Três pontos sobre…
… Gheorghe Popescu: das páginas esportivas para as páginas policiais
(Imagem: Alchetron)
● Ídolo de várias camisas, jogador moderno, multifuncional e um líder nato, mas acusado de diversos crimes fiscais e financeiros em seu país. Como a história o julgará?
Gheorghe “Gica” Popescu, nasceu em Calafat, sul da Romênia, em 09/10/1967. Forte fisicamente (1,88 m e 83 kg), podia jogar de zagueiro ou volante. Marcou época pelo seu futebol elegante e sua forte personalidade e liderança. Na Romênia, é conhecido como “Baciul” (“O Pastor”).
Se tornou profissional aos 16 anos, no Universitatea Craiova, onde jogou até 1990. Em 1988, foi emprestado ao gigante de seu país, o Steaua Bucareşti, onde chegou às semifinais da UEFA Champions League de 1987/88, empatando sem gols com o Benfica em casa e perdendo por 2 a 0 em Lisboa. Em 1990, foi jogar no PSV, da Holanda, a pedido do técnico Sir Bobby Robson. Em 1994, após uma Copa do Mundo estupenda, foi atuar no inglês Tottenham Hotspur.
Apenas uma temporada lhe valeu uma transferência para o gigante Barcelona, onde sucedeu Ronald Koeman na equipe. Pela enorme influência positiva sobre seus colegas, se tornou capitão da equipe, levantando as taças da Copa do Rei e da Recopa Europeia em 1996/97. Sua camisa nº 5 era sinônimo de raça e qualidade técnica.
Depois do Barça, foi se aventurar no turco Galatasaray, onde passou quatro anos e venceu diversos troféus importantes, com destaque para o título da Copa da UEFA 1999/2000, vencendo o Arsenal nos pênaltis após um placar zerado (Popescu converteu o pênalti decisivo na disputa). Disputou ainda a temporada 2001/02 na Lecce, na Serie A da Itália e voltou ao seu país, atuando por um breve período no Dinamo Bucareşti. Encerrou a carreira pouco depois, em 2003, jogando pelo Hannover 96, da Alemanha.
(Imagem: Pinterest)
● Vestiu a marcante camisa amarela da seleção de seu país entre 1988 e 2003, com 115 partidas jogadas e 16 gols marcados. Tornou histórica a camisa nº 6. Era o capitão na ausência Gheorghe Hagi, seu cunhado. Isso mesmo: a amizade entre ambos transcendeu os gramados e Popescu se casou em 1999 com a irmã de Hagi, Luminița.
Disputou três Copas do Mundo com a seleção da Romênia, em sua melhor fase histórica: em 1990, 1994 e 1998. Esteve também nas Eurocopas de 1996 e 2000. Era peça fundamental da seleção “Tricolorii” e marcou época em uma ótica geração com companheiros como Hagi, Marius Lăcătuş, Florin Răducioiu, Ilie Dumitrescu, Dan Petrescu e outros.
Por 13 anos consecutivos, entre 1989 e 2001, Gica Popescu nunca esteve fora dos quatro primeiros no prêmio de “Jogador Romeno do Ano”, vencendo em seis oportunidades. Está também na “Seleção Romena de Todos os Tempos”.
Após se retirar dos gramados, abriu sua própria escolinha (Escola de Futebol Gica Popescu) na cidade de Craiova. Mas definitivamente não teve muita sorte nos negócios. Sua escola de futebol não deu certo, assim como os demais investimentos em uma rede hoteleira, uma incorporadora, um bazar e até no mercado de energia eólica. Foi técnico e presidente de honra do FC Chindia Targoviste. Em 21/11/2005, concorreu para a presidência da Federação Romena de Futebol, contra o então presidente Mircea Sandu, mas conquistou apenas 102 votos, enquanto seu adversário recebeu 187.
(Imagem: Telekom Sport)
● Desde janeiro de 2008, Popescu era investigado pelo Departamento Nacional Anticorrupção. Enquanto se preparava para concorrer novamente ao cargo de presidente da federação, foi indiciado juntamente com outras sete pessoas ligadas ao futebol local: George Netoiu, Victor Becali, Ioan Becali, Mihai Stoica, Gheorghe Copos, Jean Pădureanu e Cristian Borcea.
Foram todos condenados pelo tribunal romeno em 04/03/2014 por extorsão, fraude, lavagem de dinheiro e evasão fiscal, em conexão com doze transferências de jogadores de futebol de seu país para o exterior entre 1999 e 2005, incluindo as de Nicolae Mitea para o Ajax, Cosmim Contra para o Alavés, Ionel Ganea para o Stuttgart e Florin Bratu para o Galatasaray. Os prejuízos estariam avaliados em € 1,7 milhão aos cofres públicos, € 10 milhões a (pelo menos) quatro clubes e € 470 mil à Federação Romena de Futebol. Gica Popescu foi condenado a três anos e um mês de reclusão, acusado de utilizar dessas vendas de jogadores para encobertar um suposto enriquecimento ilícito. Ele e os demais empresários declararam valores para os negócios menores do que realmente eram.
Ele foi colocado em liberdade condicional em novembro de 2015, após cumprir um ano e oito meses de pena, por ter bom comportamento na prisão e realizar atividades produtivas. Escreveu diversos artigos enquanto esteve preso, dentre eles as obras: “A abordagem teórica e metodológica para o ensino do jogo de futebol nos centros de crianças e jovens a partir de uma perspectiva interdisciplinar”, “Considerações sobre a estratégia de otimização para promover o jogo de futebol ao nível da escola” e “O futuro dos jogadores do futebol profissional”, todas publicadas em 2014.
É uma pena que um jogador de tão alto nível dentro dos campos tenha manchado sua história dessa forma.
● Feitos e premiações de Gheorghe Popescu:
Pela seleção da Romênia:
– Quadrifinalista da Copa do Mundo de 1994.
– Quadrifinalista da Eurocopa de 2000.
Pelo Steaua Bucareşti:
– Campeão do Campeonato Romeno em 1987/88.
– Campeão da Copa da Romênia em 1987/88.
Pelo PSV Eindhoven:
– Bicampeão Holandês em 1990/91 e 1991/92.
– Campeão da Supercopa da Holanda em 1992.
Pelo Barcelona:
– Campeão da Recopa Europeia em 1996/97.
– Campeão da Copa do Rei em 1996/97.
– Campeão da Supercopa da Espanha em 1996.
– Vice-campeão do Campeonato Espanhol em 1997.
Pelo Galatasaray:
– Campeão da Copa da UEFA em 1999/2000.
– Campeão da Supercopa Europeia em 2000.
– Tricampeão do Campeonato Turco em 1997/98, 1998/99 e 1999/2000.
– Bicampeão da Copa da Turquia em 1998/99 e 1999/2000.
Distinções e premiações individuais:
– Jogador Romeno do Ano em 1989, 1990, 1991, 1992, 1995 e 1996.
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