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… Gerd Müller: o maior bombardeiro alemão

Três pontos sobre…
… Gerd Müller: o maior bombardeiro alemão


(Imagem: Pinterest)

● Gerhard “Gerd” Müller nasceu em 03/11/1945 em Nördlingen, na região da Baviera, Alemanha. Era o caçula de cinco filhos de Johann Heinrich Müller e sua esposa Christina Karoline Müller. Seu sonho de infância era ser tecelão, mas começou jogando futebol no time de sua cidade natal, o nanico Nördlingen 1861. Em sua primeira temporada no time principal, aos 17 anos, já mostrou seu faro de gols, marcando 51 gols em 32 jogos oficiais, conquistando o título da 7ª divisão alemã. No total, o time marcou 204 gols, sendo 180 de Müller. Sua simplória explicação para o sucesso era a salada de batatas que sua mãe fazia para lhe dar energias. Com esses números, chamou a atenção dos dois clubes de Munique, mas o representante do Bayern chegou meia horas antes do dirigente do 1860 para assinar com o garoto goleador. Assim foi para uma equipe um pouco maior que o Nördlingen 1861, mas ainda era bem pequena, disputando a 2ª divisão: o Bayern de Munique. Também conseguiu o acesso logo no primeiro ano, marcando 43 gols em 37 jogos e levou o Bayern a disputar a Bundesliga pela primeira vez.

Quando o técnico Zlatko Čajkovski viu o garoto com tronco forte e pernas curtinhas, questionou: “O que vocês querem que eu faça com um halterofilista?” Čajkovski não era muito fã de Müller e só o escalou por pressão do presidente, na 10ª partida. E ele estreou marcando logo duas vezes. Na época, o grande da cidade era o Munique 1860, vice-campeão da Recopa Europeia naquele ano e campeão da Copa da Alemanha do ano anterior (2º título). Já o Bayern tinha vencido apenas o campeonato alemão ainda em 1932 e a Copa da Alemanha de 1959, além de estar voltando da 2ª divisão. Na segunda temporada no Bayern, enfim na Bundesliga, passou a conviver com dois jovens formados na base do clube bávaro: o goleiro Sepp Maier e o volante Franz Beckenbauer. A primeira temporada na elite não foi das mais prolíficas para Müller, anotando apenas 15 vezes em 39 partidas. O Bayern ficou em 3º no campeonato e o rival Munique 1860 conquistou o título, igualando-se ao Bayern em número de ligas. Em compensação, o Bayern se igualou ao 1860 em copas, vencendo a Copa da Alemanha. A única diferença é a expressão Internacional um pouco maior dos azuis, que os vermelhos não tinham.

“Tudo que o Bayern se tornou se deve ao Gerd Müller e aos seus gols. Se não fosse por ele, ainda estaríamos em uma velha barraca de madeira.” — Franz Beckenbauer

Essa sua estreia modesta na elite não foi muito bem vista pelo técnico da seleção alemã, Helmut Schön, que não o convocou para a Copa do Mundo de 1966 (mas levou os outros garotos Beckenbauer e Maier). Schön justificava: “Müller é gordo, não é bom um jogador de futebol e faz gols por sorte”. Realmente era baixo (1,74 m), atarracado, pernas curtas e grossas. Seu apelido de infância era “Der Dick” (“o gordinho”) e o técnico Čajkovski ainda o humilhava, chamando-o de “Kleines, Dickes Müller” (“pequeno e gordo Müller”). Após a Copa de 1966, Schön mudou de ideia e o convocou. Müller deixou o primeiro apelido para trás, ganhando outro “Der Bomber” (“O Bombardeiro”), marcando 48 gols em 49 partidas oficiais. Foi artilheiro da Bundesliga pela primeira vez, marcando 28 gols. O clube seria campeão novamente da Copa da Alemanha e conquistou o que o rival Munique 1860 perdeu três anos antes: a Recopa Europeia, primeiro título internacional do clube. O título do campeonato alemão veio apenas em 1969, quebrando o jejum de 37 anos, com 30 gols de Müller. O Bayern conquistou a dobradinha, com a Copa da Alemanha, e começava a crescer no cenário nacional. Na temporada 1969/70, o título ficou com o Borussia Mönchengladbach, mas Gerd Müller marcou incríveis 38 gols, conquistou a Chuteira de Ouro da Europa, sendo eleito o melhor jogador do ano com o prêmio Bola de Ouro da revista France Football.

