Três pontos sobre…
… Cartões verde e branco no futebol
(Imagem: “www.rtp.pt”)
● Desde seu início, o futebol conviveu com regras e com alguns jogadores que as infringiam. As faltas e advertências verbais foram insuficientes e a simples exclusão de um infrator passou a ser utilizada. E assim foi por muitos anos, até um acontecimento na Copa de 1966, em que jogavam a dona da casa, Inglaterra e a Argentina. A partida foi apitada por um alemão, ou seja, três idiomas em campo e ninguém se entendia. Inconformado com a arbitragem, o capitão argentino Antonio Rattín começou a gesticular solicitando um intérprete para conversar com o árbitro, que não entendeu e o expulsou de campo. Inconformado, Rattín negou-se a deixar o campo e, quando saiu escoltado pela polícia, quebrou o mastro da bandeirinha inglesa de escanteio e se sentou no lugar reservado para a rainha (que não foi ao jogo). Isso só elevou a fúria de toda a torcida, gratuitamente.
● Mas como proceder para formalizar a advertência e a expulsão a um atleta, em uma linguagem universal? O inglês Kenneth “Ken” Aston foi convidado para ser o chefe da arbitragem na Copa de 70 e tinha essa pendência para resolver. Ao desembarcar na Cidade do México, em um táxi, percebeu com atenção quando o motorista reduziu a velocidade em um semáforo amarelo e parou o carro em um sinal vermelho. Pronto! Estava solucionado o problema com os cartões destas cores. Fora do futebol, é comum chamarmos a atenção de alguém dizendo: “Cartão vermelho pra você!”
● Recentemente tentaram sem sucesso (felizmente) a inclusão do cartão azul, que resultaria suspensão temporária do atleta infrator, em um nível intermediário de punição entre o amarelo e o vermelho. O árbitro português João Capela quer instituir o cartão branco, para bom comportamento (o tão falado flair play). Ele afirma que “é uma forma que o árbitro tem de valorizar aquilo que são os bons comportamentos e os valores positivos”. O dia 01/10/2016 foi histórico, pois na Série B italiana o árbitro Marco Mainardi mostrou o cartão verde ao meia Cristian Galano. Na goleada do Virtus Entella sobre o Vicenza por 4 a 1, em uma jogada em que o juiz marcou escanteio, o jogador da equipe derrotada admitiu que era apenas tiro de meta. Sua honestidade lhe valeu o primeiro cartão verde da história. Verde ou branco, tanto faz. É uma pena que o mundo tenha se tornado tão competitivo, que valores como respeito e honestidade são vistos como virtudes e não como obrigação.
(Imagem: “sport.es”)