Três pontos sobre…
… 02/07/2010 – Uruguai 1 x 1 Gana
O lateral Fucile até tentou defender com a mão, mas foi Luiz Suárez quem fez a “defesa” da Copa e se tornou herói uruguaio (Imagem: UOL)
● O Uruguai entrava em campo para enfrentar não apenas a seleção adversária. Gana era a última representante do continente na primeira Copa do Mundo disputada na África. Assim, todos os outros 53 países uniam suas vuvuzelas em um único som, torcendo pelos ganeses. Pela boa fase de vários de seus jogadores e por jogar “em casa”, os “Estrelas Negras” eram favoritos. Mas a Celeste é sempre uma camisa pesada, cheia de histórias, acostumada a se superar e a calar adversários.
Gana era o terceiro país africano a chegar nas quartas de final de um Mundial, após Camarões em 1990 e Senegal em 2002.
Na primeira fase, o Uruguai foi líder do Grupo A, empatando com a França (0 x 0), goleando a anfitriã África do Sul (3 x 0) e vencendo o México (1 x 0). Nas oitavas de final, passou pela Coreia do Sul (2 x 1), e chegava embalada pelo seu trio de ataque: Diego Forlán, Edinson Cavani e Luis Suárez.
Gana se classificou como segunda colocada do Grupo D com quatro pontos, vencendo a Sérvia por 1 a 0, empatando com a Austrália em 1 a 1 e perdendo da Alemanha por 1 a 0. Na segunda fase, precisou de um gol de Asamoah Gyan na prorrogação para vencer os Estados Unidos por 2 a 1.
O Uruguai jogava no 4-3-3, apostando na força de sua defesa, na dura marcação de seus ótimos volantes e no ótimo trio de ataque.
Gana tinha jogadores em ótima fase, consolidados no futebol europeu. Jogava no 4-1-4-1, com um meio campo muito móvel, apoiando Asamoah Gyan no ataque.
● Na partida que se tornaria um verdadeiro drama, o Uruguai começou melhor, com três finalizações bem defendidas pelo goleiro Richard Kingson. Só depois da primeira metade da etapa inicial que Gana foi equilibrar as ações e até passou a mandar no jogo.
Para piorar para os sul-americanos, o capitão Diego Lugano saiu lesionado aos 38 minutos, com uma torção no tornozelo. A faixa passou para o camisa 10, Diego Forlán. Ele era o craque do time, correndo o campo inteiro e orientando seus companheiros.
Mas quem abriu o placar foi Gana, mas com uma clara ajuda dos conhecidos efeitos venenosos da bola Jabulani. Aos 47 minutos do primeiro tempo, Sulley Muntari limpa o lance e chuta da intermediária. A bola pega um efeito e entra no canto esquerdo do goleiro Fernando Muslera. As vuvuzelas começaram a soar cada vez mais alto.
Na segunda etapa, o Uruguai voltou melhor e empatou a partida aos dez minutos, em uma falta perto do bico esquerdo da área. Forlán cobrou bem e mandou a bola no ângulo esquerdo de Kingson. Tudo igual no estádio Soccer City.
Dois minutos depois, Gyan quase marcou, mas Muslera defendeu. Depois, Suárez teve duas chances, mas chutou uma vez para fora e a outra nas mãos de Kingson.
O Uruguai parecia mais perto do gol e mais inteiro fisicamente. Aos 36, Maxi Pereira perdeu uma grande oportunidade em um contra-ataque, mas chutou por cima do gol.
Após o empate em 1 a 1 no tempo normal e um primeiro tempo de prorrogação muito truncado, tudo mudaria nos últimos 15 minutos. A ótima seleção de Gana partiu para cima e criou muitas oportunidades não concluídas, mas também deu o contra-ataque para o Uruguai, que também não aproveitou.
A igualdade persistiu até o minuto final de bola rolando, quando ganhou um contorno dramático jamais visto. Em uma blitz dos “Estrelas Negras“, Luisito Suárez tirou em cima da linha um gol certo de Stephen Appiah e, na sequência, o camisa 9 meteu a mão na bola e impediu o gol em uma cabeçada de Dominic Adiyiah. Foi uma defesa difícil e linda. Mas Suárez não era o goleiro. Penalidade máxima e expulsão do craque.
Suárez saía de campo desconsolado e chorando muito a provável eliminação de sua seleção, mas sua feição mudou nos segundos seguintes, ainda antes de entrar no túnel que dá acesso ao vestiário. Ele viu o principal jogador do time rival, Asamoah Gyan, cobrar o pênalti e a bola explodir no travessão. Festa uruguaia e esperanças renovadas. O castigo para Gana viria a galope, na decisão por pênaltis.
Forlán, Victorino e Scotti acertaram os três primeiros para os uruguaios. Gyan e Appiah também converteram para Gana. Mas na terceira cobrança, o capitão John Mensah bateu à esquerda e Muslera acertou o canto. Na sequência, Maxi Pereira perdeu a oportunidade de ampliar a vantagem, batendo para fora. Mas Muslera apareceu de novo e defendeu o pênalti cobrado no canto esquerdo pelo garoto Adiyiah.
Coube ao então botafoguense (e maior “andarilho” da história do futebol mundial) Loco Abreu converter a cobrança decisiva com uma linda cavadinha, matando o goleiro Kingson e relembrando o que tinha feito poucos meses antes contra o Flamengo na decisão do Campeonato Carioca.
Loco Abreu converte o último pênalti uruguaio com uma linda cavadinha e coloca sua seleção entre os quatro primeiros da Copa de 2010 (Imagem localizada no Google)
● Enquanto a última equipe africana se despedia do Mundial, o Uruguai resgatava seu orgulho e chegava às semifinais após 40 anos, cheia de moral para enfrentar a Holanda.
Depois da partida, Luis Suárez recebeu um SMS em seu celular: “Você é o melhor goleiro do mundo”. Quem enviou a mensagem foi o goleiro holandês Maarten Stekelenburg, que jogava junto com ele no Ajax. O Uruguai estava classificado e iria enfrentar justamente a Holanda em uma das semifinais, mas Suárez estava suspenso pelo cartão vermelho recebido contra Gana.
Jogadores charruas comemoram a classificação (Imagem: Globo Esporte)
● FICHA TÉCNICA: |
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URUGUAI 1 x 1 GANA |
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Data: 02/07/2010 Horário: 20h30 locais Estádio: Soccer City (atual First National Bank Stadium) Público: 84.017 Cidade: Johanesburgo (África do Sul) Árbitro: Olegário Benquerença (Portugal) |
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URUGUAI (4-3-3): |
GANA (4-1-4-1): |
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1 Fernando Muslera (G) |
22 Richard Kingson (G) |
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16 Maxi Pereira |
4 John Paintsil |
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2 Diego Lugano (C) |
15 Isaac Vorsah |
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6 Mauricio Victorino |
5 John Mensah (C) |
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4 Jorge Fucile |
2 Hans Sarpei |
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15 Diego Pérez |
6 Anthony Annan |
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17 Egidio Arévalo Ríos |
7 Samuel Inkoom |
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20 Álvaro Fernández |
21 Kwadwo Asamoah |
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7 Edinson Cavani |
23 Kevin-Prince Boateng |
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10 Diego Forlán |
11 Sulley Muntari |
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9 Luis Suárez |
3 Asamoah Gyan |
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Técnico: Óscar Tabárez |
Técnico: Milovan Rajevac |
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SUPLENTES: |
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12 Juan Castillo (G) |
1 Daniel Agyei (G) |
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23 Martín Silva (G) |
16 Stephen Ahorlu (G) |
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3 Diego Godín |
8 Jonathan Mensah |
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19 Andrés Scotti |
19 Lee Addy |
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22 Martín Cáceres |
17 Ibrahim Ayew |
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5 Walter Gargano |
9 Derek Boateng |
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8 Sebastián Eguren |
10 Stephen Appiah |
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11 Álvaro Pereira |
20 Quincy Owusu-Abeyie |
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18 Ignacio González |
13 André Ayew |
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14 Nicolás Lodeiro |
14 Matthew Amoah |
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21 Sebastián Fernández |
12 Prince Tagoe |
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13 Sebastián “Loco” Abreu |
18 Dominic Adiyiah |
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GOLS: |
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45+2′ Sulley Muntari (GAN) |
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55′ Diego Forlán (URU) |
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CARTÕES AMARELOS: |
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20′ Jorge Fucile (URU) |
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48′ Egidio Arévalo Ríos (URU) |
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54′ John Paintsil (GAN) |
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59′ Diego Pérez (URU) |
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77′ Hans Sarpei (GAN) |
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93′ John Mensah (GAN) |
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CARTÃO VERMELHO: 120+1′ Luis Suárez (URU) |
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SUBSTITUIÇÕES: |
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38′ Diego Lugano (URU) ↓ |
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Andrés Scotti (URU) ↑ |
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INTERVALO Álvaro Fernández (URU) ↓ |
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Nicolás Lodeiro (URU) ↑ |
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74′ Samuel Inkoom (GAN) ↓ |
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Stephen Appiah (GAN) ↑ |
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76′ Edinson Cavani (URU) ↓ |
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Sebastián “Loco” Abreu (URU) ↑ |
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88′ Sulley Muntari (GAN) ↓ |
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Dominic Adiyiah (GAN) ↑ |
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DECISÃO POR PÊNALTIS: |
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URUGUAI 4 |
GANA 2 |
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Diego Forlán (gol, no canto esquerdo) |
Asamoah Gyan (gol, no ângulo esquerdo) |
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Mauricio Victorino (gol, no ângulo direito) |
Stephen Appiah (gol, no ângulo direito) |
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Andrés Scotti (gol, no meio do gol) |
John Mensah (perdeu, à esquerda defendido por Muslera) |
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Maxi Pereira (perdeu, acima do ângulo esquerdo) |
Dominic Adiyiah (perdeu, à esquerda defendido por Muslera) |
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“Loco” Abreu (gol, de cavadinha – “estilo Panenka” – no meio do gol) |
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Melhores momentos da partida:
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