Três pontos sobre…
… Héctor “Manco” Castro: primeiro craque aleijado
(Imagem localizada no Google)
● Héctor Castro nasceu em Montevidéu em 29/11/1904 e faleceu na mesma cidade em 15/09/1960. Era filho de pais galegos e começou a jogar futebol nas ruas da capital uruguaia, como a maioria dos jogadores sul-americanos. Começou a trabalhar aos dez anos de idade. Quando tinha treze anos, ele cortou seu antebraço direito com uma serra elétrica em um acidente de trabalho, o que lhe rendeu o apelido de “El Divino Manco“.
Em condições normais, seu sonho no futebol acabaria ali. Mas o jovem não aceitou o destino e seguiu adiante. Com 1,69 m e 69 quilos, era um jogador muito útil por mostrar bom rendimento nas cinco posições do ataque, graças a força, a velocidade e habilidade que possuía. Castro se tornou famoso não só por suas façanhas futebolísticas, mas também por causa de sua deficiência. Em vez de considerar uma desvantagem, ele fazia de sua deficiência uma vantagem, usando seu braço mutilado com frequência no rosto dos rivais.
Assim, em 1921, antes de completar os 17 anos já jogava no atualmente desaparecido Club Atlético Lito e se tornava o primeiro aleijado a atuar no país. Bastaram dois anos para chamar a atenção de um grande clube. Aos 20 anos, na temporada 1923/24, iniciou sua aventura no Club Nacional de Football e foi campeão da liga logo de cara. Suas grandes atuações lhe valeram a convocação para a seleção uruguaia que venceu a Copa América de 1926. Ele passou a fazer parte de um grupo com verdadeiras lendas vivas, que haviam sido campeões olímpicos dois anos antes. Voltou a vencer o Campeonato Uruguaio em 1933 e 1934, antes de se aposentar, em 1936. Foram 145 gols em 231 jogos pelos “Bolsos”. Em 1932, foi jogar no Estudiantes de La Plata, da Argentina, mas voltou uma temporada depois ao Nacional.
(Imagem: Extracampo)
● Na estreia do país anfitrião na Copa do Mundo de 1930, contra o Peru, Castro anotou o único tento, aos 20 minutos do segundo tempo, com um chute forte a 16 metros do gol. Foi o primeiro gol marcado no mítico Estádio Centenário, de Montevidéu. Mesmo com a marca histórica, não jogou bem e foi sacado do time nas duas partidas seguintes. Mas pela influência do capitão José Nasazzi, que apostava na dedicação total de Castro no jogo, o “Manco” voltou na final, substituindo Peregrino Anselmo. No dia da final, Castro recebeu um telefonema anônimo, que dizia que se o Uruguai perdesse, ele receberia 50 mil pesos; se ganhasse, ele seria morto. Ele não se fez de rogado. Assim, foi dele o último gol do torneio. Faltava um minuto para o fim da grande final, em que o seu Uruguai vencia a Argentina por 3 a 2, quando Castro finalizou de cabeça um cruzamento do ponta Pablo Dorado. Sua seleção se tornou a primeira campeã do mundo.
Atuou pela seleção do Uruguai entre 1923 e 1935, disputando 25 partidas e anotando 18 gols (30 gols em 54 jogos, contando também partidas extra-oficiais). Além da Copa de 1930, Castro conquistou também a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1928, em Amsterdã, quando seu país venceu a mesma Argentina por 2 a 1 na partida desempate da final. Venceu também a Copa América em duas oportunidades, em 1926 e 1935.
Em 1939, Castro foi trabalhar na comissão técnica do Nacional, conquistar o único pentacampeonato consecutivo do clube: 1939 (como auxiliar técnico), 1940, 1941, 1942 e 1943 (já como treinador). Ficou alguns anos sem trabalhar na área, mas voltou em 1952 para dar outro título ao Nacional.
Em 1959 se tornou técnico da seleção de seu país e tinha total apoio da imprensa e da torcida mas, misteriosamente, renunciou ao cargo meses depois.
Em 15/09/1960, com 55 anos de idade, um infarto do miocárdio tirou a vida de um menino de Montevidéu, que nem uma serra elétrica impediu de se tornar uma lenda do futebol.
VEJA TAMBÉM:
… 30/07/1930 – Uruguai 4 x 2 Argentina – Manco Castro anotou o gol do título
● Feitos e premiações de Héctor Castro:
Como jogador, pela Seleção do Uruguai:
– Campeão da Copa do Mundo de 1930.
– Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de 1928.
– Campeão da Copa América em 1926 e 1935.
– Vice-campeão da Copa América em 1927.
– 3º lugar na Copa América em 1929.
Como jogador, pelo Nacional:
– Campeão do Campeonato Uruguaio em 1924, 1933 e 1934.
– Campeão do Torneio Competencia em 1934.
– Campeão do Torneio de Honor em 1935.
– Campeão do Campeonato Ingeniero José Serrato em 1928.
Como técnico, pelo Nacional:
– Campeão do Campeonato Uruguaio em 1940, 1941, 1942, 1943 e 1952.
– Tetracampeão do Torneio de Honor em 1940, 1941, 1942 e 1943.
– Copa Río de La Plata (Copa Dr. Ricardo C. Aldao) em 1940 e 1942.
Distinções e premiações individuais:
– Eleito para a Seleção da Copa do Mundo de 1930.
– 7º maior artilheiro da história da primeira divisão do Campeonato Uruguaio com 107 gols em 181 jogos.
(Imagem localizada no Google)