Arquivo da categoria: Biografias

… Mané Garrincha: a alegria nunca morrerá!

Três pontos sobre…
… Mané Garrincha: a alegria nunca morrerá!


(Imagem: R7)

Se estivesse vivo, Garrincha faria aniversário hoje.

Como um dos “deuses” do futebol, ele é imortal.

Relembramos aqui algumas matérias nossas em homenagem a esse ícone do futebol maroto e campeão.

… Garrincha e o restaurante francês

… Mané Garrincha: “Alegria do Povo”

… Mané Garrincha: “Anjo de Pernas Tortas”

… Mané Garrincha: frases, citações, música e poesias

… Rei Pelé: primeiro e único!

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… Rei Pelé: primeiro e único!


Imagem: Placar

Hoje é aniversário de Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé.

Relembramos aqui algumas matérias nossas destacando essa lenda.

Vida longa ao Rei!

… Rei Pelé e seus nomes

… Pelé: o melhor goleiro da história do futebol

… Rei Pelé: famoso também pelos gols não feitos

… Rei Pelé e algumas curiosidades

… Rei Pelé: ministro, ator e sua saúde

… Milésimo gol de Pelé

… 24/06/1958 – Brasil 5 x 2 França – A coroação de um menino-deus da bola

… 29/06/1958 – Suécia 2 x 5 Brasil – Primeiro título mundial do Rei

… 21/06/1970 – Brasil 4 x 1 Itália – A consagração definitiva de Pelé

… Alfred Bickel e Erik Nilsson: ídolos antes e depois da 2ª Guerra Mundial

Três pontos sobre…
… Alfred Bickel e Erik Nilsson: ídolos antes e depois da 2ª Guerra Mundial


Alfred Bickel em ação na Copa do Mundo de 1938. (Imagens localizadas no Google)

● O suíço Alfred Bickel e o sueco Erik Nilsson estão na história do futebol. Embora um fosse atacante e o outro defensor, eles têm mais coisas entre si do que parece.

Ambos tiveram longas carreiras, eram destaques em seus clubes e seleções e enfrentaram o Brasil na Copa do Mundo de 1950.

Mas o que os difere dos demais mortais, é que são os únicos atletas a disputarem Copas do Mundo antes e depois da Segunda Guerra Mundial, em 1938 e 1950.


Erik Nilsson conquistou o ouro olímpico em 1948.

● Erik Nilsson nasceu em Limhamn, no dia 06/08/1916. Faleceu em 09/09/1995, com 79 anos, em Höllviken.

Começou no futebol com 17 anos, nas divisões de base da equipe de sua cidade natal, o Limhamns IF. No ano seguinte, em 1934, já estava no time principal do Malmö FF. Atuava como zagueiro e depois como defensor pelo lado esquerdo, no sistema WM.

Teve uma carreira bastante longeva, sempre pelo time do Malmö, no qual foi campeão sueco cinco vezes (1943/44, 1948/49, 1949/50, 1950/51 e 1952/53), bicampeão da segunda divisão sueca (1934/35 e 1935/36) e conquistou também cinco vezes a Copa da Suécia (1944, 1946, 1947, 1951 e 1953). Nesse ínterim, foi sondado pelo Milan, mas rejeitou a oferta, preferindo continuar ídolo em seu país. Entre 1934 e 1953 foram 326 partidas com a camisa azul clara do Malmö FF, anotando apenas dois gols.

Pela seleção da Suécia foram 57 partidas. Disputou duas Copas do Mundo e duas Olimpíadas. Na Copa de 1938, terminou em 4º lugar. Ficou em 3º em 1950 e foi eleito pela FIFA para a seleção do torneio. Nos Jogos Olímpicos de 1948, ajudou seu país a conquistar a medalha de ouro. Nas Olimpíadas seguintes, em 1952, conquistou a medalha de bronze.

Foi eleito o melhor jogador sueco no ano de 1950 (Guldbollen). Entrou para o Hall da Fama do futebol de seu país em 2003.


Alfred Bickel, um dos maiores ídolos da história do Grasshopper.

● Alfred Bickel nasceu no dia 12/05/1918, na cidade de Eppstein. Morreu na mesma cidade, em 18/08/1999, aos 81 anos de idade.

Fredy Bickel era atacante e jogou 21 anos como profissional (entre 1935 e 1956) sempre no Grasshopper. Marcou 202 vezes em 405 jogos pelo clube de Zurique. Conquistou sete títulos do Campeonato Suíço (1937, 1939, 1942, 1943, 1945, 1952 e 1956) e nove da Copa da Suíça (1937, 1938, 1940, 1941, 1942, 1943, 1946, 1952 e 1956).

Atuou pela seleção da Suíça entre 1936 e 1954, disputando 71 partidas e marcando 15 gols.

Disputou dois Mundiais. Em 1938, foi eleito informalmente o melhor jogador jovem do torneio, anotando um gol e ajudando sua seleção a vencer a Alemanha nazista na primeira fase, no jogo desempate. Na Copa de 1950, a Suíça caiu na primeira fase. Esteve na preparação para a disputa da Copa em casa, em 1954, mas já tinha 36 anos e foi cortado da convocação final.

Foi eleito o esportista suíço do ano em 1953.

Após se retirar dos gramados, foi técnico do Grasshopper por duas vezes: de 1958 a 1960 e de 1963 a 1964.

… Casagrande e Sócrates: amor fraterno, além da vida

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… Casagrande e Sócrates: amor fraterno, além da vida


(Imagem: Rádio Poliesportiva)

Confesso que te amei ¹*
(Por Walter Casagrande Júnior)

” Claro que fiquei muito triste com a morte do Sócrates, mas, de forma até egoísta, o sentimento predominante é de alívio. Isso porque tive a chance de falar para o cara, olhando bem nos seus olhos, o quanto gosto dele. Precisava me sentar à mesa com o Magrão, reconhecer a importância que ele teve na minha história e recordar momentos especiais que vivemos juntos. Para mim, era algo fundamental.

Nós passamos muitos anos sem nos falar. Nunca brigamos, mas havíamos nos separado em decorrência da vida. Ficaram uma distância e alguns ruídos na relação, por conta de visões diferentes sobre algumas questões. Mas nunca deixei de amá-lo e precisava lhe falar isso antes de sua partida. Felizmente, essa oportunidade surgiu por conta das internações anteriores. Se não tivesse acontecido, agora estaria carregando um peso insuportável.

Sem dúvida, foi meu maior parceiro no futebol. Quando eu era juvenil no Corinthians, eu o tinha como ídolo e costumava ficar ao lado do campo para vê-lo nos treinamentos do time profissional. Depois, em 1981, fui jogar na Caldense e houve um amistoso lá contra a Seleção Brasileira. Fiquei ansioso, não sabia se ele me reconheceria. Mas o Magrão se lembrou de mim e até tiramos foto no campo.

No ano seguinte, voltei para o Corinthians e fiz minha estreia contra o Guará sem a presença do Sócrates. No segundo jogo, ele também não estava. Só fomos jogar juntos no terceiro, na vitória sobre o Fortaleza, com três gols do Zenon e um do Sócrates. Eu participei de todos os gols e percebi que daria liga.

A partir dali, formamos uma dupla memorável, com tabelinhas e troca de passes em que antecipávamos o pensamento do outro. As minhas características combinavam com as dele, nós nos completávamos. Podíamos até perder, o que faz parte do jogo, mas poucas vezes não rendemos bem juntos.

Nós também nos identificamos no aspecto político. Foi sensacional ter vivido a Democracia Corintiana a seu lado, lutado por eleições diretas para presidente e participado da fundação do PT. Como jogadores, aproveitamos a popularidade para passar mensagens contra a ditadura militar.

Compartilhávamos também da dependência química: tive problemas com drogas e ele, com álcool. Pagamos caro por isso. Sócrates não sobreviveu, mas parte em paz. Você deixou uma história fantástica, parceiro, e ajudou a tornar o mundo um pouco melhor. Tínhamos uma estreita aliança… Vou jogar meu anel fora. Fazer o que com um anel pela metade?  

¹* Trecho publicado originalmente no jornal “Diário de São Paulo”, no dia da morte do Dr. Sócrates e extraído do livro “Casagrande e seus demônios” ²*.

²* Bibliografia:
CASAGRANDE JÚNIOR, Walter; RIBEIRO, Gilvan. Casagrande e seus demônios. São Paulo: Globo, 2013. p. 145-146.

(Imagem: Editora Globo)

… William “Fatty” Foulke: o gigante de Sheffield

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… William “Fatty” Foulke: o gigante de Sheffield

“Who ate all the pies?
Who ate all the pies?
You fat bastard,
You fat bastard,
You ate all the pies!”

Indagar “quem comeu todas as tortas” é um hábito frequente nas arquibancadas inglesas, sempre dedicada a adversários ou árbitros que não estão em boa forma. De acordo com o livro “The Cat’s Pyjamas: The Penguin Book of Cliches”, o famoso cântico que ecoa nos gramados ingleses “Who ate all the pies?” (“Quem comeu todas as tortas?”) foi cantado pela primeira vez em 1894 pelos torcedores do Sheffield United para o seu goleiro William Foulke, que adorava as tortas vendidas nas arquibancadas durante as partidas.

Nos primórdios do futebol, quanto mais forte e pesado fosse o goleiro, melhor. Foulke levou isso bem ao pé da letra e se tornou uma lenda do futebol mundial na virada do século XIX para o XX.

O Sheffield United foi um dos melhores times na época, vencendo a Liga Inglesa em 1897/98 e a Copa da Inglaterra em 1898/99 e 1901/02. E durante 11 anos, a meta dos alvirrubros foi defendida por Foulke, goleiro célebre na época por ser um dos melhores da liga, mas também por ser enorme e gordo. Com 352 jogos pelo Sheffield United, ele ainda é o 22º que mais vestiu a camisa do clube.


(Imagem: Four Four Two)

● William Henry Foulke nasceu em 12/04/1874 na cidade de Dawley, no Condado de Shropshire, oeste da Inglaterra. Era também conhecido como “Bill”, “Billy”, “Willie” e, principalmente, “Fatty” (Gorducho). Fontes antigas indicam um apelido bastante contraditório e sarcástico: “Minúsculo”. Era famoso pelo seu porte físico avantajado, com 1,93 m e 152 kg, embora os relatórios sobre seu peso variem até hoje. Após terminar os estudos, seu primeiro emprego foi em uma mineradora, onde começou a praticar o futebol na posição de goleiro.

No começo da carreira, em 1892, pesava 98 kg, bem proporcional ao seu tamanho. Ele surgia como a nova revelação do gol entre os ingleses, tomando o lugar de Arthur Wharton, um jogador nascido em Gana, na África, que teria ido para a Inglaterra para ser missionário, até trocar a batina pelo futebol. Wharton foi o primeiro negro a jogar como goleiro em um clube de futebol. Em final de carreira, sempre contestado pela sua cor, acabou perdendo o lugar para Foulke que, por ser gordo, também era alvo de chacotas.

Foulke estreou pelo Sheffield United aos 20 anos, em 01/09/1894 contra o West Bromwich. Fez um grande campeonato logo na sua primeira temporada, sendo o grande destaque da equipe. E foi nesse ano de 1894 que ele percebeu que já estava ganhando mais dinheiro jogando futebol do que em seu trabalho na mineradora. Assim, largou seu emprego e passou a se dedicar exclusivamente ao futebol. Valeu a pena. Três temporadas depois, Foulke foi um dos grandes responsáveis por uma bela temporada do Sheffield United. Seu time ficou em segundo no campeonato.


(Imagem: Spartacus Educational)

Foi justamente nessa temporada que ele foi convocado para defender seu país. Mas disputou apenas um jogo pela seleção da Inglaterra, no dia 29/03/1897, na vitória sobre o País de Gales por 4 a 0 pelo Campeonato Britânico de Seleções (British Home Championship). Ele ainda era era bem jovem, com 22 anos e 351 dias na ocasião. Apesar de ter feito uma grande partida, nunca mais foi convocado. Mesmo com questionamentos sobre sua ausência no English Team, a verdade é que ter um gorducho no gol dos Three Lions não atraía o respeito de ninguém. Era uma grande retaliação ao goleiro, que embora fizesse grandes defesas, não convencia a todos pelo seu porte físico.

Apesar dos muitos quilos a mais, Foulke era um bom goleiro e surpreendentemente ágil. Sua corpulência intimidava os atacantes. Muitos não se arriscavam a fazer carga sobre ele com medo de bater no goleiro e serem empurrados para longe. Foulke, como os demais goleiros de sua época, não agarrava a bola, mas rebatia para bem longe da defesa, por muitas vezes proporcionando perigosos contra-ataques para sua equipe. Com uma força capaz de carregar um homem em cada braço, ele podia lançar a bola para além do meio do campo com apenas uma das mãos. Era também um exímio pegador de pênaltis e sua técnica era bem peculiar: como, em 1900, o goleiro não era obrigado a ficar em cima da linha do gol na hora da cobrança, o Gorducho esperava a autorização do juiz e corria em direção ao cobrador para parar a bola. Para os atacantes, aquele homem gigante vindo em sua direção era uma verdadeira visão do inferno.

Assim começou a brilhar o mito “Fatty” Foulke. Ele deixou de ser um goleiro e se tornou um personagem. Certa vez, ele se pendurou no travessão (que era de madeira, na época), mas o mesmo quebrou em duas partes com seu peso. O jogo precisou ser interrompido. Mas mesmo depois com travessões de ferro, ele se pendurava para diminuir alguns centímetros nas dimensões de seu gol e atrapalhar a equipe adversária.

Em uma ocasião, “Fatty” Foulke jogou a bola no chão e saiu correndo para o meio de campo, dominando a bola, tentando passar por todo mundo. Todos ficaram assustados, pois fazer isso não era comum nem para um zagueiro, muito menos para um goleiro. Eram coisas que chamavam a atenção. Ele era muito mais que um goleiro, era uma verdadeira atração.

“Eu não me importo do que me chamam, desde que eles não me chamem tarde para o almoço.”

Mesmo gordo, Foulke conseguiu levar a equipe do Sheffield United ao título do Campeonato Inglês. Ele já estava bem mais pesado e ainda assim teve a defesa menos vazada do campeonato, muito por conta de suas grandes defesas.

Na final da Copa da Inglaterra de 1898/99, salvou o Sheffield United com uma defesa monumental, mas acabou tendo uma lesão muscular. Ele precisou sair de campo e foi necessária a presença de seis homens para carregá-lo para fora do gramado.

Em 1901 Foulke se machucou, mas mostrou seu prestígio, voltando logo a jogar e mandando de volta ao banco William Biggar, seu reserva imediato. Mesmo com Biggar fazendo bons jogos, Foulke retomou a titularidade e seu suplente teve que se transferir para o West Ham para jogar.

No fim do primeiro jogo da final da FA Cup de 1902, Foulke protestou contra a arbitragem, dizendo que o gol de empate do Southampton foi irregular. O grandalhão saiu do vestiário completamente sem roupas e perseguiu o árbitro Tom Kirkham, que precisou se esconder em um armário de vassouras. Foulke teve que ser contido pelos diretores da FA (Football Association, a Federação de Futebol da Inglaterra) para não arrancar a porta do armário e alcançar o pobre juiz. No replay (jogo desempate), o Sheffield venceu por 2 a 1, com Foulke precisando fazer várias defesas difíceis para salvar o time. Ele também era o goleiro quando o United vergonhosamente foi eliminado da FA Cup de 1897/98 para o Burslem Port Vale, time que disputava a segunda divisão.

Em um derby de Sheffield, entre United e Wednesday, Foulke se chocou com o atacante adversário, Laurie Bell e caiu sobre ele. Foulke literalmente esmagou Bell e pensou que o tivesse matado. Felizmente, nada grave.

Foulke também foi um dos primeiros jogadores a “fazer cera”. Ele percebeu que poderia ganhar tempo depois das defesas que fazia, caindo em campo e ganhando segundos preciosos quando sua equipe estivesse vencendo.

Ele é um personagem folclórico e temperamental. Se achasse que seus zagueiros não estavam se esforçando o bastante, ele simplesmente saía de campo. Há a lenda de que ele já se sentou sobre pessoas que o ofenderam, até que elas pedissem desculpas. E quando era provocado por um atacante adversário, não se intimidava em pegar o pobre pelo pescoço e jogá-lo para dentro de seu gol. Ou então virá-lo de cabeça para baixo e enfiar sua cara na lama, como fez com George Allan, centroavante do Liverpool, durante uma partida da temporada de 1898/99.

Com o passar do tempo, ele percebeu que o seu sobrepeso estava prejudicando. Começou a ter muitas dificuldades para pegar bolas rasteiras. Isso refletiu em uma goleada sofrida por 7 a 1 para o Bury.

● Não demorou muito para Foulke se tornar uma atração à parte nos estádios da Inglaterra. Por isso, o inglês John Robertson não teve dúvidas em contratar o gigante para ser goleiro do clube que ele acabava de fundar, em 1905, chamado Chelsea FC. Como uma eficiente estratégia de marketing para atrair público para sua nova equipe, Robertson precisava de um ídolo e apostou em Foulke. Por 50 libras, o Gorducho chegou para ser o primeiro goleiro e primeiro capitão do clube. Tornou-se o queridinho das multidões, com sua capacidade técnica no gol. Ele fez 35 jogos pelos Blues. Sua paixão por comida também foi destaque, além de histórias clássicas, como ele amanhecer esperando o café da manhã na porta do restaurante dos hotéis.

O goleiro passou a arrastar uma boa plateia para as partidas do Chelsea. Sozinho, tinha um peso maior que o dos seus dois zagueiros juntos. Encantando com a popularidade, muitas vezes Foulke se distraía com o público, deixando seus companheiros em pânico. Para solucionar esse problema, o dirigente Robertson decidiu colocar dois garotos atrás do gol do Gorducho para chamar sua atenção quando o Chelsea estivesse sendo atacado e também atrapalhar a concentração dos oponentes. A presença dos meninos também servia para intimidar os atacantes, pois, ficando próximos ao goleiro gigante, passavam a impressão de que Foulke era ainda maior. Por vezes, esses garotos corriam e pegavam a bola que saía do campo. Assim, eram criados os gandulas.

A maior demonstração de gula da história de Foulke foi em sua passagem pelo Chelsea. Reza a lenda que, certa vez, sua equipe hospedou-se em um hotel na véspera de uma partida e quando os jogadores desceram para o restaurante na hora do jantar, Foulke tinha chegado primeiro e limpado os onze pratos com seu apetite assombroso.


(Imagem: Chelsea FC)

Foulke permaneceu apenas uma temporada no Chelsea (35 partidas), antes de se mudar para seu último clube, o Bradford City, onde encerrou a carreira em 1907 com 24 jogos pelo clube. Em sua passagem pelo Bradford, novamente ele partiu a trave em duas ao fazer uma defesa, fazendo com que o jogo fosse interrompido.

Em 06/02/1907, em um jogo contra o Accrington Stanley FC, a camisa de Foulke era vermelha, assim como a dos adversários, e ninguém conseguia encontrar uma camisa grande o suficiente para cabê-lo. Foi necessário ir a uma papelaria próxima, comprar folhas de papel gigantes e “embrulhá-lo” para que pudesse jogar sem que houvesse confusão entre os uniformes. O Bradford venceu o jogo e Foulke não pulou para não se sujar, literalmente passando a partida em branco.

Sem nenhuma preocupação em controlar o peso, Foulke foi ganhando dimensão ao longo dos anos até chegar a 165 kg no final de sua carreira.

Na temporada de 1900, disputou quatro partidas oficiais da principal divisão britânica de críquete pelo Derbyshire County Cricket Club, mas é lembrado principalmente no futebol.

Foulke também apareceu em um filme da produtora “Mitchell & Kenyon Films”, em uma partida de futebol disputada em 06/09/1902.

O pouco tempo que ele teve de vida depois do término de sua carreira foi bastante difícil. Se envolveu em apostas ilegais, em problemas judiciais e com a polícia. Estima-se que quando ele morreu, estivesse pesando mais de 170 kg. Após encerrar a carreira, teve um último emprego, praticamente uma atração circense. O Gorducho participava de uma brincadeira em Blackpool, na qual ele ficava sentado em um trampolim e a criançada tentava acertar o alvo para que o goleiro caísse na água. Ele recebia uma pequena ajuda de custo para isso.

Foukle morreu em Sheffield, em 01/05/1916 e foi enterrado no cemitério de Burngreave. Seu atestado de óbito aponta a cirrose como a principal causa da morte. Algumas fontes afirmam que quem o matou foi uma pneumonia, que o acometeu enquanto ganhava a vida nas ruas, defendendo pênaltis em troca de algumas míseras libras. Ele tinha 42 anos. Na vida pessoal, o que se sabe é que ele foi casado com Beatrice Foulke.

● Feitos e premiações de William Foulke:

Pelo Sheffield United:
– Campeão do Campeonato Inglês (First Division) em 1897/98.
– Vice-campeão do Campeonato Inglês (First Division) em 1896/97 e 1899/1900.
– Campeão da Copa da Inglaterra (FA Cup) em 1898/99 e 1901/02.
– Vice-campeão da Copa da Inglaterra (FA Cup) em 1900/01.

Distinções e premiações individuais:
– Primeiro goleiro e capitão da história do Chelsea.
– Disputou uma partida pela seleção da Inglaterra, sem sofrer gols.

… Fernandão: o eterno “Capitão América”

Três Pontos sobre…
… Fernandão: o eterno “Capitão América”


(Imagem localizada no Google)

● Fernandão é um desses ídolos que nunca morrem, viverá eternamente na memória amantes do futebol, especialmente no coração vermelho do torcedor colorado.

Fernando Lúcio da Costa nasceu em Goiânia em 18/03/1978. Começou sua carreira nas categorias de base do Goiás Esporte Clube, atuando como meia. Aos 16 anos, foi promovido ao time principal. Atuou com destaque no Esmeraldino entre 1995 e 2001, conquistando o pentacampeonato goiano entre 1996 e 2000, o bicampeonato da Copa Centro-Oeste (2000/01) e o Campeonato Brasileiro da Série B de 1999.

No meio do ano de 2001, se transferiu para a Europa, para jogar no Olympique de Marselha por três anos. Ainda jogaria por um semestre pelo Toulouse, também da França, onde começou a ser posicionado como centroavante, para aproveitar seu excelente posicionamento, seu cabeceio certeiro e sua altura (1,90 m).

Devido a um grande esforço do presidente Fernando Carvalho, o Internacional de Porto Alegre conseguiu repatriar Fernandão. E o craque soube retribuir ao Inter, mostrando seu melhor futebol. Já estreou caindo nas graças da torcida colorada ao marcar o milésimo gol da história do clássico Gre-Nal, feito que também lhe rendeu uma placa.

Em um futebol de mais força como o gaúcho, Fernandão se adaptou rapidamente no clube, como se tivesse nascido para jogar lá. Às vezes era escalado como centroavante, mas devido à grande técnica e inteligência tática, sua melhor posição era mesmo era a de origem, como meia, vindo de trás e aparecendo como elemento surpresa, chegando de frente para arrematar.

Após o polêmico vice-campeonato no Brasileirão de 2005, Fernandão viveu o ápice de sua carreira em 2006. Foi o capitão do time que deu ao Internacional seus dois maiores títulos: a Copa Libertadores da América e o Campeonato Mundial de Clubes da FIFA. No segundo jogo da final da Libertadores, contra o São Paulo, o Capitão foi decisivo, anotando um gol e dando uma assistência para o gol de Tinga. Fernandão foi eleito o melhor jogador da partida e ganhou um presente da patrocinadora do torneio.

O Capitão foi fundamental também na conquista da Copa Dubai em 2008, um torneio amistoso na qual o Inter derrotou a “xará” Internazionale de Milão, com um gol de fora da área anotado pelo próprio camisa 9.

Em 14/06/2008, ele se transferiu para o Al-Gharafa, do Qatar. Deixou o Inter como um dos maiores ídolos da história do clube. No Oriente Médio, conquistou a Liga nacional e a Copa do Emir do Qatar.

Rescindiu o contrato com o Al-Gharafa em 30/07/2009 e acertou sua volta para o clube que o revelou, o Goiás. Sem muito sucesso nesse retorno, se transferiu para o São Paulo em 06/05/2010, assinando contrato até do fim de 2011.

Logo na estreia, desequilibrou o confronto das quartas de final da Libertadores, auxiliando o Tricolor a derrotar o Cruzeiro no Mineirão. Marcou seu primeiro gol no clube justamente contra o Inter, em vitória do SPFC por 2 a 0 na terceira rodada do Brasileirão. Em 09/05/2011, São Paulo e Fernandão acertaram a rescisão de contrato de forma amigável. Ao todo, foram oito gols em 39 partidas pelo Tricolor do Morumbi. Encerrou a carreira ainda jovem (33 anos), com 225 gols marcados em 650 jogos.


(Imagem: Gazeta Press)

● Fernandão poderia ter tido mais oportunidades na Seleção Brasileira, mas a concorrência era bastante forte em suas posições (Ronaldo, Adriano, Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Kaká, só para citar alguns). Assim, a única chance que teve com a camisa canarinho foi em um amistoso em 27/04/2005, com vitória do Brasil sobre a Guatemala por 3 x 0, na despedida de Romário da Seleção.

Pela Seleção Sub-20, disputou o Campeonato Mundial de 1997, anotando dois gols em cinco jogos (o Brasil foi eliminado nas quartas de final em derrota para a Argentina por 2 a 0).

Após se aposentar dos gramados, se tornou diretor executivo do Internacional em 19/07/2011. Em 20/07/2012, após a demissão de Dorival Júnior, Fernandão foi anunciado como técnico do Inter, naquela que foi sua primeira e única experiência como treinador. Estreou dois dias depois, no Beira Rio, goleando o Atlético Goianiense por 4 a 1. Mas o ídolo não teria vida longa como comandante do Colorado. Em 20/11/2012 foi demitido pela diretoria após 26 jogos, sendo 9 vitórias, 8 empates e 9 derrotas (44,9% de aproveitamento). Foi anunciado como comentarista do canal SporTV para a Copa do Mundo de 2014, mas morreu poucos dias antes da abertura do torneio.

Fernandão faleceu em 07/06/2014, aos 36 anos, enquanto sobrevoava sua fazenda, na queda do helicóptero Helibrás HB-350BA Esquilo, prefixo PT-YJJ, que caiu por volta de 01h30 no município de Aruanã, nas proximidades do Rio Araguaia, cerca de 200 metros distante do local da decolagem, causando a morte de todos os cinco tripulantes, todos amigos do ex-jogador: Edmilson de Souza Leme (vereador de Palmeiras de Goiás), Antônio de Pádua “Bidó” (primo de Marconi Perillo), Lindomar Mendes Vieira (funcionário de uma fazenda) e o piloto Milton Ananias. Alguns relatos dizem que, no momento da chegada dos primeiros socorros, Fernandão foi o único resgatado com vida, mas faleceu a caminho do hospital. Deixou a viúva Fernanda e os filhos Enzo, Eloá e Thayná (esta do primeiro casamento).

Em homenagem ao eterno “Capitão América”, o Internacional construiu uma estátua do ídolo no pátio do Estádio Beira Rio, inaugurada em 17/12/2014. Em outra homenagem ao craque, a partir de 08/01/2016, a Rua B, ao lado do estádio, passou a se chamar “Rua Fernando Lúcio da Costa”. Em 17/03/2015, Fernandão foi homenageado pela Câmara Municipal de Porto Alegre. A escola de samba Unidos do Capão também rendeu honras ao ídolo no Carnaval de 2015 com o enredo: “Líder de uma Família, Herói de uma Nação, Campeão de Tudo, Eterno Capitão.”

Fernandão foi sepultado no Cemitério Jardim das Palmeiras em Goiânia, onde descansam seus restos mortais. Mas sua alma viverá para sempre no vívido Estádio Beira Rio.

O vídeo abaixo mostra Fernandão incentivando e inflamando sua equipe nos vestiários antes da final do Mundial Interclubes contra o Barcelona:

Feitos e premiações de Fernandão:

Pelo Goiás:
– Campeão do Campeonato Brasileiro da Série B em 1999.
– Pentacampeão do Campeonato Goiano em 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000.
– Bicampeão da Copa Centro-Oeste em 2000 e 2001.

Pelo Internacional:
– Campeão da Copa Libertadores da América em 2006.
– Campeão do Mundial de Clubes da FIFA em 2006.
– Campeão do Campeonato Gaúcho em 2005 e 2008.
– Campeão da Recopa Sul-Americana em 2007.
– Campeão da Copa Dubai em 2008.

Pelo Al-Gharafa (Qatar):
– Campeão da Liga Nacional do Qatar (Qatar Stars League) em 2009.
– Campeão da Copa do Emir do Qatar em 2009.

Como dirigente, pelo Internacional:
– Campeão da Recopa Sul-Americana em 2011.
– Campeão do Campeonato Gaúcho em 2012.

Distinções e premiações individuais:
– Artilheiro da Copa Libertadores da América em 2006 (5 gols).
– Líder de assistências da Copa Libertadores da América em 2006 (8 assistências).
– Eleito melhor jogador do Brasil pela RSSSF em 2006.
– Eleito melhor centroavante das Américas em 2006.
– Eleito melhor jogador da Copa Libertadores de 2006.
– Troféu de Ouro – Prêmio Craque do Brasileirão em 2006.
– Eleito Bola de Prata da Revista Placar em 2006.
– Troféu Mesa Redonda – Seleção do Campeonato Brasileiro de 2006.


(Imagem localizada no Google)

… Trifon Ivanov: “O Lobo Búlgaro”, venerado por toda uma geração

Três pontos sobre…
… Trifon Ivanov: “O Lobo Búlgaro”, venerado por toda uma geração


(Imagem: Gazeta Esportiva)

● Ele metia medo nos adversários. Não só pelo seu estilo de marcação deveras viril, mas também pela sua fisionomia digamos… feia: olhos grandes e esbugalhados, barba rente a um rosto triangular com faces fundas e mullets desgrenhados.

Era um zagueiro rude, de futebol limitado, mas que marcou época. Diversas pessoas quem nunca o viram jogar o veneram como um ícone cult. Na Copa do Mundo de 1994, Trifon foi um personagem fundamental na porta de entrada do futebol para vários novos aficionados. No inesquecível álbum de figurinhas da Copa, a de Ivanov era das mais queridas e concorridas no jogo de bafo. Pouco importava que ele não fosse o craque de um time com o capitão Borislav Mikhailov, Yordan Letchkov, Krasimir Balakov, Emil Kostadinov e Hristo Stoichkov.

Lembrado pela sua aparência peculiar, foi um do mais icônicos jogadores de seu tempo. Era um beque regular, marcador duro, mas um profissional exemplar, sem apelar para a deslealdade. Raçudo, demonstrava uma dedicação total e sem fim e era uma liderança inconteste na equipe. Ganhou a admiração de todos os telespectadores que acompanharam a bela trajetória da seleção búlgara. Tinha um chute potente e arriscava frequentemente de fora da área, inclusive sendo opção nas cobranças de faltas diretas.


(Imagem: http://bnr.bg)

● Trifon Marinov Ivanov (Трифон Маринов Иванов, em búlgaro) nasceu em 27/07/1965, na cidade de Veliko Tărnovo, no norte da Bulgária. Deu seus primeiros passos no futebol em uma equipe da região onde nasceu, aos 18 anos, o Etar Veliko Tărnovo. Aos 23 anos, foi atuar no gigante de seu país, o CSKA Sofia, onde ficou por dois anos nessa primeira passagem, conquistando vários títulos, dentre eles o bicampeonato búlgaro.

Entre 1990 e 1993, atuou no Real Betis, da Espanha, mas voltando aos clubes anteriores por curtos empréstimos: Etar Veliko Tărnovo (em 1991) e CSKA Sofia (1992). Nessa época, foi sondado pelo Barcelona para ocupar o lugar de Ronald Koeman, que estava lesionado, mas o presidente do Betis impediu, afirmando que o clube precisava dele.

Em 1993, foi jogar no Neuchâtel Xamax, da Suíça. Voltou ao CSKA em um novo e ligeiro empréstimo em 1995.

Ainda em 1995, foi atuar no Rapid Wien, onde ficou por dois anos e venceu a Bundesliga Austríaca de 1995/96 e chegou na decisão da Recopa Europeia, perdendo a final para o PSG de Raí.

Jogou a temporada 1997/98 no rival Austria Wien, com um último empréstimo relâmpago ao CSKA.

Já em fim de carreira, continuou na Áustria, mas nas divisões inferiores, vestindo a camisa do inexpressivo Floridsdorfer AC até 2001, quando pendurou as chuteiras aos 36 anos.


(Imagem: blogartedabola.com.br)

● Mas seus grandes momentos foram mesmo com a camisa da seleção de seu país. Era fundamental para uma equipe com vocação ofensiva. Ele servia de “limpa trilhos”. Disputou 77 partidas pela seleção e marcou seis gols.

Aqui cabe um “parêntese”. Em cinco participações anteriores e 16 partidas disputadas, a Bulgária nunca tinha vencido um único jogo em Copas do Mundo (10 derrotas e 6 empates). Nada dizia que seria diferente em 1994, ao ser goleada logo na estreia pela Nigéria por 3 a 0. Mas a partir do segundo jogo, sob a batuta do maestro Stoichkov e o suor de Ivanov e seus companheiros, o time foi engrenando e chegou nas semifinais, dando trabalho para a Itália de Roberto Baggio, vendendo caro a derrota por 2 x 1. Na decisão do 3° lugar, a Bulgária se descaracterizou e foi goleada por 4 x 0 pela Suécia. O Lobo Búlgaro falou sobre esse jogo em outubro de 2013, em uma entrevista à revista So Foot:

“Todo mundo jogou por si próprio na decisão do terceiro lugar da Copa. Eu pedi para o técnico para ser substituído no intervalo, mas ele não quis. Eu nunca vou me esquecer do quarto gol, de Larsson. Eu não consegui pará-lo. Então, disse que ou ele me substituía ou eu saía de campo. E finalmente ele me tirou”.

A queda de nível de uma equipe limitada nos anos seguintes acentuou ainda mais a importância do talento de Stoichkov e a raça e liderança de Ivanov (capitão de sua seleção entre 1996 e 1998). A Bulgária não passou de fase na Eurocopa de 1996 e na Copa de 1998. Aliás, depois dessa prolífica geração, os búlgaros nunca mais se classificaram para uma Copa do Mundo e disputaram apenas uma Euro (2004, caindo na primeira fase).

Disciplinado, o próprio zagueiro disse que foi expulso apenas duas vezes na carreira, sendo uma quando atuava na Áustria. Um adversário o chamou de “búlgaro sujo” e Ivanov o acertou com uma cotovelada, pegando seis jogos de gancho. A segunda vez foi em um amistoso contra a seleção da Itália, em Sófia. Gianluca Vialli cuspiu em sua cara e Trifon o levou ao chão.

Nunca se importou com as regras extra-campo, a ponto de ter sido visto bebendo e fumando minutos antes de um jogo na Copa de 1994.

Certa vez, quando ainda era jogador, Ivanov comprou e teve por pouco tempo um tanque de guerra do exército. Ele o conduziu no campo por duas vezes, apenas para testá-lo, mas um jornal sensacionalista local publicou que Ivanov andava com tanques. A partir daí ele começou com o hábito de não conceder entrevistas.

Após se retirar dos gramados, Ivanov preferiu viver recluso na sua cidade natal com sua família e continuou evitando a imprensa. A partir daí, enfrentou adversários mais ferozes, como a depressão, o alcoolismo e a obesidade. Em agosto de 2015, foi internado por problemas cardíacos. Mas em 13/02/2016 esse mesmo coração não resistiu a um ataque fulminante e faleceu aos 50 anos.

A admiração dos brasileiros pelo Lobo Búlgaro (seu apelido mais marcante) é tamanha que em 2013 foi criada a Copa Trifon Ivanov, um campeonato de várzea para “esforçados” de São Paulo. Ao descobrir o torneio, os jornalistas búlgaros estavam completamente confusos: “A Copa Trifon Ivanov será realizada neste sábado. Até agora, nada de anormal. Só que… o torneio será realizado no Brasil!”, escreveram perplexos na época da primeira edição, tentando explicar a idolatria pelo zagueiro por ele ter se tornado um ícone cult entre os fãs do futebol da década de 90.

Na verdade, Trifon representou muito mais do que um jogador de futebol. Ele deixou um ensinamento puro, simples e admirável: a dedicação e o esforço incondicionais nunca são demais. Se eles não superam o talento nato, pelo menos eleva o ser humano, tanto em nível pessoal, quanto profissional.

E a lembrança de Ivanov a partir de uma figurinha é muito mais do que aquele jogador, aquela seleção ou aquela Copa. É símbolo de uma era, de uma época boa das nossas vidas.


(Imagem: Panini)

Feitos e premiações de Trifon Ivanov:

Pela seleção da Bulgária:
– 4° lugar na Copa do Mundo de 1994.

Pelo CSKA Sofia
– Campeão do Campeonato Búlgaro em 1988/89, 1989/90 e 1991/92.
– Campeão da Copa da Bulgária em 1988/89.
– Campeão da Supercopa da Bulgária em 1989.

Pelo Rapid Vienna:
– Campeão do Campeonato Austríaco (Bundesliga) em 1995/96.
– Campeão da Copa da Áustria em 1994/95.
– Vice-campeão da Recopa Europeia em 1995/96.

Distinções e premiações individuais:
– Eleito melhor jogador da Bulgária em 1996.
– Capitão da seleção da Bulgária entre 1996 e 1998.


(Imagem: Goal)

… Sissi: a melhor jogadora de futebol do Brasil pré-Marta

Três pontos sobre…
… Sissi: a melhor jogadora de futebol do Brasil pré-Marta ¹*


(Imagens localizadas no Google)

● Na década de 1990, se nas brincadeiras todos os meninos queriam ser “Romário” ou “Ronaldo”, todas as meninas que chutavam uma bola queriam ser “Sissi”. Ela era o nome que inspirava as garotas a jogarem futebol pelo país.

Em tempos anteriores à “Rainha Marta”, a camisa 10 da Seleção Brasileira de futebol feminina esteve muito bem servida. Sissi foi o principal nome da geração pioneira, que desbravou o futebol feminino no país, enfrentando muitas barreiras e preconceitos, mas abrindo as portas do esporte para as gerações seguintes. Ela era unanimidade e ocupará para sempre lugar de destaque no esporte nacional.

Baixinha (com 1,65 m), impressionava com lances de técnica e inteligência. Dotada de habilidade e grande visão de jogo, ela era uma meia clássica, que fazia jus à camisa 10 que ostentava nas suas costas. Era uma jogadora completa, fazendo o estilo do “falso lento”. Afinal, quem tem que correr é a bola.

Era a maior craque de um país em um esporte incipiente, mas com destaques como as goleiras Meg, Maravilha e Andréia, as volantes Márcia Taffarel e Formiga, além das atacantes Pretinha, Kátia Cilene, Roseli e Michael Jackson.

● Sisleide do Amor Lima nasceu em 02/06/1967, na cidade de Esplanada, no litoral norte da Bahia. Logo aos seis anos, a menina já brincava de chutar qualquer objeto esférico na sua frente. Essa paixão pela bola nasceu no quintal de casa, vendo seu pai e irmão jogando. Escolhia suas bonecas de acordo com o formato e tamanho de suas cabeças, afinal, era com elas que praticava seu esporte preferido. “Para jogar eu usei as cabeças das minhas bonecas, tampinhas de garrafa, bolas de meias, papel higiênico etc… Acho que já estava no sangue”, afirmou certa vez em uma entrevista. Ainda criança, começou jogando no futebol de rua, no meio dos garotos, onde desenvolveu sua técnica.

Aos 14 anos, já jogava por times menores, como Campo Formoso e Senhor do Bonfim. Com 16 anos saiu de casa para jogar pelo Flamengo de Feira de Santana e morou em um alojamento com outras dez garotas que viviam o mesmo sonho. Sob a orientação de seu primeiro treinador, Sissi estudava pela manhã, treinava à tarde e participava frequentemente de torneios. Aos 18 anos, chegou na capital, para defender o Bahia. No Tricolor de Aço ela jogou futebol de salão e de campo. Já nos anos 1990, foi atuar em São Paulo, onde defendeu o Corinthians no futsal e nos gramados.

A partir de 1997, aos 30 anos, Sissi passou a viver o auge da carreira. Jogando no São Paulo, deu um show e liderou a equipe na conquista do 1º Campeonato Paulista (chamado popularmente de “Paulistana”). Além do destaque natural, os torcedores tricolores gritavam nas arquibancadas: “Sissi melhor do que Valdir”, comparando-a com o atacante Valdir Bigode, que atuava no SPFC na época. Outro canto ouvido na torcida era: “Muricy, coloca a Sissi”, pedindo ao técnico Muricy Ramalho para escalá-la em seu time. No tempo em que Sissi esteve no São Paulo, o clube conquistou todos os títulos possíveis nos torneios femininos.

“Não sei se encontrarei palavras para descrever o que senti, foi arrepiante e um momento que nunca irei esquecer. O São Paulo sempre terá um lugar especial no meu coração”, diz a craque.

Sissi defendeu, entre outros clubes, o Radar (1988-?), Euroexport (?), Saad (1995-1996 e 2005), São Paulo (1997-1998), Palmeiras (1999), Vasco da Gama (2000), San Jose CyberRays (2001-2003), California Storm (2004-2014), FC Gold Pride (2009).

Em 2001, se mudou para os Estados Unidos, onde é venerada pela torcida local. Jogou por três temporadas no San Jose CyberRays, na primeira liga profissional feminina (WUSA – Women’s United Soccer Association). Com o fim da liga, foi jogar no amador California Storms, da cidade de Sacramento, onde joga até hoje. Nos EUA, foi técnica e auxiliar dos times: FC Gold Pride, Las Positas College, Solamo Community College, Diablo Valley Soccer Club, Clayton Valley Charter High School e Walnut Creek Soccer Club, onde trabalha com jovens entre 13 e 17 anos.

● Jogou pela seleção entre 1988 e 2000. Com pouco mais de 20 anos, recebeu a primeira convocação para a seleção brasileira, estreando em 1988, em uma competição não oficial organizado pela FIFA, semelhante a um Mundial. Nesse torneio disputado na China, o Brasil ficou em 3º lugar. Mesmo com 24 anos, Sissi não foi nem cotada para defender o Brasil na primeira Copa do Mundo feminina, onde a base da seleção foram o times do Radar-RJ e Saad-SP. Já em 1995, a seleção foi convocada com base em um seletiva realizada pela CBF e Sissi tomou de vez para si a famosa camisa 10 canarinho.

Em 1996, na primeira participação do futebol feminino nos Jogos Olímpicos, o Brasil ficou com o 4º lugar. Sob a batuta da “maestra”, o Brasil foi 3º lugar na Copa do Mundo de 1999, quando ela foi a artilheira do torneio com sete gols (empatada com Sun Wen, da China) e eleita a segunda melhor jogadora da competição. Era realmente seu auge técnico. Nas Olimpíadas de 2000, novamente o Brasil perdeu na decisão do 3º lugar.

Pena que ela nunca tenha conquistado uma grande competição com a camisa da Seleção. Seu grande momento, além do Mundial de 1999, foi no dia 14/01/1995, quando ela comandou o Brasil em uma goleada história sobre a Argentina, por 8 x 0.

Infelizmente para o esporte, Sissi e Marta nunca atuaram lado a lado. É impossível comparar as duas, pois são de épocas diferentes e estilos diferentes. Apesar de ambas serem “camisa 10” e canhotas, Sissi era o “arco” e Marta é a “flecha”. Quando Marta começou ainda adolescente, no Vasco, Sissi era a craque do time: “Naquela época eu vi que ela era especial e tinha um futuro brilhante pela frente”.

¹* Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
Parabéns Mulheres!!!

… Dadá Maravilha: goleador, filósofo e campeão

Três pontos sobre…
… Dadá Maravilha: goleador, filósofo e campeão


(Imagem: R7)

● Quem vê Dadá Maravilha sempre sorrindo não imagina quão sofrida foi sua infância. Dario José dos Santos nasceu no Rio de Janeiro, em 04/03/1946. Aos cinco anos de idade, viu sua mãe, Dona Metropolitana, que sofria alucinações, jogar querosene em todo o próprio corpo, tocar fogo e sair pelas ruas em chamas. O menino Dario, em desespero, foi abraçar a mãe, que, em um último ato, o afastou e o jogou em uma vala a céu aberto. Foi de lá, de dentro do esgoto, que o garoto viu sua mãe ser completamente carbonizada.

Sem condições de cuidar dos filhos, seu pai separou toda a família, internando os três filhos na antiga Febem (que servia também como um orfanato). A partir daí, convivendo com crianças a adolescentes que viviam no mundo do crime, Dario se tornou um garoto rebelde e passou a fugir constantemente para praticar assaltos com sua inseparável faca, “espetando” quem ousasse lhe desafiar. Certa vez tentou cortar os próprios pulsos, mas foi socorrido a tempo. Por tudo que tinha vivido, não acreditava em Deus.

Depois de um assalto, ele e um comparsa estavam fugindo da polícia, quando um tiro acertou seu colega, que já caiu sem vida. A partir daí, Dario teve certeza de que não queria isso para ele. A esperança era a bola, mas ele não era bom nisso também. Porém, a experiência em correr da polícia e em pular muros, o preparou para ser um atacante veloz e de impulsão única.

Começou tarde no futebol, aos 19 anos, no Campo Grande, do Rio. Aos 22 anos, chamou a atenção do Clube Atlético Mineiro, onde já chegou sendo campeão, marcando época e escrevendo a história que todos amantes de futebol conhecem. Ele foi um itinerante, um cigano do futebol, atuando por 17 clubes em 20 anos de carreira: Campo Grande-RJ (1966-1968), Atlético Mineiro (1968-72, 1974, 1978-1979 e 1983), Flamengo (1973-1974), Sport (1974-1975), Internacional (1976-1977), Ponte Preta (1977-1978), Paysandu (1979), Náutico (1980), Santa Cruz (1981), Bahia (1981), Goiás (1981), Coritiba (1982), Bahia (1983), Nacional-AM (1984), XV de Piracicaba (1984-1985), Douradense-MS (1985) e Comercial de Registro-SP (1986).

Em suas contas, o Rei Dadá tem 926 gols, mas nas súmulas foram “apenas” 539 gols, número que já é formidável.

Pela Seleção Brasileira, disputou 11 partidas, anotando dois gols.

Pelo seu carisma a pela forma única de contar histórias, passou a trabalhar na imprensa, inicialmente na Bancada Democrática, do Alterosa Esportes. Pelo enorme sucesso, passou pela Rede Globo, pelo SporTV e pela Rede Minas, voltando ao Alterosa Esporte.

● Dadá “Peito de Aço” é um daqueles personagens que poderíamos ficar falando por horas e horas, mas vamos resumir no que já dissemos e nas próprias frases dele, do Rei Dadá:

“Não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática.”

“Somente três coisas param no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha.”

“Não existe gol feio; feio é não fazer gol.”

“Com Dadá em campo, não tem placar em branco.”

“Um rei tem que ser sempre recebido por bandas de música.”

“Pelé, Garrincha e Dadá tinham que ser curriculum escolar.”

“Nunca aprendi a jogar futebol pois perdi muito tempo fazendo gols.”

“São duas coisas que eu não aprendi: Jogar futebol e perder gol!”

“Isso é mamão com açúcar.”

“Só existem três poderes no universo: Deus no Céu, o Papa no Vaticano e Dadá na grande área.”

“Melhor do que Dadá, só Jesus Cristo!”

“A área é o habitat natural do goleador, nela ele está protegido pela constituição, se for derrubado é pênalti.”

“Num time de futebol existem nove posições e duas profissões: o goleiro e o centroavante.”

“Pra fazer gol de cabeça era queixo no peito ou queixo no ombro.”

“Fiz mais de 500 gols, só correndo e pulando.”

“Quando eu saltava o zagueiro conseguia ver o número da minha chuteira.”

“Bola, flor e mulher, só com carinho.”

“Faço tudo com amor, inclusive o amor.”

“Futebol não pode ficar acima da educação, não!”

“Chuto tão mal que no dia em que eu fizer um gol de fora da área, o goleiro tem que ser eliminado do futebol.”

“Se minha estrela não brilhar, vou lá e passo lustrador nela.”

“Deixando a modéstia de lado, falando de futebol, eu falo o que eu sei, sou um expert, com doutorado nessa matéria. No futebol, eu sou o máximo, conheço tudo e sou atleticano.”

“Se o gol é a maior alegria do futebol, foi Deus quem inventou Dadá, porque Dadá é a alegria do povo.”

“O divino mestre é o fã mais poderoso de Dadá. Ele sempre esteve ao meu lado.”

“Futebol é um universo maravilhoso, que faz as pessoas se aproximarem, que faz multiplicar os amigos, que ensina a gente a amar e a respeitar o próximo.”

“Eu sofri muito, minha tristeza exorbitou, meu sofrimento passou dos limites para um ser humano. Mas eu tive um auge violento, tive o mundo aos meus pés, bati recordes, fui falado em todos campos. Hoje vivo na imaginação do povo. Sou personagem do planeta bola.”

“Praga de urubu magro, não pega em cavalo gordo.”

“Me empolgo pelas palavras, me realizo nos atos.”

“A lei do menor esforço é usar a inteligência.”

“Quando vou para o trabalho só penso em vitória.”

“O gol é o orgasmo do futebol.”

“Dadá não é eterno. Sua história será eterna.”


(Imagem localizada no Google)

Feitos e premiações de Dario:

Pela Seleção Brasileira:
– Campeão da Copa do Mundo de 1970.
– Campeão da Taça Independência de 1972.

Pelo Atlético Mineiro:
– Campeão do Campeonato Brasileiro em 1971.
– Campeão do Campeonato Mineiro Módulo 1 em 1970 e 1978.
– Campeão da Taça Minas Gerais em 1979.
– Tricampeão da Taça Belo Horizonte em 1970, 1971 e 1972.
– Campeão da Taça Inconfidência (MG) em 1970.
– Campeão da Taça Independência (MG) em 1970.
– Campeão da Taça Cidade de Goiânia (MG x GO) em 1970.
– Campeão da Taça do Trabalho (MG x RJ) em 1972.
– Campeão da Taça Gil César Moreira de Abreu (MG) em 1970.
– Campeão do Torneio de León (México) em 1972.
– Campeão do Torneio dos Grandes de Minas Gerais (Federação Mineira de Futebol) em 1974.

Pelo Internacional:
– Campeão do Campeonato Brasileiro em 1976.
– Campeão do Campeonato Gaúcho em 1976.

Pelo Flamengo:
– Campeão do Campeonato Carioca em 1974.
– Campeão da Taça Guanabara em 1973.
– Campeão da Taça Pedro Magalhães Corrêa em 1974.

Pelo Bahia:
– Bicampeão do Campeonato Baiano em 1981 e 1982.

Pelo Goiás:
– Campeão do Campeonato Goiano em 1983.

Pelo Sport:
– Campeão do Campeonato Pernambucano em 1975.

Pelo Náutico:
– Campeão do Torneio Início de Pernambuco em 1980.

Pelo Nacional-AM:
– Campeão do Campeonato Amazonense em 1984.

Pelo Campo Grande:
– Campeão do Torneio José Trócoli (Campo Grande) em 1967.

Como técnico, pelo Ypiranga Clube-AP:
– Campeão do Campeonato Amapaense em 1994.

Distinções e premiações individuais:
– Artilheiro do Campeonato Brasileiro em 1971 (15 gols), 1972 (17 gols), 1976 (16 gols)
– Artilheiro do Campeonato Mineiro em 1969 (29 gols), 1970 (16 gols), 1972 (22 gols) e 1974 (24 gols).
– Artilheiro do Campeonato Carioca em 1973 (15 gols).
– Artilheiro do Campeonato Pernambucano em 1975 (32 gols) e 1976 (30 gols).
– Artilheiro do Campeonato Amazonense em 1984 (14 gols).
– Anotou 10 gols no mesmo jogo, no Campeonato Pernambucano de 1976, na vitória do seu Sport sobre o Santo Amaro por 14 a 0, em 06/04/1976.

… Gheorghe Popescu: das páginas esportivas para as páginas policiais

Três pontos sobre…
… Gheorghe Popescu: das páginas esportivas para as páginas policiais


(Imagem: Alchetron)

● Ídolo de várias camisas, jogador moderno, multifuncional e um líder nato, mas acusado de diversos crimes fiscais e financeiros em seu país. Como a história o julgará?

Gheorghe “Gica” Popescu, nasceu em Calafat, sul da Romênia, em 09/10/1967. Forte fisicamente (1,88 m e 83 kg), podia jogar de zagueiro ou volante. Marcou época pelo seu futebol elegante e sua forte personalidade e liderança. Na Romênia, é conhecido como “Baciul” (“O Pastor”).

Se tornou profissional aos 16 anos, no Universitatea Craiova, onde jogou até 1990. Em 1988, foi emprestado ao gigante de seu país, o Steaua Bucareşti, onde chegou às semifinais da UEFA Champions League de 1987/88, empatando sem gols com o Benfica em casa e perdendo por 2 a 0 em Lisboa. Em 1990, foi jogar no PSV, da Holanda, a pedido do técnico Sir Bobby Robson. Em 1994, após uma Copa do Mundo estupenda, foi atuar no inglês Tottenham Hotspur.

Apenas uma temporada lhe valeu uma transferência para o gigante Barcelona, onde sucedeu Ronald Koeman na equipe. Pela enorme influência positiva sobre seus colegas, se tornou capitão da equipe, levantando as taças da Copa do Rei e da Recopa Europeia em 1996/97. Sua camisa nº 5 era sinônimo de raça e qualidade técnica.

Depois do Barça, foi se aventurar no turco Galatasaray, onde passou quatro anos e venceu diversos troféus importantes, com destaque para o título da Copa da UEFA 1999/2000, vencendo o Arsenal nos pênaltis após um placar zerado (Popescu converteu o pênalti decisivo na disputa). Disputou ainda a temporada 2001/02 na Lecce, na Serie A da Itália e voltou ao seu país, atuando por um breve período no Dinamo Bucareşti. Encerrou a carreira pouco depois, em 2003, jogando pelo Hannover 96, da Alemanha.

(Imagem: Pinterest)

● Vestiu a marcante camisa amarela da seleção de seu país entre 1988 e 2003, com 115 partidas jogadas e 16 gols marcados. Tornou histórica a camisa nº 6. Era o capitão na ausência Gheorghe Hagi, seu cunhado. Isso mesmo: a amizade entre ambos transcendeu os gramados e Popescu se casou em 1999 com a irmã de Hagi, Luminița.

Disputou três Copas do Mundo com a seleção da Romênia, em sua melhor fase histórica: em 1990, 1994 e 1998. Esteve também nas Eurocopas de 1996 e 2000. Era peça fundamental da seleção “Tricolorii” e marcou época em uma ótica geração com companheiros como Hagi, Marius Lăcătuş, Florin Răducioiu, Ilie Dumitrescu, Dan Petrescu e outros.

Por 13 anos consecutivos, entre 1989 e 2001, Gica Popescu nunca esteve fora dos quatro primeiros no prêmio de “Jogador Romeno do Ano”, vencendo em seis oportunidades. Está também na “Seleção Romena de Todos os Tempos”.

Após se retirar dos gramados, abriu sua própria escolinha (Escola de Futebol Gica Popescu) na cidade de Craiova. Mas definitivamente não teve muita sorte nos negócios. Sua escola de futebol não deu certo, assim como os demais investimentos em uma rede hoteleira, uma incorporadora, um bazar e até no mercado de energia eólica. Foi técnico e presidente de honra do FC Chindia Targoviste. Em 21/11/2005, concorreu para a presidência da Federação Romena de Futebol, contra o então presidente Mircea Sandu, mas conquistou apenas 102 votos, enquanto seu adversário recebeu 187.

(Imagem: Telekom Sport)

● Desde janeiro de 2008, Popescu era investigado pelo Departamento Nacional Anticorrupção. Enquanto se preparava para concorrer novamente ao cargo de presidente da federação, foi indiciado juntamente com outras sete pessoas ligadas ao futebol local: George Netoiu, Victor Becali, Ioan Becali, Mihai Stoica, Gheorghe Copos, Jean Pădureanu e Cristian Borcea.

Foram todos condenados pelo tribunal romeno em 04/03/2014 por extorsão, fraude, lavagem de dinheiro e evasão fiscal, em conexão com doze transferências de jogadores de futebol de seu país para o exterior entre 1999 e 2005, incluindo as de Nicolae Mitea para o Ajax, Cosmim Contra para o Alavés, Ionel Ganea para o Stuttgart e Florin Bratu para o Galatasaray. Os prejuízos estariam avaliados em € 1,7 milhão aos cofres públicos, € 10 milhões a (pelo menos) quatro clubes e € 470 mil à Federação Romena de Futebol. Gica Popescu foi condenado a três anos e um mês de reclusão, acusado de utilizar dessas vendas de jogadores para encobertar um suposto enriquecimento ilícito. Ele e os demais empresários declararam valores para os negócios menores do que realmente eram.

Ele foi colocado em liberdade condicional em novembro de 2015, após cumprir um ano e oito meses de pena, por ter bom comportamento na prisão e realizar atividades produtivas. Escreveu diversos artigos enquanto esteve preso, dentre eles as obras: “A abordagem teórica e metodológica para o ensino do jogo de futebol nos centros de crianças e jovens a partir de uma perspectiva interdisciplinar”, “Considerações sobre a estratégia de otimização para promover o jogo de futebol ao nível da escola” e “O futuro dos jogadores do futebol profissional”, todas publicadas em 2014.

É uma pena que um jogador de tão alto nível dentro dos campos tenha manchado sua história dessa forma.

Feitos e premiações de Gheorghe Popescu:

Pela seleção da Romênia:
– Quadrifinalista da Copa do Mundo de 1994.
– Quadrifinalista da Eurocopa de 2000.

Pelo Steaua Bucareşti:
– Campeão do Campeonato Romeno em 1987/88.
– Campeão da Copa da Romênia em 1987/88.

Pelo PSV Eindhoven:
– Bicampeão Holandês em 1990/91 e 1991/92.
– Campeão da Supercopa da Holanda em 1992.

Pelo Barcelona:
– Campeão da Recopa Europeia em 1996/97.
– Campeão da Copa do Rei em 1996/97.
– Campeão da Supercopa da Espanha em 1996.
– Vice-campeão do Campeonato Espanhol em 1997.

Pelo Galatasaray:
– Campeão da Copa da UEFA em 1999/2000.
– Campeão da Supercopa Europeia em 2000.
– Tricampeão do Campeonato Turco em 1997/98, 1998/99 e 1999/2000.
– Bicampeão da Copa da Turquia em 1998/99 e 1999/2000.

Distinções e premiações individuais:
– Jogador Romeno do Ano em 1989, 1990, 1991, 1992, 1995 e 1996.