… Itália Campeã da Eurocopa 2021

Três pontos sobre…
… Itália Campeã da Eurocopa 2021


(Imagem: Michael Regan / Reuters)

O vilão é o mesmo de 25 anos atrás.

Gareth Southgate só mudou de posição. Ele foi o responsável por perder o pênalti decisivo diante da Alemanha na semifinal da Eurocopa de 1996, no antigo estádio Wembley. E, na decisão da Euro 2020 (disputada em 2021 por causa da pandemia), foi o “burro” da vez, colocando dois jogadores nos acréscimos da prorrogação exclusivamente para a cobrança dos pênaltis.

Mas se Southgate foi vilão, foi também o responsável pela montagem desse elenco que chegou na semifinal da Copa do Mundo de 2018 e na final da Euro três anos depois. Um time forte, consistente e homogêneo em todas suas posições. Corajoso por dar chances a Declan Rice e Kalvin Phillips como titulares no meio, tendo Jordan Henderson no banco. Arrojado por convocar Jude Bellingham, que tinha 17 anos no início da Euro.

Os maiores méritos do técnico do English Team é adaptar o sistema tático do seu time ao adversário. Hoje começou no 3-4-2-1, dando liberdade para os dois alas que participaram diretamente do gol. Harry Keane fez um ótimo trabalho no meio e abriu para Kieran Trippier, que cruzou no segundo pau, onde Luke Shaw pegou de primeira para fazer um belo gol. Luke Shaw, que teve uma seriíssima lesão em 2015, mas recuperou seu bom futebol e foi titular, mesmo com Ben Chilwell em uma ótima fase.

Mas foi só. A partir do segundo minuto de jogo, a Inglaterra abdicou do ataque quis vencer por 1 x 0, se fechou enquanto pôde e a Itália “começou a gostar do jogo” (como diriam os comentaristas nos anos 1990). Mas só no meio do segundo tempo que a Azzurra chegou ao empate, com Leonardo Bonucci pegando o rebote em uma jogada de bola parada.

No restante do jogo, assim como nos 30 minutos de prorrogação, os dois times se alternaram, mas sem nada produzir de concreto. Foi uma partida de xadrez, mais estudada do que “jogada”, onde a marcação se sobressaiu sobre a criatividade.

Voltamos aos pênaltis, essa fábrica de heróis e vilões. Berardi e Keane converteram. Andrea Belotti se candidatou como o primeiro vilão, ao ver sua batida ser defendida por Jordan Pickford – candidato a herói. Maguire e Bonucci converteram. E surgiram novos vilões: Marcus Rashford e Jadon Sancho, de 23 e 21 anos, respectivamente, haviam entrado nos acréscimos da prorrogação e nem chegaram a tocar na bola. Rashford rabiscou demais e chutou na trave. Jadon Sancho telegrafou e Gianluigi Donnarumma pegou. Antes, Bernardeschi converteu. Jorginho não. O melhor cobrador italiano teve a cobrança defendida por Pickford antes da bola parar na trave. E na última cobrança, Bukayo Saka, de 19 anos, inexperiente e… canhoto… com a cara mais assustada que já vi na vida, só poderia perder. Sua batida parou nas mãos de Donnarumma.


(Imagem: Laurence Griffiths / Reuters)

“Judas” Donnarumma – o maior mercenário dos tempos recentes do futebol – foi o herói definitivo e foi eleito (sei lá por quem) o melhor jogador da Euro.

Uma partida ganha por Roberto Mancini: craque dentro e fora dos campos. E perdida por Gareth Southgate: vilão nos pênaltis dentro e fora dos campos.

Méritos para uma Itália invicta há três anos, que cresceu durante a Euro e ganhou maturidade para chegar forte na Copa do Mundo de 2022.

Na Inglaterra, ficam as dúvidas. Raheem Sterling “pipocou”? Jack Grealish, que poderia ter entrado antes (ou até ter sido titular), além de bater o pênalti? Jadon Sancho não merecia mais oportunidade com a bola rolando?

Mas fica constatada, mais uma vez, a grande verdade do futebol: camisa pesa. E pesa muito. A camisa Azzurra é amplamente mais pesada do que a dos Three Lions.

“Football’s coming (to) Rome!”


(Imagem: Carl Recine / Reuters)

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