… 06/07/2010 – Holanda 3 x 2 Uruguai

Três pontos sobre…
… 06/07/2010 – Holanda 3 x 2 Uruguai


Arjen Robben comemora o segundo gol holandês (Imagem: FIFA)

● Diferente de seu histórico, a Holanda vinha apresentando um futebol mais pragmático. Ao trocar seu tradicional 4-3-3 pelo 4-2-3-1 da moda, o treinador Bert van Marwijk acumulou críticos em profusão, especialmente em seu país. Mas os resultados davam razão ao técnico. A Laranja estava com 100% de aproveitamento na Copa, com cinco vitórias em cinco jogos. No Grupo E, venceu a Dinamarca (2 x 0), o Japão (1 x 0) e Camarões (2 x 1). Bateu a Eslováquia por 2 a 1 nas oitavas de final. Nas quartas, liderada por Wesley Sneijder e Arjen Robben, venceu o Brasil de virada, também por 2 a 1. O moral estava lá em cima.

Eram duas seleções em alta. O Uruguai tinha vencido Gana nos pênaltis, após conseguir um milagre no último minuto da prorrogação. Chegava às semifinais pela primeira vez desde a Copa de 1970. Mas os desfalques nessa semifinal eram justamente dois dos jogadores essenciais para o bom funcionamento do jogo da Celeste. O capitão Diego Lugano sofreu uma entorse no tornozelo na partida anterior e não se recuperou a tempo, sendo substituído por Diego Godín. Luisito Suárez estava suspenso pelo cartão vermelho recebido ao salvar com a mão um gol claro de Gana, em cima da linha. Com a ausência de seu camisa 9, o “Maestro” Óscar Tabárez escalou sua equipe no 4-4-2, colocando Walter Gargano para fechar o meio.


A Holanda jogava no sistema 4-2-3-1, com muita força ofensiva concentrara em seus quatro homens mais avançados. Destaque para Wesley Sneijder, autor de cinco gols na Copa.


Desfalcado de Lugano e Suárez, o Uruguai atuou nessa partida no 4-4-2, com uma trinca de volantes marcadores. Sem aproximação do meio campo, Cavani e Forlán ficaram muito isolados no ataque.

● Logo aos três minutos, a primeira chance da partida. Sneijder cruza e Dirk Kuyt cabeceou por cima do gol.

Durante o primeiro tempo, a Holanda ficou mais com a posse de bola e tentando infiltrar na fechada defesa adversária. O Uruguai conseguia marcar bem, mas não conseguia contra-atacar. Diego Forlán e Edinson Cavani estavam muito isolados no ataque.

Mas aí começou a aparecer os (d)efeitos da Jabulani, a bola com “vida própria”.

Aos 18 minutos, após uma paciente troca de passes holandeses, Robben passou para Kuyt, que viu a aproximação do lateral esquerdo Van Bronckhorst. O capitão dominou e mandou um foguete com destino ao ângulo esquerdo. O goleiro Muslera chegou a encostar nela, mas a bola foi na junção das duas traves. Em 36 metros, o chute pegou a velocidade de 109 km/h. Talvez seja o mais belo gol dessa Copa.

Com o recuo voluntário do lateral esquerdo Martín Cáceres e o apoio constante de Maxi Pereira pela direita, formou-se um 3-5-2 naturalmente no Uruguai.

Aos 41 minutos, Diego Forlán passou por Mathijsen e chutou forte de pé esquerdo, de fora da área. O goleiro Stekelenburg vai na bola, mas não consegue impedir o lindo gol do capitão uruguaio nessa noite (com nova ajuda da Jabulani).

No segundo tempo, a Holanda veio com Rafael van der Vaart, meia criativo, no lugar de Demy de Zeeuw, um volante marcador. Passou a jogar no 4-1-4-1, tendo apenas Mark van Bommel na proteção à defesa. Mas com um armador a mais, a qualidade de Sneijder começou a aparecer, com trocas de passes cada vez mais envolventes.

No início da segunda etapa, quase a virada dos sul-americanos. Álvaro Pereira tentou um gol por cobertura, mas Van Bronckhorst salvou pouco antes da linha. Pouco depois, Forlán exigiu uma boa defesa de Stekelenburg em cobrança de falta venenosa.

Mas, em um intervalo de quatro minutos, a Holanda liquidou a fatura.

Aos 25 minutos, Robben cruzou da direita, Sneijder dominou e bateu. A bola desviou em Maxi Pereira e entrou no canto esquerdo, chegando a tocar na trave. Os uruguaios reclamaram muito da arbitragem, pois Van Persie estava em posição de impedimento, mas não chegou a tocar na bola. Gol validado e 2 a 1 no placar.

A Celeste nem tinha se recuperado e já tomava outro gol. Aos 28′, Kuyt cruzou a bola da esquerda e Robben cabeceou livre no canto direito de Muslera. Nos três gols holandeses a bola tocou na trave antes de entrar.

Mas, como já conhecemos, o Uruguai sempre luta até o fim. A pressão no “abafa” deu resultado aos 47 minutos do segundo tempo. Gargano cobrou falta rápida para Maxi Pereira. O lateral direito cortou o marcador e bateu de esquerda, no cantinho do goleiro holandês.

O gol incendiou o jogo e os sul-americanos partiram com tudo ao ataque, na esperança de empatar no finzinho, mas não obteve sucesso. O árbitro Ravshan Irmatov, do Uzbequistão, tinha dado três minutos de acréscimo, mas deixou a partida beirar os 50, para desespero dos holandeses.


Diego Forlán chuta para marcar o gol de empate uruguaio, ainda no primeiro tempo (Imagem: Gatty Images)

● No fim, tristeza em azul e comemoração eufórica dos laranjas. Os uruguaios dizem que empatariam se tivessem mais cinco minutos a serem jogados. Também afirmam que não perderiam, se tivessem contado com o capitão Lugano.

A Holanda volta a uma final após ser vice-campeã em 1974 e 1978. A geração de Sneijder, Robben e Van Persie se iguala ao mítico time de Ruud Krol, Johan Neeskens e Rob Rensenbrink (Johan Cruijff só jogou em 1974). Enfrentará a Espanha, campeã da Eurocopa de 2008 e que conta com a melhor geração de sua história. Falaremos dessa final no próximo dia 11/07.


Giovanni van Bronckhorst abriu o placar. (Imagem: Carlos Barria/Reuters)

FICHA TÉCNICA:

 

HOLANDA 3 x 2 URUGUAI

 

Data: 06/07/2010

Horário: 20h30 locais

Estádio: Green Point Stadium (Cape Town Stadium)

Público: 62.479

Cidade: Cidade do Cabo (África do Sul)

Árbitro: Ravshan Irmatov (Uzbequistão)

 

HOLANDA (4-2-3-1):

URUGUAI (4-4-2):

1  Maarten Stekelenburg (G)

1  Fernando Muslera (G)

12 Khalid Boulahrouz

16 Maxi Pereira

3  John Heitinga

3  Diego Godín

4  Joris Mathijsen

6  Mauricio Victorino

5  Giovanni van Bronckhorst (C)

22 Martín Cáceres

6  Mark van Bommel

15 Diego Pérez

14 Demy de Zeeuw

5  Walter Gargano

11 Arjen Robben

17 Egidio Arévalo Ríos

10 Wesley Sneijder

11 Álvaro Pereira

7  Dirk Kuyt

10 Diego Forlán (C)

9  Robin van Persie

7  Edinson Cavani

 

Técnico: Bert van Marwijk

Técnico: Óscar Tabárez

 

SUPLENTES:

 

 

16 Michel Vorm (G)

12 Juan Castillo (G)

22 Sander Boschker (G)

23 Martín Silva (G)

2  Gregory van der Wiel

2  Diego Lugano

13 André Ooijer

19 Andrés Scotti

15 Edson Braafheid

4  Jorge Fucile

8  Nigel de Jong

8  Sebastián Eguren

18 Stijn Schaars

18 Ignacio González

23 Rafael van der Vaart

20 Álvaro Fernández

20 Ibrahim Afellay

14 Nicolás Lodeiro

17 Eljero Elia

21 Sebastián Fernández

19 Ryan Babel

13 Sebastián “Loco” Abreu

21 Klaas-Jan Huntelaar

9  Luis Suárez

 

GOLS:

18′ Giovanni van Bronckhorst (HOL)

41′ Diego Forlán (URU)

70′ Wesley Sneijder (HOL)

73′ Arjen Robben (HOL)

90+2′ Maxi Pereira (URU)

 

CARTÕES AMARELOS:

21′ Maxi Pereira (URU)

29′ Martín Cáceres (URU)

29′ Wesley Sneijder (HOL)

78′ Khalid Boulahrouz (HOL)

90+5′ Mark van Bommel (HOL)

 

SUBSTITUIÇÕES:

INTERVALO Demy de Zeeuw (HOL) ↓

Rafael van der Vaart (HOL) ↑

 

78′ Álvaro Pereira (URU) ↓

Sebastián “Loco” Abreu (URU) ↑

 

84′ Diego Forlán (URU) ↓

Sebastián Fernández (URU) ↑

 

89′ Arjen Robben (HOL) ↓

Eljero Elia (HOL) ↑

Melhores momentos da partida, com narração de Milton Leite:

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