do próprio bolso nas finanças deste clube. Um presidente que conseguiu manter uma rara paz política e soube fechar um excepcional contrato de patrocínio máster com uma financeira. Uma diretoria que trabalhou muito bem, inclusive incorporando o melhor diretor executivo de futebol do país na atualidade, Alexandre Mattos. Este, com sua influência, montou um elenco deveras numeroso (39 jogadores), mas muitíssimo completo e cheio de opções para o treinador escalar o time.

● Após a queda na primeira fase da Copa Libertadores desse ano, o Palmeiras demitiu o técnico Marcelo Oliveira e fez a contratação certeira. Cuca sempre foi palmeirense (contrariando seu pai corintiano, que faleceu em 1997). Cuca prometeu ser campeão com o manto alviverde em duas ocasiões. A primeira foi no Campeonato Paulista de 1992, quando ostentava a camisa nº 8 do time pré-Parmalat. Fez um gol contra o Ituano e fez o sinal transversal no peito, significando uma faixa de campeão. O time perderia a final para um poderoso São Paulo.

A segunda vez foi como treinador, após o time ser eliminado nos pênaltis na semifinal do Paulistão desse ano. Prometeu que seria campeão brasileiro e o time começou o campeonato voando, com um futebol ofensivo e gostoso de assistir. Mas com diversas lesões de jogadores importantes (especialmente Fernando Prass e Moisés) e a convocação de Gabriel Jesus para a Seleção Olímpica, Cuca reestruturou o time, que passou a ser menos vulnerável e, por consequência, o futebol vistoso foi deixando de aparecer. Cuca, com todo seu conhecimento e suas superstições, cumpriu o que prometeu por duas vezes e foi fundamental no primeiro título palmeirense do Campeonato Brasileiro em pontos corridos.

● Mas o trunfo principal foi o vasto elenco. Fernando Prass se contundiu, entrou o desconhecido (e ótimo) Jailson. Vitor Hugo se destacou ainda mais quando passou a compor dupla de zaga com o bom colombiano Yerry Mina. Super Zé Roberto é um caso para ser estudado, pois continua sendo um dos grandes do futebol brasileiro aos 42 anos (e contando…). Arouca e Gabriel seriam titulares em qualquer time brasileiro, mas Tchê Tchê chegou para elevar o nível do time, acompanhado por um exuberante Moisés (para mim, o melhor jogador do campeonato). Da mesma forma, qualquer equipe gostaria de contar com atacantes como Rafael Marques, Lucas Barrios, Alecsandro e Erik, mas os jovens e leves Róger Guedes e o capitão Dudu eram os preferidos para formarem o trio de frente junto a um adolescente. A cereja do bolo era o menino Jesus. Gabriel Jesus tem aproximadamente 18 meses no time principal do Palmeiras e já conquistou dois títulos pelo clube, ganhou a medalha de ouro olímpica, é titular da Seleção Brasileira e irá jogar no Manchester City, de Pep Guardiola.

Difícil montar um elenco mais diversificado. Se mantiver a base e o técnico, o mesmo Palmeiras que acabou com o tabu nacional de 22 anos, pode também encerrar o jejum sul-americano que completará 18 anos em 2017.

… Guarani de 1994

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… Guarani de 1994


(Imagem: Gazeta Press)

● Quando comecei a acompanhar futebol, nas proximidades da Copa do Mundo de 1994, um dos times que mais encantavam e que me prendia a atenção era o Guarani. O time de Campinas jogava um futebol vistoso, com jogadores bastante leves e habilidosos do meio pra frente, especialmente Djalminha, Amoroso e Luizão que (aniversariante de hoje, que no álbum de figurinhas da Panini ainda era chamado de “Luisão”, com “s”).

Com certeza o melhor time formado pelo time verde de Campinas foi o campeão brasileiro em 1978, com craques como Zé Carlos, Zenon e Careca. Merece destaque também o onze o vice-campeão nacional em 1986, com Ricardo Rocha, Marco Antonio Boiadeiro, João Paulo e Evair. Mas, apesar de não ter chegado na final, o time de 1994 marcou época, protagonizando um dos ataques mais poderosos do torneio terminando a Série A em 3º lugar.

O Bugre começou a se destacar no ano anterior, em 1993, quando terminou o campeonato nacional em 6º, com Luizão (apenas 18 anos) e Djalminha, meia eleito pela revista Placar com o prêmio Bola de Prata. O time de Campinas começou o ano de 1994 muito bem, sendo campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, com destaques para o goleiro Pitarelli e o próprio atacante Luizão.

● Em anos anteriores a 2003, a cada ano o Brasileirão tinha um formato diferente e foi assim também em 1994. O regulamento daquele ano previa que os 24 clubes da Série A seriam divididos em quatro grupos com seis clubes em cada, com jogos entre times de cada chave em turno e returno, com os quatro primeiros de cada grupo se classificando para a segunda fase. O Bugre Campineiro foi o líder no Grupo C, inclusive goleando o Santos na 5ª rodada, por 4 x 0, em Campinas, com dois gols de Amoroso e dois de Luizão (o detalhe é que o Peixe ainda não havia sofrido gols no campeonato). O trio de ataque bugrino se tornou um dos mais letais da década. Djalminha pouco atuou no Brasileirão, pois foi jogar no Shimizu S-Pulse, do Japão, mas antes do fim do ano estava de volta ao Bugre.

Na fase seguinte, o Guarani manteve a excelente campanha, com nove vitórias, cinco empates e apenas uma derrota. Se classificou entre os 16 times e avançou às quartas de final. O time chegou a ter uma sequência de 17 jogos de invencibilidade, entre 04/09 e 26/11, inclusive tendo até então a melhor campanha no geral. Valendo vaga na semifinal, o Bugre enfrentou o poderoso São Paulo do Mestre Telê Santana, bicampeão mundial e da Libertadores. O tricolor venceu no Morumbi por 1 x 0, com um gol de Palhinha. No Brinco de Ouro, o Guarani se vingou com um show de Luizão, Sandoval e companhia, vencendo o SPFC por 4 a 2 e se classificou. A grande baixa foi o craque Amoroso, que lesionou o joelho gravemente e não jogou mais no campeonato.

Nas semifinais, enfrentou um esquadrão de seu tempo: o Palmeiras da Parmalat e do “profexô” Vanderlei Luxemburgo (na época seu nome era escrito “Wanderley”). O Verdão era uma verdadeira seleção, com: Veloso (Sérgio); Cláudio, Antônio Carlos, Cléber (Tonhão) e Roberto Carlos (Wágner); Amaral (Flávio Conceição), César Sampaio, Zinho e Rivaldo; Edmundo e Evair. Se já era difícil vencer com o time completo, Amoroso fez muita falta e o Bugre perdeu por 3 x 1 no Pacaembu e por 2 x 1 no Brinco de Ouro. No fim, o Palmeiras seria campeão em final com o rival Corinthians.

● O time base do Bugre era: Narciso; Marcinho, Cláudio, Jorge Luís e Guilherme; Fernando, Fábio Augusto e Edu Lima; Djalminha (Júlio César), Amoroso (Sandoval) e Luizão. Técnico: Carlos Alberto Silva.

O Guarani terminou em 3º no campeonato, com a segunda melhor pontuação (40 pontos – campeão Palmeiras fez 46 e o vice Corinthians teve 33), o segundo time com mais vitórias (17, em 29 jogos) e menos derrotas (6), o segundo melhor ataque (45 gols marcados) e a quarta melhor defesa (26 gols sofridos). Teve três jogadores na Bola de Prata da Revista Placar (atualmente na ESPN): o zagueiro Jorge Luís, Luizão e Amoroso – que foi também o Bola de Ouro (melhor jogador do campeonato) e o artilheiro, com 19 gols, empatado com Túlio Maravilha (Botafogo).

O garoto Márcio Amoroso começou na própria base bugrina, se profissionalizou aos 18 anos no Verdy Kawasaki, do Japão, sendo campeão da J-League. Voltou ao Guarani no fim do empréstimo. Com 20 anos recém completados, o garoto passou em branco em seus primeiros dois jogos no torneio, mas marcou na vitória por 2 x 0 sobre o Bahia, em plena Fonte Nova. Na sexta rodada, contra o Santos, fez dois gols na goleada bugrina por 4 a 0. No jogo seguinte, contra o Remo, em Belém, fez mais dois. Em Campinas, contra o Vasco e no Mineirão, contra o Cruzeiro, fez um gol em cada. Terminou a primeira fase com sete gols. Na segunda fase, Amoroso novamente marcou na terceira rodada, com o gol da virada por 2 a 1 sobre o Corinthians. Depois, marcou contra Fluminense, Grêmio (duas vezes), Paysandu, Vasco e Palmeiras. Não fez gol no Bahia, mas fez um “hat-trick” contra o Paraná. Deixou sua marca também no Sport e no São Paulo. Nas quartas de final, também contra o Tricolor Paulista, sofreu grave lesão no joelho no Morumbi. Tentou jogar no jogo da volta, no Brinco de Ouro, mas teve que ser substituído aos 16 minutos de jogo. Mas já estava na história como ídolo do Guarani.