Três pontos sobre…
… Final da Copa Libertadores da América 2021
O técnico Abel Ferreira deu o famoso “nó tático” e o Palmeiras venceu o favorito Flamengo por 2 x 1, conquistando seu terceiro título continental.
Veja mais no vídeo.
Três pontos sobre…
… Final da Copa Libertadores da América 2021
O técnico Abel Ferreira deu o famoso “nó tático” e o Palmeiras venceu o favorito Flamengo por 2 x 1, conquistando seu terceiro título continental.
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Três pontos sobre…
… Palmeiras: Campeão da Copa Libertadores da América 2020
(Imagem: Silvia Izquierdo / Reuters)
● Todos esperávamos uma grande decisão. Mas podemos dizer que o nível técnico decepcionou um bocado.
Mas muito pelo excelente trabalho tático. Ambos treinadores prepararam bem suas equipes, a fim de impedir a criação de jogadas pelo adversário. O posicionamento dos sistemas defensivos foi perfeito e a marcação foi muito bem feita.
Os dois times jogaram espelhados no 4-1-4-1. O Santos com: John; Pará, Lucas Veríssimo, Luan Peres e Felipe Jonatan; Alison; Diego Pituca, Sandry, Yeferson Soteldo e Marinho; Kaio Jorge.
O Palmeiras foi a campo com: Weverton; Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gómez e Matías Viña; Danilo; Gabriel Menino, Zé Rafael, Raphael Veiga e Rony; Luiz Adriano.
Cuca fez um trabalho brilhante no Santos, usando muito bem as categorias de base e sabendo potencializar as melhores qualidades de Soteldo e Marinho. Enquanto Marinho era um refugo do Grêmio, Soteldo era praticamente um desconhecido. E ambos foram os melhores jogadores da competição. Mas, nessa decisão, foram engolidos pela marcação de Gabriel Menino e Viña. Outro que poderia ter feito algo diferente era o jovem centroavante Kaio Jorge, mas ele nem chegou a pegar na bola. E o Santos que demoliu Grêmio e Boca Juniors encontrou uma “defesa que ninguém passa”, como diz no hino do Palmeiras.
Esse Palmeiras que, treinado por Vanderlei Luxemburgo, ficou com a primeira colocação geral da primeira fase, lançando os moleques da base. Esse mesmo Palmeiras que contratou um pouco conhecido Abel Ferreira, confiando no brilho da escola de técnicos portugueses. Esse mesmo Abel (ex-Braga), que deu uma característica diferente para o time: precisando se virar com a ausência de Felipe Melo, escalou os “três porquinhos” na trinca de meio campo (Danilo, Patrick de Paula e Gabriel Menino). O mesmo técnico que transformou Rony de meme em fundamental e decisivo para que o Porco chegasse na final.
Se teve sorte em todo o chaveamento, sem pegar nenhum time minimamente decente até as semifinais, o time teve competência para passar por todos os adversários. E chegou na decisão detonando o River Plate na Argentina por 3 x 0 (fora o baile). Se o River jogou mais no Allianz Parque do que o Palmeiras jogou no jogo de ida, faltaram os gols. O River poderia ter vencido por uma diferença muito mais ampla, mas não o fez. Alguns culpam o VAR, que agiu certo. Então, méritos totais do Palestra, que soube sofrer e vencer.
● E foram 90 minutos entre cochilo, soneca e sono profundo. O telespectador não conseguia ficar de olho aberto. Talvez, nem a tensão que os cercavam, palmeirenses e santistas conseguissem ficar com os olhos abertos.
O Santos pode ter sido ligeiramente melhor, conseguindo anular o jogo do Palmeiras. Mas o Palmeiras também soube muito bem anular o jogo do Santos. Era um perde e ganha danado no meio campo e foi só isso mesmo.
Até os 40 minutos do segundo tempo, quando Abel tirou Gabriel Menino e colocou Breno Lopes, soltando mais o time. Essa ousadia seria premiada.
Cuca foi tão decisivo quanto Abel. O treinador santista tem um histórico de “tirar leite de pedra”, fazendo jogar bem elencos sem estrelas. Tem em seu currículo o título da Libertadores de 2013, mas também um caso mal solucionado de estupro coletivo cuja vítima (Sandra Pfäffli) tinha apenas 13 anos em 1987 e foi condenado a cumprir pena em regime aberto. De acordo com o “Blog do Paulinho”, “desde então, frequentemente, é atribuído a Cuca certo desequilíbrio psicológico, mesmo nos tempos atuais, em que trabalha como treinador”.
E esse desequilíbrio, como se fosse uma certa malandragem, aconteceu já nos acréscimos. Ele tentou retardar o lateral que seria cobrado por Marcos Rocha, que tem força nos braços suficiente para fazer um lançamento perigoso naquele que poderia ser o último ataque do jogo. Cuca impediu o reinício rápido. Marcos Rocha tentou pegar a bola em velocidade e atropelou Cuca, causando um alvoroço e empurra-empurra entre membros dos dois times. O árbitro argentino Patricio Lostau veio com a decisão tomada: cartão amarelo para Marcos Rocha e vermelho para Cuca. Solução mais do que justa.
Muitos defendem que Cuca foi agredido. Mas o que ele estava fazendo ao retardar o jogo? Isso é de jogo? Claro que não. Isso é malandragem e a malandragem deve ser punida – especialmente de quem não está dentro das quatro linhas. Renato Gaúcho e Mano Menezes são outros que já fizeram algo do tipo. Isso é anti-jogo e, como todo anti-jogo, deveria ser punido com uma punição exemplar, em caráter pedagógico.
Mais ridículo ainda foi a entrevista coletiva de Cuquinha, irmão e auxiliar técnico de Cuca. “E o atleta que passou o pé no treinador é o mesmo que a gente foi resgatar no América-MG e levamos ao Atlético-MG.” “Dá certa dor porque foi o Marcos Rocha.” Fica uma sensação de que Marcos Rocha foi ingrato ao agredir Cuca, mas a única coisa que o jogador queria era cobrar logo o lateral, defendendo as cores de sua equipe – assim como fez por muitos e muito bem, defendendo as cores do Atlético Mineiro, dando o sangue e a vida por Cuca.
Ridículo. Assim como também é ridículo quem pede a demissão de Cuca. Ele foi o principal responsável pela campanha brilhante do Santos e merece todos os méritos.
● Bom… e teve gol…
Logo depois desse episódio lamentável, Danilo fez o lançamento na ponta direita e Rony teve tempo e espaço para dominar no peito, ajeitar a bola, pensar no que fazer e cruzar com perfeição no segundo pau. A bola passou por Pará, que não conseguiu subir, e Breno Lopes cabeceou no contrapé, sem chances para o goleiro John. Gol do título, feito pelo jogador que foi uma aposta de Abel Ferreira e que até setembro jogava no Juventude (que nos tempos da Parmalat era irmão de leite do Palmeiras).
Assim como o pênalti cobrado para fora por Martín Zapata em 1999, o gol de Breno Lopes entra para a história palmeirense como um dos momentos mais importantes do clube.
Meu pai, que era palmeirense verde, deve estar em festa lá no céu.
Agora, no próximo domingo começa a busca pelo título do Campeonato Mundial de Clubes, a fim de acabar com a eterna piada.
Jogo completo:
Três pontos sobre…
… Final da Copa Libertadores da América 2018 em três atos
(Imagem: BOL / UOL)
● Era a final dos sonhos da CONMEBOL, dos argentinos e, talvez, do mundo todo. River Plate x Boca Juniors. Provavelmente os times mais tradicionais do continente, com uma disputa secular. Ambos nasceram no mesmo bairro e tomaram caminhos diferentes. Enquanto o River se tornou um clube um pouco mais elitista, os mais humildes se aproximavam mais do Boca.
Poderia ter sido uma grande final brasileira. Foram semifinais muito equilibradas, mas Palmeiras e Grêmio não foram páreo para os portenhos.
E a primeira partida ocorreu dia dia 10/11, mas foi adiada para o dia seguinte devido às péssimas condições climáticas. O local foi o mítico Estádio Alberto José Armando, mais conhecido e temido como La Bombonera: o estádio que “pulsa” como os corações xeneizes.
Foi uma partida leal, com quatro gols e empate por 2 x 2. Um gol para cada lado construído em jogadas trabalhadas e também outro para cada lado em bolas paradas.
O Boca deixou não conseguiu aproveitar a vantagem de jogar em casa e com torcida única a seu favor.
(Imagem: BOL / UOL)
● E no dia 24/11 o River tinha a chance de conquistar a Copa em sua casa, o Estádio Monumental Antonio Vespucio Liberti, o Monumental de Núñez, lotado de torcedores millonarios. O mundo inteiro esperava. Gianni Infantino, presidente da FIFA, estava lá para entregar a taça ao campeão.
Mas alguns poucos idiotas travestidos de aficionados atiraram pedras e gás de pimenta no ônibus do Boca, que chegava ao local da partida. Alguns atletas foram gravemente atingidos, principalmente o capitão Pablo Pérez, que teve um problema no olho.
A CONMEBOL insistia para o jogo ocorrer. O Boca não tinha a mínima condição física e emocional de disputar uma final continental contra o maior rival e sem seu capitão. Pediu o adiamento. O River aceitou. A CONMEBOL relutou, mas aceitou remarcar para o dia seguinte, após mais de duas horas e meia de indecisões.