No ano solar de 1972, viveu seu melhor período, com 85 gols, somando clube e seleção. O recorde durou 40 anos, até 2012, quando Lionel Messi marcou inacreditáveis 91 gols. Mas enquanto Messi fez 1,33 gols por jogo, Müller teve como média 1,41. No mesmo ano de 1972, o artilheiro chegou a assinar com o Barcelona, mas voltou atrás com medo de ficar fora dos planos da seleção para a Copa seguinte. Com a intervenção até do governo alemão, Müller permaneceu no Bayern. O clube voltaria a vencer a Bundesliga, sendo tricampeão em 1972/73/74, todos com Müller como artilheiro do torneio. Logo em 1973, ele quebrou seu próprio recorde e marcou 40 gols, conquistando pela segunda vez a Chuteira de Ouro. O tricampeonato alemão foi sucedido com o tricampeonato da UEFA Champions League, em 1974/75/76. Foi a primeira vez que um time alemão conquistou o título, quando venceu o Atlético de Madrid na partida desempate da final de 1974. Mesmo sendo campeão continental, o Bayern abriu mão de disputar o torneio Intercontinental em 1974 e 1975, pelo receio do jogo violento do Independiente, campeão da Libertadores. Em 1976, decidiram jogar contra o Cruzeiro. Müller marcou nos 2 x 0 frente aos mineiros, na Alemanha, e o Bayern segurou o empate sem gols no Mineirão, conquistando o título mundial.

“Começávamos cada jogo muito confiantes, sabendo que Gerd Müller marcaria o gol decisivo. Precisando de dois ou três gols, OK, ele consegue fazer isso também. Com Gerd Müller no seu time, você não precisa de sistema tático. Tínhamos a nossa estrutura. Mas podíamos jogar com o nosso sistema perfeitamente, mas sem ele não ajudaria. Para ter sucesso, precisávamos do Gerd Müller. E nós o tínhamos.” — Paul Breitner

Após esse título, as estrelas do Bayern começaram a entrar em declínio, inclusive com o clube figurando na zona de rebaixamento na Bundesliga. Mas Müller ainda se mantinha em alto nível, fazendo 30 gols em 43 jogos em 1975, 35 gols em 35 partidas em 1976, 48 gols em 37 jogos em 1977 e marcando 37 tentos em 48 partidas em 1978. Nesse último ano, voltou a ser artilheiro da liga, com 24 gols. Já em 1979, com 34 anos, jogou apenas 21 vezes e marcou 13 gols, entrando em atrito com o técnico Pál Csernai, o que forçou sua saída do clube. Foi jogar no futebol dos Estados Unidos, onde já estava seu amigo Franz Beckenbauer, além de Pelé, George Best, Teófilo Cubillas, Johan Cruijff, Johan Neeskens, Giorgio Chinaglia, Carlos Alberto Torres, Gordon Banks, Bobby Moore, dentre outros astros. Foi contratado pelo Fort Lauderdale Strikers para jogar ao lado de Best, Cubillas e, posteriormente, de Elías Figueroa. Em três anos, disputou 71 partidas e marcando 38 gols pelos Strikers. Chegou na final da NASL em 1980, mas não conquistou títulos pelo clube. Voltaria para jogar pelo eterno rival Munique 1860 em 1980, mas a negociação não foi concluída por falta de garantias exigidas pela NASL. Disputou a temporada 1981/82 pelo Smiths Brothers Lounge, com 33 gols em 42 partidas.

Deixou o futebol aos 37 anos, em 1982 e montou um bar na Flórida, mas costumava beber todo o estoque. Sofreu com o alcoolismo, perdeu a esposa e todo dinheiro que conseguiu. Em 1991, em um teste Gamma GT, enquanto um fígado saudável tem resultados entre 10 e 70, o fígado de Gerd Müller tinha 2400 unidades. Foi internado em uma clínica de reabilitação, com as despesas pagas pelo amigo Franz Beckenbauer. Ao se recuperar, Müller passou a treinar as divisões de base do Bayern e não bebe mais. No dia 06/10/2015, o presidente do Bayern de Munique, o ex-craque Karl-Heinz Rummenigge, anunciou que Gerd Müller sofre do Mal de Alzheimer. Nos últimos anos, Gerd era assistente técnico do time B do Bayern, ajudando a formar, dentre outros, craques como Phillip Lahm, Bastian Schweinsteiger e Thomas Müller. Em 2014 ele interrompeu suas atividades, devido aos primeiros sinais da doença.

“Gerd Müller é um dos gigantes do futebol. Sem os gols dele, o Bayern e o futebol alemão não poderiam estar onde estão hoje. Apesar de todo o sucesso, ele sempre foi um cara modesto, o que sempre me impressionou. Foi um ótimo jogador e amigo. Trouxe experiência como treinador e ajudou a criar campeões mundiais.” — Karl-Heinz Rummenigge

● Estreou na seleção alemã em 1966 no primeiro jogo do país após a perda da final da Copa do Mundo daquele ano. Em 1972, a Alemanha Ocidental disputou a Eurocopa pela primeira vez e Müller marcou 4 gols, sendo 2 nas semifinais contra a Bélgica e 2 na final, nos 3 x 0 contra a União Soviética, levando os alemães ao título do torneio. Na Copa do Mundo de 1970, ele marcou 7 gols em 3 jogos da primeira fase. Nas quartas de final, a Inglaterra começou vencendo por 2 a 0, mas os alemães empataram no fim do jogo. Na prorrogação, em uma indecisão do goleiro Peter Bonetti, Gerd Müller marcou e classificou sua equipe. Nas semifinais, a Itália vencia até os 44 minutos do segundo tempo, mas Jürgen Grabowski empatou. Na prorrogação, mesmo com 2 gols de Müller, a Itália venceu por 4 x 3. Mas com esses gols, Gerd Müller foi o artilheiro da Copa, com 10 gols.

Em 1974, a Alemanha Ocidental era favorita para a Copa do Mundo, pois jogava em casa, havia conquistado a Euro dois anos antes e tinha como base o Bayern, que tinha acabado de conquistar a primeira UEFA Champions League para um clube alemão e era tricampeão da Bundesliga. A equipe era forte e coesa, mas Müller fez apenas um gol na primeira fase. No quadrangular semifinal, marcou um na Iugoslávia e fez o único contra a Polônia, o gol que efetivamente levou a Alemanha Ocidental para a decisão. Antes mesmo da final da Copa de 1974, aos 28 anos, Müller tinha convicção que iria se aposentar da seleção após a Copa. Algumas fontes afirmam que sua decisão foi motivada pelo fato da Federação Alemã proibir a presença de sua esposa na concentração e até pela baixa premiação financeira para o título mundial. O técnico Helmut Schön convenceu Gerd a deixar para anunciar seu afastamento após a final. Na partida decisiva, contra a Holanda (“Laranja Mecânica”, “Carrossel Holandês) de Johan Cruijff, aos 43 minutos do primeiro tempo, Gerd Müller marcou o gol da virada e do título, seu último tento em sua última aparição pela seleção. Assim, a Alemanha conquistou sua segunda Copa do Mundo.

“Foi com certeza o gol mais importante de todos os que marquei. Rainer Bonhof lançou a bola para a área, eu corri acompanhado por dois holandeses e olhei para trás. A bola bateu no meu pé esquerdo, eu me virei um pouco e de repente ela entrou.” — Gerd Müller, em depoimento ao site da FIFA

Durante 32 anos foi o maior artilheiro da história das Copas com 14 gols (10 em 1970 + 4 em 1974), até ser superado pelo 15º gol de Ronaldo Fenômeno em 2006 e pelo 16º gol de seu compatriota Miroslav Klose, marcado em 2014 (no malogrado 7 a 1). Também é o 3º que mais marcou em uma única Copa, atrás do francês Just Fontaine (13 gols em 1958) e do húngaro Sandor Kocsis (11 gols em 1954).

Seu diferencial era a sua explosão e velocidade de movimentos em pequenos espaços e seu chute potente e preciso. Era chamado de “cowboy” pela imprensa alemã, por “ser rápido no gatilho e absolutamente certeiro”. Humildemente, respondia que “só tentava chutar a bola rente ao chão, pois a bola rasteira é mais difícil do que a bola alta para o goleiro defender”. Suas bruscas mudanças de direção em curtos espaços enganavam os marcadores. Em seus anos de glória, soube como ninguém utilizar seu baixo centro de gravidade de forma fantástica.

Com essas qualidades, tornou-se o maior artilheiro da seleção alemã (até então Alemanha Ocidental), com absurdos 68 gols em 62 jogos (só foi superado por Miroslav Klose, com o gol nº 69 no jogo 132), uma média quase insuperável de 1,1 gols por jogo. Só em jogos decisivos, fez doze jogos (quatro finais de UEFA Champions League – uma como partida desempate – e oito jogos de fases finais de Copas do Mundo e Eurocopas) e marcou treze gols.


(Imagem: IFFHS)

Feitos e premiações de Gerd Müller:

Pela seleção da Alemanha Ocidental:
– Campeão da Copa do Mundo 1974.
– Campeão da Eurocopa 1972.

Pelo Bayern de Munique:
– Campeão da Bundesliga (Campeonato Alemão) em 1968/69, 1971/72, 1972/73 e 1973/74.
– Campeão da DFB-Pokal (Copa da Alemanha) em 1965/66, 1966/67, 1968/69 e 1970/71.
– Campeão da Recopa Europeia em 1966/67.
– Tricampeão da UEFA Champions League (antiga Copa dos Campeões da Europa): 1973/74, 1974/75 e 1975/76.
– Campeão da Copa Intercontinental em 1976.
– Campeão da Regionalliga Süd (2ª divisão alemã) em 1964/65.

Pelo Nördlingen 1861:
– Campeão da Bezirksliga Schwaben-Nord (7ª divisão alemã) em 1963/64.

Distinções e premiações individuais:
– Bola de Ouro da revista France Football como melhor jogador do ano de 1970 (foi também o 2º mais votado em 1972 e o 3º em 1969 e em 1973).
– Eleito o melhor jogador dos 40 anos da Bundesliga (1963-2003)
– Artilheiro da Copa do Mundo em 1970 (10 gols).
– Artilheiro da Eurocopa de 1972.
– Chuteira de Ouro da Europa em 1970 (38 gols) e 1972 (40 gols).
– Maior artilheiro da história da Bundesliga: 365 gols em 427 partidas.
– Artilheiro da Bundesliga em 1967 (28 gols), 1969 (30 gols), 1970 (38 gols), 1972 (40 gols), 1973 (36 gols), 1974 (30 gols) e 1978 (24 gols).
– Artilheiro da Copa da Alemanha em 1967 (9 gols), 1969 (7 gols) e 1971 (11 gols).
– Artilheiro da UEFA Champions League em 1973 (12 gols), 1974 (9 gols), 1975 (5 gols) e 1977 (8 gols).
– Eleito para a seleção da Copa do Mundo de 1970.
– Eleito para a seleção da Eurocopa de 1972.
– Eleito melhor jogador alemão do ano em 1967 e 1969.
– Nomeado para a lista “FIFA 100” (feita por Pelé, onde constam os 125 melhores jogadores da história que até então estavam vivos em 2004).
– Eleito o 13º melhor jogador do mundo do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 9º melhor jogador europeu do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Premiado com a “Ordem de Mérito da FIFA” em 1998.
– Premiado com a “Ordem de Mérito República Federal da Alemanha” em 1977.
– Desde 2007 está eternizado nas lendas do futebol que colocaram seu pé na “Golden Foot” (uma calçada da fama do futebol em frente ao mar, no Principado de Mônaco).
– Ouro no prêmio “Bravo Otto” (prêmio alemão para quem se destaca em uma determinada área) em 1973 e 1974; prata no mesmo prêmio em 1975 e bronze em 1972 e 1976.
– Premiado com o “Sport Bild Award 2013” (de um jornal esportivo alemão), pela trajetória de vida.
– Silbernes Lorbeerblatt (premiação esportiva da Alemanha) em 1967.
– Premiado com o gol do mês na Bundesliga em 03/1972, 06/1972, 11/1972, 09/1976 e em 10/1976.
– Premiado com o gol do ano na Bundesliga em 1972 e 1976.
– Eleito para a seleção da temporada alemã (prêmio semestral) no verão de 1970, no inverno de 1970/1971, no verão de 1971, no inverno de 1971/1972, no verão de 1972, no inverno 1972/1973, no verão de 1974, no verão de 1976 e no inverno de 1976/1977.
– Em julho de 2008, o estádio do Nördlingen 1861, antigo Rieser Sportpark, passou a ser ter o nome de Gerd-Müller-Stadion, em sua homenagem.
– Embaixador da cidade de Munique na Copa do Mundo de 2006.
– Em sua homenagem, o atacante brasileiro Luís Antônio Corrêa da Costa, ganhou o apelido de “Müller” (inclusive com “trema”). O Müller brasileiro também seria campeão da Copa do Mundo, em 1994 e bicampeão mundial pelo São Paulo (1992/93).

Definitivamente, a única coisa gorda de Gerd são seus números e estatísticas. Infelizmente, pode chegar o dia em que ele se esqueça das alegrias que deu a seu povo, mas com certeza o futebol nunca se esquecerá do que Gerd Müller fez por ele.


(Imagem: Esporte Interativo)

… Berti Vogts: o homem-carrapato

Três pontos sobre…
… Berti Vogts: o homem-carrapato


(Imagem: World Football)

● Final da Copa do Mundo de 1974, em Berlim. A anfitriã Alemanha Ocidental enfrentava a Holanda, que estava surpreendendo e encantando o mundo com o seu jogo dinâmico. Assim que foi dada a saída de jogo, o “Carrossel Holandês” começou a girar e tocou na bola ininterruptamente 36 vezes, com 17 troca de passes entre os jogadores. Todos estavam acima da linha do meio do campo, onde Johan Cruijff recebeu a bola. O maestro arrancou, passou pelo seu marcador e por outros três jogadores até sofrer o pênalti, bem convertido por Johan Neeskens. A Alemanha Ocidental nem tinha tocado na bola e já perdia a final em casa por 1 a 0, com um minuto e 20 segundos de jogo. Foi o início mais extraordinário de uma final de Copa. Os alemães estavam em choque, tanto a torcida quanto os jogadores. Aos 4 minutos de jogo, Cruijff arranca novamente e é derrubado pelo seu marcador, que leva o cartão amarelo e tem que jogar o resto da final pendurado.

Só que esse não era qualquer marcador. Berti Vogts, o “Tigre Loiro”, tinha um papel fundamental. O técnico Helmut Schön desprezou a marcação por zona e escalou o lateral direito, nº 2, Vogts, como um cão de guarda permanente em cima de Cruijff. Ele desempenhou esse papel muito bem, isolando o holandês da zona de perigo.

No fim do primeiro tempo, em um rápido contra-ataque, Bernd Hölzenbein lança Vogts sozinho na cara do gol, mas o excêntrico goleiro Jan Jongbloed salvou de forma brilhante. A Alemanha empataria com Paul Breitner cobrando pênalti e viraria com Gerd Müller. Mas Vogts foi o melhor em campo e quase também fez o gol do título. O foco da batalha seguia entre ele e o camisa 14 laranja. Ele já tinha marcado Crujff outras vezes e o gênio holandês foi ficando muito irritado com a marcação individual do “Buldogue Alemão”, reclamando muito com a arbitragem, a tal ponto de ter levado o cartão amarelo no intervalo e quase sendo expulso depois por divididas desleais. Dizem as más línguas, que Vogts seguiu Cruijff para o vestiário adversário, como gêmeos siameses.

● Mas ele não era só isso. Hans-Hubert Vogts nasceu em Büttgen, na Alemanha, em 30/12/1946. O baixinho (1,68 m) fez história nos tempos áureos do Borussia Mönchengladbach, onde atuou por toda a carreira, de 1965 a 1979, em 419 partidas (é quem mais jogou com a camisa dos “Potros”, apelido do Gladbach), anotando 32 gols. Era um incansável lateral direito, que sabia apoiar o ataque com qualidade, mas seu forte mesmo era a marcação. Talvez tenha sido o maior marcador que o futebol já tenha visto. Era um dos destaques do Gladbach quando o time conquistou a Bundesliga por cinco vezes e a Copa da UEFA por duas vezes. Chegou à final da UEFA Champions League de 1977, mas sua equipe foi incapaz de vencer o Liverpool.

Jogou 96 partidas e marcou um gol pela Alemanha Ocidental. Era um dos favoritos da torcida pela dedicação, sempre lutando pela bola como se fosse seus últimos instantes de vida. Como falamos no início do texto, “colocou Cruijff no bolso” na final da Copa de 74, quando foi campeão. Também conquistou a Euro 72. Após Franz Beckenbauer se retirar da seleção, Vogts se tornou o capitão por 20 jogos, inclusive na Copa de 78.

Após encerrar a carreira, se tornou técnico da seleção sub-21 da Alemanha Ocidental, onde ficou até 1990. A partir de 1986, se tornou auxiliar técnico de Franz Beckenbauer na seleção principal. A partir de 1990, ele assumiu como treinador, levando seu país a ser vice-campeão da Eurocopa de 1992 e campeão da Euro 96. Não teve sucesso nas Copas do Mundo de 1994 e 1998, quando caiu nas quartas de final em ambas. Deixou a seleção em setembro de 1998.

Passou pelo Bayer Leverkusen entre novembro de 2000 e maio de 2001, mas foi demitido. Em agosto de 2001 assinou como técnico do Kuwait, onde ficou apenas seis meses e saiu para assumir a seleção da Escócia, durando até 2006. Treinou a seleção da Nigéria entre 2007 e 2008 e a seleção do Azerbaijão entre 2008 e 2014, também sem nenhum sucesso. Foi auxiliar técnico de Jürgen Klinsmann na seleção dos Estados Unidos de março de 2015 até novembro de 2016.

Feitos e premiações de Berti Vogts:

Como jogador, pela Seleção da Alemanha Ocidental:
– Campeão da Copa do Mundo de 1974.
– Campeão da Eurocopa de 1972.
– Vice-campeão da Eurocopa de 1976.
– 3º lugar na Copa do Mundo de 1970.

Como jogador, pelo Borussia Mönchengladbach:
– Campeão da Bundesliga (Campeonato Alemão) em 1969/70, 1970/71, 1974/75, 1975/76 e 1976/77.
– Campeão da Copa da UEFA em 1974/75 e 1978/79.
– Campeão da Copa da Alemanha em 1972/73.

Como auxiliar técnico, pela Seleção da Alemanha Ocidental:
– Campeão da Copa do Mundo de 1990.

Como técnico, pela Seleção da Alemanha:
– Campeão da Eurocopa de 1996.
– Vice-campeão da Eurocopa de 1992.

Distinções e premiações individuais:
– Eleito o jogador alemão do ano em 1971 e 1979.
– Eleito para a Seleção da Copa do Mundo em 1974 e 1978.
– Eleito para a Seleção do Campeonato Alemão por 11 vezes entre 1968 e 1978.
– Eleito melhor técnico do mundo pela revista World Soccer em 1996.
– Eleito o homem do ano no futebol alemão em 1995.
– Premiado com o “Bundesverdienstkreuz 1. Klasse” (algo como “Ordem do Mérito de 1ª Classe”, em tradução livre) em 1996, máxima homenagem concedida pelo governo alemão.
– Premiado com o “Silbernes Lorbeerblatt” (algo como “Prêmio da Folha Prateada”, em tradução livre) em 1994, máximo prêmio esportivo conferido pelo governo alemão.

… Robert Enke: uma vida curta demais

Três pontos sobre…
… Robert Enke: uma vida curta demais


(Imagem: T-online)

● Robert Enke nasceu em 24/08/1977, na cidade alemã de Jena. Era o caçula dos três filhos de Gisela Enke e Dirk Enke, um psicólogo esportivo. Começou a jogar aos 8 anos de idade no BSG Jena Pharm, mas aos 9 já se encontrava como goleiro no Carl Zeiss Jena (clube fundado por funcionários da famosa empresa do ramo de óptica), assinando seu primeiro contrato como a equipe aos 17 anos, em 1995. Antes disso, em 1993, já era titular e fechava o gol da seleção alemã sub-15.

Sua única temporada no Carl Zeiss Jena foi a de 1995/96, disputando apenas três jogos. Já no verão de 1996, assinou com o Borussia Mönchengladbach, mas para atuar na equipe sub-23, nas divisões inferiores. Finalmente, começou a ser titular do time principal a partir de 15/08/1998, mas foi uma temporada ruim e sua equipe foi rebaixada na Bundesliga.

Se transferiu para o Benfica (POR) em junho de 1999, assinando por três anos. Robert tinha um histórico de ataques de pânico, surtando e mudando de ideia segundos depois de assinar seus contratos. Mas, recobrando a consciência, se convenceu que, por ter assinado o contrato, era obrigado a cumpri-lo. Nos lisboetas, chegou a ser capitão, quando o seu compatriota Jupp Heyckes era o técnico. Mas era uma fase em que a equipe trocou de técnico em todas as temporadas, com péssimos resultados na liga e dificuldades financeiras até para pagar salários aos jogadores. Mesmo com todos esses percalços, ganhou a admiração da torcida encarnada.

Ao fim do seu contrato, em 2002, foi para o Barcelona, em novo acordo de três anos. Mas essa se provou ter sido uma escolha errada, pois foi reserva de Roberto Bonano e Victor Valdés. Sua estreia pelos blaugranas foi uma derrota vexaminosa na Copa do Rei para o nanico Novelda, por 3 x 2, com três falhas dele, recebendo críticas até de Frank de Boer, seu companheiro de time. Na Liga Espanhola, disputou apenas 20 minutos contra o Osasuna, em março de 2003. Foi titular em dois jogos da UEFA Champions League, contra Galatasaray e Clube Brugges.

Na temporada seguinte foi emprestado para o Fenerbahçe, como moeda de troca para a contratação do goleiro Rüştü Reçber. Novamente foi uma decepção em sua estreia, na derrota por 3 x 0 para o Istanbulspor. Ainda dentro de campo, os torcedores turcos lhe xingaram e atiraram objetos, o que fez a diretoria dispensá-lo apenas 13 dias após contratá-lo. Esse episódio fez Enke ter sua primeira crise depressiva, pensando até em encerrar a carreira. No início de 2004 foi emprestado para o Tenerife, para disputar a segunda divisão espanhola, sendo destaque no time e observado para vôos maiores.

● Em julho de 2004 voltou para seu país para atuar no Hannover 96. Nesse momento sua carreira deu uma guinada, passando a ser titular e destaque da Bundesliga. Mesmo com diversas sondagens de outras equipes, decidiu permanecer e se tornou capitão do time a partir de 2007/08. Foi eleito o melhor goleiro da temporada 2008/09. Jogou sua última partida em 08/11/2009, dois dias antes de sua morte.

Estreou na seleção sub-21 em 1997, enquanto jogava nas divisões inferiores do Mönchengladbach. Dois anos depois, mesmo atuando pouco pelo time, o técnico da seleção, Erich Ribbeck, o convocou para a Copa das Confederações de 1999, mas o deixou todo o tempo no banco. Ficou sem ser selecionado pelo Nationalelf até 2006 e finalmente fez sua estreia em 28/03/2007. Foi um dos goleiros reservas na Euro 2008, quando a Alemanha foi vice-campeã. Com a aposentadoria de Jens Lehmann, Enke se tornou o goleiro titular da seleção, mas passou a sofrer muito com lesões e, consequentemente, nova depressão. Fez oito jogos pelo seu país, sendo o último uma vitória por 2 a 0 contra o Azerbaijão, em 12/08/2009. Era considerado nome certo para a Copa do Mundo de 2010 e o mais cotado para ser o goleiro titular.

● No dia 10/11/2009, logo após as 18h00, Robert parou sua Mercedes em uma rua secundária em Eilvese, Neustadt am Rübenberge, a 30 km de Hannover, deixou as chaves do carro e sua carteira no banco do passageiro, saiu na chuva em direção a um cruzamento ferroviário e se jogou embaixo das rodas de aço do trem expresso Bremen-Hannover 4427. A polícia encontrou uma carta de despedida, mas não divulgou seu conteúdo, por respeito a família e a memória do goleiro. Especula-se que ele tenha pedido perdão por sua decisão consciente de enganar a todos, fingindo que estava bem, escondendo sua depressão e seus planos de se matar.

O lugar não foi escolhido por acaso: a menos de 100 metros está o túmulo de sua filha Lara, falecida em setembro de 2006 aos 2 anos de idade. Essa foi uma tragédia familiar que Robert não conseguiu superar. A menina Lara morreu durante uma cirurgia de tentativa de correção de problemas cardíacos congênitos.

Robert era casado desde 2006 com Teresa Heim (ex-atleta de pentatlo moderno) e viviam em uma pequena fazenda em Empede, perto de onde morreu. A família sempre foi bastante envolvida em atividades a favor dos direitos dos animais, inclusive tendo o goleiro emprestado seu rosto para campanhas da PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético aos Animais) contra a indústria de peles. O casal adotou uma menina chamada Leila em maio de 2009, mas Robert estava a todo tempo com medo de perder a guarda da criança se as autoridades descobrissem seus problemas depressivos. Ele fazia tratamento com o psiquiatra Valentin Markser, mas no dia que desistiu de viver, se recusou a comparecer à consulta, alegando se sentir bem e não precisar de tratamento.

Foi enterrado em 15/11, em uma cerimônia que reuniu cerca de 45 mil pessoas em Hannover, dentre elas familiares, amigos, colegas jogadores de futebol e torcedores. Seu corpo foi colocado no centro da ADW-Arena, estádio de sua equipe, onde as últimas homenagens foram prestadas. O presidente do clube, Martin Kind, declarou que “Enke foi um número um no melhor sentido da palavra. É por isso que hoje temos os corações tão pesados”. Seu caixão, coberto de rosas brancas, foi carregado por seis colegas de time. Foi enterrado junto de sua filha.

Na rodada seguinte, todos os jogos da Bundesliga tiveram um minuto de silêncio, assim como no jogo seguinte do Benfica e do Barcelona em seus campeonatos. Como forma de luto, a seleção alemã cancelou um jogo amistoso com o Chile, que seria realizado em 14 de novembro.

No restante da temporada 2009/10, os jogadores do Hannover 96 exibiram o número “1” em um círculo no peito do uniforme, como uma singela homenagem, homologada pela Bundesliga.
A Federação de Futebol da Alemanha, juntamente com a Bundesliga e o Hannover 96, criaram a “Fundação Robert Enke”, visando principalmente cuidar da saúde mental de jogadores de futebol. Seu amigo escritor Ronald Reng escreveu uma biografia do goleiro, intitulada “Uma vida curta demais”

… Uwe Seeler: o professor dos centroavantes alemães

Três pontos sobre…
… Uwe Seeler: o professor dos centroavantes alemães


(Imagem: Hamburgo)

● Terceiro filho de Anny e Erwin Seeler (ex-jogador do Hamburgo), Uwe nasceu em Hamburgo, norte da Alemanha, em 05/11/1936 (exatamente 80 anos atrás). Na sua carreira, defendeu apenas duas camisas: Hamburger SV (clube de sua cidade natal) e a seleção da Alemanha Ocidental. A cidade retribuiu e o transformou em uma celebridade e cidadão honorário desde 2003. É considerado o melhor jogador da história do Hamburgo e um verdadeiro símbolo. Começou nas divisões de base aos dez anos e toda a vida recusou diversas propostas de transferência, tanto de clubes alemães, quanto de equipes estrangeiras. Pagou um preço por essa lealdade, conquistando apenas dois títulos em dezenove temporadas no clube (1953 a 1972). Foi campeão alemão da temporada 1959/60 (vice em 1957 e 1958) e conquistou a Copa da Alemanha em 1962/63 (3 x 0 no Borrussia Dortmund, com Seeler fazendo os três gols – foi vice em 1956 e 1967). Na Liga dos Campeões de 1960/61, ao lado de seu irmão Dieter Seeler, foi até as semifinais onde perdeu para o Barcelona (que seria vice). Teve a chance de um título continental, mas perdeu a final da Recopa Europeia de 1968 para o Milan (foi artilheiro da competição).

Pelo Hamburgo, marcou 764 gols em 810 jogos (ambos recordes difíceis de serem batidos no clube). Foi oito vezes o artilheiro do campeonato alemão (1955: 28 gols; 1956: 32 gols; 1957: 31 gols; 1959: 29 gols; 1960: 36 gols; 1961: 29 gols; 1962: 28 gols), sendo o primeiro goleador da Bundesliga (criada em 1963/64) com 30 gols. Foi o artilheiro da Copa da Alemanha em 1956 e 1963 e três vezes eleito como o jogador alemão do ano (1960, 1964 e 1970). No total da Liga Alemã, anotou 404 gols em 476 partidas, sendo 137 gols em 239 jogos pela Bundesliga. Recebeu um único cartão vermelho na carreira, em 1970. Foi eleito o terceiro melhor jogador do ano de 1960 pela Bola de Ouro da revista France Football (primeiro alemão no pódio do prêmio). Pelé o nomeou para a polêmica lista “FIFA 100” (os 125 melhores jogadores da história que até então estavam vivos em 2004).

Era um centroavante baixo para os padrões alemães, ainda mais para a época. Tinha só 1,69 m, mas muita força física. É considerado o precursor do homem de área germânico, o primeiro dos “Panzer” (tanques de guerra do país). Seeler tinha muita potência, brigava por espaço na área adversária e o conquistava, chegando com relativa facilidade ao gol. Seus gols eram simples, sem dribles, classe, efeitos, mas no duelo por espaço e na bola aérea (apesar de não ser alto) ele era imbatível. Era chamado pelos compatriotas de “Rei dos 18 metros” (o tamanho da grande área). Sua raça e sua dedicação em campo eram contagiantes e sua eficiência impressionava. Ele acabou ensinando às gerações futuras de atacantes que o jogo de corpo e a proteção da bola era a saída para quem não nasceu craque. Olivier Bierhoff e Miroslav Klose, dentre outros, aprenderam direitinho.

Seis anos após ter se aposentado, em 23/04/1978, disputou uma partida pelo Cork Celtic, a convite da Adidas, de seu amigo Adi Dassler. Marcou os dois gols na derrota por 2 x 6 contra o Shamrock Rovers, pelo campeonato da Irlanda.

● Na seleção, lhe faltou um pouco de sorte, pois a Alemanha Ocidental venceu as Copas de 1954 e 1974 e Uwe Seeler disputou como titular quatro Copas do Mundo (1958, 1962, 1966 e 1970 – 21 partidas no total), ou seja, todas as Copas entre um título e outro. Sua melhor classificação foi o vice-campeonato em 1966, quando perdeu na prorrogação para a anfitriã Inglaterra. Foi 3ª colocado na Copa de 1970 e 4º em 1958. Curiosamente, possui o recorde de marcar gols em quatro Copas do Mundo diferentes, em todas que disputou, juntamente com Pelé, Miroslav Klose e Cristiano Ronaldo. Era o capitão em 1966 e em 1970. Quando se aposentou, em 1972, a Federação de Futebol Alemã lhe concedeu a honraria de “capitão honorário da seleção”. É o único com tal honraria que nunca conquistou títulos pelo seu país.

Em fevereiro de 1965 sofreu uma ruptura do tendão de aquiles da perna direita e chegou a ter o fim da carreira anunciada. Mas ele voltou a jogar em agosto, às vésperas da convocação da seleção para o jogo contra a Suécia, para as eliminatórias da Copa de 1966. Foi selecionado, jogou e fez o gol da vitória dos alemães. Na Copa de 1970, fez 3 gols, mas foi obrigado a jogar fora de suas características, chamando a marcação e abrindo espaço para que surgisse um novo matador e artilheiro à sua altura: Gerd Müller.

Em 1987, na primeira Copa Pelé de Masters, a Alemanha tinha um “pequeno barril” no ataque, causando o riso de todos. Quando o “tiozinho” tocou na bola, todos ficaram estupefatos e viram que o velhote sabia das coisas. Sua equipe não foi muito longe no torneio, mas ele foi um dos destaques. No total, pela Alemanha Ocidental, fez 72 jogos e marcou 43 gols. O total da carreira foi 815 gols em 882 jogos.

● Uwe se casou em 18/02/1959 com Ilka (que conheceu no réveillon de 1953) e tem três filhas e sete netos. Um deles, Levin Öztunalı, de apenas 20 anos, é um meia que atua no Mainz 05.

Em 1972, Uwe interpretou a si mesmo em um filme de comédia alemã chamado “Willi wird das Kind schon schaukeln” (algo como “Willi vai fazer alguma coisa certa”). No fim do filme, um time de futebol chamado Jungborn faz uma contratação espetacular: o próprio Seeler. Todo mundo está em festa, mas o técnico do time, Willi Kuckuck (Heinz Erhardt), fica perplexo e pergunta: “Quem diabos é esse cara?”. Piada pronta, pois Seeler era um dos rostos mais conhecidos do país na época.

Em 1995, assumiu a presidência do Hamburgo, renunciando ao mandato em 1998 devido a um escândalo financeiro. Seeler não estava envolvido, mas assumiu a responsabilidade, pois funcionários indicados por ele foram responsáveis pelas irregularidades.

Em 24/08/2005 foi inaugurada uma escultura de seu pé direito, orçada em 250 mil euros e doada por um empresário alemão. Situada em frente a o estádio do Hamburgo, o Imtech Arena (antigo Volksparkstadion), com quatro toneladas, 5,15 metros de largura e 3,50 de altura, o monumento mostra um pé ferido e calejado por tantos esforços.

Publicou sua autobiografia em 2003, chamada “Obrigado, Futebol!”. Atualmente, vive em Norderstedt, perto de Hamburgo.