Três pontos sobre…
… 08/06/1958 – Brasil 3 x 0 Áustria
Nílton Santos surpreendeu, avançou ao ataque e marcou o segundo gol brasileiro (Imagem: Getty Images)
● Para a Copa do Mundo de 1958, chegaram como favoritas para a competição a seleção da Inglaterra (que embora não justificasse em campo, ainda era aclamada como a melhor do mundo), a Alemanha Ocidental (campeã mundial em 1954) e a União Soviética (com seu “futebol científico”). Dentre as sul-americanas, apenas a Argentina merecia alguma atenção, não pelo favoritismo, mas pelo fato de ter voltado a disputar um Mundial 24 anos depois.
O Brasil foi sorteado no grupo mais equilibrado da competição. A Áustria tinha terminado o Mundial anterior no 3º lugar; a Inglaterra era sempre forte, embora desfalcada pelo acidente que vitimou vários atletas do Manchester United e titulares do English Team; a União Soviética era estreante em Copas, mas vinha com praticamente a mesma equipe que tinha conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos em 1956, em Melbourne.
O adversário brasileiro na estreia era a forte Áustria, capitaneada por Gerhard Hanappi.
Mas a Seleção Brasileira estava muito bem preparada, como já contamos neste outro texto.
O Brasil atuava em um falso 4-2-4, se transformando em um 4-3-3 com o recuo voluntário de Zagallo.
A Áustria jogava no tradicional sistema WM.
● Um público de 17.788 pessoas compareceram ao estádio Rimnersvallen, na pequena cidade de Uddevalla, para assistir a um encontro clássico: a técnica sul-americana contra a força e a destreza europeia.
O jogo foi duro, especialmente na primeira etapa, com os jogadores tensos e o ataque brasileiro hesitante.
Gylmar chegou a salvar algumas oportunidades criadas pela Áustria.
Até que aos 37 minutos, o craque brasileiro Didi faz um lançamento genial, de seu próprio campo, para José Altafini, o “nosso” Mazzola. O jovem prodígio do Palmeiras recebe na área, domina e chuta cruzado, no canto direito de Szanwald, para abrir o placar.
A Áustria começa bem o segundo tempo, dando sinais de que continuaria pressionando. O ponta direita Walter Horak passa pela defesa brasileira, mas Gylmar agarra firme o chute de Hans Buzek.
Os austríacos avançam com tudo, mas sofrem com os contra-ataques.
Aos 5′ da etapa final, Nílton Santos, a “Enciclopédia do Futebol”, roubou a bola de Horak e arrancou pela esquerda (uma cena raríssima no futebol daquela época). Como Zagallo fez a cobertura, o lateral esquerdo avançou, chegou à área, tabelou com Mazzola, recebeu nas costas da defesa e tocou no alto, na saída do goleiro. Foi o gol mais importante dos 14 que Nílton marcou em toda sua carreira. Ele contrariou completamente as ordens do técnico Vicente Feola, que, do banco de reservas, gritava: “Volta, Nílton! Volta!” até o momento em que a bola parou na rede. Felizmente o craque não obedeceu ao treinador, que depois mudou o grito: “Boa, Nílton! Boa!”
Pouco depois, Dino Sani cruza perigosamente, mas o goleiro Rudolf Szanwald segura com tranquilidade.
O Brasil se mantém firme diante da pressão constante (mas inócua) da Áustria.
De Sordi avança, mas não tem a qualidade de Nílton Santos. Seu chute vai longe da meta.
A um minuto do fim, Mazzola arranca, cercado por dois marcadores, e chuta de fora da área, no canto esquerdo do goleiro. Era seu segundo gol no jogo, o terceiro do Brasil.
Boa estreia brasileira: 3 a 0.
Mazzola deu muito trabalho ao goleiro Rudolf Szanwald (Imagem: Globo Esporte)
● As joelheiras de Gylmar ¹*
Ao chegar no vestiário, o goleiro Gylmar dos Santos Neves notou o desespero do roupeiro:
– Gylmar, esqueci as suas joelheiras no hotel. O doutor Paulo vai querer me matar!
– Não se preocupe! – respondeu Gylmar. – Vou dizer que eu é que decidi jogar sem joelheiras.
Gylmar jogou sem o acessório contra a Áustria e não sentiu falta. Tanto que não usaria mais joelheiras pelo resto da competição.
– No final, achei que joguei com mais liberdade.
¹* Trecho extraído do livro:
Duarte, Marcelo. O Guia dos Curiosos: Copas. 1. ed. São Paulo: Panda Books, 2014.
(Imagem localizada no Google)
● FICHA TÉCNICA: |
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BRASIL 3 x 0 ÁUSTRIA |
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Data: 08/06/1958 Horário: 19h00 locais Estádio: Rimnersvallen Público: 17.788 Cidade: Uddevalla (Suécia) Árbitro: Maurice Guigue (França) |
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BRASIL (4-2-4): |
ÁUSTRIA (WM): |
3 Gylmar (G) |
1 Rudolf Szanwald (G) |
14 De Sordi |
5 Gerhard Hanappi (C) |
2 Bellini (C) |
3 Ernst Happel |
15 Orlando |
4 Franz Swoboda |
12 Nilton Santos |
2 Paul Halla |
5 Dino Sani |
6 Karl Koller |
6 Didi |
7 Walter Horak |
17 Joel |
11 Helmut Senekowitsch |
18 Mazzola |
9 Hans Buzek |
21 Dida |
10 Alfred Körner |
7 Zagallo |
13 Walter Schleger |
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Técnico: Vicente Feola |
Técnico: Josef Argauer |
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SUPLENTES: |
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1 Castilho (G) |
12 Kurt Schmied (G) |
4 Djalma Santos |
22 Bruno Engelmeier (G) |
16 Mauro |
15 Walter Kollmann |
9 Zózimo |
18 Leopold Barschandt |
8 Oreco |
16 Karl Stotz |
19 Zito |
17 Ernst Kozlicek |
13 Moacir |
21 Ignaz Puschnik |
11 Garrincha |
20 Herbert Ninaus |
20 Vavá |
8 Paul Kozlicek |
10 Pelé |
14 Josef Hamerl |
22 Pepe |
19 Robert Dienst |
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GOLS: |
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37′ Mazzola (BRA) |
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50′ Nilton Santos (BRA) |
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85′ Mazzola (BRA) |
Gols da partida:
Melhores momentos da partida:
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