Três pontos sobre…
… Final da Copa Libertadores da América 2021
O técnico Abel Ferreira deu o famoso “nó tático” e o Palmeiras venceu o favorito Flamengo por 2 x 1, conquistando seu terceiro título continental.
Veja mais no vídeo.
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… Final da Copa Libertadores da América 2021
O técnico Abel Ferreira deu o famoso “nó tático” e o Palmeiras venceu o favorito Flamengo por 2 x 1, conquistando seu terceiro título continental.
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Três pontos sobre…
… Palmeiras: Campeão da Copa Libertadores da América 2020
(Imagem: Silvia Izquierdo / Reuters)
● Todos esperávamos uma grande decisão. Mas podemos dizer que o nível técnico decepcionou um bocado.
Mas muito pelo excelente trabalho tático. Ambos treinadores prepararam bem suas equipes, a fim de impedir a criação de jogadas pelo adversário. O posicionamento dos sistemas defensivos foi perfeito e a marcação foi muito bem feita.
Os dois times jogaram espelhados no 4-1-4-1. O Santos com: John; Pará, Lucas Veríssimo, Luan Peres e Felipe Jonatan; Alison; Diego Pituca, Sandry, Yeferson Soteldo e Marinho; Kaio Jorge.
O Palmeiras foi a campo com: Weverton; Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gómez e Matías Viña; Danilo; Gabriel Menino, Zé Rafael, Raphael Veiga e Rony; Luiz Adriano.
Cuca fez um trabalho brilhante no Santos, usando muito bem as categorias de base e sabendo potencializar as melhores qualidades de Soteldo e Marinho. Enquanto Marinho era um refugo do Grêmio, Soteldo era praticamente um desconhecido. E ambos foram os melhores jogadores da competição. Mas, nessa decisão, foram engolidos pela marcação de Gabriel Menino e Viña. Outro que poderia ter feito algo diferente era o jovem centroavante Kaio Jorge, mas ele nem chegou a pegar na bola. E o Santos que demoliu Grêmio e Boca Juniors encontrou uma “defesa que ninguém passa”, como diz no hino do Palmeiras.
Esse Palmeiras que, treinado por Vanderlei Luxemburgo, ficou com a primeira colocação geral da primeira fase, lançando os moleques da base. Esse mesmo Palmeiras que contratou um pouco conhecido Abel Ferreira, confiando no brilho da escola de técnicos portugueses. Esse mesmo Abel (ex-Braga), que deu uma característica diferente para o time: precisando se virar com a ausência de Felipe Melo, escalou os “três porquinhos” na trinca de meio campo (Danilo, Patrick de Paula e Gabriel Menino). O mesmo técnico que transformou Rony de meme em fundamental e decisivo para que o Porco chegasse na final.
Se teve sorte em todo o chaveamento, sem pegar nenhum time minimamente decente até as semifinais, o time teve competência para passar por todos os adversários. E chegou na decisão detonando o River Plate na Argentina por 3 x 0 (fora o baile). Se o River jogou mais no Allianz Parque do que o Palmeiras jogou no jogo de ida, faltaram os gols. O River poderia ter vencido por uma diferença muito mais ampla, mas não o fez. Alguns culpam o VAR, que agiu certo. Então, méritos totais do Palestra, que soube sofrer e vencer.
● E foram 90 minutos entre cochilo, soneca e sono profundo. O telespectador não conseguia ficar de olho aberto. Talvez, nem a tensão que os cercavam, palmeirenses e santistas conseguissem ficar com os olhos abertos.
O Santos pode ter sido ligeiramente melhor, conseguindo anular o jogo do Palmeiras. Mas o Palmeiras também soube muito bem anular o jogo do Santos. Era um perde e ganha danado no meio campo e foi só isso mesmo.
Até os 40 minutos do segundo tempo, quando Abel tirou Gabriel Menino e colocou Breno Lopes, soltando mais o time. Essa ousadia seria premiada.
Cuca foi tão decisivo quanto Abel. O treinador santista tem um histórico de “tirar leite de pedra”, fazendo jogar bem elencos sem estrelas. Tem em seu currículo o título da Libertadores de 2013, mas também um caso mal solucionado de estupro coletivo cuja vítima (Sandra Pfäffli) tinha apenas 13 anos em 1987 e foi condenado a cumprir pena em regime aberto. De acordo com o “Blog do Paulinho”, “desde então, frequentemente, é atribuído a Cuca certo desequilíbrio psicológico, mesmo nos tempos atuais, em que trabalha como treinador”.
E esse desequilíbrio, como se fosse uma certa malandragem, aconteceu já nos acréscimos. Ele tentou retardar o lateral que seria cobrado por Marcos Rocha, que tem força nos braços suficiente para fazer um lançamento perigoso naquele que poderia ser o último ataque do jogo. Cuca impediu o reinício rápido. Marcos Rocha tentou pegar a bola em velocidade e atropelou Cuca, causando um alvoroço e empurra-empurra entre membros dos dois times. O árbitro argentino Patricio Lostau veio com a decisão tomada: cartão amarelo para Marcos Rocha e vermelho para Cuca. Solução mais do que justa.
Muitos defendem que Cuca foi agredido. Mas o que ele estava fazendo ao retardar o jogo? Isso é de jogo? Claro que não. Isso é malandragem e a malandragem deve ser punida – especialmente de quem não está dentro das quatro linhas. Renato Gaúcho e Mano Menezes são outros que já fizeram algo do tipo. Isso é anti-jogo e, como todo anti-jogo, deveria ser punido com uma punição exemplar, em caráter pedagógico.
Mais ridículo ainda foi a entrevista coletiva de Cuquinha, irmão e auxiliar técnico de Cuca. “E o atleta que passou o pé no treinador é o mesmo que a gente foi resgatar no América-MG e levamos ao Atlético-MG.” “Dá certa dor porque foi o Marcos Rocha.” Fica uma sensação de que Marcos Rocha foi ingrato ao agredir Cuca, mas a única coisa que o jogador queria era cobrar logo o lateral, defendendo as cores de sua equipe – assim como fez por muitos e muito bem, defendendo as cores do Atlético Mineiro, dando o sangue e a vida por Cuca.
Ridículo. Assim como também é ridículo quem pede a demissão de Cuca. Ele foi o principal responsável pela campanha brilhante do Santos e merece todos os méritos.
● Bom… e teve gol…
Logo depois desse episódio lamentável, Danilo fez o lançamento na ponta direita e Rony teve tempo e espaço para dominar no peito, ajeitar a bola, pensar no que fazer e cruzar com perfeição no segundo pau. A bola passou por Pará, que não conseguiu subir, e Breno Lopes cabeceou no contrapé, sem chances para o goleiro John. Gol do título, feito pelo jogador que foi uma aposta de Abel Ferreira e que até setembro jogava no Juventude (que nos tempos da Parmalat era irmão de leite do Palmeiras).
Assim como o pênalti cobrado para fora por Martín Zapata em 1999, o gol de Breno Lopes entra para a história palmeirense como um dos momentos mais importantes do clube.
Meu pai, que era palmeirense verde, deve estar em festa lá no céu.
Agora, no próximo domingo começa a busca pelo título do Campeonato Mundial de Clubes, a fim de acabar com a eterna piada.
Jogo completo:
Três pontos sobre…
… Final da Copa Libertadores da América 2018 em três atos
(Imagem: BOL / UOL)
● Era a final dos sonhos da CONMEBOL, dos argentinos e, talvez, do mundo todo. River Plate x Boca Juniors. Provavelmente os times mais tradicionais do continente, com uma disputa secular. Ambos nasceram no mesmo bairro e tomaram caminhos diferentes. Enquanto o River se tornou um clube um pouco mais elitista, os mais humildes se aproximavam mais do Boca.
Poderia ter sido uma grande final brasileira. Foram semifinais muito equilibradas, mas Palmeiras e Grêmio não foram páreo para os portenhos.
E a primeira partida ocorreu dia dia 10/11, mas foi adiada para o dia seguinte devido às péssimas condições climáticas. O local foi o mítico Estádio Alberto José Armando, mais conhecido e temido como La Bombonera: o estádio que “pulsa” como os corações xeneizes.
