… 12/06/1938 – Itália 3 x 1 França

Três pontos sobre…
… 12/06/1938 – Itália 3 x 1 França


(Imagem: Calciopédia)

● Como tradicionalmente acontece, a seleção francesa era majoritariamente formada por “estrangeiros”. Havia um jogador nascido na Guiana Francesa, mas origem senegalesa (Raoul Diagne), um nascido em Luxemburgo (Julien Darui), um uruguaio (Hector Cazenave), um austríaco (Auguste Jordan), um suíço (Roger Courtois), quatro alemães (Oscar Heisserer, Émile Veinante, César Povolny e Ignace Kowalczyk) e cinco argelinos (Jean Bastien, Abdelkader Ben Bouali, Lucien Jasseron, Michel Brusseaux e Mario Zatelli).

O técnico Gaston Barreau também apostava muito na experiência de atletas que já haviam disputado as Copas anteriores. Eram três remanescentes de 1930 e 1934 (Étienne Mattler, Edmond Delfour e Veinante) e cinco de 1934 (Alfred Aston, Jean Nicolas, René Llense, Jules Vandooren e Courtois).

O ponto forte de Les Bleus era a defesa, com o goleiro Laurent Di Lorto e os zagueiros Cazenave e o capitão Mattler. O sistema defensivo era chamado de “Linha Maginot” – uma linha de fortificações e de defesa construída pela França ao longo de suas fronteiras com a Alemanha e a Itália entre 1930 e 1936.

Na estreia, nas oitavas de final, a França venceu a Bélgica por 3 a 1. Nas quartas, a adversária era a fortíssima Itália.


(Imagem: Wikipédia)

● Como não poderia deixar de ser, a Squadra Azzurra era a maior favorita ao título. Campeã em 1934, a seleção do técnico Vittorio Pozzo vinha bastante renovada e ainda melhor do que quatro anos antes. Com um time mais leve e mais técnico, apenas Giuseppe Meazza e Giovanni Ferrari permaneciam como titulares.

O principal craque do time era Silvio Piola, um centroavante de muita mobilidade, capaz de criar e concluir as jogadas. Ele estava em seu auge técnico e mostrou todas suas qualidades no Mundial.

O ditador Benito Mussolini, “Il Duce”, ainda era o principal catalisador para que os atletas italianos jogassem como se fossem o último dia de suas vidas. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, ainda permanecia o lema “vitória ou morte”.

O primeiro obstáculo foi a Noruega. E os italianos suaram bastante para vencer os nórdicos por 2 x 1 na prorrogação.


A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécie de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.


A França atuava no sistema W-M, que já começava a ser o mais usual entre os europeus.

● Com 58.455 expectadores, esse foi o jogo com o maior público da Copa de 1938. O público excedeu em 15% a capacidade do estádio olímpico de Colombes – sem contar as outras dez mil pessoas ficaram do lado de fora.

As seleções tinham empatado sem gols em março, em um amistoso disputado em Paris. Esse resultado deu certa esperança aos franceses. Mas dessa vez os italianos não deram chances aos rivais.

Aproveitando que os franceses tradicionalmente também jogavam de camisa azul, a Itália aproveitou para fazer outro agrado a Mussolini: entrou em campo com o uniforme todo preto, a cor símbolo oficial do fascismo e das fardas de seu exército. A “Squadra Azzurra” se transformou em “Squadra Nera”.

Ao entrar em campo, os italianos cumprimentaram as tribunas com a tradicional saudação fascista: braço direito estendido e a mão espalmada para baixo. A reação da torcida não poderia ter sido outra: vaias e mais vaias, que duraram muitos minutos.

Mas o novo fardamento fez bem ao time, que estava mais solto que na partida anterior.

O goleiro francês Laurent Di Lorto já havia feito duas boas intervenções ainda no início do jogo.

Mas o placar foi aberto logo aos nove minutos de jogo, com um dos gols mais cômicos de todas as Copas. O ponta esquerda Gino Colaussi deu um chute de média distância, a bola subiu muito e desceu de repente. O goleiro Di Lorto foi surpreendido e tentou fazer a defesa, mas se chocou com a trave direita enquanto a bola caía para dentro do gol. Falha feia. E 1 a 0 no placar para os italianos.

Os franceses não se deixaram abater e empataram no minuto seguinte, com Oscar Heisserer.

Mas, no segundo tempo, Silvio Piola resolveu o jogo para a Itália e marcou dois gols: aos 6′ e aos 26′.


(Imagem: Pinterest)

● Placar final: atual campeã e maior favorita 3, dona da casa e eliminada 1.

Com a eliminação de sua seleção, a torcida local elegeu outro time para torcer: o Brasil.

Na semifinal, a Itália teve na Seleção Brasileira um adversário duríssimo, mas venceu por 2 x 1 com um pênalti polêmico.

Na decisão, a Azzurra venceu a Hungria por 4 x 2 e se tornou o primeiro bicampeão mundial.


Sorteio e cumprimentos iniciais entre o trio de arbitragem e os capitães Giuseppe Meazza e Étienne Mattler (Imagem: AFP / Getty Images)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 3 x 1 FRANÇA

 

Data: 12/06/1938

Horário: 17h00 locais

Estádio: Olympique de Colombes

Público: 58.455

Cidade: Colombes (França)

Árbitro: Louis Baert (Bélgica

 

ITÁLIA (2-3-5):

FRANÇA (W-M):

Aldo Olivieri (G)

Laurent Di Lorto (G)

Alfredo Foni

Hector Cazenave

Pietro Rava

Étienne Mattler (C)

Pietro Serantoni

Jean Bastien

Michele Andreolo

Auguste Jordan

Ugo Locatelli

Raoul Diagne

Amedeo Biavati

Alfred Aston

Giuseppe Meazza (C)

Oscar Heisserer

Silvio Piola

Jean Nicolas

Giovanni Ferrari

Edmond Delfour

Gino Colaussi

Émile Veinante

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Gaston Barreau

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

René Llense (G)

Carlo Ceresoli (G)

Julien Darui (G)

Eraldo Monzeglio

Abdelkader Ben Bouali

Bruno Chizzo

César Povolny

Aldo Donati

Jules Vandooren

Renato Olmi

François Bourbotte

Mario Genta

Lucien Jasseron

Mario Perazzolo

Michel Brusseaux

Sergio Bertoni

Roger Courtois

Pietro Ferraris

Ignace Kowalczyk

Pietro Pasinati

Mario Zatelli

 

GOLS:

9′ Gino Colaussi (ITA)

10′ Oscar Heisserer (FRA)

51′ Silvio Piola (ITA)

72′ Silvio Piola (ITA)

Imagens da partida:

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