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… Fernando Giudicelli: primeiro brasileiro a jogar pelo Real Madrid

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… Fernando Giudicelli: primeiro brasileiro a jogar pelo Real Madrid


Seleção Brasileira que entrou em campo para sua primeira partida em Copas do Mundo, na derrota para a Iugoslávia por 2 x 1. Em pé: Píndaro de Carvalho (técnico), Brilhante, Fausto, Hermógenes, Itália, Joel e Fernando (em destaque). Agachados: Poly, Nilo, Araken, Preguinho e Teóphilo. (Imagem: Terceiro Tempo)

● Filho de pais italianos, Fernando Rubens Pasi Giudicelli nasceu no Rio de Janeiro em 01/03/1906 e faleceu na mesma cidade em 28/12/1968. Assim como várias personalidades do início do século XX, há controvérsias sobre sua data de nascimento. Luis Miguel González (jornalista especializado na história do Real Madrid) afirma que Giudicelli nasceu em 01/01/1906.

Mais conhecido simplesmente como Fernando, o talentoso meio-campista de origem italiana começou sua carreira no tradicional América Futebol Clube, do Rio de Janeiro, onde jogou de 1924 a 1926. Era conhecido por jogar usando um boné de marinheiro.

Segundo nosso leitor Fabiano Gouvêa, em 1927 Fernando defendeu o Jequiá, da Ilha do Governador, na Liga Graphica.

Em 1927, Fernando se transferiu para o Fluminense, ficando até junho de 1931. Pelo Tricolor Carioca, ele jogou 94 vezes, vencendo 51, empatando 16 e perdendo 27, com 5 gols marcados.

Estreou pela Seleção Brasileira em plena Copa do Mundo de 1930, sendo um dos poucos atletas a participarem dos dois jogos do Brasil no Mundial: derrota para a Iugoslávia por 2 x 1 e vitória sobre a Bolívia por 4 x 0.

Ainda em agosto de 1930, jogou um amistoso pela Seleção contra a Iugoslávia, vencido por 4 x 1 no Estádio São Januário (então melhor estádio da América do Sul, até a construção do Estádio Centenário), no Rio de Janeiro (essa partida não foi considerada oficial pela Federação Iugoslava de Futebol). Foram essas três as suas únicas partidas com a então camisa branca da Seleção Brasileira.

Entre junho e agosto de 1931, Fernando e vários jogadores do Botafogo, como Nilo e Carvalho Leite, reforçaram o Vasco da Gama em uma excursão para a Europa (apenas a segunda viagem feita por um clube brasileiro para a Europa desde o Clube Atlético Paulistano, em 1925). Em amistosos disputados em Portugal e na Espanha (contra fortes adversários, como Barcelona, Benfica, Sporting e Porto), o combinado que representava o Vasco venceu oito dos doze jogos.

Por ter se destacado, Fernando Giudicelli permaneceu na Europa para se tornar profissional (o esporte no Brasil ainda era amador na época) e atuar no Torino. Ele poderia fazer isso, pois era considerado “oriundo”, ou seja, um emigrante italiano que estava retornando para casa, aproveitando a abertura dada pelo “Duce” Benito Mussolini.

Fernando foi um dos primeiros a se transferir para o futebol europeu em busca de enriquecimento. Já sabendo que não voltaria ao Brasil, em sua última partida pelo Fluminense ele surpreendeu a todos e espancou dentro de campo o juiz, chamado Leandro Carnaval, se vingando da arbitragem carioca.


                                                  (Imagem: pesmitidelcalcio.com)

● Seu início no Torino foi bom, a ponto de ser elogiado pelo técnico da Azzurra, Vittorio Pozzo, que o queria como substituto de Luisito Monti na seleção italiana.

Mas ao mesmo tempo em que sua qualidade técnica era reconhecida, sua falta de espírito competitivo era extremamente criticada e ele não conseguiu ter vida longa no Calcio italiano da época, que tinha um estilo muito mais aguerrido (como quase sempre).

Mesmo assim, ficou em Turim de setembro de 1931 a abril de 1933. Na primeira temporada, o Toro terminou em 8º na Série A e Fernando disputou 28 partidas, anotando um gol. Já em 1932/33, o Torino ficou em 7º e Fernando jogou apenas 12 vezes. Sem o desempenho esperado, Fernando foi dispensado pelo clube italiano.

Entre as temporadas de 1931/32 e 1932/33, passou um tempo no Rio e acabou por se tornar um dos primeiros agentes de jogadores. Convenceu Demósthenes Magalhães (seu sucessor no meio campo do Fluminense) a se juntar a ele no Torino. Demósthenes mudou seu nome para Demostene Bertini e, assim, obteve a cidadania italiana, mesmo de forma muito controversa.

Também no intervalo entre as temporadas seguintes, Fernando recrutava jogadores sul-americanos para clubes europeus. O centroavante Attilio Bernasconi, do time argentino All Boys, se transferiu também para o Torino em 1933 por iniciativa de Giudicelli.

Fontes afirmam que, após ser dispensado do Torino, em 1933, Fernando recebeu proposta do River Plate. Mas, querendo ficar na Europa, ele assinou com o Young Fellows Zürich (clube onde também jogava Fausto dos Santos, seu parceiro de Seleção na Copa de 1930).

No inverno, Fernando retornou ao Rio tentando recrutar jogadores para o futebol suíço. Mas o próprio Fernando não voltou para Zurique e voltou a jogar rapidamente no América-RJ, ao lado de Heitor Canalli (que começou a temporada 1933/34 no Torino, mas ficou apenas nove jogos e voltou ao Rio, reclamando que o clima do norte italiano era uma “tortura”).

Passou a temporada 1934/35 no Bordeaux, da França. Ao fim da temporada, voltou novamente ao Brasil e convenceu o goleiro Jaguaré (então no Corinthians) e o zagueiro Vianinha (do Paulista) a irem jogar na Itália. Mas ao fazer escala em Lisboa, os jogadores brasileiros ficaram sabendo do início da Segunda Guerra Ítalo-Abissínia. Assim, preferiram ficar em Portugal e jogar no Sporting, onde foram os primeiros brasileiros na história do clube.

Mas Fernando jogou apenas duas partidas pelo clube sportinguista: uma amistosa e uma pelo Campeonato de Lisboa, onde foi expulso após discussão com o árbitro. Posteriormente ele afirmou que não ficou no Sporting porque o futebol português ainda era amador.


                                                                        (Imagem: As)

● Então Fernando se transferiu para o Real Madrid, se tornando o primeiro brasileiro da história do clube. A bem da verdade, na época o time era “apenas” Madrid C.F., pois havia perdido o título de Real na época da Segunda República Espanhola (1931-1939).

Ainda que fosse um jogador muito bom tecnicamente e com um ótimo passe, Fernando era considerado frio e lento, que não combinava bem com o estilo de velocidade que se jogava no futebol espanhol.

As dúvidas sobre o futebol do craque, juntamente com sua vontade de assinar por apenas uma temporada, fizeram com que os merengues desistissem dele.

Sabendo que o Madrid não aceitaria suas condições contratuais, Giudicelli pediu à diretoria do clube para atuar em, pelo menos, uma partida, para provar suas qualidades e mostrar que suas exigências valiam a pena.

Assim, aceitaram lhe dar uma chance de jogar. E então Fernando vestiu o manto branco naquela mesma noite. Ficou combinado que se a diretoria o considerasse útil para o time, deveriam aceitar suas condições. Caso contrário, ele sairia da Espanha no mesmo dia.

E então, no dia 15/12/1935, Fernando vestiu pela única vez a camisa do Real Madrid em confronto com o Racing Santander, em partida válida pela Liga Espanhola, no Estádio Chamartín.

Teve a sua chance. Mesmo sem condições físicas, discutivelmente substituiu Antonio Bonet na escalação.

O técnico Francisco “Paco” Bru escalou a equipe com: Gyula Alberty; Ciriaco e Jacinto Quincoces; Pedro Regueiro, Fernando Giudicelli e Leoncito; Fernando Sañudo, Méndez Vigo, Simón Lecue, Luis Regueiro e Emilín.

Pelo Racing, jogaram: Pedrosa; Ceballos e Illardía; Rioja, Farcía e Germán; Chas, Cuca, Larrinaga, Milucho e Pombo. O árbitro foi Armengol.

A equipe do Racing venceu por 4 a 2. O Real sempre esteve atrás no placar, chegando a empatar a partida por duas vezes. Milucho abriu o placar aos 12′ e Emilín empatou aos 35′. Pombo fez o segundo do Santander aos 43′, mas Luis Regueiro empatou para o Madrid aos 70′. Chas fez o terceiro e Milucho, de novo, fez o quarto gol do Racing, fechando o placar.

A partida foi vibrante, rápida, “lá e cá”. Um jornal local escreveu que foi um jogo próprio de uma “final de campeonato”. Fernando deu mostras de sua qualidade técnica, mas não demonstrou ter “sangue” quente o suficiente para um confronto com as características dessa partida e foi criticado pelo técnico Paco Bru. O Madrid não perdia em Chamartín havia um ano, quando tinha perdido para o Sevilla por 1 x 0. E essa invencibilidade perdida caiu em cima de Fernando, que não conseguiu dar o ritmo necessário em um duelo tão intenso. Para piorar, a derrota fez o time madridista perder a liderança da liga para o Athletic.

Depois da partida, o meio-campista carioca se declarou “incapaz” de jogar no Madrid, já que todas as partidas eram jogadas como se fossem uma final de Copa. Em janeiro de 1936, Giudicelli viajou para França e muito se especulou sobre reuniões com o time do Lille, mas acabou acertando com o FC Antibes, onde jogou até o fim da temporada 1936/37, quando encerrou a carreira.

Mas não saiu do meio do futebol. Continuou trabalhando como agente de jogadores e instigou uma série de transferências desses atletas da América do Sul para a Europa.

Fernando, que tinha talento para se tornar uma lenda do futebol, acabou não conseguindo desfilar todo seu talento nos gramados mundo afora. De qualquer forma, entrou para a história por ser o primeiro brasileiro a vestir a gloriosa camisa do Real Madrid.


Parte do elenco da Seleção Brasileira em 1930. Em pé: Brilhante, Fernando, Hermógenes, Nilo, Carvalho Leite, Itália, Fausto dos Santos e Santana. Agachados: Teóphilo, Benevenuto, Benedito, Velloso, Doca, Russinho e Preguinho. (Imagem: Terceiro Tempo)

● Clubes que Fernando defendeu durante sua carreira:

– 1924-1927 América Football Club (RJ)
– 1927-1931 Fluminense Football Club (RJ)
– 1931-1933 Torino Football Club (Itália)
– 1933 FC Young Fellows Zürich (Suíça)
– 1934 América Football Club (RJ)
– 1934-1935 FC Girondins de Bordeaux (França)
– 1935 Sporting Clube de Portugal (Portugal)
– 1935 Real Madrid Club de Fútbol (Espanha)
– 1936-1937 Football Club Antibes (França)

… Julen Guerrero: o Rei Leão de Bilbao

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… Julen Guerrero: o Rei Leão de Bilbao


(Imagem: 8julenguerrero.com)

● Um dos maiores mistérios que assolam a história do futebol moderno é: o que aconteceu com Julen Guerrero?

A “Julenmania” era a maior febre na Espanha desde The Beatles e o “iê-iê-iê“.

Com sua franja loira, olhos azuis e gols à profusão, as meninas ficavam histéricas na sua presença. As crianças faziam filas para os autógrafos. Fotógrafos lucravam ao flagrá-lo em poses provocativas. Os jogadores rivais tentavam agredi-lo (Diego Simeone – sempre ele – lhe fez um buraco na coxa). As maiores equipes da Europa se digladiavam para lhe contratar.

Ele não é David Beckham e nem jogou em nenhum clube gigante. É Julen Guerrero, ídolo do Athletic Club de Bilbao.

● Julen Guerrero López nasceu em 07/01/1974, em Portugalete, perto de Bilbao, no País Basco. Estudou no Colegio Santa María, em sua cidade natal.

Iniciou nas divisões de base do Athletic Bilbao aos oito anos de idade e passou a progredir rapidamente nas divisões inferiores. Juntamente com Aitor Karanka, era um dos destaques na equipe juvenil que venceu o doblete sub-19 da Espanha na temporada 1991/92. No mesmo ano, também apareceu no Bilbao Athletic (time B do Athletic), que disputava a segunda divisão espanhola, onde marcou seis gols em doze partidas.

Julen foi evoluindo a ponto de estrear no time principal com apenas 18 anos, em 06/09/1992, na vitória sobre o Cádiz por 2 a 1. Foi o histórico técnico alemão Jupp Heynckes quem lhe deu a primeira oportunidade. O primeiro gol saiu em 20/09/1992, na vitória sobre o Rayo Vallecano por 4 a 2. Em sua primeira temporada, foram 37 jogos e 10 gols. Guerrero foi a sensação do campeonato e se destacou como um meia com muito faro de gol.

Assim, no início de 1993, com 19 anos recém completados, foi convocado por Javier Clemente para estrear na seleção principal da Espanha.


(Imagem: 8julenguerrero.com)

A temporada de 1993/94 foi a que Guerrero fez mais gols, com 18 em 36 jogos na liga. Em 05/09/1993, marcou seu primeiro “hat trick”, em uma goleada por 5 x 1 sobre o Albacete. Em 06/02/1994, anotou o gol da vitória por 3 a 2 sobre o “Dream Team” do Barcelona, de Johan Cruijff, em pleno Camp Nou. No dia 03/04/1994, marcou um “poker” (quatro gols) no massacre sobre o Sporting Gijón por 7 x 0.

Em 1995, quando vários clubes gigantes da Europa desejavam contratá-lo, o basco deu uma grande prova de amor ao seu Athletic e assinou um histórico contrato com validade de 12 anos, o deixando ligado ao clube até 2007, com uma cláusula de rescisão de 72 milhões de euros – o que praticamente garantia sua permanência em San Mamés por toda a carreira.

Assim, o Athletic recusava definitivamente ofertas multimilionárias de equipes como Barcelona, Milan, Manchester United, Atlético de Madrid, Juventus, Lazio e, principalmente, do Real Madrid, que chegou a lhe oferecer um “cheque em branco” – prontamente recusado. Sem dúvida alguma, Julen sempre demonstrou a intenção de seguir em seu time de coração.

Em 30/08/1995, o técnico sérvio Dragoslav Stepanovic lhe deu a braçadeira de capitão pela primeira vez. Nos anos seguintes, Guerrero continuou sendo uma das estrelas do campeonato, o grande símbolo do clube de Vizcaya e o grande ídolo da torcida bilbaína.


Guerrero se despedindo de San Mamés (Imagem: 8julenguerrero.com)

Mas foi em 1997/98 que Guerrero obteve o êxito máximo de sua carreira esportiva, ao conseguir o histórico vice-campeonato da liga, no ano do centenário do clube. Festa do País Basco, pois nesse ano a Real Sociedad ficou com um ótimo 3º lugar, à frente do Real Madrid. Desde o início dos anos 1980 os clubes bascos não se impunham em nível nacional.

O segundo lugar na liga permitiu ao Athletic disputar a UEFA Champions League na temporada seguinte, na qual Julen marcou um histórico gol contra a Juventus, dentro do estádio Delle Alpi. Além disso, marcou o gol da vitória sobre o Galatasaray na última rodada, conseguindo a primeira vitória do Athletic na história do formado moderno da Champions. O time foi eliminado na primeira fase, mas caiu de pé.

E então, quando a estrela mais brilhava, sua luz se apagou de repente. Os gols secaram, assim como as assistências e os dribles. Em 1999/2000, o técnico franco-espanhol Luis Fernández (que nunca gostou que outra pessoa brilhasse mais que ele próprio) passou a boicotar o herói e o colocou no banco de reservas. Julen tinha apenas 26 anos e em pouco tempo deixou de ser um dos melhores meias da Europa e passou a ser um jogador de altos e baixos. Mas, de qualquer forma, nessa temporada ele foi o coadjuvante do início de uma linda história: Guerrero marcou de falta o primeiro gol sofrido por Iker Casillas como profissional.

A partir de fevereiro de 2002, a situação que já era péssima ficou ainda pior, quando o camisa 8 não era nem convocado por algumas partidas. Em cerca de quatro anos, de 2002 a 2006, disputou apenas uma partida como titular na liga, contra o Atlético de Madrid, na última rodada da temporada 2003/04, em jogo que não valia mais nada.


(Imagem: 8julenguerrero.com)

Apesar da falta de minutos, na temporada 2004/05, Julen marcou um gol que selou uma das maiores viradas de todos os tempos na liga, quando o Athletic estava perdendo para o Osasuna por 0 a 3 até os 13 minutos do segundo tempo e virou com um gol de Guerrero nos acréscimos, para um histórico 4 a 3. O ídolo foi aplaudido de pé em San Mamés.

No dia 06/03/2005, marcou seu centésimo gol no Campeonato Espanhol, em uma cobrança de falta, na vitória por 3 a 1 sobre o Albacete.

Em uma de suas últimas partidas, em 12/03/2006, ele entrou em campo a três minutos do fim e ainda teve prazo para marcar um gol olímpico, que infelizmente foi invalidado pelo árbitro, com a alegação de que já havia apitado pênalti, pois um jogador do Cádiz tentou tirar a bola com a mão em cima da linha. Seria um lindo gol.