Foi uma partida leal, com quatro gols e empate por 2 x 2. Um gol para cada lado construído em jogadas trabalhadas e também outro para cada lado em bolas paradas.
O Boca deixou não conseguiu aproveitar a vantagem de jogar em casa e com torcida única a seu favor.
(Imagem: BOL / UOL)
● E no dia 24/11 o River tinha a chance de conquistar a Copa em sua casa, o Estádio Monumental Antonio Vespucio Liberti, o Monumental de Núñez, lotado de torcedores millonarios. O mundo inteiro esperava. Gianni Infantino, presidente da FIFA, estava lá para entregar a taça ao campeão.
Mas alguns poucos idiotas travestidos de aficionados atiraram pedras e gás de pimenta no ônibus do Boca, que chegava ao local da partida. Alguns atletas foram gravemente atingidos, principalmente o capitão Pablo Pérez, que teve um problema no olho.
A CONMEBOL insistia para o jogo ocorrer. O Boca não tinha a mínima condição física e emocional de disputar uma final continental contra o maior rival e sem seu capitão. Pediu o adiamento. O River aceitou. A CONMEBOL relutou, mas aceitou remarcar para o dia seguinte, após mais de duas horas e meia de indecisões.
No dia 25, domingo, compareceu novamente a paciente torcida que já havia esperado horas no dia anterior. Esperou mais algumas em vão. A final foi adiada novamente e não teria datas para acontecer na semana seguinte, devido ao importante encontro do G-20 sediado em Buenos Aires.
O Boca tentou a qualquer custo ser declarado vencedor da partida, tendo como base o fato que ocorreu três anos antes. Em 2015, torcedores do Boca jogaram spray de pimenta no vestiário do River, afetando seriamente os jogadores rivais. A CONMEBOL declarou o River vencedor. Mas claramente são situações diferentes e vamos citar dois pontos principais que as diferem. O incidente de 2015 foi dentro do estádio La Bombonera, que deveria ter a segurança privada e ser responsabilidade do clube mandante. O problema de 2018 ocorreu em via pública, que severia ser resguardada pela polícia argentina. Esse é o primeiro ponto. O segundo é mais nítido: em 2015, eram as oitavas de final; agora, era a decisão tão sonhada.
E a CONMEBOL conseguiu se sair ainda mais suja ao levar o jogo para fora da Argentina. Dentre vários candidatos, foi “escolhido” o Estádio Santiago Bernabéu, do Real Madrid. Uma decisão deveras estranha, mas já antecipa um pouco a decisão da entidade ao levar as finais para um “campo neutro” em jogo único, semelhante ao que ocorre na UEFA Champions League. Mas muito estranho ver a final da Liberta em solo europeu.
(Imagem: BOL / UOL)
● E no dia 09/12/2018, finalmente, nós assistimos a história sendo feita. River x Boca duelando na Espanha valendo o título da Taça Libertadores da América.
O River tinha a posse de bola, mas o Boca era mais seguro e jogava melhor. No primeiro tempo, Leonardo Ponzio errava tudo que tentava, enquanto Nahitan Nández acertava até quando errava. E em um belíssimo contra-ataque, o próprio Nández fez um lançamento rasteiro genial para o renascido Darío Benedetto. O centroavante saiu fácil da marcação de Maidana e tirou do alcance do goleiraço Armani.
Falando nisso, Armani já tinha feito várias defesas, impedindo que o Boca inaugurasse o marcador, mas dessa vez nada pode fazer. Um belíssimo gol.
O River tentava entrar na marcação rival, mas não conseguia. Até que Matías Biscay (auxiliar do suspenso técnico Marcelo Gallardo) fez uma alteração ousada. Tirou o volante Ponzio, fora de forma, e colocou o colombiano Juan Fernando Quintero aberto pela direita. Saiu do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1, com três meias canhotos habilidosos.
Benedetto não aguentou o jogo todo e saiu aos 15′. Logo depois, Fernández tabelou com Palacios, invadiu a área e tocou para trás. O decidivo Lucas Pratto só completou para o gol. Uma bela trama que resultou no empate.
Os Millonarios melhoraram muito, mas o empate prevaleceu até o minuto final. Uma das decisões mais equilibradas e mais longas da história só poderia terminar na prorrogação.
E logo no início do tempo extra, o bom volante colombiano Wílmar Barrios recebeu o segundo cartão amarelo e foi para o chuveiro mais cedo. Agora, o River tinha ainda mais espaço e crescia. Mas perdia diversas oportunidades.
Na segunda etapa, Quintero virou o jogo com uma pancada da entrada da área. Mais um golaço em uma final com belos gols.
Tudo parecia decidido e o River foi empilhando chances desperdiçadas. O Boca morreu física, mental e taticamente. Fernando Gago não aguentou jogar nem 30 minutos e saiu lesionado, deixando os xeneizes com nove homens.
O goleiro Andrada tentava ser um goleiro linha, mas mais parecia um maluco que não sabia onde se posicionar. E em uma cobrança de escanteio na qual ele próprio estava na área, o River foi rápido no contragolpe e Pity Martínez ficou sozinho, sem marcação e sem goleiro para correr o campo todo e marcar o terceiro, o gol do título.
Marcelo Gallardo aumenta ainda mais sua idolatria em Núñez. Lucas Pratto e Franco Armani foram contratados para serem campeões e o fizeram com grande destaque para ambos. Pity Martínez mostrou mais lampejos do que o habitual. A dupla de zaga, embora lenta e idosa, deu conta do recado. Enzo Pérez já passou de seu auge, mas ainda é importante no time. Borré e Scocco nem fizeram tanta falta.
O River conquista seu quarto título da Libertadores. Derrotou seu maior rival e também seus fantasmas. Provou ser enorme.
Por tudo que houve e não houve, essa será uma final que demorará a ser esquecida. Bastidores “conmebolescos” à parte, venceu a melhor equipe.
Três pontos sobre…
… Palmeiras 2 x 2 Boca Juniors
(Imagem: Globo Esporte)
O Palmeiras até que jogou bem, especialmente no segundo tempo. Fez os dois gols necessários para levar a disputa para os pênaltis. Mas a defesa deu espaço e sofreu dois gols.
O primeiro tempo foi estranho. Mais do mesmo da partida anterior, em que nenhum time conseguia se sobressair. O Palmeiras até fez o primeiro gol, mas o VAR entrou em ação e anulou corretamente o tento, por impedimento de Deyverson. E o Boca abriu o placar, dificultando mais ainda a vida do Palestra, que precisaria vencer por 4 a 1.
Na segunda etapa, o Verdão veio com tudo e virou o jogo. Estava próximo de marcar o terceiro gol e colocar fogo no jogo, mas… Darío Benedetto empatou o jogo.
Benedetto é um bom centroavante. Esteve muito próximo de defender a Argentina na Copa do Mundo de 2018, mas sofreu uma lesão que o tirou de campo por longo tempo. Está se recuperando apenas agora, mas provou que seu faro de artilheiro continua em dia. Ele marcou os dois gols do Boca na primeira partida (2 x 0) e marcou o segundo dos xeneizes, quando sofriam com o ataque palmeirense.
Precisando novamente de três gols, o Palestra não tinha mais fôlego. E o tempo foi se esvaindo até o final.
O time de melhor campanha na Libertadores ficou pelo caminho, na semifinal. E, pelo menos mais um ano, continuará sem o tão sonhado título mundial.
Nada está perdido. Merecidamente, o título do Campeonato Brasileiro é questão de tempo para os alviverdes.
E a final dos sonhos da CONMEBOL irá acontecer na Libertadores 2018: River Plate x Boca Juniors, os dois maiores clubes da Argentina e (talvez) as duas camisas mais pesadas da América do Sul. Meu palpite? O River será tetra.
Três pontos sobre…
… Grêmio 1 x 2 River Plate
(Imagem: UOL)
Desde o início já se previa um confronto histórico nas semifinais da Copa Libertadores da América entre dois tricampeões: Grêmio e River Plate.
Por ser o atual campeão, o tricolor gaúcho tinha um ligeiro favoritismo. Que se escancarou ao vencer dentro do Monumental de Núñez (1 x 0).
No jogo de volta, com a Arena lotada, suportou a pressão do rival argentino e ainda abriu o placar.
No segundo tempo, Everton Cebolinha teve uma chance de matar a classificação, mas perdeu gol feito.
Mas, se apenas um desastre tiraria o Grêmio da decisão, ele aconteceu!
A dez minutos do fim do tempo regulamentar, o River empatou. Seis minutos depois, em um lance comum na área, o VAR chamou a atenção do árbitro uruguaio Andrés Cunha para um possível pênalti, que foi confirmado.
Segundo cartão amarelo para o zagueiro Bressan (que tinha acabado de entrar) e pênalti, que Pity Martínez converteu.
Com o placar agregado em 2 x 2, o River se classificou pelo critério de gols marcados fora de casa. Detalhe: os quatro gols do duelo foram originados em bolas paradas.
Essa eliminação coloca por terra todo o planejamento do grande Grêmio em 2018. Resta lutar pela classificação direta para a Libertadores 2019 através do Brasileirão.
P.S.: Bressan é um zagueiro até razoável, mas ele dá azar ao Grêmio.
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… Alberto Spencer: Senhor Libertadores
(Imagem: Fox Sports)
● Alberto Pedro Spencer Herrera nasceu em 06/12/1937 na cidade de Ancón, no Equador. Era filho da equatoriana América Herrera e do jamaicano de origem britânica Walter Spencer (o que justifica seu sobrenome inglês). Perdeu o pai aos nove anos de idade. Deu seus primeiros passos no campo de terra do Club Los Andes, na cidade onde nasceu. Em 1954 foi levado por seu irmão, Marcos, que também era jogador (jogou também no Panamá de Guayaquil), para fazer um teste no Círculo Deportivo Everest, também de Guayaquil. No ano seguinte já estava na equipe principal do clube. Estreou profissionalmente em 29/06/1955, contra o Emelec. Anotou seu primeiro gol na semana seguinte, de cabeça, em 07/07/1955, aos 33 minutos do segundo tempo, contra o 9 de Octubre. Seu primeiro gol fora do Equador também foi de cabeça, contra o Deportes Tolima, da Colômbia.
Em janeiro de 1958, participou de um torneio amistoso com a camisa do Emelec, cedido pelo Everest, e se sagrou campeão. De volta ao seu clube, na inauguração do Estádio Modelo, de Guayaquil, em 24/07/1959, Spencer marcou duas vezes contra o time argentino Huracán. Dois dias depois, arrebentou contra o uruguaio Peñarol, chamando a atenção do técnico Hugo Bagnulo. Assim, coube a Spencer trocar o futebol equatoriano pelo Peñarol. Sua despedida foi em um amistoso entre Everest x Palmeiras, em 17/02/1960. Marcou 3 vezes logo em sua estreia pelo novo clube, em 08/03/1960, em vitória por 6 a 3 contra a equipe argentina Atlanta. Dias depois, fez dois gols contra o Tigre, também da Argentina. Em 1960, foi o principal destaque do primeiro campeão da Copa Libertadores da América. O Peñarol venceu o Olimpia na final, com um gol seu. Ele também fez o único gol do Peñarol na Copa Intercontinental, mas seu time perdeu o título para o Real Madrid. Em 1961, foi bicampeão da Libertadores (anotando um gol na final sobre o Palmeiras) e enfim conquistou o título da Copa Intercontinental. No agregado, fez dois gols sobre o Benfica, ajudando o Peñarol a conquistar o título pela primeira vez, na segunda tentativa. Em 1966, voltou a vencer a Libertadores (com três gols na final sobre o River Plate) e o Mundial de Clubes (com três gols), se vingando do Real Madrid, que o tinha vencido em 1960. Foi oito vezes campeão uruguaio pelos “Carboneros”.
A partir de 1967, nem Spencer e nem o Peñarol conseguiu manter o ritmo frenético de conquistas e “só” faturaram os campeonatos nacionais de 1967 e 1968 e a Supercopa dos Campeões Mundiais em 1969. Em 1970, Alberto Spencer voltou à sua terra natal para jogar no Barcelona de Guayaquil. Pelo clube, venceu ainda o Campeonato Equatoriano de 1971. Se aposentou no Barcelona sem partida de despedida. Fez parte da “Façanha de La Plata”, quando os canários venceram o Estudiantes. Em sua homenagem, o Estádio Modelo de Guayaquil atualmente tem o seu nome. Encerrou a carreira no ano seguinte, com um total absurdo de 528 gols marcados em sua carreira.
(Imagem: Globo Esporte)
● Era um atacante nato, rápido, matador e habilidoso com a bola nos pés. Era ambidestro e pelo seu excelente jogo aéreo, ganhou o apelido de “Cabeza Mágica” (cabeça mágica). Pelé não o incluiu na lista FIFA 100, o que causou indignação a muitos na América do Sul. Mas reconheceu sua principal qualidade:
“Um jogador que cabeceava melhor que eu era o Spencer. Eu era bom, mas Spencer era espetacular cabeceando ao gol. Ele tinha uma explosão incrível.”
É o maior artilheiro da história da Libertadores da América com 54 gols assinalados e o segundo maior goleador da Copa Intercontinental, com seis gols (atrás apenas de Pelé, com sete). É considerado o melhor jogador do futebol equatoriano de todos os tempos. É o único equatoriano que ganhou oito títulos de liga no exterior (Álex Aguinaga ganhou 3 e Édison Méndez, 2). Também é o único de seu país a disputar seis finais de Copa Libertadores e o único que ganhou três Copas Libertadores (1960, 1961 e 1966) e em todas as finais marcou gols. Também é o único equatoriano a vencer duas Copas Intercontinentais. É o jogador nascido no Equador que mais gols marcou por equipes do exterior, com 326 gols, todos pelo Peñarol.
Após se aposentar dos gramados, foi técnico da Universidad Católica de Quito, Emelec, Liga de Portoviejo, Técnico Universitario, Huracán Buceo, Liverpool de Uruguay e Guaraní. Nunca foi campeão, mas foi vice-campeão do Campeonato Equatoriano, com a Católica, em 1973. Teve sua biografia oficial escrita por um conterrâneo. Freddy Álava escreveu “Sr. Spencer”, que teve uma edição especial para o Uruguai, contando com o selo do jornal El País, de Montevidéu e prólogo do ex-presidente Julio María Sanguinetti, fanático pelo Peñarol. Em seus últimos anos de vida, Spencer trabalhou como cônsul-geral do Equador no Uruguai. Sofria de problemas cardíacos e, por isso, em outubro foi fazer uma cirurgia em Denver (EUA). Em 03/11/2006, no meio de um tratamento, um infarto fulminante o tirou a vida e o levou apenas e definitivamente para a história.
Pela seleção do Equador, marcou quatro vezes em 11 partidas: quatro pelo Campeonato Sul-Americano Extra de 1959 (atual Copa América), quatro pelas eliminatórias das Copas do Mundo (um para 1962 e três para 1966) e três jogos pela Copa Independência (que comemorava 150 anos de independência do Brasil, em 1972). Spencer nunca aceitou se naturalizar uruguaio enquanto era jogador. Quando jogava no Peñarol, lhe ofereceram essa opção, mas ele não quis. Só jogou pela seleção do Uruguai em alguns amistosos e fez um gol na Inglaterra, em Wembley. Pela Celeste, foram seis jogos e dois gols.
● Feitos e premiações de Alberto Spencer:
Pelo Peñarol:
– Campeão da Copa Intercontinental (Mundial Interclubes) em 1961 e 1966.
– Campeão da Copa Libertadores da América em 1960, 1961 e 1966.
– Campeão da Supercopa dos Campeões Intercontinentais em 1969.
– Campeão do Campeonato Uruguaio em 1959, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967 e 1968.
