Vários clubes puderam desfrutar de seu talento: Unión Magdalena-COL (1981-1983); Millonarios-COL (1984); Deportivo Cali-COL (1985-1987); Montpellier-FRA (1988-1990); Real Valladolid-ESP (1990-1991); Independiente Medellín-COL (1992); Atlético Junior de Barranquilla-COL, seu clube de coração (1993-1995). Foi um dos pioneiros no futebol da MLS (Major League Soccer, principal campeonato norte-americano de futebol). Nas terras ianques, jogou por Tampa Bay Mutiny (1996-1997 e 1999-2001); Miami Fusion (1998); Colorado Rapids (2002-2004), onde encerrou a extensa carreira, aos 42 anos.
Grandes momentos de genialidade de “El Pibe” Valderrama:
Entrevista descontraída de Valderrama ao canal Desimpedidos:
Três pontos sobre… … 23/06/1990 – Camarões 2 x 1 Colômbia
Roger Milla roubou a bola do goleiro Higuita no segundo gol de Camarões (Imagem localizada no Google)
● A Copa do Mundo de 1990 provavelmente foi a que teve o menor nível técnico na história. A maioria das seleções eram escaladas de forma muito defensiva, com três zagueiros ou com um líbero atrás dos demais defensores, o que resultou na menor média de gols dos mundiais (2,21).
O Brasil também entrou na moda do 3-5-2. Teve 100% de aproveitamento na fase de grupos, mas sucumbiu à Argentina de Maradona e Caniggia nas oitavas de final por 1 a 0. As estatísticas brasileiras no torneio foram medíocres: 4 gols marcados e 2 sofridos.
Camarões aprontou desde a estreia. Com um gol de François Omam-Biyik, venceu a então campeã do mundo, a Argentina de Maradona, por 1 a 0. Logo depois, venceu também a Romênia de Gheorghe Hagi por 2 a 1 com (dois gols de Roger Milla). Já classificado, foi goleado pela já eliminada União Soviética por 4 a 0. Terminou como líder do grupo B com quatro pontos.
A Colômbia foi a terceira colocada do grupo D com três pontos. Venceu por 2 a 0 os Emirados Árabes Unidos em sua primeira partida. Depois, perdeu para a Iugoslávia por 1 a 0. Na última partida da primeira fase, a sofreu um gol nos minutos finais contra a Alemanha Ocidental e estava sendo eliminada. Mas aos 48 minutos do segundo tempo, após troca de passes pelo meio, Valderrama faz um lindo lançamento, deixando Freddy Rincón livre. Ele avança e toca entre as pernas do goleiro Illgner, empatando a partida em 1 a 1 e classificando a Colômbia de fase pela primeira vez.
O técnico soviético Valery Nepomnyashchy escalou seu time em uma espécie de 4-2-3-1. Sem a bola, Victor N’Dip (o mais fraco do grupo) se transformava em líbero. Com a bola, os meias avançavam em velocidade. No ataque, Omam-Biyik recebia a companhia de Roger Milla no segundo tempo de todas as partidas.
A Colômbia jogava no 4-4-2 com o meio campo em forma de losango, com Valderrama livre para criar. Rincón era atacante nessa época; só alguns anos depois ele se tornaria o grande volante que foi.
● Assim, Camarões e Colômbia chegavam às oitavas de final pela primeira vez, mas em situações muito diferentes. Os “Leões Indomáveis” vinham de uma goleada sofrida, enquanto os “Cafeteros” estavam com moral elevada por conseguir segurar a Alemanha e por se classificar nos acréscimos. A emoção estava à tona.
Mas não foi isso que se viu na partida. Foram 90 minutos fracos, com pouca criatividade de ambas as partes e o resultado não poderia ser outro: 0 a 0. A Colômbia entrou com “salto alto” e muita firula e Camarões se defendeu bem, mas sem aproveitar os contra-ataques.
Vindo do banco, como em todas as partidas, Roger Milla era a “arma secreta” dos camaroneses. Então com 38 anos, ele entrou no lugar de M’Fédé aos 9 minutos da etapa complementar e resolveu o jogo com dois lances épicos, mas apenas no tempo extra.
No primeiro minuto do segundo tempo da prorrogação, Milla recebe de Omam-Biyik, dribla Perea e Escobar na corrida e chuta forte e alta, no canto esquerdo de Higuita. Lindo gol.
Três minutos depois, o excêntrico goleiro René Higuita recebe a bola em sua intermediária. Mesmo sendo o último homem, ele protagonizou um lance bizarro ao tentar driblar Milla, que espertamente, desarmou o arqueiro, que ainda deu um carrinho para tentar recuperar a bola, sem sucesso. O camaronês arrancou para a área e concluiu para o gol completamente vazio, indo comemorar com sua tradicional “dancinha” junto à bandeirinha de escanteio.
Depois, o autor do gol soltou uma frase que se tornaria célebre: “Ele tentou me driblar e ninguém dribla o Milla”.
A Colômbia descontou apenas aos 10 minutos, quando Bernardo Redín tabelou com Valderrama e recebeu a bola dentro da área, para tocar na saída do goleiro N’Kono. Tarde demais para uma reação dos sul-americanos.
Roger Milla tinha 38 anos. Na Copa de 1994, aos 42 anos, ele se tornaria o jogador mais velho a disputar um Mundial. Perderia essa marca justamente para um colombiano, o goleiro Faryd Mondragón, que atuou nos minutos finais de uma partida da Copa de 2014. Em 2018, o goleiro egípcio Essam El-Hadary bateria esse recorde novamente. Mas Milla ainda ostenta a marca de jogar mais velho a marcar um gol em Copas – essa será difícil de ser batida.
● Após bater a Colômbia, Camarões deu muito trabalho para a Inglaterra, vendendo muito caro a derrota. Só perdeu na prorrogação, com um gol de pênalti de Gary Lineker (o placar foi 3 a 2). Mas ficou na história como (até então) a melhor campanha de uma seleção africana na história dos Mundiais. Foi a primeira equipe de seu continente a chegar às quartas de final. Seria igualada por Senegal em 2002 e por Gana em 2010.
Na final da Copa, a Alemanha Ocidental se vingou da decisão de 1986 e venceu a Argentina por 1 a 0, com um gol de pênalti de Andreas Brehme a cinco minutos do fim da partida. Resultado: Alemanha Ocidental, tricampeã mundial.