… 05/06/2002 – Alemanha 1 x 1 Irlanda

Três pontos sobre…
… 05/06/2002 – Alemanha 1 x 1 Irlanda


(Imagem: Mandatory Credit / INPHO / Andrew Paton)

● A Alemanha viveu certa turbulência na reta final das eliminatórias, quando foi goleada em casa pela Inglaterra por 5 x 1, com direito a um “hat-trick” de Michael Owen. De quebra, perdeu o primeiro lugar no Grupo 9 para o “English Team” no saldo de gols e precisou disputar a repescagem com forte Ucrânia, de Andriy Shevchenko, Sergey Rebrov e outros. Empatou por 1 x 1 em Kiev e venceu bem, por 4 x 1 em Dortmund. A tradicional Alemanha estava na Copa.

Nas eliminatórias, a Irlanda surpreendeu ao bater de frente com os favoritos Portugal e Holanda no Grupo 2. Na primeira rodada, empate com os holandeses em Amsterdã por 2 a 2. Contra os lusos, foram dois empates por 1 a 1. Venceu todas as demais partidas, inclusive contra a Holanda em casa (1 x 0). Terminou com 24 pontos, juntamente com Portugal, mas perdeu a liderança no saldo de gols (26 a 18). A toda-poderosa Holanda, 4º lugar na Copa de 1998, estava eliminada da edição de 2002. E, por ter sido o melhor segundo lugar entre todos os grupos europeus, o Eire disputou a repescagem contra o Irã (terceiro melhor do qualificatório da Ásia). Venceu em Dublin por 2 a 0 e perdeu em Teerã por 1 a 0. A vaga estava garantida.

A Irlanda perdeu seu principal jogador às vésperas do Mundial. O técnico Mick McCarthy expulsou o experiente volante Roy Keane da delegação por este ter feito severas críticas à imprensa sobre as condições de treinamento. O treinador manteve sua postura mesmo após o atleta ter pedido desculpas. “Enquanto eu continuar como técnico da seleção, ele não volta. Se ele retornasse, eu perderia vários jogadores”, afirmou. A Federação Irlandesa tentou de todo jeito substituir Roy Keane por Colin Healy na lista de inscritos, mas não teve autorização da FIFA. Segundo as regras, só se pode alterar a lista definitiva em caso de lesão de um atleta ou por algum motivo de força maior – como a morte de um familiar, por exemplo. A Irlanda ficou com um jogador a menos na delegação.

Ex-zagueiro, o técnico Mick McCarthy havia participado como jogador da Eurocopa de 1988 e da Copa do Mundo de 1990 (era capitão) – primeiras participações do país nas fases finais das competições. Mas o treinador parecia não ter se acostumado à aposentadoria dos campos. Curiosamente, ele se vestia a caráter: blusa, calções, meiões e até chuteiras para comandar seu time à beira do gramado.

Na primeira rodada da chave, a Alemanha massacrou a Arábia Saudita por incríveis 8 x 0, enquanto a Irlanda sofreu para empatar com Camarões por 1 x 1.


O ex-centroavante Rudi Völler escalou a Alemanha no 3-5-2, apostando no talento de Michael Ballack (que jogou com dores, no sacrifício) e no faro de gol de Miroslav Klose.


O ex-zagueiro Mick McCarthy formou a Irlanda no sistema 4-4-2. Sem a bola, Damien Duff recuava para formar o 4-5-1. Com a bola, a aposta era a velocidade de Robbie Keane.

● Na segunda rodada do Grupo E, a partida entre Alemanha e Irlanda praticamente se resumiu no jogo aéreo. E o bombardeio aéreo alemão, que pulverizou a defesa saudita, voltou a funcionar contra a Irlanda.

Michael Ballack recebeu na intermediária, ergueu a cabeça e cruzou de esquerda. Foi um “cruzamento de GPS”, bem no ponto futuro, onde Miroslav Klose (sempre ele!) completou de cabeça, da marca do pênalti. Foi o quarto gol do centroavante no Mundial – o quarto de cabeça (ele viria a se tornar o maior artilheiro da história das Copas doze anos depois). Comemoração clássica do camisa 11, com uma cambalhota no ar.

No lance, o lateral esquerdo Ian Harte falhou na marcação, ao não acompanhar a arrancada de Klose. Harte também havia falhado na estreia contra Camarões.


(Imagem: Martin Rose / Bongarts / Getty Images)

Cinco minutos depois, Damien Duff cruzou da direita, a zaga alemã rebateu e Matt Holland emendou de primeira. A bola passou raspando à trave direita. Foi uma jogada muito parecida com o gol que o camisa 8 marcou contra os camaroneses no jogo anterior.

A Alemanha quase chegou ao segundo gol. Carsten Jancker desviou uma bola perigosa, mas o goleiro Shay Given estava atento.

Apesar do predomínio na etapa inicial, os alemães não conseguiram transformar o domínio em maior vantagem no marcador. Apesar disso, conseguiram fechar bem o meio e limitar a criação de jogadas da equipe irlandesa.

Mas seria diferente no segundo tempo. A Irlanda cresceu sob a liderança técnica de Robbie Keane e teve 58% de posse de bola. Passou a pressionar mais em busca do empate, mas desperdiçava algumas chances claras de gol.

Aos 11′, Steve Finnan cruzou da direita. A bola desviou na defesa germânica e sobrou para Duff, que finalizou. Mas Oliver Kahn fez uma defesa excepcional, à queima-roupa, fechando todos os espaços. Se contra a Arábia Saudita, Kahn tocou na bola apenas para bater tiro de meta, contra os britânicos ele teve muito trabalho. Fez três defesas salvadoras.

Em um contra-ataque, a Alemanha perdeu uma grande chance para definir o placar. Bernd Schneider deixou com Jancker, que encobriu Given, mas a bola foi fraca e para fora. Finnan já estava na cobertura se a bola tivesse tomado o rumo do gol.

Logo depois, Torsten Frings ganhou no corpo de Kevin Kilbane e cruzou bem da direita. Klose subiu sozinho, mas cabeceou por cima.

O empate demorou, mas aconteceu e fez justiça ao placar.

Aos 47 minutos do segundo tempo, Finnan deu um chutão para a frente. O gigante Niall Quinn ganhou no alto de Christoph Metzelder e desviou de cabeça. Robbie Keane invadiu em velocidade entre Thomas Linke e Carsten Ramelow e finalizou forte já de dentro da pequena área. O monstro Oliver Kahn fechou o ângulo e desviou a bola, que ainda bateu na trave antes de entrar.

Um gol chorado. Só assim mesmo para fazer um gol naquele momento nessa parede que era Oliver Kahn. Ele era um goleiro espetacular e teve seu auge na Copa de 2002.


(Imagem: Andy Hooper / Daily Mail)

● O empate impediu a classificação antecipada da Nationalelf e fez os alemães terem um choque de realidade. Nem tudo eram maravilhas, como a goleada sobre os sauditas fizera parecer. As lesões tiraram jogadores importantes do elenco, que sentia falta da criatividade de Mehmet Scholl e Sebastian Deisler, além da segurança da experiente dupla de zaga Christian Wörns e Jens Nowotny. Os críticos da imprensa alemã eram ferozes com o trio defensivo: Thomas Linke era chamado de lento, Christoph Metzelder de inexperiente e Carsten Ramelow de meio-campista medíocre improvisado como líbero. O centroavante Carsten Jancker, autor de “incríveis” zero gols na Bundesliga pelo Bayern de Munique, cumpria apenas uma função tática de atrair a marcação e era estéril na frente do gol adversário. Críticas justas, apesar da acidez.

A Alemanha ainda venceria Camarões (2 x 0), se classificando em primeiro do grupo. Passaria ainda pelo Paraguai (1 x 0, nas oitavas de final) e Estados Unidos (1 x 0, nas quartas). Na semifinal, venceu a co-anfitriã (e surpresa) Coreia do Sul também por 1 a 0 e chegou à final contra o Brasil, quando perdeu por 2 a 0 e adiou o sonho do tetra.

Na rodada final, a Irlanda bateu a Arábia Saudita por 3 a 0 e se classificou em segundo lugar da chave, com cinco pontos. Curiosamente, a Irlanda passou de fase em todas as Copas que disputou (1990, 1994 e 2002). Nas oitavas de final, os celtas venderam muito caro a eliminação para a Espanha, após empate por 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação. Chegou a perder um pênalti durante os 90 minutos. Mas, no fim, perdeu nos pênaltis por 3 a 2 e saiu de cabeça erguida, de forma invicta.


(Imagem: RTE)

FICHA TÉCNICA:

 

ALEMANHA 1 x 1 IRLANDA

 

Data: 05/06/2002

Horário: 20h30 locais

Estádio: Kashima Soccer Stadium

Público: 35.854

Cidade: Ibaraki (Japão)

Árbitro: Kim Milton Nielsen (Dinamarca)

 

ALEMANHA (3-5-2):

IRLANDA (4-4-2):

1  Oliver Kahn (G)(C)

1  Shay Given (G)

2  Thomas Linke

2  Steve Finnan

5  Carsten Ramelow

14 Gary Breen

21 Christoph Metzelder

5  Steve Staunton (C)

22 Torsten Frings

3  Ian Harte

19 Bernd Schneider

18 Gary Kelly

8  Dietmar Hamann

12 Mark Kinsella

13 Michael Ballack

8  Matt Holland

6  Christian Ziege

11 Kevin Kilbane

9  Carsten Jancker

9  Damien Duff

11 Miroslav Klose

10 Robbie Keane

 

Técnico: Rudi Völler

Técnico: Mick McCarthy

 

SUPLENTES:

 

 

12 Jens Lehmann (G)

16 Dean Kiely (G)

23 Hans-Jörg Butt (G)

23 Alan Kelly (G)

3  Marko Rehmer

15 Richard Dunne

4  Frank Baumann

4  Kenny Cunningham

15 Sebastian Kehl

20 Andy O’Brien

16 Jens Jeremies

21 Steven Reid

17 Marco Bode

22 Lee Carsley

18 Jörg Böhme

6  Roy Keane (cortado da delegação)

10 Lars Ricken

7  Jason McAteer

14 Gerald Asamoah

19 Clinton Morrison

7  Oliver Neuville

13 David Connolly

20 Oliver Bierhoff

17 Niall Quinn

 

GOLS:

19′ Miroslav Klose (ALE)

90+2′ Robbie Keane (IRL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

73′ Gary Kelly (IRL) ↓

Steven Reid (IRL) ↑

 

73′ Ian Harte (IRL) ↓

Niall Quinn (IRL) ↑

 

75′ Carsten Jancker (ALE) ↓

Oliver Bierhoff (ALE) ↑

 

85′ Miroslav Klose (ALE) ↓

Marco Bode (ALE) ↑

 

87′ Steve Staunton (IRL) ↓

Kenny Cunningham (IRL) ↑

 

89′ Bernd Schneider (ALE) ↓

Jens Jeremies (ALE) ↑


(Imagem: Balls.ie)

Gols da partida:

Compilado de belas imagens do jogo, com uma ótima música de fundo:

2 pensou em “… 05/06/2002 – Alemanha 1 x 1 Irlanda

  1. Pingback: ... 01/06/2002 - Irlanda 1 x 1 Camarões - Três Pontos

  2. Pingback: ... 01/06/2002 - Alemanha 8 x 0 Arábia Saudita - Três Pontos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *