Três pontos sobre…
… 09/07/1994 – Itália 2 x 1 Espanha
(Imagem: Storie di Calcio)
● Na primeira fase, a Espanha se classificou em segundo lugar do Grupo C. Na primeira rodada, cedeu o empate para a Coreia do Sul por 2 x 2, depois de estar vencendo por 2 x 0 até os 40′ do segundo tempo. No jogo seguinte, empate por 1 x 1 com a então campeã mundial, a Alemanha. Na terceira partida, venceu a Bolívia por 3 x 1. Nas oitavas de final, vitória tranquila sobre a Suíça por 3 x 0.
O técnico espanhol Javier Clemente tinha fama de defensivo e provou isso com sua escalação. Além de não convocar Míchel e Emilio Butragueño, ele deixou no banco os três meio-campistas mais talentosos de seu elenco: Fernando Hierro (era volante na seleção nessa época), Pep Guardiola e Julen Guerrero, preferindo escalar o zagueiro Miguel Ángel Nadal como volante. Na defesa, seguiu com o revezamento e sacou Paco Camarasa para escalar Jorge Otero. Outra mudança importante foi a volta de José Luis Caminero (que cumpriu suspensão contra a Suíça). No ataque titular não havia nenhum atacante de ofício, mas os meias ofensivos Jon Andoni Goikoetxea e Luis Enrique.
(Imagem: Eurosport)
● A Itália sofreu um pouco no Grupo E. Perdeu na estreia por 1 x 0 para a Irlanda, venceu a Noruega por 1 x 0 e empatou com o México em 1 x 1. Esses placares, juntamente com os outros da mesma chave, resultou em uma situação inédita: pela primeira e única vez na história das Copas, um grupo terminou com as quatro seleções rigorosamente empatadas, tanto em pontos ganhos (quatro) como em saldo de gols (zero). O México ficou em primeiro lugar por ter tido o melhor ataque (três gols), a Irlanda ficou em segundo por ter vencido a Itália no confronto direto, a Itália se classificou na repescagem como um dos quatro melhores terceiros lugares e a Noruega ficou de fora por ter marcado menos gols (só um).
Depois do sufoco diante dos nigerianos nas oitavas de final (2 x 1 na prorrogação), o técnico Arrigo Sacchi escalou a Azzurra de forma mais cautelosa. O goleiro Gianluca Pagliuca voltou a ser titular depois de uma suspensão de dois jogos, ganhando a vaga de Luca Marchegiani. Na lateral direita, Roberto Mussi deu lugar ao experiente Mauro Tassotti. Na meia direita, saiu Antonio Conte e entrou Nicola Berti. Mas a alteração mais radical foi a saída do atacante Giuseppe Signori para a entrada do volante Dino Baggio. Com essa mudança, Roberto Baggio – que estava atuando como meia – passou a jogar como atacante. A ausência era o capitão Franco Baresi, que fez uma artroscopia depois do jogo com a Noruega.
A Itália jogava no 4-4-2. Arrigo Sacchi era adepto da marcação por pressão e da redução do campo a três quartos. Fazia isso adiantando sua linha de zagueiros e recuando os dois atacantes, dando pouco espaço entre suas linhas para que o adversário trabalhasse a bola.
A Espanha atuou no sistema 5-3-2, sem nenhum atacante de ofício e muita aproximação dos meias centrais.
● No dia 9 de julho de 1994, Itália e Espanha adentraram o gramado do Foxboro Stadium, na cidade de Foxborough, estado de Massachusetts, sob um calor de 36° C e 55% de umidade relativa do ar.
A Azzurra estava mais cansada depois de precisar da prorrogação para passar pela Nigéria.
A primeira chance foi italiana. Daniele Massaro avançou pela direita e cruzou para a área. Roberto Baggio não finalizou bem e chutou em cima de Albert Ferrer.
Pouco depois, Abelardo acertou uma solada horrível em Roberto Baggio, chegando por cima na dividida. O craque italiano teve que sair para ser atendido, mas logo retornou ao campo.
Pela primeira vez na Copa de 1994, a Itália dominou o início do jogo. Mas o gol só saiu aos 25′. Dino Baggio abriu na esquerda para Roberto Donadoni, que fez boa jogada e devolveu para o camisa 13. Ele teve tempo e espaço para dominar, ajeitar o corpo e encher o pé. Mesmo de longe, a bola fez uma curva e foi no ângulo esquerdo de Andoni Zubizarreta.
Aproveitando o bom momento no jogo, a Azzurra quase ampliou. Após passe de Dino Baggio, Massaro caiu na área em dividida com Abelardo, mas o árbitro húngaro Sándor Puhl não marcou pênalti. Uma jogada duvidosa.
Logo no terceiro minuto da etapa final, um lance polêmico e controverso. Goikoetxea cruzou da direita e Mauro Tassotti acertou uma cotovelada no rosto de Luis Enrique, que caiu em campo. Seria pênalti claro e expulsão do italiano, mas o juiz não viu o lance. Com o rosto ensanguentado, Luis Enrique se revoltou e partiu para cima de Tassotti. O árbitro separou a brica e nada marcou. Sem acreditar, Luis Enrique desabou no chão, impotente, após tamanha covardia. Posteriormente, Tassotti seria suspenso pela FIFA por quatro partidas por causa da agressão. Foi a primeira punição decretada pela entidade baseada em imagens de TV, sem o relato do árbitro na súmula.
(Imagem: Última Divisão)
A Fúria só empatou aos 13′ do segundo tempo. Giuseppe Signori errou o passe no campo de ataque. Jorge Otero interceptou e deixou com José Mari Bakero, que abriu na esquerda para Sergi. Ele avançou e tentou passar para Luis Enrique. Alessandro Costacurta cortou e a bola voltou para Sergi. O lateral cruzou da esquerda, a bola passou por Otero e sobrou para José Luis Caminero. Da entrada da área, ele bateu de esquerda. A bola desviou em Antonio Benarrivo e tirou Gianluca Pagliuca da jogada. Foi o terceiro gol de Caminero no Mundial. Ele foi o melhor jogador de seu país no torneio.
Luis Enrique cortou da esquerda para o meio, mas chutou para fora. A bola foi rasteira e saiu à direita de Pagliuca.
Goikoetxea bateu escanteio da esquerda e Pagliuca dividiu com Caminero dentro da pequena área, impedindo a virada.
Os espanhóis começaram a acreditar na vitória. A cinco minutos do fim, Fernando Hierro fez um lançamento excepcional do círculo central para Julio Salinas. O atacante estava sozinho dentro da área, mas esperou demais para definir a jogada, se afobou com a saída de Pagliuca e bateu fraco, em cima do goleiro. Um dos gols mais perdidos da Copa. No rebote, Caminero (sempre ele) tentou tirar a marcação de Costacurta, mas foi desarmado.
A Espanha insistiu. Hierrro chutou de longe. A bola tinha o endereço do ângulo, mas Pagliuca voou na bola e espalmou por cima.
O placar se resolveu a dois minutos do apito final. Da esquerda de sua defesa, Benarrivo tocou para Donadoni, que fez um passe vertical para Nicola Berti pelo meio. Ele viu a infiltração de Signori no ponto futuro e fez um passe por elevação. Signori chegou antes da marcação e só teu um toquinho para a direita onde estava Roberto Baggio. O craque recebeu livre, driblou Zubizarreta e, mesmo com pouco ângulo, mandou para o gol. Abelardo ainda tentou dar um carrinho para tirar, mas a bola acabou passando entre as suas pernas. Foi um passe perfeito de Signori e o terceiro gol de Baggio na Copa.
A Squadra Azzurra venceu por 2 x 1. Como é tradicional em sua rica história, mais uma vez os italianos estiveram a um passo da eliminação e novamente sobreviveram.
Sem nenhum parentesco entre si, os “Baggio Boys” – Roberto e Dino – levaram a Itália à mais uma semifinal de Copa do Mundo.
Aos 51′, o árbitro húngaro Sándor Puhl apitou o fim da partida.
(Imagem: Storie di Calcio)
● Na sequência, a Itália venceu a surpreendente Bulgária na semifinal por 2 x 1, com dois gols de Roberto Baggio. Na decisão, a Azzurra empatou sem gols com a Seleção Brasileira no tempo normal e na prorrogação. Na decisão por pênaltis, a Itália perdeu por 3 x 2 e seguia seu drama de perder na decisão por penalidades.
● FICHA TÉCNICA: |
|
|
|
ITÁLIA 2 x 1 ESPANHA |
|
|
|
Data: 09/07/1994 Horário: 12h00 locais Estádio: Foxboro Stadium Público: 53.400 Cidade: Foxborough (Estados Unidos) Árbitro: Sándor Puhl (Hungria) |
|
|
|
ITÁLIA (4-4-2): |
ESPANHA (5-3-2): |
1 Gianluca Pagliuca (G) |
1 Andoni Zubizarreta (G)(C) |
9 Mauro Tassotti |
2 Albert Ferrer |
4 Alessandro Costacurta |
3 Jorge Otero |
5 Paolo Maldini (C) |
5 Abelardo |
3 Antonio Benarrivo |
18 Rafael Alkorta |
15 Antonio Conte |
12 Sergi |
11 Demetrio Albertini |
20 Miguel Ángel Nadal |
13 Dino Baggio |
15 José Luis Caminero |
16 Roberto Donadoni |
10 José Mari Bakero |
7 Jon Andoni Goikoetxea |
|
19 Daniele Massaro |
21 Luis Enrique |
|
|
Técnico: Arrigo Sacchi |
Técnico: Javier Clemente |
|
|
SUPLENTES: |
|
|
|
12 Luca Marchegiani (G) |
13 Santiago Cañizares (G) |
22 Luca Bucci (G) |
22 Julen Lopetegui (G) |
2 Luigi Apolloni |
17 Voro |
6 Franco Baresi |
4 Paco Camarasa |
8 Roberto Mussi |
6 Fernando Hierro |
7 Lorenzo Minotti |
9 Pep Guardiola |
14 Nicola Berti |
16 Felipe Miñambres |
17 Alberigo Evani |
8 Julen Guerrero |
20 Giuseppe Signori |
11 Txiki Begiristain |
21 Gianfranco Zola |
14 Juanele |
18 Pierluigi Casiraghi |
19 Julio Salinas |
|
|
GOLS: |
|
25′ Dino Baggio (ITA) |
|
58′ José Luis Caminero (ESP) |
|
88′ Roberto Baggio (ITA) |
|
|
|
CARTÕES AMARELOS: |
|
3′ Abelardo (ESP) |
|
19′ José Luis Caminero (ESP) |
|
|
|
SUBSTITUIÇÕES: |
|
INTERVALO Demetrio Albertini (ITA) ↓ |
|
Giuseppe Signori (ITA) ↑ |
|
|
|
60′ Sergi (ESP) ↓ |
|
Julio Salinas (ESP) ↑ |
|
|
|
65′ José Mari Bakero (ESP) ↓ |
|
Fernando Hierro (ESP) ↑ |
|
|
|
66′ Antonio Conte (ITA) ↓ |
|
Nicola Berti (ITA) ↑ |
Melhores momentos da partida: