Três pontos sobre…
… 02/06/1962 – Inglaterra 3 x 1 Argentina
(Imagem: Daily Mail)
Depois da enxurrada de críticas após a primeira partida da Argentina na Copa de 1962, quando venceu a a Bulgária por 1 x 0, o técnico Juan Carlos Lorenzo resolveu mexer no time. O zagueiro Ramos Delgado, que viria a ser ídolo do Santos anos depois, continuou no banco. Mas Lorenzo fez quatro alterações na sua equipe em relação ao jogo anterior. Por lesão, trocou o lateral direito Alberto Sainz por Vladislao Cap. Por opção, substituiu o ponta direita Héctor Facundo por Rubén Héctor Sosa, o atacante Marcelo Pagani pelo velocista Juan Carlos Oleniak e, a mudança principal: sacou o meia Oscar Rossi para escalar o craque Rattín.
Meia do Boca Juniors, Antonio Rattín era um meia de ótima técnica, uma fonte de ótimos passes e excelente visão de jogo, mas não tinha a confiança de seu treinador. Contudo, pela falta de criatividade do meio campo da albiceleste no primeiro jogo, a pressão foi muito grande e Rattín foi escalado para a partida seguinte.
Por sua vez, a superestimada Inglaterra teve um choque de realidade ao perder na estreia para a Hungria por 2 x 1. Para não serem eliminados na primeira fase (como quatro anos antes), os britânicos precisavam vencer os argentinos de qualquer maneira. E trataram logo de partir para cima.
A Inglaterra jogou em uma espécie de “W-W”, ou seja, uma defesa com quatro homens e um ataque em W.
A Argentina atuava no sistema tático 4-2-4.
A seleção argentina apresentou uma novidade tática no Mundial: a defesa jogava em uma linha de quatro homens e se adiantava de forma sincronizada para deixar os atacantes adversários em posição de impedimento. A ideia era tão boa, que ainda hoje é utilizada por várias equipes do futebol mundial. Porém, os hermanos deveriam ter ensaiado melhor a arriscada jogada. Devido a essa “linha burra”, os rápidos atacantes ingleses surgiram livres por várias vezes diante do goleiro Antonio Roma.
Jogando na ponta esquerda, Bobby Charlton deu um baile no lateral Cap, deixando o pobre jogador perdido em todas as jogadas.
Sem forçar muito, os ingleses abriram o placar aos 17′. Charlton recebeu a bola sem marcação e cruzou para a área. Alan Peacock cabeceou e o zagueiro albiceleste Rubén Navarro se abraçou com a bola para evitar o gol. Pênalti indiscutível, convertido por Ron Flowers.
O segundo tento foi anotado por Bobby Charlton aos 42′. Ele recebeu a bola na área e finalizou sem chance de defesa para Roma.
O terceiro saiu aos 22 minutos do segundo tempo. Após cruzamento na área da Argentina, Jimmy Greaves se antecipou a Raúl Páez e tocou no canto esquerdo do goleiro.
Confusa em campo, a Argentina só diminuiu o prejuízo a nove minutos do fim, quando o jogo já estava definido. José Sanfilippo recebeu a bola na intermediária, entre a marcação inglesa, avançou em velocidade e, ao entrar na área, tocou na saída do goleiro Ron Springett. Um belo gol, que pouco adiantou.
(Imagem: abrilacancha.com.ar)
O resultado reabilitou os ingleses e deixou os argentinos em situação difícil.
No dia seguinte, a Hungria goleou a Bulgária por 6 x 1. Com duas vitórias em dois jogos, os húngaros praticamente garantiram sua classificação para a fase seguinte na primeira colocação do Grupo 4. Argentinos e ingleses foram para a última rodada disputando a segunda vaga.
No dia 06/06, uma seleção argentina toda remendada parou nas mãos do lendário goleiro Gyula Grosics e empatou sem gols com uma equipe mista da Hungria. Assim, com três pontos em três jogos, os hermanos dependiam do resultado do jogo entre Inglaterra x Bulgária, que ocorreu no dia seguinte. Sem nenhum ponto conquistado, a Bulgária já estava eliminada. Mas o English Team tinha dois pontos e se classificaria com uma vitória simples ou até com um empate, já que levava vantagem sobre os argentinos no goal average (1,3 a 0,7).
E foi o que aconteceu: a Inglaterra só se defendeu e a Bulgária só queria evitar outro vexame. O empate sem gols classificou a Inglaterra em segundo lugar da chave. Nas quartas de final, os ingleses perderam para o Brasil por 3 x 1, em uma tarde esplendorosa de Garrincha.
Cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Rubén Navarro e Johnny Haynes (Imagem: Keystone / Getty Images)
● FICHA TÉCNICA: |
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INGLATERRA 3 x 1 ARGENTINA |
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Data: 02/06/1962 Horário: 15h00 locais Estádio: Braden Cooper (atual Estadio El Teniente-Codelco) Público: 9.794 Cidade: Rancagua (Chile) Árbitro: Nikolay Latyshev (União Soviética) |
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INGLATERRA (W-W): |
ARGENTINA (4-2-4): |
1 Ron Springett (G) |
1 Antonio Roma (G) |
2 Jimmy Armfield |
18 Vladislao Cap |
15 Maurice Norman |
15 Rubén Navarro (C) |
16 Bobby Moore |
6 Raúl Páez |
3 Ray Wilson |
3 Silvio Marzolini |
6 Ron Flowers |
5 Federico Sacchi |
17 Bryan Douglas |
16 Antonio Rattín |
8 Jimmy Greaves |
19 Rubén Héctor Sosa |
9 Alan Peacock |
20 Juan Carlos Oleniak |
10 Johnny Haynes (C) |
10 José Sanfilippo |
11 Bobby Charlton |
11 Raúl Belén |
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Técnico: Walter Winterbottom |
Técnico: Juan Carlos Lorenzo |
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SUPLENTES: |
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12 Alan Hodgkinson (G) |
12 Rogelio Domínguez (G) |
22 Gordon Banks (G) |
2 José Ramos Delgado |
21 Don Howe |
4 Alberto Sainz |
14 Stan Anderson |
14 Alberto Mariotti |
5 Peter Swan |
17 Rafael Albrecht |
20 George Eastham |
21 Ramón Abeledo |
4 Bobby Robson |
13 Oscar Rossi |
7 John Connelly |
8 Martín Pando |
9 Gerry Hitchens |
7 Héctor Facundo |
18 Roger Hunt |
9 Marcelo Pagani |
13 Derek Kevan |
22 Alberto Mario González |
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GOLS: |
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17′ Ron Flowers (ING) (pen) |
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42′ Bobby Charlton (ING) |
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67′ Jimmy Greaves (ING) |
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81′ José Sanfilippo (ARG) |
Gols do jogo:
Melhores momentos da partida: