… 07/06/2002 – Inglaterra 1 x 0 Argentina

Três pontos sobre…
… 07/06/2002 – Inglaterra 1 x 0 Argentina


(Imagem: AP Photo / Ricardo Mazalan)

● Argentina e Inglaterra era o jogo mais esperado da primeira fase da Copa do Mundo de 2002. Era o reencontro das duas grandes rivais históricas, em confrontos que extrapolam o futebol (como em 1966 e 1986).

O último duelo oficial tinha sido nas oitavas de final da Copa anterior, em 1998. Naquela ocasião, a Inglaterra teve de jogar todo o segundo tempo e a prorrogação com um homem a menos, já que David Beckham foi expulso por chutar Diego Simeone, revidando uma entrada violenta e a provocação do argentino. Mesmo assim, o English Team segurou o empate por 2 x 2 e levou a partida para os pênaltis, mas perdeu por 4 x 3, com uma grande atuação do goleiro albiceleste Carlos Roa. Beckham foi responsabilizado pela derrota de 1998, mas agora era o capitão que liderava seu país à revanche.

Quatro anos depois, ingleses e argentinos renovam sua rivalidade sob os olhos atentos do melhor árbitro do mundo, o italiano Pierluigi Collina. Beckham e Simeone estavam mais uma vez cara a cara. Era visível a animosidade entre os dois, mas claramente eles queriam vencer na bola e não de outra forma.

O sueco Sven Gorän Eriksson, técnico da Inglaterra, tinha várias preocupações antes do Mundial, principalmente de ordem médica. No dia 10 de abril, David Beckham sofreu uma falta feia em um jogo do Manchester United e fraturou um osso metatarso do pé esquerdo (lesão semelhante à de Neymar em 2018) e se tornou dúvida para a Copa. Duas semanas depois, foi a vez do lateral Gary Neville, que sofreu a mesma lesão. Para completar, dez dias antes do início da Copa, o meio campista Danny Murphy teve a mesma fratura no amistoso entre Inglaterra e Coreia do Sul. Beckham fez uma terapia de reconstrução óssea (também aplicada em cavalos de corrida) e conseguiu se recuperar a tempo. Já os outros dois jogadores ficaram mesmo fora da lista final para o Mundial.

A seleção argentina era a grande favorita à conquista do Mundial de 2002. Estava invicta há quase dois anos e tinha quebrado o recorde de melhor campanha da história das eliminatórias sul-americanas. Se já não bastasse, contava com craques de nível mundial como Gabriel Batistuta, Hernán Crespo, Juan Sebastián Verón, Ariel Ortega, Javier Zanetti, Pablo Aimar e outros. O técnico Marcelo “Loco” Bielsa se deu ao luxo de desprezar Juan Román Riquelme, um dos melhores armadores das últimas décadas.

Claramente o Grupo F era o temido “Grupo da Morte”. A Argentina vinha de uma vitória tranquila por 1 a 0 sobre a Nigéria e precisava apenas de uma vitória para se garantir na próxima fase. A Inglaterra tinha empatado com a Suécia por 1 x 1 e precisava vencer.


A Inglaterra jogava no 4-4-2 ao seu estilo mais tradicional.


A Argentina atuava no 3-4-3 consagrado por Marcelo “Loco” Bielsa.

● A partida começou disputada, com muitas bolas divididas. A Argentina abusava das faltas duras no meio campo, impedindo a criação de jogadas do adversário.

Logo aos sete minutos, o lateral Juan Pablo Sorín invadiu a área pela esquerda, puxou a marcação e tocou de calcanhar para Kily González chutar forte de primeira, mas a bola saiu à esquerda do goleiro inglês David Seaman.

Apesar do domínio territorial argentino, quem esteve mais perto do gol foi o time inglês.

Aos 17′, Hargreaves driblou Javier Zanetti e lançou Michael Owen na entrada da grande área. O zagueiro Walter Samuel foi mais rápido e controlou bem a jogada.

Beckham era o mestre das bolas paradas inglesas, que levavam perigo a qualquer adversário, mas o jogador inglês mais temido era mesmo Michael Owen, o “Wonderkid” (“Garoto Maravilha”). Na Copa de 1998, ele já tinha infernizado a zaga argentina e feito um gol de placa, arrancando da intermediária e passando por dois adversários antes de finalizar.

Agora, aos 24 minutos ele apareceu pela primeira vez. Emile Heskey roubou a bola de Verón e Hargreaves fez um belo lançamento rasteiro, pegando Owen de frente para a defesa. Ele entrou na área e chutou rasteiro, cruzado. A bola foi na trave direita do goleiro Cavallero.

No minuto seguinte, a Argentina voltou a pressionar. Kily González cruzou e Gabriel Batistuta cabeceou para uma boa defesa de Seaman.

Aos 43′, Michael Owen mostrou que estava mesmo inspirado. Ele entrou na área pelo lado esquerdo e driblou Pochettino, que o derrubou. Collina assinalou pênalti. Beckham bateu forte, no meio do gol, fazendo o que seria o único gol do jogo.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

Enquanto isso, o técnico argentino “El Loco” Bielsa caminhava inquieto de um lado para outro no banco de reservas. No intervalo, ele trocou o burocrático Verón pelo arisco Pablo Aimar, que passou a ser a peça central em busca do empate.

O English Team manteve o ritmo na etapa final. Logo aos 4′, Paul Scholes chutou forte de fora da área, mas Cavallero defendeu bem.

Scholes era o principal responsável pela armação das jogadas no meio campo inglês. Ele fez lançamento longo para a área e o veterano Teddy Sheringham recebeu livre, emendando um sem-pulo que obrigou Cavallero a fazer uma defesa dificílima.

Com a vantagem, os britânicos passaram a jogar somente nos contra-ataques, aproveitando principalmente a precisão dos passes de Scholes e a velocidade de Trevor Sinclair (que tinha entrado no lugar do lesionado Hargreaves na primeira etapa).

A Argentina insistia em jogadas aéreas improdutivas. Quando a zaga inglesa não afastava, o goleiro Seaman pegava.

Aos 32′, a albiceleste perdeu sua melhor chance. Após a cobrança de um escanteio da direita, Mauricio Pochettino subiu mais que a zaga inglesa e cabeceou forte, no meio do gol. David Seaman fez uma grande defesa.

Mas a Argentina já estava sem forças para reagir.

Após o apito final, David Beckham foi quem mais comemorou a vitória, como uma espécie de vingança pessoal diante do que lhe aconteceu em 1998.

O resultado deixou os argentinos em situação delicada, precisando ganhar da Suécia para passar para a próxima fase.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

● Essa era a primeira vitória inglesa sobre a Argentina em Copas do Mundo desde 1966.

Era também o fim da invencibilidade de 18 jogos do técnico argentino Marcelo Bielsa. A última derrota dos portenhos havia sido no dia 26 de julho de 2000, pelas Eliminatórias, quando o Brasil venceu por 3 a 1.

A Inglaterra fez uma campanha digna. Empatou com a Suécia por 1 a 1, venceu a Argentina por 1 a 0 e empatou com a Nigéria por 0 a 0. Nas oitavas de final, fez um ótimo primeiro tempo e venceu a Dinamarca por 3 a 0. Nas quartas, parou no Brasil, com um show de Ronaldinho Gaúcho, e perdeu de virada por 2 a 1.

A Argentina acabou caindo mesmo na primeira fase. Após vencer a Nigéria por 1 a 0, perdeu para os ingleses por 1 a 0. No empate com a Suécia por 1 x 1, os argentinos não conseguiram a classificação mesmo com a ajuda da arbitragem no gol de empate. O juiz emiradense Ali Bujsaim não marcou uma falta clara em Henrik Larsson, deu um pênalti inexistente para os albicelestes e ainda ignorou o gol irregular de Hernán Crespo, que tinha invadido a área antes da cobrança, na sequência do lance. Ao final do jogo, os argentinos choraram a eliminação ainda em campo.

Curiosamente, juntamente com a delegação da seleção inglesa, viajou também um famoso cabeleireiro de Londes para acompanhar os atletas no Mundial: Scott Warren. Para atender a todos, ele veio acompanhado de mais três cabeleireiros de sua equipe. O único que não utilizou os serviços de Warren foi David Beckham, que tinha seu cabeleireiro particular, Aidan Phelan.


(Imagem: Getty Images / FIFA)

FICHA TÉCNICA:

 

INGLATERRA 1 x 0 ARGENTINA

 

Data: 07/06/2002

Horário: 20h30 locais

Estádio: Sapporo Dome

Público: 35.927

Cidade: Sapporo (Japão)

Árbitro: Pierluigi Collina (Itália)

 

INGLATERRA (4-4-2):

ARGENTINA (3-4-3):

1  David Seaman (G)

12 Pablo Cavallero (G)

2  Danny Mills

4  Mauricio Pochettino

5  Rio Ferdinand

6  Walter Samuel

6  Sol Campbell

13 Diego Placente

3  Ashley Cole

8  Javier Zanetti

21 Nicky Butt

14 Diego Simeone

18 Owen Hargreaves

11 Juan Sebastián Verón (C)

8  Paul Scholes

3  Juan Pablo Sorín

7  David Beckham (C)

10 Ariel Ortega

10 Michael Owen

9  Gabriel Batistuta

11 Emile Heskey

18 Kily González

 

Técnico: Sven-Göran Eriksson

Técnico: Marcelo “Loco” Bielsa

 

SUPLENTES:

 

 

13 Nigel Martyn (G)

23 Roberto Bonano (G)

22 David James (G)

1  Germán Burgos (G)

12 Wes Brown

2  Roberto Ayala

15 Martin Keown

22 José Chamot

16 Gareth Southgate

5  Matías Almeyda

14 Wayne Bridge

15 Claudio Husaín

4  Trevor Sinclair

20 Marcelo Gallardo

23 Kieron Dyer

16 Pablo Aimar

19 Joe Cole

17 Gustavo López

20 Darius Vassell

7  Claudio López

17 Teddy Sheringham

21 Claudio Caniggia

9  Robbie Fowler

19 Hernán Crespo

 

GOL: 44′ David Beckham (ING) (pen)

 

CARTÕES AMARELOS:

13′ Gabriel Batistuta (ARG)

29′ Ashley Cole (ING)

50′ Emile Heskey (ING)

 

SUBSTITUIÇÕES:

19′ Owen Hargreaves (ING) ↓

Trevor Sinclair (ING) ↑

 

INTERVALO Juan Sebastián Verón (ARG) ↓

Pablo Aimar (ARG) ↑

 

54′ Emile Heskey (ING) ↓

Teddy Sheringham (ING) ↑

 

60′ Gabriel Batistuta (ARG) ↓

Hernán Crespo (ARG) ↑

 

64′ Kily González (ARG) ↓

Claudio López (ARG) ↑

 

80′ Michael Owen (ING) ↓

Wayne Bridge (ING) ↑

Melhores momentos da partida:

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