– Campeão do Torneio de 25º Aniversário do Estadio Monumental de Núñez, do River Plate, em 1963.
– Campeão do Troféu Cidade de Guayaquil em 1964.
Pelo Barcelona (Equador):
– Campeão do Campeonato Equatoriano em 1971.
Pelo Emelec (Equador):
– Campeão do Troféu Cervejaria Nacional em 1958, no Equador.
Distinções e premiações individuais:
– Maior artilheiro da história da Copa Libertadores da América (54 gols).
– Artilheiro da Copa Libertadores América em 1960 (3 gols) e 1962 (6 gols).
– Artilheiro do Campeonato Uruguaio em 1961 (18 gols), 1962 (17 gols), 1967 (11 gols) e 1968 (8 gols).
– Incluído pela CONMEBOL em sua seleção histórica de todos os tempos.
– 20º lugar na lista dos melhores jogadores sul-americanos do século XX pela IFFHS.
– Melhor jogador equatoriano na lista dos melhores jogadores do século XX pela IFFHS.
– 5º maior artilheiro da história da primeira divisão do Campeonato Uruguaio (113 gols em 166 jogos, média de 0,68).
– 2º maior artilheiro da história do Peñarol (326 gols).
– É o primeiro a marcar um hat-trick (três gols em um mesmo jogo) na história da Copa Libertadores da América, em 1960 (19/04/1960, Peñarol 7 x 1 Jorge Wilstermann-BOL).
– É o primeiro a marcar um pôquer (quatro gols em um mesmo jogo) na história da Copa Libertadores da América, em 1960 (19/04/1960, Peñarol 7 x 1 Jorge Wilstermann-BOL).
– É o primeiro a marcar um re-pôquer (cinco gols em um mesmo jogo) na história da Copa Libertadores da América, em 1960 (07/07/1963, Peñarol 9 x 1 Everest-EQU).
(Imagem localizada no Google)
Três pontos sobre…
… Mais clubes brasileiros na Libertadores
(Imagem localizada no Google)
● Há algum tempo nos acostumamos a ver a Taça Libertadores da América como um clímax. Vencê-la é ser o time mais forte do continente e ter vaga para o Mundial Interclubes (raras exceções). Mas nem sempre foi assim. Dentre os clubes brasileiros, nas primeiras edições apenas o Santos de Pelé e cia. a venceu (1962 e 1963), porque ganhava tudo em disputa. O Brasil apenas voltou a ser campeão com o Flamengo de Zico em 1981, que (mesmo de forma controversa) também vencia tudo. O Brasil se deu ao luxo de não ter participantes na competição em 1966, 1969 e 1970, alegando excessiva violência no torneio. Se atualmente se brinca dizendo que “Libertadores é para machos”, naquela época era realmente desumana. Há histórias de jogadores argentinos que jogavam com pregos nas mãos, para espetar os rivais.
● Até a criação da Copa do Brasil, as duas vagas nacionais eram do campeão brasileiro e do vice. Depois de 1990, passaram a ser dos campeões das respectivas competições. Mas apenas duas vagas, ressaltando a dificuldade e o alto nível técnico da competição. Mas com a ampliação do número de equipes brasileiras (para, no mínimo, cinco), de 1999 para 2000, equipes fracas, que fizeram um torneio ruim, começaram a marcar presença. Ainda assim o país conseguiu vários títulos, inclusive sequentes.
● A tentativa de “europeização” da competição, como a Conmebol está planejando, com calendário o ano todo é louvável. Porém, a possibilidade de jogo único em campo previamente escolhido vai deixá-la muito mais sem graça. Mas, principalmente, o aumento do número de clubes participantes é claramente político e reduzirá bastante o nível técnico da competição. O Brasil terá sete representantes, podendo chegar a nove caso tiver um campeão na Libertadores e na Copa Sul-Americana do ano anterior. O país pode ter quase um terço dos participantes da fase de grupos. O Brasileirão é o único torneio do mundo em que 20% dos participantes são rebaixados e 30% se classificam para a maior competição continental.
Será que o Brasil possui nove clubes aptos a disputar a Libertadores?