Três pontos sobre…
… 10/06/1970 – Brasil 3 x 2 Romênia
Cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Mircea Lucescu e Carlos Alberto (Imagem: Getty Images)
● A expressão “grupo da morte” surgiu nessa Copa, para se referir ao Grupo 3, formado por Brasil (bicampeão em 1958 e 1962), Inglaterra (campeã em 1966), Tchecoslováquia (vice em 1962) e Romênia.
No retrospecto histórico, os romenos seriam os adversários mais fracos do grupo. Eles tinham feito um jogo duro contra a Inglaterra, perdendo só por 1 a 0 e haviam vencido a Tchecoslováquia por 2 a 1. Agora, precisavam da vitória para se classificar e jogavam um futebol técnico e ofensivo. Seria um grande teste para o setor defensivo brasileiro.
O Brasil estreou dando um show, goleando a Tchecoslováquia por 4 x 1. Depois, bateu os ingleses, então campeões do mundo, por 1 a 0. Essas duas vitórias garantiram a classificação antecipada e a Seleção pôde enfrentar a Romênia com total tranquilidade, embora precisasse vencer para confirmar o primeiro lugar do grupo.
Rivellino sentia dores e foi poupado. Paulo Cézar Caju ocupou seu lugar. Infelizmente ele não reeditaria sua grande atuação contra a Inglaterra.
Gérson ainda estava machucado (não havia jogado contra os ingleses) e também foi poupado. Zagallo escalou Fontana para a zaga e deslocou Piazza para sua posição original no meio de campo, avançando Clodoaldo.
Na teoria, o Brasil jogaria mais fechado. Porém, na prática, por incrível que pareça, ficou mais vulnerável.
O Brasil jogava em um 4-3-3, com Paulo Cézar Caju apoiando mais a esquerda e fechando pelo meio. No ataque, Tostão era o “falso 9” (criando tendências para o futuro), se revezando com Pelé – hora como atacante, hora como ponta-de-lança. O jogador mais avançado era Jairzinho, um ponta-direita que fechava pelo centro, abrindo espaços para os avanços constantes de Carlos Alberto.
A Romênia também jogava no sistema 4-3-3.
● Mais de 50 mil presentes no Estádio Jalisco, em Guadalajara.
Pelé começou o jogo com apetite. Aos 19 minutos, o Rei sofreu falta perto da área. Ele mesmo cobrou, com efeito, e acertou o canto direito do goleiro. Foi o segundo gol dele no torneio e o 10º em Copas.
Três minutos depois, Paulo Cézar Caju puxou jogada pela esquerda e cruzou rasteiro. Jairzinho entrou pela defesa romena e se antecipou ao goleiro, desviando para o gol.
Ainda aos 27 minutos do primeiro tempo, o goleiro romeno Stere Adamache se lesionou. Ele se tornou o primeiro goleiro a ser substituído na história das Copas do Mundo. Em seu lugar, entrou Rică Răducanu.
A defesa brasileira se distraiu e a Romênia aproveitou para empatar aos 34′. Dumitru lança para Florea Dumitrache, o craque daquele time. Ele dominou, driblou Brito e chutou por baixo de Félix. Esse gol devolveu a Romênia para o jogo.
Aos 21′ da etapa final, o Brasil teve dois escanteios seguidos. Depois da segunda cobrança, Jairzinho cruzou da direita para a pequena área. Tostão se esticou de forma acrobática para tocar de calcanhar na bola e Pelé entrou de carrinho para marcar seu segundo gol no jogo.
Boa parte do mérito desse gol é de Tostão, que ainda não tinha feito nenhum na Copa, mas já vinha tendo um papel decisivo nas vitórias da Seleção de Zagallo.
Jairzinho não teve facilidade com a marcação romena (Imagem localizada no Google)
Novamente com dois gols de vantagem, o Brasil voltou a diminuir o ritmo, se poupando para o jogo das quartas de final.
A Romênia sentiu que Fontana estava desentrosado no time, foi ao ataque e conseguiu descontar mais uma vez. Aos 38′, o lateral direito Sătmăreanu foi à linha de fundo e cruzou para a área. Emerich Dembrovschi ganhou no alto de Félix e desviou para o gol.
Quando o Brasil estava com a posse de bola no ataque, a torcida mexicana se levantava e a imprensa do mundo todo elogiava a nata do “futebol arte” sul-americano em todo seu potencial. Quando perdia a bola, todos criticavam sua defesa, o estádio inteiro gritava pelo nome de Dumitrache, e a torcida brasileira ficava com o coração na mão.
Nos minutos finais, o Brasil sofreu com o bombardeio aéreo da Romênia (e a insegurança de Félix nas bolas altas), mas já não havia mais tempo.
Fim de jogo: 3 a 2 para o Brasil.
Pelé cobra falta e abre o placar (Imagem localizada no Google)
● Embora não tivesse feito sua melhor atuação, o Brasil fez o suficiente para terminar a fase de grupos com 100% de aproveitamento.
A partida contra a Romênia serviu para chamar a atenção de todo o mundo para uma velha mania dos brasileiros: subestimar o adversário. Isso poderia ser fatal em algum momento.
Garantidos em primeiro lugar no grupo, os brasileiros permaneceram em Guadalajara para o confronto das quartas de final contra o Peru, em excelente fase, treinado pelo ídolo brasileiro Didi. O Brasil bateu os peruanos por 4 x 2.
Nas semifinais, a Seleção se vingou do “Maracanazzo“ e venceu os uruguaios de virada por 3 a 1.
Na histórica decisão, venceu e convenceu. Goleou a Itália por 4 a 1, conquistando em definitivo a Taça Jules Rimet.
(Imagem: O Craiovano)
● FICHA TÉCNICA: |
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BRASIL 3 x 2 ROMÊNIA |
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Data: 10/06/1970 Horário: 16h00 locais Estádio: Jalisco Público: 50.804 Cidade: Guadalajara (México) Árbitro: Ferdinand Marschall (Áustria) |
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BRASIL (4-3-3): |
ROMÊNIA |
1 Félix (G) |
21 Stere Adamache (G) |
4 Carlos Alberto Torres (C) |
2 Lajos Sătmăreanu |
2 Brito |
4 Mihai Mocanu |
15 Fontana |
5 Cornel Dinu |
16 Everaldo |
3 Nicolae Lupescu |
3 Wilson Piazza |
15 Ion Dumitru |
5 Clodoaldo |
10 Radu Nunweiller |
7 Jairzinho |
16 Alexandru Neagu |
9 Tostão |
7 Emerich Dembrovschi |
10 Pelé |
9 Florea Dumitrache |
18 Paulo Cézar Caju |
11 Mircea Lucescu (C) |
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Técnico: Zagallo |
Técnico: |
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SUPLENTES: |
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12 Ado (G) |
1 Rică Răducanu (G) |
22 Leão (G) |
22 Gheorghe Gornea (G) |
21 Zé Maria |
12 Mihai Ivăncescu |
14 Baldocchi |
6 Dan Coe |
17 Joel Camargo |
13 Augustin Deleanu |
6 Marco Antônio |
14 Vasile Gergely |
8 Gérson |
20 Nicolae Pescaru |
11 Rivellino |
8 Nicolae Dobrin |
13 Roberto |
17 Gheorghe Tătaru II |
20 Dadá Maravilha |
18 Marin Tufanac |
19 Edu |
19 Flavius Domide |
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GOLS: |
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19′ Pelé (BRA) |
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22′ Jairzinho (BRA) |
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34′ Florea Dumitrache (ROM) |
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67′ Pelé (BRA) |
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84′ Emerich Dembrovschi (ROM) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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Mihai Mocanu (ROM) |
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Ion Dumitru (ROM) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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27′ Stere Adamache (ROM) ↓ |
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Rică Răducanu (ROM) ↑ |
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60′ Everaldo (BRA) ↓ |
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Marco Antônio (BRA) ↑ |
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72′ Florea Dumitrache (ROM) ↓ |
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Gheorghe Tătaru II (ROM) ↑ |
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74′ Clodoaldo (BRA) ↓ |
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Edu (BRA) ↑ |
Gols da partida:
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