Três pontos sobre…
… 10/06/1990 – Alemanha Ocidental 4 x 1 Iugoslávia
Seleção alemã na partida de estreia (Imagem: Impromptuinc)
● A Alemanha Ocidental vinha de duas derrotas em finais de Copa do Mundo. Em 1982, perdeu para a Itália por 3 x 1. Em 1986, foi derrotada pela Argentina de Diego Maradona por 3 x 2. Agora, em 1990, era um time muito mais forte e pronto para conquistar o seu terceiro título mundial.
O técnico ainda era Franz Beckenbauer, que mesclava experiência e juventude. Se o Kaiser já não podia mais contar com Harald Schumacher, Hans-Peter Briegel e Karl-Heinz Rummenigge, ainda mantinha na equipe os experientes Pierre Littbarski, Lothar Matthäus, Guido Buchwald, Andreas Brehme, Thomas Berthold e Rudi Völler. E a nova geração alemã era ainda mais talentosa, com os jovens Jürgen Klinsmann, Thomas Häßler, Andreas Möller, Stefan Reuter e Jürgen Kohler.
Era um time forte fisicamente, rápido, homogêneo e de alto nível técnico. Era praticamente perfeita em todos os setores do campo, a começar pelo gol, onde Bodo Illgner estava em seu auge. Era muito bem protegido por uma defesa compacta, liderada pelo experiente líbero Klaus Augenthaler. Na ala esquerda, Brehme era fundamental no time na marcação e no constante apoio. No meio campo, o capitão Matthäus fazia de tudo: destruía, criava e finalizava. Com habilidade e velocidade, o baixinho Häßler infernizava as defesas. E a dupla de ataque costumava fazer os gols. Völler mantinha a tradição do centroavante alemão forte e brigador, enquanto Klinsmann era rápido, oportunista, talentoso e matador.
A Alemanha Ocidental claramente era favorita no Grupo D. Mas teve em sua estreia um adversário que tinha tudo para fazer uma boa campanha.
Seleção iugoslava no primeiro jogo da Copa (Imagem: Impromptuinc)
● Se não estava entre as principais cotadas para o título, a Iugoslávia era apontada por muitos como a possível maior surpresa do Mundial.
A Copa de 1990 foi o “canto do cisne” da seleção iugoslava. Um time forte, com jogadores de altíssimo nível.
O craque era o temperamental e criativo meia Dragan Stojković. No auge de seus 25 anos, Stojković era considerado um dos melhores jogadores de toda a Europa. Tinha acabado de ser vendido pelo Estrela Vermelha ao Olympique de Marselha por US$ 10 milhões, em uma acirrada disputa com outros grandes clubes europeus.
Outro grande destaque do time era Srečko Katanec, da Sampdoria. Ele era um “faz tudo”. Mal comparando, era uma espécie de “Matthäus iugoslavo“: ajudava a defesa, marcava no meio, apoiava o ataque e marcava seus gols – a maioria de cabeça.
As principais ausências foram por motivo de indisciplina ou rebeldia. O meia Mehmed Baždarević foi suspenso por um ano após cuspir no rosto do árbitro em um jogo contra a Noruega pelas eliminatórias. O também meia Zvonimir Boban foi um dos principais personagens em uma briga campal entre os ultras do Estrela Vermelha (sérvio) e o seu Dinamo Zagreb (croata) que ocorreu um mês antes do Mundial. Boban deu uma voadora em um policial sérvio que estava agredindo um torcedor croata. O atleta foi punido pela federação iugoslava e acabou ficando fora da Copa.
Mesmo sem Boban, o elenco dos Plavi (azuis, em sérvio) contava com outros quatro campeões do Mundial Sub-20 de 1987: Dragoje Leković, Robert Jarni, Robert Prosinečki e Davor Šuker.
Essa seleção era a cara daquela Iugoslávia. Embora os sérvios sempre tivessem a supremacia política do país, isso não se refletia no futebol. Os croatas e bósnios eram maioria. Eram oito croatas (Ivković, Jozić, Vulić, Panadić, Bokšić, Jarni, Prosinečki e Šuker – sendo que os três últimos representaram a Croácia na Copa de 1998); cinco nascidos na Bósnia e Herzegovina (Omerović, Hadžibegić, Baljić, Sušić e Vujović – o capitão do time); três eram sérvios (Spasić, Leković e Stojković – sendo que os dois últimos jogaram pela Iugoslávia em 1998); três eram de Montenegro (Brnović, Šabanadžović e Savićević – apenas este último jogou pela Iugoslávia em 1998); dois da Macedônia do Norte (Stanojković e Pančev) e um da Eslovênia (Katanec). Uma verdadeira salada étnica.
O Kaiser Franz Beckenbauer escalou sua equipe no sistema 3-5-2.
O técnico Ivica Osim – um adepto de equipes rápidas e técnicas – também mandou seu time a campo no 3-5-2.
● Se a Alemanha Ocidental teve o melhor ataque da Copa de 1990, tudo começou diante da Iugoslávia, quando os alemães mostraram um poder de fogo incomum. De todos os considerados favoritos, a Nationalelf foi quem mais impressionou. Com tabelas rápidas pelo meio e o constante apoio de Brehme pela esquerda, os teutônicos envolveram os iugoslavos o tempo todo.
O placar foi aberto aos 28 minutos de jogo. Matthäus recebeu de Reuter próximo à meia lua, limpou a marcação de Davor Jozić e bateu de pé esquerdo. A bola entrou no cantinho direito do goleiro Tomislav Ivković.
Aos 39′, Brehme cruzou da esquerda para a pequena área. Klinsmann voou para mergulhar e deu uma casquinha na bola, que entrou no canto esquerdo. 2 a 0.
Aos 10′ do segundo tempo, a Iugoslávia deu sinal de reação ao diminuir o placar. Stojković ergueu a bola na área e Jozić desviou de cabeça. A bola foi no ângulo direito, sem chances para o goleiro Illgner.
Mas a Alemanha tratou de matar o jogo dez minutos depois. Matthäus recebeu a bola na intermediária, avançou pelo meio, deixou Jozić no chão, ajeitou o corpo e bateu rasteiro de fora da área, no canto direito do goleiro.
Com dois gols em chutes de fora da área, Matthäus já despontava como o craque da Copa.
A goleada se foi completada seis minutos depois. Na ponta esquerda, Brehme puxou para o meio, invadiu a área e bateu de direita. Ivković não conseguiu segurar e soltou a bola no pé de Ruud Völler, que se esticou para dividir com o goleiro e mandar para o gol.
Klinsmann mergulha e marca o segundo gol alemão (Imagem: Impromptuinc)
● Na segunda partida, a Iugoslávia venceu por 1 x 0 o confronto direto com a Colômbia de René Higuita, Carlos Valderrama e Freddy Rincón. No terceiro jogo, goleada sobre os Emirados Árabes Unidos por 4 x 1. Nas oitavas, venceu a Espanha por 2 x 1. Nas quartas de final, após empate sem gols, parou nas mãos de Sergio Goycochea, o tapa penales, que defendeu duas cobranças na decisão por pênaltis que a Argentina venceu por 3 a 2.
Na sequência da primeira fase, a Alemanha goleou os Emirados Árabes Unidos por 5 x 1. Na derradeira partida, empatou com a Colômbia por 1 x 1. O primeiro lugar do Grupo D trouxe aos alemães mais ônus do que bônus. Nas oitavas de final, uma batalha épica e vitória sobre a poderosa Holanda – de Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten – por 2 x 1. Nas quartas, vitória magra por 1 x 0 sobre o bom time da Tchecoslováquia. Nas semifinais, empate por 1 x 1 com a Inglaterra e vitória nos pênaltis por 4 a 3. Na decisão, um pênalti polêmico convertido por Brehme trouxe o terceiro título mundial para os alemães, diante da Argentina de Diego Maradona.
Völler se estica e faz o quarto gol alemão (Imagem: Impromptuinc)
● FICHA TÉCNICA: |
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ALEMANHA OCIDENTAL 4 x 1 IUGOSLÁVIA |
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Data: 10/07/1990 Horário: 21h00 locais Estádio: Giuseppe Meazza / San Siro Público: 74.765 Cidade: Milão (Itália) Árbitro: Peter Mikkelsen (Dinamarca) |
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ALEMANHA OCIDENTAL (3-5-2): |
IUGOSLÁVIA (3-5-2): |
1 Bodo Illgner (G) |
1 Tomislav Ivković (G) |
14 Thomas Berthold |
d 6 Davor Jozić |
5 Klaus Augenthaler |
4 Zoran Vulić |
6 Guido Buchwald |
3 Predrag Spasić |
2 Stefan Reuter |
5 Faruk Hadžibegić |
8 Thomas Häßler |
18 Mirsad Baljić |
10 Lothar Matthäus (C) |
13 Srečko Katanec |
15 Uwe Bein |
10 Dragan Stojković |
3 Andreas Brehme |
8 Safet Sušić |
9 Rudi Völler |
19 Dejan Savićević |
18 Jürgen Klinsmann |
11 Zlatko Vujović (C) |
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Técnico: Franz Beckenbauer |
Técnico: Ivica Osim |
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SUPLENTES: |
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12 Raimond Aumann (G) |
12 Fahrudin Omerović (G) |
22 Andreas Köpke (G) |
22 Dragoje Leković (G) |
4 Jürgen Kohler |
2 Vujadin Stanojković |
16 Paul Steiner |
21 Andrej Panadić |
19 Hans Pflügler |
17 Robert Jarni |
20 Olaf Thon |
16 Refik Šabanadžović |
21 Günter Hermann |
7 Dragoljub Brnović |
17 Andreas Möller |
15 Robert Prosinečki |
11 Frank Mill |
14 Alen Bokšić |
7 Pierre Littbarski |
20 Davor Šuker |
13 Karl-Heinz Riedle |
9 Darko Pančev |
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GOLS: |
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28′ Lothar Matthäus (ALE) |
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39′ Jürgen Klinsmann (ALE) |
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64′ Lothar Matthäus (ALE) |
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70′ Rudi Völler (ALE) |
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CARTÃO AMARELO: |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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55′ Safet Sušić (IUG) ↓ |
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Dragoljub Brnović (IUG) ↑ |
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55′ Dejan Savićević (IUG) ↓ |
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Robert Prosinečki (IUG) ↑ |
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74′ Thomas Häßler (ALE) ↓ |
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Andreas Möller (ALE) ↑ |
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74′ Uwe Bein (ALE) ↓ |
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Pierre Littbarski (ALE) ↑ |
Gols da partida: