Três pontos sobre…
… 27/07/1930 – Uruguai 6 x 1 Iugoslávia
Protocolos iniciais da partida. O capitão uruguaio José Nasazzi entrega flores para mulheres uruguaias. (Imagem: FIFA)
● Na primeira fase, o Uruguai foi líder do Grupo 3 com seis pontos. Bateu o Peru na estreia por 1 a 0 e goleou a Romênia por 4 a 0 na segunda rodada. Já a Iugoslávia, venceu o Brasil no primeiro jogo por 2 a 1 e depois bateu a Bolívia por 4 a 0.
Na quarta-feira, dia 23 de julho, a FIFA promoveu um sorteio para definir os adversários das semifinais. Havia 33% de chances de a sonhada decisão entre Uruguai e Argentina ocorrer nas semifinais. Era um risco enorme.
As bolinhas foram numeradas da seguinte forma: 1 para a Argentina; 2 para os Estados Unidos; 3 para o Uruguai; 4 para a Iugoslávia. Jules Rimet, que presidia a cerimônia, convidou um jornalista presente para sortear a primeira bolinha, que foi a número 1, da Argentina.
A tensão era enorme. Sob intensa expectativa, outro jornalista tirou a bolinha número 2, dos Estados Unidos. Ufa! Todos respiraram aliviados.
Esse sorteio também definiu a ordem dos jogos: Argentina x Estados Unidos seria no sábado e Uruguai x Iugoslávia, no domingo. Em caso de empate, haveria uma prorrogação de 15 minutos, dividida em dois tempos de sete minutos e meio. Se o empate persistisse, haveria uma segunda prorrogação, nos mesmos moldes. Se mesmo assim não houvesse um vencedor, haveria um jogo extra. Se esse jogo também terminasse empatado, no tempo normal e nas prorrogações, o vencedor sairia por meio de sorteio.
Nos anos 1930, todas as equipes atuavam no ofensivo sistema “clássico” ou “pirâmide”, o 2-3-5.
● Eram 79.867 expectadores no estádio Centenário, em Montevidéu. Foi o maior público da Copa do Mundo de 1930.
O Uruguai era amplo favorito. Além de jogar em casa, tinha uma equipe experiente, que já havia conquistado as medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1924 e 1928.
Mas a Iugoslávia começou jogando melhor. Com apenas quatro minutos jogados, Đorđe Vujadinović já havia aberto o placar para os europeus.
Aos 9 minutos, outro gol marcado pelos visitantes. Seria o 2 a 0, mas o gol foi anulado pelo árbitro brasileiro Gilberto de Almeida Rêgo.
A partir dali, os uruguaios tomaram as rédeas da partida, exploraram muito bem as jogadas pelas pontas e foram emplacando gols.
Pedro Cea marcou aos 18′. Peregrino Anselmo fez dois, um aos 20′ e outro aos 31′. Os iugoslavos reclamaram que Anselmo estava impedido ao anotar o terceiro gol da “celeste“.
No segundo tempo, Santos Iriarte marcou o quarto aos 16. Nova reclamação dos adversários, afirmando que a bola havia passado totalmente a linha de fundo antes do cruzamento que resultou no gol. O árbitro brasileiro se justificaria depois, dizendo que teve sua visão obstruída por um policial uruguaio, que estava postado sobre a linha.
Pedro Cea completou o seu “hat trick” com gols aos 22′ e aos 27′.
Com um placar maiúsculo de 6 a 1, o Uruguai estava na final da primeira Copa do Mundo e enfrentaria a arquirrival Argentina, no jogo mais aguardado da competição. No dia anterior, os “albicelestes” tinham goleado os Estados Unidos também por 6 a 1.
O ponta esquerda uruguaio Santos Iriarte disputa uma bola com o goleiro iugoslavo Milovan Jakšić. (Imagem: FIFA)
● A tabela original da Copa não previa a disputa do terceiro lugar, mas o Comitê Organizador sugeriu a ideia.
Porém, ainda irritados, os iugoslavos se recusaram a enfrentar os Estados Unidos, por protesto contra a atuação do árbitro brasileiro, que eles consideraram “excessivamente parcial”.
Assim, como não houve decisão do 3º lugar, a Iugoslávia dividiu essa colocação na classificação com os Estados Unidos. Na verdade, os dois países que caíram nas semifinais ficaram rigorosamente empatados em tudo, exceto que a Iugoslávia sofreu um gol a mais no geral.
Em muitas publicações esportivas, os americanos aparecem sozinhos em terceiro lugar, com base no critério não oficial de saldo de gols.
Algumas fontes, como um boletim da FIFA de 1984, afirmam que houve, sim, uma partida pelo 3º lugar, vencida por 3 x 1 pela Iugoslávia. Essa informação nunca foi oficialmente confirmada.
Terceiro gol de Pedro Cea na partida. (Imagem: Pinterest)
● FICHA TÉCNICA: |
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URUGUAI 6 X 1 IUGOSLÁVIA |
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Data: 27/07/1930 Horário: 14h45 locais Estádio: Centenário Público: 79.867 Cidade: Montevidéu (Uruguai) Árbitro: Gilberto de Almeida Rego (Brasil) |
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URUGUAI (2-3-5): |
IUGOSLÁVIA (2-3-5): |
Enrique Ballesteros (G) |
Milovan Jakšić (G) |
Ernesto Mascheroni |
Milutin Ivković (C) |
José Nasazzi (C) |
Dragan Mihajlović |
José Leandro Andrade |
Milorad Arsenijević |
Lorenzo Fernández |
Ljubiša Stefanović |
Álvaro Gestido |
Momčilo Đokić |
Pablo Dorado |
Aleksandar Tirnanić |
Blagoje Marjanović |
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Peregrino Anselmo |
Ivan Bek |
Pedro Cea |
Đorđe Vujadinović |
Santos Iriarte |
Branislav Sekulić |
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Técnico: Alberto Suppici |
Técnico: Boško Simonović |
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SUPLENTES: |
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Miguel Capuccini (G) |
Milan Stojanović (G) |
Domingo Tejera |
Dušan Marković |
Emilio Recoba |
Dragomir Tošić |
Carlos Riolfo |
Teofilo Spasojević |
Ángel Melogno |
Branislav Hrnjiček |
Conduelo Píriz |
Dragutin Najdanović |
Zoilo Saldombide |
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Juan Carlos Calvo |
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Santos Urdinarán |
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Pedro Petrone |
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GOLS: |
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4′ Đorđe Vujadinović (IUG) |
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18′ Pedro Cea (URU) |
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20′ Peregrino Anselmo (URU) |
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31′ Peregrino Anselmo (URU) |
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61′ Santos Iriarte (URU) |
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67′ Pedro Cea (URU) |
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72′ Pedro Cea (URU) |
Imagens diversas da partida:
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