No dia 25, domingo, compareceu novamente a paciente torcida que já havia esperado horas no dia anterior. Esperou mais algumas em vão. A final foi adiada novamente e não teria datas para acontecer na semana seguinte, devido ao importante encontro do G-20 sediado em Buenos Aires.
O Boca tentou a qualquer custo ser declarado vencedor da partida, tendo como base o fato que ocorreu três anos antes. Em 2015, torcedores do Boca jogaram spray de pimenta no vestiário do River, afetando seriamente os jogadores rivais. A CONMEBOL declarou o River vencedor. Mas claramente são situações diferentes e vamos citar dois pontos principais que as diferem. O incidente de 2015 foi dentro do estádio La Bombonera, que deveria ter a segurança privada e ser responsabilidade do clube mandante. O problema de 2018 ocorreu em via pública, que severia ser resguardada pela polícia argentina. Esse é o primeiro ponto. O segundo é mais nítido: em 2015, eram as oitavas de final; agora, era a decisão tão sonhada.
E a CONMEBOL conseguiu se sair ainda mais suja ao levar o jogo para fora da Argentina. Dentre vários candidatos, foi “escolhido” o Estádio Santiago Bernabéu, do Real Madrid. Uma decisão deveras estranha, mas já antecipa um pouco a decisão da entidade ao levar as finais para um “campo neutro” em jogo único, semelhante ao que ocorre na UEFA Champions League. Mas muito estranho ver a final da Liberta em solo europeu.
(Imagem: BOL / UOL)
● E no dia 09/12/2018, finalmente, nós assistimos a história sendo feita. River x Boca duelando na Espanha valendo o título da Taça Libertadores da América.
O River tinha a posse de bola, mas o Boca era mais seguro e jogava melhor. No primeiro tempo, Leonardo Ponzio errava tudo que tentava, enquanto Nahitan Nández acertava até quando errava. E em um belíssimo contra-ataque, o próprio Nández fez um lançamento rasteiro genial para o renascido Darío Benedetto. O centroavante saiu fácil da marcação de Maidana e tirou do alcance do goleiraço Armani.
Falando nisso, Armani já tinha feito várias defesas, impedindo que o Boca inaugurasse o marcador, mas dessa vez nada pode fazer. Um belíssimo gol.
O River tentava entrar na marcação rival, mas não conseguia. Até que Matías Biscay (auxiliar do suspenso técnico Marcelo Gallardo) fez uma alteração ousada. Tirou o volante Ponzio, fora de forma, e colocou o colombiano Juan Fernando Quintero aberto pela direita. Saiu do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1, com três meias canhotos habilidosos.
Benedetto não aguentou o jogo todo e saiu aos 15′. Logo depois, Fernández tabelou com Palacios, invadiu a área e tocou para trás. O decidivo Lucas Pratto só completou para o gol. Uma bela trama que resultou no empate.
Os Millonarios melhoraram muito, mas o empate prevaleceu até o minuto final. Uma das decisões mais equilibradas e mais longas da história só poderia terminar na prorrogação.
E logo no início do tempo extra, o bom volante colombiano Wílmar Barrios recebeu o segundo cartão amarelo e foi para o chuveiro mais cedo. Agora, o River tinha ainda mais espaço e crescia. Mas perdia diversas oportunidades.
Na segunda etapa, Quintero virou o jogo com uma pancada da entrada da área. Mais um golaço em uma final com belos gols.
Tudo parecia decidido e o River foi empilhando chances desperdiçadas. O Boca morreu física, mental e taticamente. Fernando Gago não aguentou jogar nem 30 minutos e saiu lesionado, deixando os xeneizes com nove homens.
O goleiro Andrada tentava ser um goleiro linha, mas mais parecia um maluco que não sabia onde se posicionar. E em uma cobrança de escanteio na qual ele próprio estava na área, o River foi rápido no contragolpe e Pity Martínez ficou sozinho, sem marcação e sem goleiro para correr o campo todo e marcar o terceiro, o gol do título.
Marcelo Gallardo aumenta ainda mais sua idolatria em Núñez. Lucas Pratto e Franco Armani foram contratados para serem campeões e o fizeram com grande destaque para ambos. Pity Martínez mostrou mais lampejos do que o habitual. A dupla de zaga, embora lenta e idosa, deu conta do recado. Enzo Pérez já passou de seu auge, mas ainda é importante no time. Borré e Scocco nem fizeram tanta falta.
O River conquista seu quarto título da Libertadores. Derrotou seu maior rival e também seus fantasmas. Provou ser enorme.
Por tudo que houve e não houve, essa será uma final que demorará a ser esquecida. Bastidores “conmebolescos” à parte, venceu a melhor equipe.