… 16/07/1966 – Portugal 3 x 0 Bulgária

Três pontos sobre…
… 16/07/1966 – Portugal 3 x 0 Bulgária


(Imagem: Lance!)

● Havia muita expectativa para a estreia de Portugal em Copas do Mundo. A base do time era o Benfica, bicampeão da Copa dos Campeões da Europa (atual UEFA Champions League) em 1960/61 e 1961/62. Toda a linha de frente da seleção lusa era benfiquista: José Augusto, Coluna, Eusébio, Torres e Simões.

Nas eliminatórias europeias, Portugal passou apertado em um grupo muito equilibrado e precisou superar seleções mais tradicionais como Tchecoslováquia, Romênia e Turquia. Mas a campanha de quatro vitórias, um empate e uma derrota qualificou os Tugas para a primeira Copa do Mundo de sua história.

Por sua vez, a Bulgária teve maior dificuldade para se qualificar para o Mundial. Terminou empatada com a Bélgica na liderança do Grupo 1 e precisou disputar um jogo-extra. Em Florença, na Itália, Georgi Asparuhov marcou os dois gols em vitória por 2 x 1 que garantiram Os demônios da Europa no Mundial de 1966.

Em um grupo fortíssimo, os búlgaros eram meros azarões. Era a segunda Copa do Mundo que o país disputava, a segunda seguida. Em 1962, caiu na primeira fase, com um empate e duas derrotas.


Portugal atuava no 4-2-4. Liderado por Eusébio, o ataque tinha muita força e mobilidade. O capitão Coluna era mesmo a coluna vertebral do time, aparecendo em todos os espaços.


A Bulgária jogava no sistema 4-2-4 convencional.

● Em sua estreia em Copas do Mundo, Portugal venceu a Hungria por 3 x 1. A Bulgária havia perdido para o Brasil por 2 x 0 em sua primeira partida.

Os búlgaros precisavam da vitória para continuarem com chance de classificação. Por isso, o técnico austríaco-tcheco Rudolf Vytlačil (o mesmo que levou a Tchecoslováquia ao vice-campeonato em 1962) escalou um time mais ofensivo. Mas Portugal fez um gol logo no início e atrapalhou todos os seus planos.

Aos sete minutos de partida, Jaime Graça abriu na esquerda para o grandalhão José Torres. Ele cortou a marcação de Dimitar Penev e cruzou da linha de fundo. Ivan Vutsov não percebeu que não havia nenhum português por perto, se apavorou e mergulhou, desviando de cabeça contra as próprias redes.

Dobromir Zhechev, que havia enchido Pelé de porrada no primeiro jogo, agora era incumbido de fazer o mesmo com Eusébio. Mas enquanto o brasileiro tentou resolver tudo sozinho e levava mais pancadas, Eusébio foi inteligente e passou a cair pelas pontas, arrastando Zhechev e abrindo espaços para a infiltração de José Augusto pelo meio.

Aos 17′, uma cabeçada de Torres acertou o travessão.

Aos 23′, no melhor momento da Bulgária no jogo, Asparukhov carimbou a trave direita do goleiro José Pereira.

Mas Portugal jogava melhor e tinha um time muito melhor.

O segundo gol saiu aos 38′. António Simões carregou a bola pelo meio e fez o passe na medida para Eusébio virar e bater rasteiro. A bola foi no canto direito do goleiro Georgi Naydenov, que chegou a tocar, mas não conseguiu evitar o gol. Foi o primeiro dos nove gols que tornaria Eusébio o artilheiro do Mundial.

No segundo tempo, a Bulgária não conseguia ficar com a posse de bola e muito menos atacar. O técnico Vytlačil compreendeu que não teria muitas chances e posicionou seu time mais na defensiva.

Portugal finalizou oito vezes e a Bulgária só uma, em um chute de Asparukhov que passou muito perto. O camisa 9 batalhava sozinho no ataque búlgaro, mas não tinha sucesso.

Aos 36′ do segundo tempo, Hilário deu um chutão para a frente e a defesa búlgara falhou. Vutsov desistiu da jogada e Torres correu atrás da bola. Boris Gaganelov tentou recuar para o goleiro, mas Torres chegou antes e completou para o gol.


(Imagem: Getty Images / Popperfoto)

● No dia anterior, a Seleção Brasileira tinha sido derrotada pela Hungria por 3 x 1. A vitória sobre os búlgaros deixou os portugueses em ótima situação, a ponto de poder até perder para o Brasil na última rodada que, ainda assim, se classificaria. A segunda vaga ficaria entre Brasil e Hungria, sendo que o Brasil precisaria vencer Portugal por uma boa diferença de gols se quisesse continuar sonhando com o tricampeonato e os húngaros entrariam em campo um dia depois dos brasileiros, já sabendo do resultado que iria precisar ao enfrentar a eliminada Bulgária.

Na última rodada, a Bulgária foi derrotada pela Hungria por 3 x 1 e ficou na lanterna do Grupo 3. Os magiares ficaram com a segunda colocação no grupo e enfrentariam a União Soviética nas quartas de final.

A seleção portuguesa continuou sua história no Mundial de 1966 vencendo a Seleção Brasileira por 3 x 1 e eliminando os bicampeões mundiais. Com a liderança da chave, os lusos enfrentaram a Coreia do Norte nas quartas de final e venceram espetacularmente de virada por 5 x 3, depois de estarem perdendo por 3 x 0 após 25 minutos de partida. Nas semifinais, vendeu caro a derrota para a Inglaterra, dona da casa, por 2 x 1. Conquistou o histórico 3º lugar ao vencer a União Soviética por 2 x 1.

O treinador de campo era o brasileiro Otto Glória, mas a seleção portuguesa era escolhida por Manuel da Luz Afonso, ex-dirigente do Benfica. Ele foi o selecionador nacional de 1964 a 1967. Para o Mundial de 1966 ele convocou oito atletas do Sporting (campeão português da temporada 1965/66), sete do Benfica, três do Porto, dois do Belenenses, um do Leixões e um do Vitória de Setúbal. Inclusive, foi Afonso quem escolheu Otto Glória, do Sporting, como treinador.

Curiosamente, quatro dos titulares da seleção das Quinas eram nascidos em Moçambique: Vicente, Hilário, Coluna e Eusébio.


(Imagem: Alamy Stock Photo)

FICHA TÉCNICA:

 

PORTUGAL 3 x 0 BULGÁRIA

 

Data: 16/07/1966

Horário: 15h00 locais

Estádio: Old Trafford

Público: 25.438

Cidade: Manchester (Inglaterra)

Árbitro: José María Codesal (Uruguai)

 

PORTUGAL (4-2-4):

BULGÁRIA (4-2-4):

3  José Pereira (G)

1  Georgi Naydenov (G)

22 Alberto Festa

2  Aleksandar Shalamanov

5  Germano

5  Dimitar Penev

4  Vicente

3  Ivan Vutsov

9  Hilário

4  Boris Gaganelov (C)

16 Jaime Graça

6 Dobromir Zhechev

10 Mário Coluna (C)

13 Dimitar Yakimov

12 José Augusto

7  Dinko Dermendzhiev

13 Eusébio

9  Georgi Asparuhov

18 José Torres

10  Petar Zhekov

11 António Simões

16 Aleksandar Kostov

 

Técnico: Otto Glória

Técnico: Rudolf Vytlačil

 

SUPLENTES:

 

 

1  Américo (G)

21 Simeon Simeonov (G)

2  Joaquim Carvalho (G)

22 Ivan Deyanov (G)

17 João Morais

18 Evgeni Yanchovski

20 Alexandre Baptista

19 Vidin Apostolov

21 José Carlos

20 Ivan Davidov

14 Fernando Cruz

12 Vasil Metodiev

19 Custódio Pinto

8  Stoyan Kitov

6  Fernando Peres

15 Dimitar Largov

7  Ernesto Figueiredo

17 Stefan Abadzhiev

8  João Lourenço

14 Nikola Kotkov

15 Manuel Duarte

11 Ivan Kolev

 

GOLS:

7′ Ivan Vutsov (POR) (gol contra)

38′ Eusébio (POR)

81′ José Torres (POR)

 

ADVERTÊNCIAS:

70′ Eusébio (POR)

70′ Dinko Dermendzhiev (BUL)

Melhores momentos da partida:

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