Em julho de 2006, enxergando-se como um fardo pesado para o clube, Guerrero chegou a um acordo para a antecipação da rescisão de seu contrato, que terminaria no ano seguinte, e anunciou sua aposentadoria em uma emocionada coletiva de imprensa. Em 14 anos de carreira vestindo apenas a camisa do Athletic Bilbao, foram 430 partidas e 116 gols (sendo 101 no Campeonato Espanhol). É o nono jogador que mais vestiu a camisa do time.


Guerrero em partida pela seleção espanhola (Imagem: 8julenguerrero.com)

● Seus principais apelidos eram “El Rey León” e “La Perla de Lezama”.

Julen Guerrero foi um jogador precoce nas categorias de base da seleção espanhola: jogou na Sub-19 com 16 anos e na Sub-21 com 18 anos. Com a Sub-21, disputou a Eurocopa da categoria em 1994, ficando em 3º lugar.

Estreou na seleção principal com 19 anos recém completados, convocado por Javier Clemente para um amistoso contra o México em Alicante, em 27/01/1993. Vestiu a camisa da Fúria em 41 oportunidades e marcou 13 gols, incluindo dois “hat trick”, contra Malta e Chipre, respectivamente, em 1996 e 1999. Disputou as Copas do Mundo de 1994, quando jogou nas partidas contra Coreia do Sul e Bolívia, e em 1998, quando jogou contra a Bulgária, além da Eurocopa de 1996, onde atuou em outros dois jogos. Em outubro de 2000, jogou pela última vez pela seleção, contra a Áustria.

Jogou também pela seleção do País Basco (Euskadi), não reconhecida pela FIFA, entre 1997 e 2003 (06 jogos e 04 gols) – incluindo um “hat trick” contra a Iugoslávia, em 1997.


Guerrero em partida pela seleção basca (Imagem: 8julenguerrero.com)

● Após pendurar as chuteiras, foi técnico da equipe juvenil do Athletic, revelando jogadores como Mikel San José e Ander Iturraspe. Em 13/03/2008 se desvinculou definitivamente do clube, deixando de pertencer à comissão técnica. Na temporada 2011/12, foi diretor técnico do Málaga, identificando talentos nas divisões de base do clube, mas deixou o cargo em poucos meses. Jogou futebol indoor, representando a seleção espanhola e foi bicampeão europeu (2008 e 2012).

Em 2015, anunciou que se formou em jornalismo. Foi colunista do Eurosport, colaborador na Gol Televisión e na Cadena SER, além de escrever colunas para o diário El Correo. Possui um restaurante com seu nome, na cidade de Zamudio, nas proximidades de Bilbao. É também um dos vice-presidentes da Asociación Española de Futbolistas Internacionales (AEDFI). Foi o embaixador da Real Federación Española de Fútbol na Eurocopa de 2020, que terá Bilbao como uma das doze cidades sede. Atualmente é técnico da seleção espanhola Sub-17, cargo que assumiu em 24/07/2018.

É um apaixonado por piano e coleciona camisetas de times de futebol.

Seu irmão mais novo, José Félix Guerrero também iniciou sua carreira no Athletic e também era um meia, mas era mais defensivo e não tinha o talento de Julen.

Seu filho Julen Jon Guerrero, de 16 anos, era destaque nas divisões de base do Málaga e foi contratado pelo Real Madrid em dezembro de 2017. É um meia atacante com grande visão de jogo mas, ao contrário do pai, é canhoto.


Guerrero como treinador da seleção espanhola sub-17 (Imagem: 8julenguerrero.com)

● Julen Guerrero era um daqueles últimos meias armadores puros, da época romântica do futebol, que já estava em extinção em sua época. Era jogador muito habilidoso, ambidestro, com boa ginga de corpo e ótima finalização. Em seu tempo, foi um dos jogadores ofensivos mais letais na cara do gol. Sua frieza ao entrar na área era temida por todos seus rivais. Era muito bom cabeceador e marcava muitos gols. Não perdia a concentração e várias vezes resolvia o jogo no momento em que sua equipe mais precisava.

Suas qualidades técnicas eram indiscutíveis, mas foram variando à medida em que sua carreira foi seguindo. Começou sendo muito rápido e vertical, que passava facilmente pelos rivais sem firulas. Dessa forma, aproveitando essa habilidade, ele marcou vários gols em jogadas individuais. No entanto, à medida que foram se passando os anos, o atleta foi perdendo essa facilidade e em seus últimos anos como profissional, raramente arriscava algum de seus dribles, que haviam encantado o mundo anos antes. Por outro lado, sua finalização, especialmente em cobranças de falta, foi um ponto forte que se aprimorou com o tempo. Essa qualidade específica fez com que Guerrero aproveitasse os poucos minutos em campo continuasse marcando seus gols e fazendo a festa da torcida, especialmente em San Mamés.


(Imagem: Instagram @8julenguerrero)

● Feitos e premiações de Julen Guerrero:

Pela seleção da Espanha:
– 3º lugar da Eurocopa Sub-21 de 1994.

Pelo Athletic Bilbao:
– Vice-campeão do Campeonato Espanhol 1997/98.
– Campeão do Campeonato Espanhol Sub-19 em 1991/92.
– Campeão da Copa do Rei juvenil em 1991/92.

Pela seleção espanhola de futebol indoor:
– Bicampeão da Eurocopa de futebol indoor em 2008 e 2012.

Distinções e premiações individuais:
– Eleito a revelação do Campeonato Espanhol em 1992/93.
– Eleito o melhor jogador do Campeonato Espanhol em 1993/94.

… Henry Fa’arodo: ícone do futebol das Ilhas Salomão

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… Henry Fa’arodo: ícone do futebol das Ilhas Salomão


(Imagem: FIFA)

● Henry Samuel Luito’o Fa’arodo Junior nasceu em 05/10/1982, em Honiara, capital das Ilhas Salomão.

É um jogador baixo, com 1,72 m e 70 kg, que joga como meia-atacante, e também como meia ou ponta pela direita.

Ainda jovem, ganhou uma bolsa de estudos na Nelson College (Nova Zelândia), onde jogou pelo First XI e pelo Nelson Suburbs, que são clubes formador de atletas vinculado à Nelson College.

É um dos poucos jogadores de seu país que atuou em uma liga profissional, na Austrália, onde jogou pelo Perth Gloria na primeira temporada da A-League e pelo Melbourne Knights na antiga NSL.

Depois de uma temporada na Nova Zelândia, atuou pelo Altona Magic-AUS, onde conquistou o título da Victorian Premier League (Campeonato Regional do estado australiano de Victoria) em 2008.

Em maio de 2010, conquistou a Liga dos Campeões da OFC (Oceania), com o Hekari United (de Papua-Nova Guiné), o primeiro clube de fora da Austrália e Nova Zelândia a conquistar o torneio. É até hoje o único clube de uma ilha do Pacífico a disputar o Mundial Interclubes.

No início de 2012, Fa’arodo assinou com o Team Wellington na ASB (Campeonato Neozelandês). No mesmo ano, durante a temporada de inverno, voltou à cidade de Nelson para retribuir um pouco de carinho pela sua fase de formação, sendo auxiliar técnico da equipe júnior do FC Nelson e ajudando o time a conquistar o campeonato. Em seu tempo atuando na Austrália, conseguiu a licença para treinamento de jovens no futebol. Chegou a jogar algumas partidas pelo time principal do FC Nelson, mas logo retornou ao Team Wellington, clube pelo qual ainda tinha um contrato válido.

Em toda sua carreira defendeu as seguintes equipes: Nelson Suburbs-NZE (2000-2001); Fawkner Blues-AUS (2002 e 2004); Melbourne Knights-AUS (2002-2004); Perth Glory-AUS (2005-2006); Essendon Royals-AUS (2006); Canterbury United-NZE (2006-2007); Richmond SC Eagles-AUS (2007); Auckland City-NZE (2007-2008); Altona Magic-AUS (2008); Koloale FC-SAL (2009 e 2011); Hekari United Port Moresby-PNG (2010-2011); Team Wellington-NZE (2011-2012 e 2013-2015); FC Nelson-NZE (2012); Miramar Rangers-NZE (2013); Western United-SAL (2015 e 2016-2017); Solomon Warriors-SAL (2016); Marist-SAL (2017-2018).

Em 01/07/2018, ele assinou com o Wellington Olympic AFC, clube da capital da Nova Zelândia.


(Imagem: Oceania Football)

● Convocado para a seleção desde 2002, estreou nesse mesmo ano na Copa da Oceania, contra o Taiti. Participou de 16 jogos das eliminatórias para as Copas do Mundo. É o atual capitão e o recordista de partidas disputadas, com 61 jogos com a camisa dos “Bonitos” (apelido da seleção das Ilhas Salomão), marcando 20 gols.

Marcou seu único “hat trick” pelos salomônicos em 10/05/2004, na vitória sobre Tonga por 6 x 0, em confronto válido pelas eliminatórias da Copa de 2006 (em sua primeira partida por esta competição).

Foi vice-campeão dos Jogos do Pacífico, quando as Ilhas Salomão perderam a final para a Nova Caledônia por 2 x 0.

Henry Fa’arodo foi selecionado como titular na equipe do All Stars da Oceania que enfrentou o Los Angeles Galaxy em um amistoso disputado na Nova Zelândia, em 06/12/2008. Nesta partida, ele jogou ao lado de Edgar Davids e contra David Beckham.

● Atualmente é Diretor de Desenvolvimento Técnico da Federação de Futebol das Ilhas Salomão e já anunciou que irá se aposentar da seleção em breve.

Sobre ser capitão da seleção, certa vez ele disse:

“Sobre ser o capitão da seleção nacional, a parte mais importante do meu papel é ser um bom exemplo para os mais jovens. Para poder ajudar a definir os padrões para os garotos que estão chegando agora, mas não só isso, mas para ser inspirador para todos que gostam de futebol no meu país.”

… Carlos “El Pibe” Valderrama

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… Carlos “El Pibe” Valderrama


(Imagem localizada no Google)

Já se passaram mais de vinte anos de seu auge, mas Carlos Valderrama é reconhecido mundialmente.

Ele é muito mais que apenas uma vasta cabeleira loira.

Ostentando a camisa 10 e a faixa de capitão, “El Pibe” desfilava em campo. Afinal, quem precisa correr é a bola.

E isso ele fazia com precisão, com a melhor escolha nas jogadas e, invariavelmente, deixando seus companheiros na cara do gol.

Era capaz de desmontar todo um sistema defensivo adversário apenas com sua técnica e seus passes precisos e decisivos.

Uma bela amostra de suas qualidades é show que a Colômbia deu ao golear a Argentina por 5 x 0, em pleno Monumental de Núñez.


(Imagem localizada no Google)

Pela seleção colombiana foram 111 partidas disputadas e 11 gols marcados. Ainda hoje é quem mais vezes vestiu a camisa dos Cafeteros.

Valderrama foi capitão de sua seleção em três Copas do Mundo (1990, 1994 e 1998). Liderou os colombianos na primeira vez em que passaram para a segunda fase de um Mundial, em 1990, ao criar a jogada para que Freddy Rincón marcasse o gol de empate contra a Alemanha no último minuto de jogo.

Vários clubes puderam desfrutar de seu talento: Unión Magdalena-COL (1981-1983); Millonarios-COL (1984); Deportivo Cali-COL (1985-1987); Montpellier-FRA (1988-1990); Real Valladolid-ESP (1990-1991); Independiente Medellín-COL (1992); Atlético Junior de Barranquilla-COL, seu clube de coração (1993-1995). Foi um dos pioneiros no futebol da MLS (Major League Soccer, principal campeonato norte-americano de futebol). Nas terras ianques, jogou por Tampa Bay Mutiny (1996-1997 e 1999-2001); Miami Fusion (1998); Colorado Rapids (2002-2004), onde encerrou a extensa carreira, aos 42 anos.

Grandes momentos de genialidade de “El Pibe” Valderrama:

Entrevista descontraída de Valderrama ao canal Desimpedidos:

Reverência de David Beckham ao ídolo Carlos Valderrama:

… René Higuita: o goleiro espetáculo

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… René Higuita: o goleiro espetáculo


(Imagem: Diário Online)

Pouco importavam os craques que estivessem em campo. A grande estrela sempre era aquele goleiro cabeludo espevitado, que gostava de jogar com os pés. Um maluco, “El Loco” Higuita, que avançava até o campo adversário driblando os rivais.

Nunca existiu e dificilmente existirá um goleiro como René Higuita, o aniversariante de hoje. Foi um dos pioneiros a trabalhar fora da área. Fez 41 gols durante sua longa carreira (37 de pênalti e 4 em cobranças de falta).

Foi também o principal protagonista do primeiro título relevante da história do futebol colombiano, quando o Atlético Nacional, de Medellín, conquistou a Copa Libertadores da América em 1989.

Polêmico, controverso e bastante questionado fora de campo, dentro das quatro linhas ele era um espetáculo a parte.


(Imagem: Panini)

… Hasan Şaş: o “carequinha” turco

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… Hasan Şaş: o “carequinha” turco


(Imagem: Adwhit.com)

● Toda estreia em Copas do Mundo se torna um jogo complicado emocionalmente. Mas em 03/06/2002, a Seleção Brasileira era franca favorita contra a Turquia. Era uma partida equilibrada e o Brasil jogava ligeiramente melhor. Até que, aos 46 minutos do primeiro tempo, Yıldıray Baştürk fez um lançamento primoroso na esquerda. Mesmo sem muito ângulo, o número 11, um carequinha, encheu o pé e estufou as redes de Marcos. No segundo tempo, o Brasil viraria o jogo com Ronaldo e Rivaldo, iniciando com pé direito a caminhada rumo ao pentacampeonato mundial.

E esse careca que fez o gol turco? Quem era ele?

Hasan Şaş tinha suas qualidades, mas aquele foi um verão realmente inesquecível para o turco. Ele estava no ápice, no máximo de seu potencial. Jogava nas laterais do campo como meia ou como ponta, especialmente pelo lado esquerdo. Tinha uma rara velocidade com e sem a bola, boa técnica e um chute preciso de média distância.


(Imagem: Nextews.com)

● Hasan Gökhan Şaş nasceu no dia 01/08/1976, na cidade de Karataş, no sul da Turquia, na costa do Mar Mediterrêneo. Como vários de nós, fugia da escola para jogar bola. Começou como amador no juvenil do Akdeniz Karataşspor’. Se profissionalizou em 1993 no Adana Demirspor, clube da capital da província onde nasceu. Após ter pouquíssimas oportunidades, se transferiu ao Ankaragücü em 1995, onde se destacou. Os grandes clubes do país já estavam de olho no atleta, mas o Galatasaray foi mais competente e o contratou em 1998.

Em fevereiro de 1999, seu exame antidoping testou positivo para o uso de efedrina. Descobriu-se que Şaş tomou o medicamento A-Ferin para combater uma gripe. Com isso, ele recebeu da Federação Turca uma suspensão de seis meses sem jogar. Mas nada que o atrapalhasse em sua crescente carreira.

Fez parte do elenco quando Galatasaray conseguiu suas maiores glórias esportivas, especialmente ao conquistar a Copa da UEFA 1999/2000 e a Supercopa da Europa em 2000, ao vencer o poderoso Real Madrid. Atuou ao lado de ídolos do Gala como Taffarel, Gheorghe Popescu, Bülent Korkmaz, Okan Buruk, Emre Belözoğlu, Ümit Davala, Gheorghe Hagi, Mário Jardel e Hakan Şükür.

Após o Mundial de 2002, Hasan Şaş recebeu várias ofertas do exterior (especialmente de Milan e Arsenal), mas rejeitou todas e reiterou seu compromisso com o Galatasaray. Ele jogaria nos “Aslanlar” (“Os Leões”, em turco) até o fim de sua carreira. É um dos jogadores mais simbólicos na história do clube.

Şaş teve uma grave lesão e atuou poucas vezes em 2008/09. Ao fim da temporada, a diretoria do Galatasaray resolveu não renovar o vínculo do jogador e ele optou por findar sua carreira profissional, mesmo tendo boas propostas do futebol do Qatar e da Arábia Saudita.


(Imagem: Getty Images)

● Fez parte da seleção Sub-21 da Turquia entre 1996 e 1997. Estreou pela seleção principal em 02/04/1997, em uma vitória por 1 x 0 sobre a Holanda, em partida válida pelas eliminatórias da Copa de 1998. Encerrou sua trajetória representando seu país em 07/09/2005, quando venceu a Ucrânia por 1 x 0.

Hasan Şaş anotou dois gols em 40 partidas com a camisa da seleção de seu país. Um deles foi o já citado, contra o Brasil. O outro foi na vitória de 3 x 0 sobre a China, também no Mundial de 2002.

Şaş foi um dos grandes destaques (senão o maior) da grande Turquia que conquistou o 3º lugar naquela Copa. Ele dividia o ataque com seu ex-parceiro de clube Hakan Şükür, mas acabou eclipsando o colega no torneio. Além dos gols, deu duas assistências contra a China e participou do gol contra a Costa Rica.

Ele se destacou bastante, jogando em alto nível. Tanto, que foi eleito para a seleção dos melhores da Copa, compondo o ataque com o brasileiro Ronaldo, o alemão Miroslav Klose e o senegalês El Hadji Diouf.

Após se aposentar, trabalhou como comentarista para a CNN da Turquia e foi auxiliar técnico de Fatih Terim (juntamente com Ümit Davala) no Galatasaray, entre 2011 e 2013. Voltou ao cargo em 2018.

Como homenagem, existe uma rua com seu nome na sua cidade natal, Karataş.

Curiosamente, o gol de Hasan Şaş sobre o Brasil em 2002 apareceu no início do clipe da música “Waka Waka (This Time for Africa)”, interpretada por Shakira para ser tema da Copa do Mundo de 2010.

● Feitos e premiações de Hasan Şaş:

Pela seleção da Turquia:
– 3º lugar na Copa do Mundo de 2002.

Pelo Galatasaray:
– Campeão da Copa da UEFA (atual UEFA Europa League) em 1999/2000.
– Campeão da Supercopa da Europa em 2000.
– Campeão do Campeonato Turco (Süper Lig) em 1998/99, 1999/2000, 2001/02, 2005/06 e 2007/08.
– Campeão da Copa da Turquia (Türkiye Kupası) em 1998/99, 1999/2000 e 2004/05.
– Bicampeão da TSYD Kupası (campeonato de pré-temporada) em 1998/99 e 1999/2000.
– Campeão da Supercopa da Turquia (Turkcell Süper Kupa) em 2009.

Distinções e premiações individuais:
– Eleito pela FIFA para a seleção da Copa do Mundo de 2002.
– Eleito pela FIFA o 6º melhor jogador da Copa do Mundo de 2002.
– 11º lugar na premiação Bola de Ouro da revista France Football como melhor jogador do ano de 2002 com 10 pontos.


(Imagem: Pinterest)

… Clarence Seedorf: verdadeiro multicampeão

Três pontos sobre…
… Clarence Seedorf: verdadeiro multicampeão


(Imagem: Pinterest)

● Clarence Seedorf é ídolo dos lados do Oceano Atlântico. Está na história como o único jogador a conquistar a UEFA Champions League por três equipes diferentes. Se não bastasse, foi um dos poucos craques do seu nível a aceitar jogar no futebol brasileiro, também se destacando pelo Botafogo, resgatando a auto-estima e a felicidade dos torcedores do Glorioso.

Era um verdadeiro líder e um jogador versátil, com excelentes atributos físicos e técnicos, que permitiram a ele atuar em qualquer posição do meio campo, tanto defensiva quanto ofensivamente. Já jogou como um volante central, na ala direita, como ponta direita e como meia atacante. Era o chamado “box-to-box“, ou seja, o “todo-campista”, que atuava entre as intermediárias. Era elegante, criativo, com bom drible, visão de jogo, excelente nas bolas paradas e chutes de média e longa distância. Está no seleto grupo de jogadores com mais de 1000 partidas oficiais disputadas, com 1016 (somente outros 22 jogadores chegaram a essa marca na história).

Clarence Clyde Seedorf nasceu dia 01/04/1976 em Paramaribo, capital do Suriname, um ano após a independência do país. Seu avô era filho de escravos, que apesar da alforria, carregou o sobrenome “Seedorf” de seu antigo senhor, um alemão. Quando Clarence tinha dois anos de idade, sua família se mudou para a Holanda, fixando raízes em Almere, na província de Flevoland. Ingressou no futebol aos seis anos, nas divisões de base dos times amadores VV AS ’80 e Real Almere, mas logo foi descoberto por olheiros do poderoso Ajax.

Iniciou sua carreira no Ajax, estreando em 29/11/1992, quando se tornou o jogador mais jovem da história a vertir a camisa do time profissional do clube, em uma partida contra o FC Groningen (16 anos e 242 dias). O garoto fortaleceu ainda mais esse time do Ajax, que fez história na Holanda e na Europa, com uma equipe base fantástica: Edwin van der Sar; Michael Reiziger, Danny Blind, Frank de Boer e Winston Bogarde (Frank Rijkaard); Ronald de Boer, Clarence Seedorf (Nwankwo Kanu), Finidi George e Edgar Davids; Jari Litmanen e Marc Overmars (Patrick Kluivert). Técnico: Louis van Gaal.

Mesmo jovem e diante de tantos destaques, Seedorf foi o motor e eleito craque do time, chamando a atenção de todo o mundo por sua pouca idade, compensada com muito potencial e maturidade em campo. Era uma pedra preciosa que começou a ser lapidada por Van Gaal.

Em 1995, com 19 anos recém completados, o adolescente-craque se transferiu para a Sampdoria, onde atuou por um ano. Mesmo não conquistando títulos, liderou a Samp e chamou a atenção do poderoso Real Madrid.


(Imagem: Goal)

Logo em seu primeiro ano na capital espanhola, Seedorf elevou o nível da equipe e ajudou o Real Madrid a ser campeão de La Liga. Na temporada seguinte, os Merengues venceram a Liga dos Campeões de 1997/98, após um jejum de 32 anos na competição. Seedorf sempre era destaque, mas seu momento mais estelar no time foi quando marcou um gol no rival Atlético de Madrid, com um chutaço a 45 metros de distância.

A temporada 1998/99 foi a que Seedorf ele brilhou em Madrid, até perdendo espaço no time titular. Incrivelmente, o treinador nessa temporada era seu compatriota, o holandês Guus Hiddink, técnico da seleção Laranja na Copa de 1998. Apesar da qualidade inegável, sua importância no clube era cada vez menor, até se transferir de volta à Itália, em janeiro de 2000, para a Internazionale, por um valor de 23 milhões de euros. Mesmo tendo atuado pouco na Liga dos Campeões de 1999/2000 e tendo se transferido no meio da temporada, Seedorf também está no hall dos campeões de 2000 pelo Madrid.

Jogou duas temporadas e meia na Inter sem conquistar troféus, mas deixou boas lembranças para a torcida Nerazzurri. Foi vice-campeão da Coppa Italia em 2000, perdendo a final para a fortíssima Lazio. Em 09/03/2002, em um empate por 2 a 0 com a Juventus em Turim, ele marcou dois golaços, ambos em lindos chutes de fora da área.


(Imagem: Daily Mail)

No início da temporada 2002/03, os rivais de Milão fizeram uma troca absurda e ridícula de jogadores: Seedorf foi para o Milan em troca do lateral esquerdo Francesco Coco (que nunca jogou em alto nível e logo encerrou a carreira para se tornar ator). No Rossonero, Seedorf formou uma parceria histórica no meio campo com Gennaro Gattuso, Andrea Pirlo e Kaká. Sob a orientação do genial Carlo Ancelotti, o craque holandês recuperou o protagonismo para sua equipe, conquistando a Coppa Italia e a UEFA Champions League em 2002/03. Assim, se tornou o primeiro jogador a ganhar a Liga dos Campeões por três clubes diferentes.

O Milan venceu a Serie A 2003/04 e chegou de novo na final da UCL 2004/05 contra o Liverpool, realizada em Istambul. Após um primeiro tempo vencido por 3 a 0, poucos esperavam um destino diferente para a taça. Mas um inferior e heróico Liverpool, com uma alma poucas vezes vista, empatou o jogo e venceu nos pênaltis. Restava ao Milan a “honra” de ser vice-campeão. O clube também terminou em segundo lugar na Serie A, perdendo o Scudetto para a Juventus (que posteriormente foi retirado pela justiça pelo Calciopoli).

Com o passar do tempo, a parceria entre Seedorf e Kaká foi se tornando mais impressionante e chegou ao auge na UEFA Champions League 2006/07, quando tiveram a revanche, vencendo o Liverpool na final em Atenas por 2 a 1. Era o quinto título de Seedorf no torneio, do qual ele foi eleito o melhor meia da competição.

O Milan ainda venceu o Mundial Interclubes da FIFA no fim de 2007, vencendo o Boca Juniors na final por 4 x 2. Seedorf foi eleito o Bola de Prata dessa competição.
Ainda venceria o Scudetto da temporada 2010/11.


(Imagem: UOL)

Após dez anos no Milan, Seedorf surpreendeu o mundo e assinou contrato com o Botafogo, do Rio de Janeiro. Estreou no Glorioso em 22/07/2012, pela 11ª rodada do Brasileirão, em derrota para o Grêmio por 1 a 0. O Botafogo terminou o campeonato no 7º lugar geral.

Já em 2013, o Botafogo foi campeão da Taça Guanabara e da Taça Rio e, por ter vencido os dois torneios, se sagrou campeão Carioca sem precisar disputar as finais. Seedorf foi eleito o melhor jogador da competição. No Campeonato Brasileiro, Seedorf voltou a se destacar e liderou o Fogão para um excelente 4º lugar e classificação para a Copa Libertadores da América de 2014.

Enquanto o craque se preparava para disputar a Libertadores, foi convidado para assumir como técnico co Milan para substituir Maximiliano Alegri. Assim, no dia 14/01/2014, Seedorf anunciou oficialmente sua aposentadoria dos gramados.

“Vou parar de jogar futebol depois de 22 anos. Foi uma noite difícil, mas estou satisfeito com o que fiz na minha carreira, no que fiz com o Botafogo. Objetivo de voltar a sonhar, a entrar na Libertadores após 17 anos. Minha felicidade de poder ter deixado também em campo resultados importantes. Carioca foi um começo. Não acabou mal. Conseguimos a vaga na Libertadores. Todos aqui merecem.”

Com Seedorf como técnico na segunda metade da temporada, o Milan terminou o Campeonato Italiano 2013/14 na oitava competição. Mesmo com uma equipe ruim, o Milan fez bons jogos, mas os resultados não agradaram e Seedorf foi substituído por Filippo Inzaghi a partir de 09/06/2014, após pouco mais de quatro meses após assumir. A direção milanista não respeitou a história do ídolo. Em 07/07/2016 foi nomeado treinador do Shenzhen F.C, da China, mas também não obteve sucesso, sendo demitido em 05/12/2016. Assumiu o comando do tradicional Deportivo La Coruña no dia 05/02/2018, com contrato até o fim da temporada, e vive uma situação delicada. O time atualmente é o penúltimo colocado no Campeonato Espanhol, a oito pontos de sair da zona do rebaixamento, faltando apenas nove rodadas.


(Imagem: Globo Esporte)

● Estreou pela seleção da Holanda em 14/12/1994, aos 18 anos, contra Luxemburgo, marcando um gol logo na estreia, na vitória por 5 a 0. Vestiu a camisa laranja entre 1994 e 2008, atuando em 87 partidas e anotando 11 gols. Seedorf sempre foi fundamental, ajudando a seleção a disputar várias competições como destaque: 4º lugar na Copa do Mundo de 1998, 3º lugar na Eurocopa de 2000 e 4º lugar na Euro 2004. Esteve ainda na Euro de 1996, quando houve um sério desentendimento entre os jogadores negros de origem surinamesa (“De kabel“) com os demais jogadores do elenco.

Chegou ainda a jogar em alto nível as eliminatórias para a Copa de 2006, mas logo depois preferiu dar chances aos jogadores mais jovens na competição. Muitos comentaristas acreditam que a Holanda teria mais chances de conquistar sua primeira Copa do Mundo caso Seedorf tivesse jogado em 2006 e 2010 (lembrando que a Holanda perdeu essa final apenas na prorrogação para a Espanha).

Clarence Seedorf também já atuou pela seleção do Suriname em jogos não oficiais. Ele é um homem do mundo. Fala fluentemente português, francês, inglês, italiano, espanhol e o crioulo, além do próprio holandês.

É casado com a brasileira Luviana, que conheceu ainda no início da década de 1990, quando a morena era passista da Mocidade Independente de Padre Miguel e viajou para uma temporada de shows na Itália. Ela era de família humilde, moradora do Realengo que ganhava a vida com apresentações como sambista. Foi Luviana quem bateu o pé e convenceu Clarence a aceitar a proposta do Botafogo, seu time de coração, e rejeitar propostas milionárias da China, Inglaterra, Estados Unidos e Qatar.

Ele tem vários parentes que jogam futebol, mas nenhum como grande destaque, como os irmãos Chedric Seedorf e Jürgen Seedorf, o sobrinho Regilio Seedorf, além do primo Stefano Maarten Seedorf (que passou pelo Alecrim-RN em 2013).

Seedorf também já fez trabalhos para o marketing da empresa Araújo Abreu Engenharia, no Brasil. Participou também de vários trabalhos na imprensa desde quando ainda jogava, especialmente pela rede BBC. Está envolvido em muitos projetos de cunho social em seu país de nascimento, o Suriname. COnstruiu o próprio Estádio Clarence Seedorf no distrito de Para. Foi laureado com os títulos de Comando da alta Ordem da Estrela Amarela em 2007 pelo Suriname e com a comenda de Cavaleiro da Ordem de Orange-Nassau em abril de 2011, pela Holanda. Em 5 de junho de 2009, Seedorf anunciou numa conferência de imprensa após um encontro com Nelson Mandela, que ele se tornou Legacy Champion da Fundação Nelson Mandela.


(Imagem: Sky Sports)

Feitos e premiações de Clarence Seedorf:

Pela seleção da Holanda:
– 4º lugar na Copa do Mundo de 1998.
– 3º lugar na Eurocopa de 2000.
– 4º lugar na Eurocopa de 2004.

Pelo Ajax:
– Campeão da UEFA Champions League em 1994/95.
– Campeão da Copa Intercontinental em 1995.
– Bicampeão da Eredivisie (Campeonato Holandês) em 1993/94 e 1994/95.
– Campeão da KNVB Cup (Copa da Holanda) em 1992/93.
– Bicampeão da Johan Cruijff-schaal (Supercopa da Holanda) em 1993 e 1994.

Pelo Real Madrid:
– Campeão da UEFA Champions League em 1997/98 e 1999/2000.
– Campeão da Copa Intercontinental em 1998.
– Campeão de La Liga (Campeonato Espanhol) em 1996/97.
– Campeão da Supercopa da Espanha em 1997.

Pelo Milan:
– Campeão da UEFA Champions League em 2002/03 e 2006/07.
– Campeão do Mundial Interclubes da FIFA em 2007.
– Campeão da Supercopa da Europa em 2003 e 2007.
– Campeão da Serie A (Campeonato Italiano) em 2003/04 e 2010/11.
– Campeão da Coppa Italia em 2002/03.
– Campeão da Supercopa da Itália em 2004 e 2011.
– Campeão do Troféu Luigi Berlusconi em 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2011.

Pelo Botafogo:
– Campeão do Campeonato Carioca em 2013.
– Campeão da Taça Guanabara em 2013.
– Campeão da Taça Rio em 2013.

Distinções e premiações individuais:
– Melhor meia direita do Campeonato Holandês em 1992/93 e 1993/94.
– Bola de Ouro do Campeonato Holandês em 1992/93 e 1993/94.
– Eleito para a ESM Equipe do Ano do Campeonato Espanhol em 1996/97.
– Melhor meia direita do Campeonato Italiano em 2003/04.
– Bola de Ouro do Campeonato Italiano em 2003/04.
– Melhor meia da UEFA Champions League em 2002/03 e 2006/07.
– Melhor meia da Europa em 2007.
– Bola de Prata do Mundial Interclubes da FIFA em 2007.
– Eleito para a seleção anual da FIFPro em 2007.
– Eleito para a Bola de Prata da Revista Placar em 2013.
– Melhor meia direita do Campeonato Carioca em 2013.
– Bola de Ouro do Campeonato Carioca em 2013.
– Nomeado para a lista “FIFA 100” (feita por Pelé, onde constam os 125 melhores jogadores da história que até então estavam vivos em 2004).
– Membro do Hall da Fama do Milan.
– Eleito para a Equipe do Século do Real Madrid em 2008.
– Eleito para a Equipe dos sonhos do Campeonato Italiano pelo La Gazzetta dello Sport.
– Eleito para a Equipe dos Sonhos da UEFA Champions League.
– Eleito pela UEFA o 7º dentre os 20 melhores jogadores da Liga dos Campeões, no aniversário de 20 anos da modernização da competição.
– Comenda Ordem da Estrela Amarela do Suriname em 2007.
– Comenda Cavaleiro da Ordem de Orange-Nassau dos Países Baixos em 2011.
– Legacy Champion da Fundação Nelson Mandela em 05/06/2009.

… Luís Mesquita de Oliveira: ícone do futebol paulista nos anos 1930

Três pontos sobre…
… Luís Mesquita de Oliveira: ícone do futebol paulista nos anos 1930


Luisinho é um dos maiores ídolos do São Paulo até hoje (Imagem: Opinião Tricolor)

● Mais conhecido como Luisinho, Luís Mesquita de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro em 29/03/1911. Faleceu aos 72 anos em São Paulo, no dia 27/12/1983.

Quinto de um total de sete irmãos e uma irmã, era filho do Sr. Ernesto Luiz de Oliveira e da Dona Cecília Mesquita de Oliveira.

Seu irmão Carlos também foi jogador de futebol, mas por pouco tempo. Logo largou essa carreira para se tornar médico.

Já Luisinho, foi um dos melhores e mais valiosos atacantes do futebol brasileiro na década de 1930. Era considerado o mais completo ponta direita em sua época. Excelente driblador, cortava tanto para a linha de fundo quanto para o meio. Cruzava com excelência e seu chute era forte e preciso. Após os treinos, ele sempre ficava treinando fundamentos sozinho, para aperfeiçoar o que já era ótimo.

Apesar de ser carioca, Luís Mesquita sempre jogou no futebol paulista. Teve uma vitoriosa e longa carreira (de 1928 a 1946).

Começou no futebol ainda adolescente, no Anglo-Brasileiro, onde ficou de 1928 a 1929.

Passou a temporada de 1929 a 1930 em um dos times gigantes da época, o multicampeão Clube Atlético Paulistano.

Jogou no São Paulo da Floresta durante quase toda a existência do clube, de 1930 a 1934. Luisinho ajudou o precursor do Tricolor a se firmar no meio dos times grandes. Além de conquistar o Campeonato Paulista de 1931, o time ainda foi vice-campeão em 1930, 1932, 1933 e 1934. Na época, já tinha status de jogador da Seleção Brasileira, inclusive disputando a Copa do Mundo de 1934.

Após a dissolução do São Paulo da Floresta, foi atuar no Clube Atlético Estudante de São Paulo (time criado por antigos membros de seu ex-clube), ficando de 1935 a 1936.

Com pompa de craque, chegou ao Palestra Itália (atual Palmeiras) em 1936 e ficou até 1940. É o 9º maior artilheiro da história do clube, com 123 gols marcados, em 163 partidas. Novamente foi convocado para a Copa do Mundo de 1938.

Se transferiu ao São Paulo em 1941 e ficou até se aposentar, em 1946. Venceu três campeonatos paulistas: 1943, 1945 e 1946. Nesses dois últimos, Luisinho era o capitão da equipe. É um dos maiores jogadores do São Paulo em todos os tempos e o 6º maior goleador da história do clube, com 173 gols.

Sagaz, antes dos jogos ele alertava os defensores adversários sobre o perigo representado pelo seu parceiro Leônidas da Silva. Com a preocupação causada pelo “Diamante Negro”, Luisinho fazia a festa e ocupava eventuais brechas na defesa adversária.

                          
Após defender o Palestra Itália, vestiu a camisa do São Paulo FC (Imagens: Palmeiras e São Paulo, respectivamente)

● De 1934 a 1944, Luisinho defendeu a camisa branca da Seleção Brasileira em 16 jogos (sendo 9 oficiais) e marcou 5 gols (sendo 4 oficiais).

Foi titular na única partida disputada na Copa de 1934, quando o Brasil perdeu para a Espanha em Gênova por 3 a 1.

Participou de dois jogos na Copa de 1938, contra a Tchecoslováquia (vitória por 2 a 1) e a Itália (derrota por 2 a 1 na semifinal). A Seleção terminou o Mundial em um excelente 3º lugar.

No Campeonato Sul-Americano (atual Copa América) de 1937, a Seleção foi vice-campeã, mas Luisinho se destacou, marcando quatro gols.

Em 1944 disputou sua última partida pela Seleção, em uma goleada por 4 a 0 sobre o Uruguai em jogo amistoso.

Advogado de profissão, Luisinho trabalhou durante muitos anos para o estado de São Paulo, após pendurar as chuteiras. Passava suas horas de folga no Clube Paulistano, onde gostava de recordar seus dias de glória no SPFC.

● Feitos e premiações de Luisinho Mesquita:

Pelo Paulistano:
– Campeão do Campeonato Paulista em 1929.

Pelo São Paulo da Floresta:
– Campeão do Campeonato Paulista em 1931.

Pelo Palestra Itália:
– Campeão do Campeonato Paulista em 1936, 1938 (Edição Extra) e 1940.

Pelo São Paulo:
– Campeão do Campeonato Paulista em 1943, 1945 e 1946.

Distinções e premiações individuais:
– Artilheiro do Campeonato Paulista em 1944 (22 gols).

● Luisinho, explicando alguns fatores sobre a Seleção Brasileira que disputou a Copa de 1934:

… Younis Mahmoud: maior ídolo do futebol do Iraque

Três pontos sobre…
… Younis Mahmoud: maior ídolo do futebol do Iraque


(Imagem: FIFA)

● Younis Mahmoud Khalaf (em árabe: يونس محمو), nasceu em 03/02/1983, na cidade de Al-Dibs, na região de Kirkuk, no norte do Iraque. É um iraquiano de origem turcomena, muçulmano sunita e se casou três vezes. Seu pai é um ex-jogador de futebol e ex-guarda local.

Ex-atacante de bom porte físico (1,85 m), é um dos melhores (senão o melhor!) jogadores iraquianos e árabes em todos os tempos. Foi capitão de sua seleção por dez anos consecutivos, até se aposentar, em 2016.

Segundo algumas fontes, Mahmoud seria um “gato”, ou seja, um dos diversos jogadores do mundo que usaram uma identidade falsa, com uma data de nascimento divergente da realidade, para parecer mais jovem e se destacar dos demais. Segundo os “conspiradores”, Younis Mahmoud teria nascido em 18/02/1979, em Dibbs, Bey Hassan, na província de Kirkuk. O técnico iraquiano Akram Salman falou publicamente diversas vezes sobre a controversa idade de Mahmoud. Fontes afirmam que Younis serviu ao exército de seu país em 1997, ou seja, tinha que ter 18 anos nessa época. Assim, teria mesmo nascido em 1979.

Sua paixão inicial era o basquete, onde jogava na posição de ala-armador no Kahraba Al-Dibs. Mas o treinador de futebol da equipe, Muwafag Nouraddin, o convenceu a jogar futebol, devido às maiores cifras envolvidas nesse esporte.

Segundo filho mais velho dos 12 irmãos, Younis fugia da escola para ir trabalhar para ajudar em casa, sem o conhecimento de seus pais. Mas enquanto era normal que os pais batessem em seus filhos para que não se envolvessem demais com esportes, o pai de Younis o incentivou a se tornar profissional no futebol.

Em 1998, Mahmoud se transferiu para o Kirkuk, o maior time da região. Logo em seu primeiro ano, marcou 19 gols e foi artilheiro da segunda divisão, ajudando seu time a conquistar o título e o acesso à elite iraquiana. Depois de cair de divisão e subir novamente, foi observado pelos olheiros dos dois maiores clubes do Iraque: Al-Shorta e Al-Talaba, com o qual acabou assinando no início da Liga de 2001/02.

Conquistou seu primeiro troféu no clube ao vencer o Al-Zawraa por 2 a 1 na Copa do Desafio de Bagdá, fazendo o gol do título. Logo em seu primeiro ano no clube, o Al-Talaba venceu a Liga e a Copa do Iraque. Ao fim da temporada, foi emprestado rapidamente ao Al-Shorta para a disputa do Campeonato da Polícia Árabe de 2002, uma competição para clubes policiais no “Mundo Árabe” (ou seja, clubes chamados “Al-Shorta”). O seu clube conquistou o título.

De volta ao Al-Talaba, conquistou a Copa Al-Muthabara (atual Supercopa do Iraque). Em 2002/03, venceu novamente a Copa do Iraque.

Com o início da Guerra do Iraque, o futebol no país foi suspenso. E então Mahmoud foi emprestado ao Al-Wahda, dos Emirados Árabes Unidos. Mas alguns meses depois foi dispensado do clube por ter discutido com o técnico e, então, retornou ao Al-Talaba.

Após a Copa da Ásia de 2004, ele se transferiu para o Al-Khor, da Liga das Estrelas do Qatar. Em uma partida contra o Al-Shamal, marcou seis gols na goleada por 8 a 0. Younis Mahmoud é até hoje o único jogador a marcar seis gols em uma única partida da Liga do Qatar.

Em 2006 foi atuar no Al-Gharafa, onde venceu vários títulos nacionais no Qatar. Depois de ter sido o artilheiro da Liga das Estrelas do Qatar em 2006/07, doou os US$ 100 mil de premiação para construir uma mesquita na sua cidade natal. Ao ganhar € 10 mil da Gazzetta dello Sport pelo prêmio Giacinto Facchetti, em 2007, doou todo o dinheiro para uma instituição de caridade iraquiana.

Ficou no Al-Gharafa até 2011, passando por um rápido empréstimo para o Al-Arabi em 2008. Entre 2011 e 2013 jogou no Al-Wakrah (Qatar). Em 2013 passou rapidamente pelo Al-Sadd (Qatar) e pelo Al-Ahli (Arábia Saudita). Voltou ao seu país em 2015 para jogar pelo Erbil. Finalmente, de volta ao Al-Talaba (seu time de coração), encerrou sua carreira ao fim da temporada 2015/16.


(Imagem: ESPN)

● Na seleção sub-20, participou de 8 partidas e marcou 4 gols. Na sub-23, fez 25 gols em 38 jogos. Pela seleção principal, disputou 148 partidas e anotou 57 gols. É o jogador que mais disputou partidas e o terceiro maior artilheiro da história da equipe nacional do Iraque.

Estreou em março de 2002, em um amistoso não oficial contra o Cagliari, que disputava a Serie B da Itália. O Iraque perdeu por 4 a 1, mas Mahmoud marcou o gol de honra. A estreia oficial foi em um amistoso contra a Síria em Bagdá, em 19/07/2002. Seu primeiro gol oficial foi aos 44 minutos do segundo tempo, empatando a partida final do Campeonato WAFF de 2002, da qual o Iraque foi campeão no gol de ouro.

