… 13/06/1986 – Dinamarca 2 x 0 Alemanha Ocidental

Três pontos sobre…
… 13/06/1986 – Dinamarca 2 x 0 Alemanha Ocidental


(Imagem: DPA / Corbis / Impromptuinc)

● A imprensa esportiva da época já avisava: a “Dinamite Dinamarca” poderia explodir na Copa do Mundo de 1986. Durante o torneio, acabaria se tornando a “Dinamáquina”: a máquina de toques envolventes, aproximação, jogo rápido e marcação sob pressão, capaz de massacrar até os mais tradicionais adversários.

Historicamente, o país era um grande exportador de “pé de obra” para os maiores centros do futebol europeu. Um dos incentivos para isso era o amadorismo que perdurou no país até 1985. Mas muita coisa mudou com o advento do profissionalismo e a contratação do técnico alemão Sepp Piontek na virada da década. O treinador precisou fazer um trabalho diferente para a época, garimpando jogadores de todos os cantos do continente, o que não era usual para a época. Eles se reuniam 48 horas antes dos jogos e mal tinham tempo para treinar. Mesmo assim, deu certo. O resultado foi imediato, com o 3º lugar na Eurocopa de 1984 e a classificação para o Mundial de 1986 – foi líder do Grupo 6 das eliminatórias europeias, apenas um ponto na frente da União Soviética.

O atacante Preben Elkjær Larsen, fumante inveterado, campeão italiano com o Verona na temporada 1984/85, foi o maior artilheiro das eliminatórias em todos os continentes, com oito gols. Michael Laudrup, já na Juventus, era considerado como uma das maiores revelações da Europa. Outro destaque era a animada, beberrona e pacífica torcida.

Era endeusada pela crítica internacional como uma das maiores forças do futebol europeu de então. Tinha um time muito entrosado. E o 3-5-2 era um sistema tático diferente, que confundia a marcação adversária (como detalhamos nesse outro texto).


Sepp Piontek escalou a Dinamarca no futurista sistema 3-5-2. John Sivebæk e Søren Busk eram os dois defensores centrais e Morten Olsen era o líbero. Jan Mølby fazia o balanço defensivo, voltando para jogar entre os zagueiros se necessário. Søren Lerby e Jesper Olsen eram meias que marcavam e criavam. Os alas Frank Arnesen e Henrik Andersen eram meias de origem e tinham como maior característica a velocidade com a bola. Michael Laudrup e Elkjær era uma dupla de ataque de muita movimentação.


O 3-5-2 já não era mais exclusividade da Dinamarca. Outras equipes utilizaram o mesmo sistema de forma mais discreta. A Alemanha jogava em um falso 4-4-2 em um misto de 3-5-2. O lateral esquerdo Matthias Herget fazia o papel de um terceiro zagueiro, a fim de liberar o outro lateral, Berthold, que apoiava um pouquinho mais pela direita, fazendo o contra-peso do meia esquerda Brehme. Matthäus era o “todo-campista” indo de área a área. Eder marcava para Rolff armar as jogadas para os atacantes Klaus Allofs e Rudi Völler.

● As duas seleções entraram em campo já classificadas. Na pior das hipóteses, os alemães se classificariam em terceiro no grupo – mas isso se o Uruguai tirasse uma diferença de seis gols de saldo contra a Escócia (a partida ocorreu simultaneamente a essa e terminou sem gols).

Apesar da postura mais defensiva, os comandados de Franz Beckenbauer começaram mais perigosos e Andreas Brehme mandou uma bola no travessão.

Mas, mesmo sem fazer força alguma, o time do técnico Sepp Piontek conseguiu traduzir sua superioridade em gols.

Aos 43 minutos do primeiro tempo, o líbero Morten Olsen arrancou e foi derrubado dentro da área por Wolfgang Rolff. O árbitro belga Alexis Ponnet assinalou o pênalti. Jesper Olsen cobrou de esquerda com enorme categoria. A bola foi no canto direito, deslocando o goleiro Harald Schumacher, que caiu para o esquerdo.

A partida foi resolvida aos 17′ da etapa complementar. Morten Olsen partiu com a bola dominada e tocou para Michael Laudrup, que lançou Frank Arnesen na direita, que cruzou rasteiro. Schumacher saiu de carrinho e não cortou. John Eriksen só tocou para dentro. Eriksen tinha entrado no intervalo no lugar de Preben Elkjær Larsen, que foi poupado do segundo tempo.

Curiosamente, essa foi a única partida do craque Allan Simonsen na história das Copas. Bola de Ouro da revista France Football como melhor jogador da Europa em 1977, o “pequeno gigante” já estava no fim de carreira, bastante prejudicado por problemas físicos. Ele entrou no lugar de Jesper Olsen na metade do segundo tempo.

Os dinamarqueses ficaram em primeiro lugar do Grupo E e enfrentaria a Espanha, segunda do Grupo D. Os alemães se deram bem por terem ficado em segundo, pois enfrentaram o Marrocos (líder do Grupo F) nas oitavas de final – teoricamente, um adversário mais fácil. O Uruguai foi terceiro da chave e pegou a Argentina (primeira do Grupo A). O resultado foi bom para todos.


Karlheinz Förster e Preben Elkjær Larsen disputam a jogada (Imagem: Team Group / Impromptuinc)

● Na primeira fase, a Alemanha Ocidental se classificou em segundo lugar no Grupo E, com três pontos: empatou com o Uruguai (1 x 1), venceu a Escócia (2 x 1) e perdeu para a Dinamarca (2 x 0). Nas oitavas, penou para passar pelo Marrocos (1 x 0). Nas quartas, passou sufoco, vencendo o México apenas nos pênaltis por 4 a 1, após um empate sem gols. Fez seu melhor jogo na semifinal, vencendo a favorita França por 2 a 0. Na decisão, buscou um improvável empate, mas sofreu o gol derradeiro de Jorge Burruchaga nos minutos finais, após mais uma jogada genial de Maradona. A Argentina venceu por 3 x 2 e conquistou seu segundo título, deixando a Alemanha com seu segundo vice-campeonato consecutivo.

Com um jeito ofensivo e alegre de jogar, a Dinamarca se tornou o segundo time favorito de todo o mundo. Era admirada por sua coragem e seu estilo como nenhuma outra seleção desde então. E os nórdicos terminaram a primeira fase como líderes do “grupo da morte”, com 100% de aproveitamento, três vitórias em três jogos. Venceram Escócia (1 x 0), Uruguai (6 x 1) e Alemanha Ocidental (2 x 0). Anotaram nove gols e sofreram apenas um, de pênalti. Enfrentaria a Espanha nas oitavas de final. E, como diria aquele velho ditado: “o futebol é uma caixinha de surpresas”. Haveria uma bastante amarga para os dinamarqueses. É o que veremos no próximo dia 18.


Rudi Völler tenta passar por Morten Olsen (Imagem: Norbert Schmidt / Impromptuinc)

FICHA TÉCNICA:

 

DINAMARCA 2 x 0 ALEMANHA OCIDENTAL

 

Data: 13/06/1986

Horário: 12h00 locais

Estádio: La Corregidora

Público: 36.000

Cidade: Querétaro (México)

Árbitro: Alexis Ponnet (Bélgica)

 

DINAMARCA (3-5-2):

ALEMANHA
OCIDENTAL (4-4-2):

22 Lars Høgh (G)

1  Harald Schumacher (G)(C)

2  John Sivebæk

14 Thomas Berthold

3  Søren Busk

4  Karlheinz Förster

4  Morten Olsen (C)

17 Ditmar Jakobs

21 Henrik Andersen

5  Matthias Herget

7  Jan Mølby

6  Norbert Eder

6  Søren Lerby

8  Lothar Matthäus

15 Frank Arnesen

3  Andreas Brehme

8  Jesper Olsen

21 Wolfgang Rolff

11 Michael Laudrup

19 Klaus Allofs

10 Preben Elkjær Larsen

9  Rudi Völler

 

Técnico: Sepp Piontek

Técnico: Franz Beckenbauer

 

SUPLENTES:

 

 

1  Troels Rasmussen (G)

12 Uli Stein (G)

16 Ole Qvist (G)

22 Eike Immel (G)

5  Ivan Nielsen

15 Klaus Augenthaler

17 Kent Nielsen

2  Hans-Peter Briegel

9  Klaus Berggreen

16 Olaf Thon

13 Per Frimann

13 Karl Allgöwer

20 Jan Bartram

10 Felix Magath

12 Jens Jørn Bertelsen

18 Uwe Rahn

14 Allan Simonsen

7  Pierre Littbarski

18 Flemming Christensen

20 Dieter Hoeneß

19 John Eriksen

11 Karl-Heinz Rummenigge

 

GOLS:

43′ Jesper Olsen (DIN) (pen)

62′ John Eriksen (DIN)

 

CARTÕES AMARELOS:

36′ Frank Arnesen (DIN)

48′ Norbert Eder (ALE)

51′ Ditmar Jakobs (ALE)

 

CARTÃO VERMELHO: 88′ Frank Arnesen (DIN)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Preben Elkjær Larsen (DIN) ↓

John Eriksen (DIN) ↑

 

INTERVALO Wolfgang Rolff (ALE) ↓

Pierre Littbarski (ALE) ↑

 

71′ Jesper Olsen (DIN) ↓

Allan Simonsen (DIN) ↑

 

71′ Karlheinz Förster (ALE) ↓

Karl-Heinz Rummenigge (ALE) ↑

Gols da partida:

Jogo completo:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *