Três pontos sobre…
… 11/06/2002 – Dinamarca 2 x 0 França
(Imagem: Pinterest)
● A França era a então campeã mundial e a maior favorita ao título, junto com a Argentina. Estava em uma sequência de títulos, com a Copa do Mundo de 1998, a Eurocopa de 2000 e a Copa das Confederações de 2001. E estavam ainda mais fortes do que quatro anos antes, mais experientes, com opções melhores no meio campo e no ataque.
Se o que faltava para a França em 1998 eram atacantes decisivos, de classe mundial, esse problema não existia mais em 2002. Thierry Henry e David Trezeguet formavam uma dupla de frente letal, que poderia ter a companhia de Sylvain Wiltord – sem contar Nicolas Anelka, que nem foi convocado. A dupla de volantes se completava. Claude Makélélé destruía e Patrick Vieira construía. Robert Pires foi uma ausência bastante sentida, ao ficar fora do Mundial por lesão nos ligamentos do joelho.
Mas o problema maior era a envelhecida defesa. Ainda permaneciam os mesmos nomes que venceram o Brasil na final em 1998: Barthez, Thuram, Lebœuf, Desailly e Lizarazu. Laurent Blanc se aposentou, mas a renovação foi fraca e Frank Lebœuff se tornou titular.
Mas o astro principal ainda era Zinédine Zidane, melhor jogador do mundo no ano anterior. Ele havia sido recém campeão da UEFA Champions League pelo Real Madrid, inclusive fazendo um gol histórico e decisivo na final, em vitória sobre o Bayer Leverkusen por 2 x 1. Pelo seu momento e pelo seu histórico decisivo em Copas, todas as expectativas francesas giravam em torno dele. Porém, como uma peça pregada pelo destino, Zizou se contundiu em um amistoso contra a Coreia do Sul, a quatro dias da estreia na Copa.
(Imagem: Whoateallthepies.tv)
● Os dinamarqueses estavam em sua terceira Copa, sendo a segunda consecutiva. Haviam chegado nas quartas de final em 1998, quando venderam caro a derrota de 3 a 2 para o Brasil. No Grupo 3 das eliminatórias europeias, se classificou invicta em um grupo que contava ainda com a Tchéquia e a Bulgária.
Não tinha mais suas referências históricas, como o goleiro Peter Schmeichel e os irmãos Brian e Michael Laudrup – aposentados. Mesmo assim, tinha a confiança da torcida e da imprensa de seu país. Apesar de não ter grandes estrelas, o time era mais equilibrado do que o de quatro anos antes.
O goleiro Thomas Sørensen substituiu Schmeichel com qualidade. Contava com a bola aérea e com o faro de gol do atacante Ebbe Sand, artilheiro da Bundesliga na temporada 2000/01. Seu parceiro de ataque era o ardiloso Jon Dahl Tomasson. O técnico era Morten Olsen, líbero da grande “Dinamáquina” de 1986. Michael Laudrup era seu auxiliar.
O técnico Morten Olsen armou o time no sistema 4-3-2-1, com um homem a mais no meio para fechar os espaços. O time tinha muita velocidade pelas pontas e jogadas aéreas.
A França jogava em um 4-2-3-1 bem compacto, com liberdade total para os ponteiros e para o maestro Zidane.
● Na partida de abertura do Mundial de 2002, a França foi surpreendida por Senegal – sua ex-colônia – e perdeu por 1 x 0. No jogo seguinte, uma partida sem gols com o Uruguai. Ambas sem Zidane.
Por ser uma situação bastante delicada, Zizou acelerou sua volta, mesmo sentindo dores, para jogar contra os dinamarqueses. Ele entrou em campo e jogou no sacrifício, pois ainda se recuperava de lesão na coxa. Mesmo sentindo dores e estando muito longe de apresentar uma forma física razoável, Zidane ainda seria o melhor da França em campo.
Se Les Bleus vencessem por uma diferença de dois gols, estariam classificados. E exatamente por isso os dois técnicos fizeram mudanças importantes em suas respectivas equipes.
O francês Roger Lemerre mudou sua tradicional defesa, deslocando Lilian Thuram para a zaga e colocando Vincent Candela na lateral direita. Christophe Dugarry ficou com a vaga de Thierry Henry, expulso contra o Uruguai. Zidane entrou na posição de Youri Djorkaeff.
Morten Olsen preferiu rechear seu meio campo para dificultar a criação francesa, com marcação especial em Zidane. Ele tirou seu artilheiro nas eliminatórias, o grandalhão Ebbe Sand, e colocou o jovem volante Christian Poulsen. Niclas Jensen dava juventude e fôlego na lateral esquerda, ao invés do veterano Jan Heintze. Martin Jørgensen era a experiência na ponta, no lugar de Jesper Grønkjær.
O primeiro ataque perigoso foi da França. Wiltord puxou contragolpe rápido e deixou para Trezeguet. Ele invadiu a área pela direita, cortou a marcação do zagueiro (que passou lotado no carrinho) e chutou com a perna boa, a esquerda. Mas Sørensen defendeu bem.
Mas a Dinamarca era mais perigosa com seu jogo vertical e velocidade pelas pontas.
Aos 22 minutos do primeiro tempo, Stig Tøfting cobrou o lateral para a área. A zaga rebateu e Tøfting cruzou na segunda trave. Dennis Rommedahl apareceu sozinho, livre nas costas da marcação para finalizar de primeira, sem qualquer chance para o goleiro Fabien Barthez. Dinamarca 1, França 0.
Logo na sequência, Zidane quase fez um golaço. Ele roubou uma bola na intermediária ofensiva e emendou de primeira. A bola passou muito próxima ao travessão, quase no ângulo.
Depois, Dugarry cruzou da esquerda e Trezeguet cabeceou bem, para o chão, como manda o figurino. Mas Sørensen defendeu de novo.
Os franceses sempre buscavam Zidane, para carimbar as jogadas de ataque. Mas ele estava muito bem marcado, além de estar longe de 100% fisicamente.
Zidane cobrou escanteio e Marcel Desailly cabeceou no travessão.
Aos 22′ da etapa final, Thomas Gravesen fez um belo passe em profundidade para Gronkjaer na ponta esquerda, que cruzou rasteiro de primeira para a área para Tomasson emendar para o gol. Tomasson segurou a camisa de Desailly, mas o árbitro não viu a falta. Com isso, o camisa 9 da Dinamarca apareceu livre na risca da pequena área e bateu de primeira no canto direito do goleiro. Dinamarca 2 a 0.
Mais próximo ao fim da partida, Bixente Lizarazu deixou com Wiltord que avançou e cruzou rasteiro da esquerda para Trezeguet chutar de primeira. A bola explodiu no travessão e não entrou.
Les Bleus criaram algumas chances de gol, mas não acabou fazendo nenhum.
Ficou para a posteridade a imagem de Zidane completamente frustrado e decepcionado com a eliminação.
(Imagem: Trivela)
● Na primeira rodada, a Dinamarca venceu o Uruguai por 2 x 1. Depois, empatou com Senegal por 1 x 1. Confirmou sua classificação em primeiro do grupo ao derrotar a França (2 x 0). Nas oitavas de final, não foi páreo para a Inglaterra e foi eliminada com a derrota por 3 a 0.
A França protagonizou o maior vexame de um campeão na Copa seguinte à da conquista da taça. Foi a pior campanha de um detentor de título mundial em toda a história, além de ser a primeira e única vez que uma seleção então campeã do mundo foi eliminada sem marcar sequer um mísero golzinho na competição.
● FICHA TÉCNICA: |
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DINAMARCA 2 x 0 FRANÇA |
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Data: 11/06/2002 Horário: 15h30 locais Estádio: Incheon Munhak Stadium Público: 48.100 Cidade: Incheon (Coreia do Sul) Árbitro: Vítor Melo Pereira (Portugal) |
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DINAMARCA (4-3-2-1): |
FRANÇA (4-2-3-1): |
1 Thomas Sørensen (G) |
16 Fabien Barthez (G) |
6 Thomas Helveg |
2 Vincent Candela |
4 Martin Laursen |
15 Lilian Thuram |
3 René Henriksen (C) |
8 Marcel Desailly (C) |
12 Niclas Jensen |
3 Bixente Lizarazu |
2 Stig Tøfting |
4 Patrick Vieira |
17 Christian Poulsen |
7 Claude Makélélé |
7 Thomas Gravesen |
11 Sylvain Wiltord |
19 Dennis Rommedahl |
10 Zinedine Zidane |
10 Martin Jørgensen |
21 Christophe Dugarry |
9 Jon Dahl Tomasson |
20 David Trezeguet |
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Técnico: Morten Olsen |
Técnico: Roger Lemerre |
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SUPLENTES: |
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16 Peter Kjær (G) |
23 Grégory Coupet (G) |
22 Jesper Christiansen (G) |
1 Ulrich Ramé (G) |
20 Kasper Bøgelund |
19 Willy Sagnol |
13 Steven Lustü |
18 Frank Lebœuf |
5 Jan Heintze |
5 Philippe Christanval |
23 Brian Steen Nielsen |
13 Mikaël Silvestre |
15 Jan Michaelsen |
14 Alain Boghossian |
14 Claus Jensen |
17 Emmanuel Petit |
8 Jesper Grønkjær |
22 Johan Micoud |
21 Peter Madsen |
6 Youri Djorkaeff |
18 Peter Løvenkrands |
9 Djibril Cissé |
11 Ebbe Sand |
12 Thierry Henry |
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GOLS: |
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22′ Dennis Rommedahl (DIN) |
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67′ Jon Dahl Tomasson (DIN) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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8′ Christophe Dugarry (FRA) |
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27′ Christian Poulsen (DIN) |
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71′ Niclas Jensen (DIN) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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INTERVALO Martin Jørgensen (DIN) ↓ |
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Jesper Grønkjær (DIN) ↑ |
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54′ Christophe Dugarry (FRA) ↓ |
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Djibril Cissé (FRA) ↑ |
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71’Patrick Vieira (FRA) ↓ |
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Johan Micoud (FRA) ↑ |
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76′ Christian Poulsen (DIN) ↓ |
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Kasper Bøgelund (DIN) ↑ |
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79′ Stig Tøfting (DIN) ↓ |
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Brian Steen Nielsen (DIN) ↑ |
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83′ Sylvain Wiltord (FRA) ↓ |
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Youri Djorkaeff (FRA) ↑ |
Melhores momentos da partida:
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