Três pontos sobre…
… 13/07/2014 – Alemanha 1 x 0 Argentina
(Imagem: ESPN)
● Quase 35 milhões de telespectadores assistiram à partida na Alemanha, no recorde histórico de audiência na TV do país.
Era um jogo imprevisível. Os alemães tinham um elenco mais homogêneo, maduro e pronto para vencer. A Argentina tinha Lionel Messi e bons coadjuvantes.
Na estreia, a Nationalmannschaft goleou Portugal de Cristiano Ronaldo por 4 x 0. Nos jogos seguintes, empatou com Gana (2 x 2) e venceu os EUA (1 x 0). Nas oitavas de final, precisou da prorrogação para eliminar a ardilosa Argélia (2 x 1). Nas quartas, venceu a França por 1 x 0 em um duelo muito equilibrado. Na semifinal, não houve equilíbrio algum ao massacrar a Seleção Brasileira, dona da casa, nos famosos 7 a 1. Na decisão, enfrentaria uma velha conhecida: a Argentina.
Na primeira fase, a seleção albiceleste venceu as três partidas válidas pelo Grupo F: 2 x 1 sobre a Bósnia e Herzegovina, 1 x 0 no Irã e 3 x 2 na Nigéria. Nas oitavas de final, precisou da prorrogação para vencer a Suíça por 1 x 0. Nas quartas, eliminou a “ótima geração belga” com uma vitória por 1 x 0. Na semifinal, venceu a Holanda nos pênaltis por 4 x 2, após empate sem gols no tempo normal e na prorrogação.
Do lado portenho, Ángel Di María foi uma ausência muito sentida, não se recuperando da contusão na coxa que sofreu nas quartas de final contra a Bélgica. O técnico Alejandro Sabella preferiu proteger mais o meio de campo com Enzo Pérez.
Sami Khedira se lesionou no aquecimento, minutos antes da decisão, e foi substituído por Christoph Kramer, que nunca havia sido titular da seleção antes.
A Alemanha jogou no 4-3-3. Com a bola, Lahm avançava e Höwedes recuava, formando um 3-4-3.
A Argentina atuou no 4-3-3. Sem a bola, Lavezzi recuava e o time formava um 4-4-2.
● A Alemanha dominou a posse de bola desde o começo. Sabella povoou o meio de campo e os alemães não encontravam tantos espaços quanto na partida contra o Brasil.
A Argentina parecia dar a bola aos alemães, na tentativa de roubar e avançar em contragolpes rápidos.
E a albiceleste foi a primeira a assustar o adversário. Ezequiel Lavezzi roubou a bola de Mats Hummels na direita do ataque argentino e a bola sobrou para Gonzalo Higuaín bater cruzado e sem ângulo, mas a bola saiu pela linha lateral.
Phillip Lahm cruzou da direita, mas Miroslav Klose estava marcado por Martín Demichelis e não conseguiu alcançar.
Após chutão de Manuel Neuer para o ataque, a bola ficou no alto sendo rebatida de um lado para o outro até que Toni Kroos tentou recuar para o seu goleiro quase da intermediária, errou na força da cabeçada e acabou colocando Higuaín cara a cara com o gol. O camisa 9 teve tempo para deixar a bola quicar, ajeitar o corpo e bater. Incrivelmente, a bola foi para fora. Ele desperdiçou o presente. Difícil um centroavante de alto nível perder um gol desses e Higuaín conseguiu.
Aos 29′, Messi abriu com Lavezzi, que cruzou para a área. Higuaín bateu de primeira e dessa vez acertou o gol, mas a arbitragem já havia parado o lance apontando impedimento depois do cruzamento de Ezequiel Lavezzi.
Dois minutos depois, o volante Kramer precisou ser substituído por causa de uma dividida com Ezequiel Garay logo no início da partida. O técnico Joachim Löw ousou e colocou o atacante André Schürrle em seu lugar, adiantando o time. Kroos passou a atuar mais recuado e Mesut Özil foi jogar no centro, com Shurrle na esquerda.
Thomas Müller ganhou de Pablo Zabaleta no corpo, entrou na área e cruzou rasteiro para trás. Schurrle chegou batendo forte, mas Sergio Romero espalmou pela linha de fundo.
O jogo era muito bom tecnicamente.
Messi era muito bem marcado, mas se apresentava e participava bem do jogo. Ele também teve sua oportunidade aos 39′, quando ganhou na velocidade de Hummels, mas Neuer saiu para fechar o espaço e Jérôme Boateng tirou o perigo da área alemã.
Apesar da Argentina ter assustado primeiro, a Nationalelf tratou de responder à altura, com envolventes trocas de passes e aproximação dos jogadores.
Pouco antes do intervalo, Kroos bateu escanteio da direita a Benedikt Höwedes cabeceou forte, mas a bola foi explodiu na trave. Na volta, Müller estava impedido.
(Imagem: Getty Images / FIFA)
● No intervalo, Sabella trocou Lavezzi por Kun Agüero.
Logo aos dois minutos, Messi teve uma grande chance de abrir o placar. Ele escapou nas costas da defesa, recebeu lançamento de Lucas Biglia, avançou e chutou cruzado, mas a bola foi para fora, tirando tinta da trave esquerda de Neuer. Um gol perdido nível 9 na “escala Higuaín”.
Depois, Messi recebeu na direita, cortou para o meio em sua jogada característica, mas bateu para fora.
Mas estranhamente a Argentina foi perdendo o ímpeto ofensivo.
Agüero não fazia a recomposição na marcação como Lavezzi e a Alemanha passou a ter superioridade no meio do campo.
Bastian Schweinsteiger abriu na ponta direita com Müller, que cortou a marcação e rolou para trás e Toni Kroos chutou para fora.
Os sul-americanos eram sólidos na defesa, mas não conseguiam levar perigo no ataque.
Messi buscava a bola e saía driblando, mas não conseguia passar por todo o exército alemão.
Cansado de ver Higuaín perder gols, o treinador argentino o trocou por Rodrigo Palacio e colocou Fernando Gago no lugar de Enzo Pérez.
Löw tirou o apagado veterano Miroslav Klose e colocou em campo o jovem Mario Götze.
Aos 36′, Javier Mascherano errou o passe no campo de defesa, Özil tabelou com Müller e rolou para trás para Kroos bater rasteiro, mas Romero pegou firme.
Sem gols durante os 90 minutos, a partida se encaminhou para a prorrogação.
(Imagem: Getty Images / FIFA)
● E as duas equipes foram muito mais cautelosas no tempo extra, parecendo que queriam levar a decisão para os pênaltis.
Logo aos 30 segundos, Götze fez o pivô e rolou para Schurrle bater do bico da pequena área. Romero espalmou para frente e Özil chutou o rebote em cima da marcação.
Rojo cruzou para a área, Hummels errou o tempo de bola e Palacio tentou encobrir Neuer e mandou para fora.
Mas, aos oito minutos do segundo tempo, Schurrle arrancou em ótima jogada pela esquerda, passou por três adversários e cruzou na primeira trave. No bico da pequena área, Mario Götze dominou no peito e, sem deixar a bola cair, chutou cruzado para estufar as redes. Um golaço.
Mario Götze foi o primeiro e até hoje único jogador a ter saído do banco de reservas e fazer o gol do título de uma Copa do Mundo.
No finalzinho, Marcos Rojo cruzou da linha de fundo e Messi cabeceou por cima.
Em toda a competição, a Argentina só ficou atrás no placar por sete minutos. Justamente os minutos derradeiros que lhe tiraram o título na decisão.
(Imagem: Getty Images / FIFA)
● Ao fim da partida, o estádio Maracanã estava em festa. Os alemães festejavam sua conquista e os brasileiros vibravam pela derrota da Argentina.
A Alemanha deu uma aula de futebol, consagrando uma geração brilhante e o trabalho sério e longevo do técnico Joachim Löw, no comando de sua equipe desde 2006. Um trabalho que pôde ser amadurecido nas derrotas das últimas Copas do Mundo e Eurocopas, mas que chegou à maturidade e rendeu louros no maior palco do futebol mundial.
O título premiou com justiça e deixou na história os personagens da velha guarda como Phillip Lahm, Bastian Schweinsteiger, Miroslav Klose, Łukas Podolski e Per Mertesacker, além de outros mais jovens como Manuel Neuer, Jérôme Boateng, Mats Hummels, Toni Kroos, Mesut Özil e Mario Götze.
Os alemães deixaram um legado dentro de campo. Mas esse legado se estendeu para fora do campo. O centro de treinamento onde os germânicos se prepararam para a disputa do Mundial, em Santa Cruz Cabrália, no litoral sul da Bahia, se tornou um lindo resort. Além disso, os alemães doaram €$ 10 mil para os índios da tribo pataxó e várias bicicletas para uma escola da região.
Neuer e Schweinsteiger cantaram o hino do Bahia e Podolski apareceu mais de uma vez com a camisa do Flamengo. A presença dos alemães foi também uma aula de simpatia e carisma.
(Imagem: Getty Images / FIFA)
● Assim como foi com Brasil e Itália, a Alemanha teve que esperar 24 anos entre o tri e o tetracampeonato.
Essa foi a terceira final de Copa do Mundo disputada entre alemães e argentinos – o confronto que mais se repetiu nas decisões. Em 1986, a Argentina de Diego Maradona venceu. Em 1990, a Alemanha de Lothar Matthäus deu o troco. Coincidentemente, os hermanos perderam as duas vezes em que jogaram de camisa azul (1990 e 2014).
Curiosamente, Gonzalo Higuaín tentou mais chutes a gol na final de 2014 do que o total de finalizações da seleção albiceleste na decisão da Copa de 1990 (uma só).
A Alemanha se tornou a primeira seleção europeia a vencer um Mundial no continente americano.
Ao conquistar o quarto título, a Alemanha se igualou à Itália como a seleção europeia com mais Copas do Mundo.
Discutivelmente, Lionel Messi foi eleito o melhor jogador da competição. Antes dele, apenas um argentino havia ganhado essa honraria: Diego Armando Maradona, em 1986.
Manuel Neuer ficou quatro partidas sem sofrer gols. Dentre todos os goleiros alemães, apenas Oliver Kahn, em 2002, conseguiu ficar mais jogos invicto (cinco).
Miroslav Klose se tornou o segundo jogador com mais partidas na história das Copas do Mundo, com 24. Só fica atrás de seu conterrâneo Lothar Matthäus, com 25. Além disso, Klose é o maior artilheiro da história das Copas, com 16 gols.
(Imagem: Getty Images / FIFA)
● FICHA TÉCNICA: |
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ALEMANHA 1 x 0 ARGENTINA |
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Data: 13/07/2014 Horário: 16h00 locais Estádio: Maracanã Público: 74.738 Cidade: Rio de Janeiro (Brasil) Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália) |
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ALEMANHA (4-3-3): |
ARGENTINA (4-3-3): |
1 Manuel Neuer (G) |
1 Sergio Romero (G) |
16 Phillip Lahm (C) |
4 Pablo Zabaleta |
20 Jérôme Boateng |
15 Martín Demichelis |
5 Mats Hummels |
2 Ezequiel Garay |
4 Benedikt Höwedes |
16 Marcos Rojo |
23 Christoph Kramer |
14 Javier Mascherano |
7 Bastian Schweinsteiger |
6 Lucas Biglia |
18 Toni Kroos |
8 Enzo Pérez |
8 Mesut Özil |
22 Ezequiel Lavezzi |
13 Thomas Müller |
10 Lionel Messi (C) |
11 Miroslav Klose |
9 Gonzalo Higuaín |
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Técnico: Joachim Löw |
Técnico: Alejandro Sabella |
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SUPLENTES: |
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22 Roman Weidenfeller (G) |
12 Agustín Orión (G) |
12 Ron-Robert Zieler (G) |
21 Mariano Andújar (G) |
3 Matthias Ginter |
3 Hugo Campagnaro |
17 Per Mertesacker |
17 Federico Fernández |
21 Shkodran Mustafi (lesionado) |
23 José María Basanta |
15 Erik Durm |
13 Augusto Fernández |
2 Kevin Großkreutz |
5 Fernando Gago |
6 Sami Khedira (lesionado) |
19 Ricky Álvarez |
14 Julian Draxler |
11 Maxi Rodríguez |
19 Mario Götze |
7 Ángel Di María |
9 André Schürrle |
18 Rodrigo Palacio |
10 Łukas Podolski |
20 Sergio Agüero |
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GOL: 113′ Mario Götze (ALE) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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29′ Bastian Schweinsteiger (ALE) |
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34′ Benedikt Höwedes (ALE) |
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64′ Javier Mascherano (ARG) |
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65′ Sergio Agüero (ARG) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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31′ Christoph Kramer (ALE) ↓ |
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André Schürrle (ALE) ↑ |
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INTERVALO Ezequiel Lavezzi (ARG) ↓ |
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Sergio Agüero (ARG) ↑ |
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78′ Gonzalo Higuaín (ARG) ↓ |
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Rodrigo Palacio (ARG) ↑ |
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86′ Enzo Pérez (ARG) ↓ |
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Fernando Gago (ARG) ↑ |
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88′ Miroslav Klose (ALE) ↓ |
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Mario Götze (ALE) ↑ |
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120′ Mesut Özil (ALE) ↓ |
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Per Mertesacker (ALE) ↑ |
Melhores momentos da partida:
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