Três pontos sobre…
… 11/06/1998 – Itália 2 x 2 Chile
Marcelo Salas ganha no alto de Fabio Cannavaro e vira o jogo para o Chile (Imagem: Pinterest)
● Na Copa do Mundo de 1998, uma das maiores ameaças às potências consagradas era o Chile. Subestimado pela mídia estrangeira, o país se vangloriava de sua dupla de ataque: Iván “Bam-Bam” Zamorano e Marcelo Salas, “El Matador”. Salas estava em uma fase esplendorosa e tinha acabado de ser vendido pelo River Plate (Argentina) à Lazio (Itália) por US$ 20 milhões.
O Chile voltava a disputar um Mundial depois de 16 anos. Em 1986, parou nas eliminatórias ao perder nas últimas partidas para o Paraguai. Em 1990, foi punido pela FIFA por um episódio no qual o goleiro sãopaulino Roberto Rojas cortou seu próprio rosto e fingiu ter sido atingido por um sinalizador no jogo contra o Brasil. Por isso, a FIFA suspendeu o Chile também das eliminatórias de 1994. Em 1998, a vaga veio com muito sufoco, apenas no critério de saldo de gols, após um empate em número de pontos com o arqui-inimigo Peru.
A Itália vinha do vice-campeonato na Copa do Mundo de 1994, quando perdeu nos pênaltis para o Brasil por 3 x 2, após o empate por 0 x 0 no tempo normal e na prorrogação.
Para sua estreia em 1998, o técnico italiano Cesare Maldini (pai de Paolo Maldini) não contava com Alessandro Del Piero, craque da Juventus, lesionado. Roberto Baggio, veterano de duas Copas, foi convocado de última hora para levar seu talento e sua criatividade à Squadra Azzurra. O camisa 18 seria titular e o grande nome dessa partida inaugural.
Cesare Maldini escalou sua Itáliano sistema 4-4-2, com duas linhas de 4. Roberto Baggio tinha liberdade para desfilar seu talento no ataque.
Nelson Acosta armou seu time no 3-5-2. Fabián Estay era quem criava as jogadas para a dupla Salas e Zamorano.
● Quase 32 mil pessoas foram ao Parc Lescure para ver o confronto entre Itália e Chile, que se enfrentavam na abertura do Grupo B, em Bordeaux.
A Itália abriu o placar aos 10 minutos de jogo. Paolo Maldini, de seu próprio campo, lança a bola para a intermediária chilena. Com um só toque, Roberto Baggio deixa Christian Vieri livre, na cara do gol. O atacante da Lazio bate de primeira, rasteiro, no canto direito do goleiro Nelson Tapia. Foi uma finalização perfeita, assim como a assistência de Baggio.
A Squadra Azzurra passava sufoco diante do Chile. Os atacantes Salas (1,73 m) e Zamorano (1,78 m), mesmo mais baixos que a zaga italiana, ganhavam quase todas as bolas pelo alto. E foi dessa forma que o Chile viraria o marcador.
No último minuto do primeiro tempo, Fabián Estay cobra escanteio e Zamorano tenta de cabeça. A bola bate em Reyes e sobra para Salas, que balança as redes.
Logo no início da etapa final, aos 4′, Fuentes ergue a bola na área. Salas ganha no alto de Cannavaro e cabeceia no canto direito de Pagliuca.
Mas a seleção chilena acabou castigada pela falta de experiência e cedeu o empate.
A cinco minutos do fim, Roberto Baggio rouba a bola pela direita, perto da linha da grande área, e a chuta de forma proposital na mão de Francisco Rojas, que estava dentro da área. O árbitro nigerino Lucien Bouchardeau marcou pênalti.
O próprio Baggio partiu para a cobrança. Ele resolveu encarar de frente suas amargas lembranças que o assombravam desde o erro no pênalti decisivo na final da Copa do Mundo de 1994. Ele ignora as provocações dos chilenos e converte com serenidade budista, exorcizando seus demônios. Ele bateu forte, no canto direito. Tapia foi na bola, mas ela entrou.
O empate por 2 x 2 premiou os esforços das duas equipes e, principalmente, a torcida, que viu um grande espetáculo.
Roberto Baggio não estava mais em seu auge, seu talento ainda era imprescindível para a Azzurra (Imagem: Popperfoto / Getty Images)
● O Chile não vencia uma partida em Copas do Mundo desde 1962, quando sediou o torneio e terminou em 3º lugar. E esse tabu não seria quebrado em 1998, quando empatou os três jogos da primeira fase: Itália (2 x 2), Áustria (1 x 1) e Camarões (1 x 1). Nas oitavas de final, perdeu para o Brasil por 4 a 1, com dois gols de Ronaldo e dois de César Sampaio, com Salas descontando para o Chile.
Mesmo com a queda precoce, Marcelo Salas foi um dos destaques do torneio, marcando quatro gols.
A Itália, após empatar com o Chile (2 x 2), venceu Camarões (3 x 0) e Áustria (2 x 1). Nas oitavas, passou pela Noruega com uma vitória por 1 a 0. Nas quartas, amargou a terceira eliminação seguida nos pênaltis ao perder para a França por 4 a 3, depois de um empate sem gols no tempo regulamentar e na prorrogação. A Azzurra já havia sido eliminada dessa forma em 1990, na semifinal contra a Argentina, e em 1994, na decisão contra o Brasil.
A dupla “Sa-Za” era mesmo infernal para as defesas adversárias (Imagem: Pinterest)
● FICHA TÉCNICA: |
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ITÁLIA 2 x 2 CHILE |
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Data: 11/06/1998 Horário: 17h30 locais Estádio: Parc Lescure (atual Stade Chaban-Delmas) Público: 31.800 Cidade: Bordeaux (França) Árbitro: Lucien Bouchardeau (Níger) |
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ITÁLIA (4-4-2): |
CHILE (3-5-2): |
12 Gianluca Pagliuca (G) |
1 Nelson Tapia (G) |
5 Alessandro Costacurta |
6 Pedro Reyes |
6 Alessandro Nesta |
3 Ronald Fuentes |
4 Fabio Cannavaro |
5 Javier Margas |
3 Paolo Maldini (C) |
15 Moisés Villarroel |
15 Angelo Di Livio |
4 Francisco Rojas |
9 Demetrio Albertini |
8 Clarence Acuña |
11 Dino Baggio |
7 Nelson Parraguez |
16 Roberto Di Matteo |
20 Fabián Estay |
18 Roberto Baggio |
11 Marcelo Salas |
21 Christian Vieri |
9 Iván Zamorano (C) |
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Técnico: Cesare Maldini |
Técnico: Nelson Acosta |
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SUPLENTES: |
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1 Francesco Toldo (G) |
12 Marcelo Ramírez (G) |
22 Gianluigi Buffon (G) |
22 Carlos Tejas (G) |
2 Giuseppe Bergomi |
2 Cristián Castañeda |
8 Moreno Torricelli |
8 Luis Musrri |
7 Gianluca Pessotto |
16 Mauricio Aros |
13 Sandro Cois |
14 Miguel Ramírez |
14 Luigi Di Biagio |
19 Fernando Cornejo |
17 Francesco Moriero |
17 Marcelo Veja |
10 Alessandro Del Piero |
10 José Luis Sierra |
20 Enrico Chiesa |
21 Rodrigo Barrera |
19 Filippo Inzaghi |
13 Manuel Neira |
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GOLS: |
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11′ Christian Vieri (ITA) |
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45+3′ Marcelo Salas (CHI) |
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48′ Marcelo Salas (CHI) |
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84′ Roberto Baggio (ITA) (pen) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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8′ Angelo Di Livio (ITA) |
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31′ Fabio Cannavaro (ITA) |
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45′ Nelson Parraguez (CHI) |
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53′ Clarence Acuña (CHI) |
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66′ Francisco Rojas (CHI) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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57′ Roberto Di Matteo (ITA) ↓ |
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Luigi Di Biagio (ITA) ↑ |
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61′ Angelo Di Livio (ITA) ↓ |
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Enrico Chiesa (ITA) ↑ |
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63′ Javier Margas (CHI) ↓ |
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Miguel Ramírez (CHI) ↑ |
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71′ Christian Vieri (ITA) ↓ |
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Filippo Inzaghi (ITA) ↑ |
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81′ Fabián Estay (CHI) ↓ |
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José Luis Sierra (CHI) ↑ |
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82′ Clarence Acuña (CHI) ↓ |
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Fernando Cornejo (CHI) ↑ |
Gols da partida (em inglês):
Gols da partida (Rede Globo):
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