… 05/07/1994 – Itália 2 x 1 Nigéria

Três pontos sobre…
… 05/07/1994 – Itália 2 x 1 Nigéria


(Imagem: Pinterest)

● O confronto das oitavas de final entre Nigéria e Itália colocava frente a frente dois estilos completamente diferentes de jogo: a ousadia dos africanos contra a disciplina dos europeus.

Na primeira fase, a Nigéria foi líder do Grupo D, goleando a Bulgária (3 x 0), perdendo para a Argentina (2 x 1) e vencendo a Grécia (2 x 0). Surpreendentemente, logo em sua primeira Copa do Mundo, a Nigéria tinha ficado em primeiro lugar em seu grupo e enfrentaria a poderosa Itália nas oitavas de final.

A Itália estreou perdendo para a Irlanda por 1 x 0. Depois, bateu a Noruega por 1 a 0 e empatou com o México por 1 a 1. Pela primeira e única vez na história das Copas, um grupo terminava com as quatro seleções rigorosamente empatadas, tanto em pontos ganhos (quatro) como em saldo de gols (zero). O México ficou em primeiro lugar por ter tido o melhor ataque (três gols), a Irlanda ficou em segundo lugar por ter vencido a Itália no confronto direto, a Itália se classificou na repescagem, em terceiro lugar, e a Noruega ficou de fora por ter marcado menos gols (só um).

A Nigéria tinha conquistado seu segundo título da Copa Africana de Nações havia menos de três meses e se apresentava como possível surpresa do Mundial. Contava com verdadeiros diamantes brutos, como Jay-Jay Okocha, Sunday Oliseh, Finidi George, Emmanuel Amunike e Daniel Amokachi, além do experiente centroavante Rashidi Yekini. O clima era tão favorável que o presidente da federação, Samson Omeruah, resolveu falar demais: “Os italianos são famosos no mundo todo pela máfia, não por jogar futebol”. Ele deve ser ter se esquecido dos três títulos mundiais (até então) e do peso da camisa da Squadra Azzurra.

Alheio a polêmicas, o técnico Clemens Westerhof foi mais realista, afirmando que as chances de sua equipe eram de 50%. O treinador trouxe a visão holandesa do futebol: velocidade, exuberância e técnica, que foram somadas à força física e habilidade naturais dos africanos. A maioria dos jogadores nigerianos já atuavam em clubes da Europa e combinavam os estilos europeu e africano.

O grande treinador italiano Arrigo Sacchi deixou sua idolatria no Milan para liderar a Azzurra. Para essa partida, ele promovia ajustes no seu time com as entradas de Roberto Mussi na lateral direita e Danielle Massaro no comando de ataque. Substituto natural de Franco Baresi tanto na função de líbero, quanto no uso da tarja de capitão, Paolo Maldini migrou da lateral esquerda para o centro da defesa.

Mas independente de qualquer coisa, a esperança dos italianos continuava sendo Roberto Baggio, então detentor do posto de melhor jogador do planeta.

Antes do pontapé inicial, a concentração nigeriana recebeu a visita especial do astro da NBA, Hakeem Olajuwon, nascido em Lagos (capital da Nigéria) e apaixonado por futebol.


Arrigo Sacchi escalou sua equipe no 4-4-2. Com a bola, Baggio avançava formando um 4-3-3.


A Nigéria atuava no 4-4-2, mas com o apoio de todos no meio campo. Quando atacava, formava um 4-2-4 com Finidi e Amunike bem abertos.

● Diante de 54.367 pessoas, no Foxboro Stadium, em Massachusetts, os nigerianos dominaram a partida.

Valendo-se de suas habilidades e, sobretudo, de uma condição física superior, as Super Águias inauguraram o marcador aos 25 minutos do primeiro tempo. Após a cobrança um escanteio, Paolo Maldini cortou mal e Emmanuel Amunike tocou na saída do goleiro Luca Marchegiani para abrir o placar.

Os nigerianos controlaram a posse de bola durante toda a partida, sem sofrer com o ataque italiano.

Aos 20′ da segunda etapa, Sacchi busca dar mais energia ao time, trocando Giuseppe Signori por Gianfranco Zola. Mas apenas dez minutos depois, Zola foi expulso por uma entrada mais forte em um adversário.

Agora as Super Águias venciam por 1 a 0 e tinham um jogador a mais em campo nos quinze minutos finais. Mas, sem ambição, ao invés de matar logo o jogo, davam toques de efeito, esperando o jogo terminar.

O tempo vai se esgotando para os italianos, que não conseguem criar nenhuma chance clara de gol.

Com um toque de bola envolvente, parecia que a classificação africana estava mais do que assegurada.

Porém, por pura inexperiência, eles permitiram a igualdade aos 43 minutos do segundo tempo. Roberto Mussi ganhou a dividida com a defesa adversária a rolou para o meia-atacante Roberto Baggio chutar colocado, de forma consciente, entre um zagueiro adversário, Massaro e a trave direita. Um lindo gol. Uma enorme falha defensiva, que permitiu o gol para os italianos a dois minutos do fim.

Aos 10 minutos da prorrogação, os africanos voltaram a incorrer no mesmo erro. Antonio Benarrivo avança e cai na área em disputa de bola com um zagueiro. Um pênalti infantil. Roberto Baggio, sempre ele, cobrou firme no canto direito de Peter Rufai, “O Príncipe”. A bola tocou na trave antes de entrar.

Com a virada, os italianos travaram o jogo até o apito final.


(Imagem: Getty Images / Globo Esporte)

“O avião já estava partindo para casa, mas eu parei seu motor”, disse um sorridente Baggio.

No dia seguinte, os jornais da Velha Bota esqueceram toda a desconfiança em torno do jogador da Juventus e festejaram seu craque.

No mata-mata, a Itália venceria todos seus jogos por 2 a 1: a Nigéria, nas oitavas; a Espanha, nas quartas; e a Bulgária, nas semifinais. Na final, após o empate sem gols com o Brasil, perdeu nos pênaltis por 3 a 2.

A falta de experiência e malícia minou as esperanças alviverdes de repetirem o feito dos rivais camaroneses na Copa do Mundo de 1990, quando os Leões Indomáveis alcançaram uma vaga nas quartas de final.

Era o fim da Copa para a Nigéria, mas o início de grandes celebrações por parte da torcida no país, que recebeu seus jogadores com muita festa na volta para casa.

E as Super Águias corresponderam logo, ao conquistar a inédita medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, ao derrotar o Brasil na semifinal e a Argentina na final.

Na Copa de 1998, novamente os nigerianos fizeram uma boa competição, mas voltaram a cair nas oitavas de final.


(Imagem: A Tribuna)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 2 x 1 NIGÉRIA

 

Data: 05/07/1994

Horário: 13h00 locais

Estádio: Foxboro Stadium

Público: 54.367

Cidade: Foxborough (Estados Unidos)

Árbitro: Arturo Brizio Carter (México)

 

ITÁLIA (4-4-2):

NIGÉRIA (4-4-2):

12 Luca Marchegiani (G)

1  Peter Rufai (G)(C)

8  Roberto Mussi

2  Augustine Eguavoen

4  Alessandro Costacurta

5  Uche Okechukwu

5  Paolo Maldini (C)

6  Chidi Nwanu

3  Antonio Benarrivo

19 Michael Emenalo

14 Nicola Berti

15 Sunday Oliseh

11 Demetrio Albertini

10 Jay-Jay Okocha

16 Roberto Donadoni

7  Finidi George

10 Roberto Baggio

11 Emmanuel Amunike

20 Giuseppe Signori

14 Daniel Amokachi

19 Daniele Massaro

9  Rashidi Yekini

 

Técnico: Arrigo Sacchi

Técnico: Clemens Westerhof

 

SUPLENTES:

 

 

1  Gianluca Pagliuca (G)

16 Alloysius Agu (G)

22 Luca Bucci (G)

22 Wilfred Agbonavbare (G)

2  Luigi Apolloni

4  Stephen Keshi

6  Franco Baresi

13 Emeka Ezeugo

7  Lorenzo Minotti

20 Uche Okafor

9  Mauro Tassotti

3  Benedict Iroha

15 Antonio Conte

21 Mutiu Adepoju

17 Alberigo Evani

8  Thompson Oliha

13 Dino Baggio

18 Efan Ekoku

21 Gianfranco Zola

12 Samson Siasia

18 Pierluigi Casiraghi

17 Victor Ikpeba

 

GOLS:

25′ Emmanuel Amunike (NIG)

88′ Roberto Baggio (ITA)

102′ Roberto Baggio (ITA) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

2′ Michael Emenalo (NIG)

6′ Daniele Massaro (ITA)

29′ Alessandro Costacurta (ITA)

41′ Mutiu Adepoju (NIG)

53′ Sunday Oliseh (NIG)

58′ Chidi Nwanu (NIG)

60′ Giuseppe Signori (ITA)

62′ Dino Baggio (ITA)

80′ Paolo Maldini (ITA)

 

CARTÃO VERMELHO: 75′ Gianfranco Zola (ITA)

 

SUBSTITUIÇÕES:

35′ Daniel Amokachi (NIG) ↓

Mutiu Adepoju (NIG) ↑

 

INTERVALO Nicola Berti (ITA) ↓

Dino Baggio (ITA) ↑

 

57′ Emmanuel Amunike (NIG) ↓

Thompson Oliha (NIG) ↑

 

65′ Giuseppe Signori (ITA) ↓

Gianfranco Zola (ITA) ↑

Gols e lances chave da partida:

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