Marcou o gol do título da final da Copa Emir Abdullah Al-Faisal, em 15/08/2003, na vitória sobre o Marrocos por 1 a 0. Em 08/10/2013, fez quatro gols na goleada sobre o Bahrein por 5 a 1, se tornando o jogador que mais fez gols em uma única partida pelo Iraque. Nas partidas seguintes, válidas pelas eliminatórias da Copa da Ásia de 2004, Mahmoud fez quatro gols sobre o Bahrein e três sobre a Malásia. Seu grande destaque no ano de 2003 o credenciou para ser eleito o melhor jogador jovem da Ásia no ano.

Liderou sua seleção na qualificação para os Jogos Olímpicos de 2004, no qual o Iraque chegou nas semifinais e terminou a competição em um honroso quarto lugar (melhor classificação de uma equipe da Ásia Ocidental na história das Olimpíadas). Destaque para a vitória por 4 a 2 na estreia, sobre Portugal de Cristiano Ronaldo, José Bosingwa, Raul Meireles e Luis Boa Morte.

Em 2005, fez o gol do título do Iraque na final dos Jogos da Ásia Ocidental. Na Copa LG de 2006, o Iraque foi vice-campeão. Ainda em 2006, o Iraque chegou na final dos Jogos Asiáticos, mas perdeu a final para o Qatar. Em 06/12/2006, Mahmoud fez história ao anotar incrivelmente dois gols no mesmo minuto em goleada sobre a Malásia por 4 a 0. Neste mesmo ano se tornou capitão da seleção.

Mas seu melhor ano foi mesmo em 2007. Marcou um gol no Campeonato WAFF e o Iraque foi vice-campeão. E atingiu o ápice de sua carreira ao liderar o Iraque na conquista de seu primeiro título da Copa da Ásia. Marcou o gol do título sobre a Arábia Saudita. Foi o artilheiro da competição, com 4 gols, além de ter sido eleito o melhor jogador da competição.

“Nós escrevemos nossos nomes nos livros de história quando conquistamos o título continental pela primeira vez. O mais significativo foi conseguirmos colocar um sorriso nos rostos do nosso povo.”


Mahmoud foi o capitão responsável por levantar a taça do maior título da história do futebol iraquiano (Imagem: UOL)

Depois do título da Copa da Ásia, Mahmoud recebeu propostas para se transferir para o Olympique Marseille e para o Lyon, mas ele recusou a ir jogar na Europa, permanecendo no Oriente Médio. Posteriormente ele confessou que seus medos eram de não aprender falar o idioma e não gostar da comida. No fim do ano, terminou em 2º lugar no prêmio de jogador asiático do ano e em 29º lugar na votação da Bola de Ouro de 2007, sendo o primeiro (e até hoje o único) jogador iraquiano da história a ser nomeado para esse prêmio. Era o único jogador que não atuava na Europa na época. Curiosamente, ficou à frente de jogadores mais famosos, como Samuel Eto’o, Robin van Persie e David Beckham.

Em 2009 venceu seu último título pela seleção, a Copa Internacional dos Emirados Árabes Unidos. Também participou da Copa das Confederações de 2009, jogando as três partidas de seu time.

No início de 2013 o Iraque foi vice-campeão da Copa das Nações do Golfo, perdendo a final para os Emirados Árabes Unidos.

Em 29/03/2016 fez sua última partida pela seleção, em vitória por 1 a 0 sobre o Vietnã.

Nos últimos anos de sua carreira, Mahmoud se tornou conhecido pelas frequentes cobranças de pênaltis com “cavadinhas”, no estilo “Panenka”. Em sete tentativas, errou apenas duas e converteu as outras cinco. A mais emblemática foi nas quartas de final da Copa da Ásia de 2015, contra o arquirrival Irã. Após empate por 3 a 3 no tempo normal, coube a ele cobrar o pênalti decisivo. Ele cobrou à “Panenka” e levou o Iraque às semifinais, quando perdeu para a Coreia do Sul. Teve que ter muita coragem, pois apenas três semanas antes ele tinha perdido um pênalti cobrado da mesma forma contra o mesmo Irã.

Embora Younis Mahmoud não tenha se realizado em nível europeu e mundial, seus feitos em seu próprio continente em suas quase duas décadas de carreira foram únicos e permanecerão para sempre nas memórias do povo árabe.

A grande frustração de Mahmoud foi não ter conseguido ajudar o Iraque a se classificar para uma Copa do Mundo. Em um país constantemente devastado pelas guerras, ele conseguiu dar alegrias a seu sofrido povo. Sob sua batuta, a seleção iraquiana conquistou o maior título de sua história. Com sua recente aposentadoria, o futebol de seu país desceu de nível e não tem boas perspectivas no curto prazo. Younis Mahmoud é insubstituível.

● Feitos e premiações de Younis Mahmoud:

Pela seleção do Iraque:
– Copa da Ásia (AFC Asian Cup) em 2007.
– Copa da Ásia Ocidental (West Asian Games) em 2005.
– Campeão do Campeonato das Federações do Oeste da Ásia (WAFF – West Asian Football Federation Championship) em 2002.
– Copa Internacional dos Emirados Árabes Unidos (UAE International Cup) em 2009.

Pela seleção olímpica do Iraque:
– 4º lugar nos Jogos Olímpicos de 2004.
– Campeão da Copa Emir Abdullah Al-Faisal em 2003.

Pelo Kirkuk:
– Campeão da Segunda Divisão do Iraque (Iraq Division One) em 1998/99.

Pelo Al-Talaba:
– Campeão do Campeonato Iraquiano (Iraqi Premier League) em 2001/02.
– Bicampeão da Copa do Iraque (Iraq FA Cup) em 2001/02 e 2002/03.
– Campeão da Supercopa do Iraque (Iraqi Super Cup) em 2002.
– Campeão da Copa de Bagdá (Baghdad Cup) em 2001.

Pelo Al-Shorta:
– Campeão do Campeonato de Polícias Árabes (Arab Police Championship) em 2002.

Pelo Al-Khor:
– Campeão da Qatar Crown Prince Cup em 2005.

Pelo Al-Gharafa:
– Tricampeão da Liga das Estrelas do Qatar (Qatar Stars League) em 2007/08, 2008/09 e 2009/10.
– Campeão da Copa do Emir do Qatar (Emir of Qatar Cup) em 2009.
– Bicampeão da Qatar Crown Prince Cup em 2010 e 2011.
– Campeão da Sheikh Jassim Cup em 2007.
– Campeão da Copa das Estrelas do Qatar (Qatari Stars Cup) em 2009.

Pelo Al-Arabi:
– Campeão da Sheikh Jassim Cup em 2008.

Pelo Al-Wakrah:
– Campeão da Copa das Estrelas do Qatar (Qatari Stars Cup) em 2011/12.

Pelo Al-Sadd:
– Campeão da Liga das Estrelas do Qatar (Qatar Stars League) em 2012/13.

Distinções e premiações individuais:
– Incluído na lista da Bola de Ouro em 2007 (29º lugar, com dois pontos).
– Melhor jogador da Copa da Ásia em 2007.
– Artilheiro da Copa da Ásia em 2007 (4 gols).
– Melhor jogador iraquiano do ano pela IFA em 2007.
– Melhor jogador árabe do ano pela Al-Hadath em 2007.
– Melhor jogador árabe do ano pela Al-Ahram em 2007.
– Melhor jogador árabe do ano pela Al-Watan em 2007.
– Jogador do ano pela Zaman em 2007.
– Prémio Giacinto Facchetti pela Gazzetta dello Sport em 2007.
– Jogador da temporada da Liga das Estrelas do Qatar em 2007/08.
– Jogador da temporada na província de Kirkuk em 1997/98.
– Incluído no Top-5 dos jogadores árabes da temporada pela UAFA (União das Federações Árabes de Futebol) em 2003/04.
– Artilheiro da Segunda Divisão do Iraque em 1998/99.
– Artilheiro do Campeonato de Bagdá em 2001.
– Artilheiro da Copa Emir Abdullah Al-Faisal em 2003.
– Artilheiro da Copa do Emir do Qatar em 2004, 2005 e 2006.
– Artilheiro dos Jogos da Ásia Ocidental em 2005 (3 gols).
– Artilheiro da Liga das Estrelas do Qatar em 2006/07 (19 gols), 2009/10 (21 gols) e 2010/11 (15 gols).
– Único jogador da história a marcar em quatro edições de Copa da Ásia diferentes e consecutivas, com um gol em 2004, 4 gols em 2007, um gol em 2011 e 2 gols em 2015.

… Gabriel Batistuta, o “Batigol”

Três pontos sobre…
… Gabriel Batistuta, o “Batigol”

Só seu nome já metia medo nas defesas rivais. Com força física, técnica e finalização impressionantes, não havia quem o parasse em sua melhor fase.

Completa 49 anos hoje essa verdadeira lenda: Gabriel Omar Batistuta, o “Batigol”, ídolo de Fiorentina, Roma e Seleção Argentina.