Três pontos sobre…
… São Paulo de 2008: inédito e único tricampeão brasileiro
(Imagem: Globo Esporte)
● Hoje completa exatos oito anos do último título brasileiro do São Paulo Futebol Clube.
O Tricolor venceu o Campeonato Brasileiro de 1991, as Copas Libertadores de 1992 e 1993 e as Copas Intercontinentais também de 1992 e 1993. Exceto alguns torneios regionais, o tricolor só voltou a se destacar em níveis maiores com o título da Libertadores e Mundial de 2005. Logo depois emendou um inédito tricampeonato Brasileiro, entre 2006 e 2008.
O SPFC foi dos primeiros a tirar vantagem da Lei Pelé, contratando excelentes jogadores no fim de seus contratos. Vários ídolos recentes do clube chegaram com passe livre ou vieram com preço relativamente barato. Assim, o time montou um verdadeiro esquadrão em nível continental, com um elenco de vastas opções e era candidato a tudo que disputava. Uma gestão exemplar e um time forte, que disputava sempre para ganhar, era uma motivação extra para novos contratados. Era um círculo virtuoso.
No primeiro título da sequência, a base do time ainda era a campeã mundial um ano antes (e vice da Libertadores de 2006), com: Rogério Ceni; Fabão, André Dias (Edcarlos) e Miranda (Alex Silva); Ilsinho (Souza), Mineiro, Josué (Richarlyson), Danilo (Lenílson) e Júnior; Leandro (Thiago Ribeiro) e Aluísio Chulapa (Alex Dias). Era um time que sofria poucos gols, com meio campo marcador e criativo, com um ataque que aproveitava as chances criadas. Armando tudo isso estava um técnico histórico: Muricy Ramalho. Era o quarto título do Campeonato Brasileiro.
● Em 2007, as projeções para o clube não eram muito boas, pois perdeu, dentre outros, o lateral direito Ilsinho e a dupla Mineiro-Josué (siameses do meio campo, como os blaugranas Xavi-Iniesta, guardadas as devidas proporções, claro). Mas incrivelmente a diretoria conseguiu repor as peças e até ampliar o portfólio disponível para o Professor Muricy: os atacantes Dagoberto e Borges, Hernanes (de volta de empréstimo), o meia-ala Jorge Wágner e o zagueiro Breno, promissor e revelado nas divisões de base do clube, de apenas 17 anos. Com um time compacto e oportunista, foi constante em todo o campeonato. Entre a 17ª e a 25ª rodada, o time sequer levou gols. Como resultado, tem o menor número de gols sofridos da história do torneio, com 19 em 38 partidas (média de 0,5). o time base era: Rogério Ceni; Breno, André Dias e Miranda; Souza, Hernanes, Richarlyson, Leandro e Jorge Wágner; Dagoberto e Borges (Aloísio Chulapa).
(Imagem: SPFC.net)
● Já em 2008, a reestruturação foi maior. Adriano Imperador voltou ao Brasil para jogar a Libertadores no primeiro semestre e logo foi embora. Também chegaram: o lateral Joílson, o atacante Éder Luís e o zagueiro Rodrigo. Mas saíram destaques como Leandro, Souza, Aloísio e Breno. Na Copa Libertadores, a terceira eliminação consecutiva para um time brasileiro (Inter em 2006, Grêmio em 2007 e Fluminense, nas quartas de final de 2008). No Paulista, queda na semifinal para o futuro campeão, Palmeiras.
Sem confiança alguma, o SPFC começou o Brasileirão ainda nocauteado, perdendo do Grêmio em casa por 1 a 0 e empatando com Atlético-PR e Coritiba por 1 a 1. Diferentemente dos anos anteriores, o Tricolor do Morumbi demorou a engrenar e não se aproximou da liderança no primeiro turno. Depois de quatro jogos sem vitória, o time goleou o Galo por 5 x 1 em casa e bateu o Flamengo por 4 a 0 no Maracanã. Ao fim de um primeiro turno irregular, estava atrás de Grêmio, Cruzeiro e Palmeiras.
Logo na primeira rodada do returno, perdeu novamente para o Grêmio (dessa vez fora de casa) por 1 a 0. Com isso, os gaúchos abriram 11 pontos na dianteira e eram os favoritos destacados a quebrarem um jejum de 12 anos. Depois dessa derrota, o São Paulo ganhou um ritmo heroico, ultrapassou o Grêmio na 33ª rodada e não perdeu mais. Foram 11 vitórias e 6 empates até a penúltima rodada. O Tricolor precisava apenas vencer em casa e, diante de 66.888 pagantes no Morumbi, apenas empatou com o Fluminense. O Grêmio goleou o fraco Ipatinga e manteve chances de título.
Na rodada final (07/12/2008), bastaria ao um empate com o Goiás, enquanto o Grêmio precisava vencer o Galo em casa e torcer por derrota do São Paulo. Houve diversos boatos de suborno de arbitragem e polêmicas extra-campo que atrapalharam um pouco o andamento do jogo. Aos 22 minutos de jogo, Borges marcou em posição de impedimento, mas o árbitro validou o gol. Este seria o gol do título, do único time a vencer por três vezes consecutiva o Campeonato Brasileiro desde sua concepção como tal, em 1971. O time base de 2008 foi: Rogério Ceni; Rodrigo, André Dias e Miranda; Joílson, Zé Luís (Richarlyson), Hernanes, Hugo e Jorge Wágner; Dagoberto e Borges.
O Brasil teve esquadrões formidáveis desde 1971, mas só um clube se tornou tricampeão consecutivo. O maior mérito do time no período, foi perceber que a vitória (tanto em casa, quanto fora) na 1ª, na 17ª ou na última rodada, valia a mesma coisa: 3 valiosíssimos pontos. Muricy soube se reinventar, tomou consciência das fraquezas do time e otimizou suas forças, como a bola parada (a principal). Não existe gol feio; feio é não fazer e, pior ainda, sofrer gol.
Agora, esperamos que o São Paulo saia logo dessa atual estagnação e resignação, olhando para o futuro. Para um clube dessa grandeza, é inadmissível que seja apenas como o hino, onde “as tuas glórias vêm do passado”.
Olá, o meu nome é Luiz Henrique. Achei muito legal!
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