Três pontos sobre…
… 30/05/1962 – Uruguai 2 x 1 Colômbia
(Imagem: Fútbol Red)
● Atualmente estamos acostumados aos sorteios dirigidos que a FIFA faz para determinar os grupos da primeira fase das Copas do Mundo. Uma das regras é evitar que caiam mais de uma equipe do mesmo continente no mesmo grupo. Não era assim em 1962. Tanto, que os sul-americanos Uruguai e Colômbia foram sorteados para se enfrentarem logo de cara, em partida válida pelo Grupo 1.
O Uruguai voltava à disputa de um Mundial, após ter ficado de fora em 1958, quando caiu para o Paraguai nas eliminatórias. A experiência pelos dois títulos anteriores (1930 e 1950) e o confronto direto davam um enorme favoritismo diante da Colômbia.
Os cafeteros estreavam em Copas do Mundo. Eliminaram o Peru na fase classificatória. Curiosamente, a cidade escolhida para sede do grupo foi Arica, no norte do Chile, justamente por ser próxima ao Peru. Os organizadores tinham certeza da classificação peruana, mas a Colômbia “estragou” o planejamento feito.
Com isso, apenas 7.908 pessoas assistiram o confronto no estádio Carlos Dittborn. Segundo a imprensa, o alto preço dos ingressos foi o principal responsável pelo baixo público – composto em sua maioria por chilenos e peruanos.
Os dois times atuavam no sistema tático 4-2-4.
● Desde aquela época, o futebol colombiano era baseado mais na técnica do que na força física e velocidade. E os abusados estreantes foram melhores no primeiro tempo, com mais posse de bola e boas trocas de passe. E mereceram abrir o placar.
Com 19 minutos jogados, o capitão Francisco “Cobo” Zuluaga abriu o placar cobrando pênalti. Bola à meia altura, no canto esquerdo, deslocando o goleiro Roberto Sosa.
A Colômbia ainda teve chances para ampliar o marcador. No fim do primeiro tempo, Marcos Coll acertou a trave. O Uruguai não conseguia criar chances.
Na etapa final, a Celeste (que naquele dia jogou de vermelho) se agigantou. Aos 11′, o craque Luis Cubilla dominou dentro da área e cruzou rasteiro para o centroavante José Sasía só completar para o fundo da rede do goleiro Efraín “Caimán” Sánchez.
Minutos depois, após uma cobrança de escanteio, Sasía atingiu as costas de Zuluaga e lhe quebrou três costelas. Sem condições de jogo, ele teve que sair do jogo. Com isso, a Colômbia perdia não apenas um atleta, mas o seu capitão, que dava as ordens dentro de campo.
Para piorar, Delio “Maravilla” Gamboa também se lesionou e precisou sair. Como não haviam substituições à época, o time colombiano ficou com nove homens em campo. Com dois a menos, era difícil que os cafeteros segurassem o ímpeto charrua. Era uma luta desigual. Foi muito duro para eles perderem seu capitão e sua maior estrela.
E a inevitável virada ocorreu aos 30. O jovem Pedro Rocha (futuro ídolo do São Paulo FC), de apenas 19 anos, recebeu dentro da área e rolou para Cubilla dominar e bater cruzado e fechar o placar.
(Imagem: FIFA)
● “Estivemos bem. Perdemos para a experiência do qualificado rival, que cresceu no segundo tempo.” — Delio “Maravilla” Gamboa, centroavante colombiano.
“Pagamos o preço pela primeira participação em um Mundial. Tivemos uma boa equipe, que perdeu por nervosismo e falta de experiência.” — Adolfo Pedernera, técnico argentino que dirigiu a Colômbia (e foi um excepcional jogador na década de 1940).
Embora decepcionados pela forma como perderam, os colombianos ainda protagonizaram um elétrico empate por 4 a 4 com os soviéticos na rodada seguinte. Só decepcionaram mesmo ao se despedirem do torneio sofrendo uma goleada por 5 a 0 para os iugoslavos. Ainda assim, na chegada à Bogotá, o público fez festa para receber “los pioneros”.
O Uruguai também decepcionou e caiu na primeira fase. Nos jogos seguintes, perdeu para a Iugoslávia por 3 x 1 e para a União Soviética por 2 x 1.
(Imagem: Jornal “El Tiempo”)
● FICHA TÉCNICA: |
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URUGUAI 2 x 1 COLÔMBIA |
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Data: 30/05/1962 Horário: 15h00 locais Estádio: Carlos Dittborn Público: 7.908 Cidade: Arica (Chile) Árbitro: Andor Dorogi (Hungria) |
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URUGUAI (4-2-4): |
COLÔMBIA (4-2-4): |
1 Roberto Sosa (G) |
1 Efraín Sánchez (G) |
4 Omar Méndez |
3 Francisco Zuluaga (C) |
2 Horacio Troche (C) |
8 Hector Echeverri |
3 Emilio Álvarez |
5 Jaime González |
18 Eliseo Álvarez |
11 Óscar López |
5 Néstor Gonçalves |
9 Jaime Silva |
19 Ronald Langón |
13 Germán Aceros |
11 Luis Cubilla |
15 Marcos Coll |
9 José Sasía |
17 Marino Klinger |
10 Pedro Rocha |
19 Delio Gamboa |
7 Domingo Pérez |
22 Jairo Arias |
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Técnico: Juan Carlos Corazzo |
Técnico: Adolfo Pedernera |
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SUPLENTES: |
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12 Luis Maidana (G) |
2 Adelmo Vivas (G) |
14 William Martínez |
4 Aníbal Alzate |
15 Rubén Soria |
6 Ignacio Calle |
17 Rubén González |
7 Carlos Aponte |
20 Mario Bergara |
16 Ignacio Pérez |
6 Pedro Cubilla |
10 Rolando Serrano |
8 Julio César Cortés |
12 Hernando Tovar |
16 Edgardo González |
14 Luis Paz |
21 Héctor Silva |
18 Eusebio Escobar |
22 Ángel Cabrera |
20 Antonio Rada |
23 Guillermo Escalada |
21 Héctor González |
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GOLS: |
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19′ Francisco Zuluaga (COL) (pen) |
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56′ José Sasía (URU) |
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75′ Luis Cubilla (URU) |
Alguns lances da partida: