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… Serginho Escadinha

Três pontos sobre…
… Serginho Escadinha


(Imagem: Kirill Kudryavtsev/AFP, do Portal Lance!)

● Em tradução do italiano, “libero” significa livre. Introduzida pela Federação Internacional de Voleibol em 1998, o jogador dessa posição deve utilizar uniforme diferente dos demais, não pode ser capitão da equipe, nem atacar, bloquear ou sacar, além de regras mais específicas para poder fazer levantamentos. Com a bola parada, desde que posicionado sempre no fundo da quadra, pode trocar de lugar com qualquer jogador sem notificação prévia dos árbitros e suas substituições são ilimitadas e não contam para o limite de alterações por set para cada equipe. É um jogador especializado funções defensivas, como recepção e passe de maior qualidade. Entre gigantes, a função permite que atletas mais baixos possam praticar o vôlei. O pioneiro na seleção brasileira foi Kid.

● Se a camisa 10 deve ser usada por craques, Sérgio Dutra Santos soube honrá-la como poucos. Corintiano doente, usa a 10 em homenagem ao craque Neto. Escadinha ganhou esse apelido na periferia paulista, pela semelhança física com o famoso traficante carioca dos anos 1980, fundador da Falange Vermelha, que deu origem ao Comando Vermelho. Tinha o sonho de ser igual aos campeões olímpicos de 1992. Em 2001, na primeira convocação, ficou em um quarto com o também craque Maurício Lima. Demorou 10 minutos para tocar a campainha do quarto, sem saber qual seria a reação de Maurício. Ganhou um abraço do ídolo. Quinze anos depois, se despede da seleção tendo sido duas vezes campeão mundial, uma vez campeão da Copa do Mundo, sete vezes vencedor da Liga Mundial e medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007. Com 40 anos, se tornou o brasileiro mais velho da história do vôlei olímpico. Serginho encerrou sua passagem pela seleção com o recorde de medalhas olímpicas em esportes coletivos no Brasil, com quatro medalhas olímpicas (ouro em 2004 e 2016; prata em 2008 e 2012), sendo escolhido o melhor jogador dos Jogos Rio 2016. O feito foi inédito para um líbero, tal qual a eleição como melhor jogador da Liga Mundial em 2009.

● Sérgio, Escada, Escadinha, Serginho, “o Presidente”, revolucionou a história da posição. Foi o primeiro dos líberos a defender passando e levantando, sendo fundamental para fluidez dos ataques. Foi protagonista, mesmo sendo o jogador restrito a impedir pontos adversários. Sua leitura do jogo e o instinto de adivinhar a jogada se transformaram em parâmetro para um líbero. Sempre jogou futebol de várzea, de onde se origina sua velocidade. A vida difícil o ensinou a conhecer o atalhos e que não existe bola perdida. Tem todos os adjetivos de um ídolo: personalidade, superação, dedicação, liderança e talento, servindo de exemplo e inspiração aos demais. Está definitivamente no panteão dos heróis do esporte brasileiro.