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… 16/06/1938 – Itália 2 x 1 Brasil

Três pontos sobre…
… 16/06/1938 – Itália 2 x 1 Brasil


Piola passa pela defesa brasileira (Imagem: Pinterest)

● Nenhuma partida é fácil em uma Copa do Mundo. Em 1938, após a vitória na estreia sobre a Polônia por 6 a 5 na prorrogação, o Brasil enfrentou a Tchecoslováquia (vice-campeã da Copa anterior). Após um empate em 1 a 1, foi necessário o jogo desempate, vencido pelos brasileiros por 2 a 1. Nessa segunda partida, o técnico Ademar Pimenta escalou a equipe com nove alterações em relação à anterior. As exceções era o goleiro Walter e o centroavante Leônidas da Silva, que só foi escalado porque Niginho, seu reserva imediato, estava com a documentação irregular junto à FIFA.

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Por ironia do destino, Leônidas (já combalido pelos pontapés do primeiro embate contra os tchecos) se exauriu no jogo seguinte e não pôde jogar a semifinal contra a Itália. Por muito tempo Ademar Pimenta foi acusado de ter poupado Leônidas contra a Itália para resguardá-lo para a final, o que não é verdade, pois ele era imprescindível para todos os jogos.

Sem Leônidas e sem Tim (melhor da segunda partida contra os tchecos), o Brasil perdeu seu encanto e se tornou um time comum. Romeu, que era meia, foi improvisado como centroavante. A linha de frente do Brasil foi formada por Lopes, Luisinho, Romeu, Perácio e Patesko. Esse ataque nunca havia atuado junto.

Campeões em 1934, os italianos renovaram e fortaleceram toda a seleção, especialmente no ataque, com a entrada de Silvio Piola na equipe. Ele foi o melhor jogador da Copa de 1938, na qual anotou cinco gols.


A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécie de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.

O Brasil também atuava no “sistema clássico”, o 2-3-5. Com Romeu improvisado como centroavante, ninguém atuou fixo na área. Por mais que o ataque tenha tido mais mobilidade, pois outro lado, faltou presença física na área adversária.

● O jogo começa com as duas seleções pressionando as defesas contrárias. O Brasil esteve bem no primeiro tempo, com tabelas rápidas e dribles imprevisíveis no ataque, mas sem criar chances claras de gols. Em uma etapa equilibrada, as duas defesas se sobressaiam aos ataques. Mas a situação foi bem diferente no segundo tempo.

Logo aos seis minutos, na primeira vez que conseguiu escapar da marcação, o atacante Piola se antecipou a Domingos da Guia e tocou na esquerda para Gino Colaussi, livre para chutar forte e rasteiro, à esquerda do goleiro Walter e fazer 1 a 0.

A Seleção Brasileira correu atrás do empate, mas aos 15 minutos houve o lance capital da partida. Do meio campo, o árbitro suíço Hans Wüthrich flagrou uma agressão de Domingos sobre Piola dentro da área e assinalou pênalti. O zagueiro brasileiro aproveitou que a bola estava longe da área e, fora do lance, deu um chute no joelho do atacante, revidando as inúmeras provocações feitas pelo italiano. Domingos jura que a partida estava paralisada, mas a verdade é que, naquele momento, a defesa brasileira havia rebatido uma bola para o meio campo e o jogo estava em andamento.

“O jogo estava parado. Piola vinha na corrida e me atingiu com um pontapé, que eu revidei. Admitiria que o juiz fosse rigoroso comigo. Mas não podia prejudicar o time com o jogo parado.” — Domingos da Guia, em sua versão sobre o pênalti.

Domingos da Guia, considerado por muitos como o melhor e mais técnico zagueiro brasileiro da história, cometeu três pênaltis em quatro partidas na Copa de 1938. Neste sobre Piola, Domingos foi irresponsável.

Mesmo com protestos brasileiros, a penalidade foi ratificada. Na hora de bater o pênalti, o italiano Giuseppe Meazza resolveu amarrar melhor o calção, mas acabou rompendo o cordão. Assim, com a mão na cintura para segurar o calção, ele converteu o pênalti, no ângulo direito. Ao comemorar o gol, Meazza levantou os dois braços e deixou o calção cair, em uma cena hilária. Depois do gol, ele finalmente trocou a vestimenta para terminar a partida.

Depois do segundo gol, a Itália se retraiu. No fim da partida, Romeu fez uma bela jogada individual e tocou no canto de Olivieri, para diminuir o marcador. Mas insuficiente para levar o Brasil à sua primeira decisão de Copa.

A Itália chegava em sua segunda final consecutiva, como favorita.


A defesa brasileira rechaça um cruzamento italiano (Imagem: FIFA)

● Horas após o jogo, a Rádio Tupi soltou o furo de reportagem de que a partida seria anulada e disputada novamente, por causa do erro da arbitragem na marcação do pênalti. Mas não era verdade. O médico brasileiro Castello Branco realmente fez uma reclamação formal, mas a verdade é que a FIFA nunca considerou a possibilidade da anulação.

O Brasil estava tão confiante na vitória sobre a Itália, que já havia comprado as passagens aéreas de Marselha para Paris, onde seria a final da Copa. Depois da derrota, por pura raiva, os brasileiros se recusaram a ceder as passagens aos italianos, obrigando-os a fazer essa viagem de trem.

A qualidade técnica dos jogadores brasileiros era bastante apreciada pela torcida e pelos jornais franceses, mas não repercutia bem no resto do mundo. A pecha de “artistas da bola” não era vista como uma coisa boa, pois não resultava em títulos. Assim, o Brasil foi aplaudido pelo bom futebol que demonstrou, mas era criticado por ser frágil tática e psicologicamente. Com excessivas trocas de passes curtos e laterais, o ataque brasileiro era muito lento, permitindo o melhor posicionamento das equipes adversárias. Era um estilo bonito, mas não dava resultados em campo.

A imprensa brasileira também via os defeitos da Seleção. Segundo o jornal Sport Ilustrado, a Itália mereceu vencer, pois tinha jogado melhor e que o Brasil tinha tido “um ataque inoperante e sem energia e uma linha média parada e pouco combatida, salvando-se apenas a defesa”.

Brasil e Itália certamente foram as duas melhores equipes da competição. Pena que se encontraram na semifinal e não na decisão.

A polícia brasileira teve que intervir em algumas capitais, detendo várias pessoas raivosas e frustradas pela derrota para a Itália.

Com Leônidas da Silva de volta, o Brasil fez história na decisão do 3º lugar. Após sair perdendo por 2 a 0, a Seleção virou o placar para 4 a 2 e fez a sua melhor campanha em Copas até então. Essa foi a maior virada do Brasil em uma Copa até hoje.

Leônidas da Silva foi o artilheiro do certame com sete gols, sendo o único brasileiro a marcar gols em todas as partidas que disputou em Copas (fez um gol também em 1934).

Aproveitando-se da popularidade de Leônidas, a Lacta lançou a barra de chocolate “Diamante Negro”, em referência ao apelido que o craque tinha recebido dos uruguaios em 1932.


Cumprimentos iniciais entre os capitães Martim Silveira e Giuseppe Meazza (Imagem: Pinterest)

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 2 x 1 BRASIL

 

Data: 16/06/1938

Horário: 18h00 locais

Estádio: Vélodrome

Público: 33.000

Cidade: Marselha (França)

Árbitro: Hans Wüthrich (Suíça)

 

ITÁLIA (2-3-5):

BRASIL (2-3-5):

Aldo Olivieri (G)

Walter (G)

Alfredo Foni

Domingos da Guia

Pietro Rava

Machado

Pietro Serantoni

Zezé Procópio

Michele Andreolo

Martim Silveira (C)

Ugo Locatelli

Afonsinho

Amedeo Biavati

Lopes

Giuseppe Meazza (C)

Luisinho Mesquita de Oliveira

Silvio Piola

Romeu Pellicciari

Giovanni Ferrari

Perácio

Gino Colaussi

Patesko

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Ademar Pimenta

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

Batatais (G)

Carlo Ceresoli (G)

Jaú

Eraldo Monzeglio

Nariz

Bruno Chizzo

Britto

Aldo Donati

Brandão

Renato Olmi

Argemiro

Mario Genta

Roberto

Mario Perazzolo

Niginho

Sergio Bertoni

Leônidas da Silva

Pietro Ferraris

Tim

Pietro Pasinati

Hércules

 

GOLS:

51′ Gino Colaussi (ITA)

60′ Giuseppe Meazza (ITA) (pen)

87′ Romeu Pellicciari (BRA) 

Lances da partida:

… 10/06/1934 – Itália 2 x 1 Tchecoslováquia

Três pontos sobre…
… 10/06/1934 – Itália 2 x 1 Tchecoslováquia


Jogadores italianos fazem saudação fascista antes da final (Imagem: FIFA)

● A Itália de Benito Mussolini lutava para deixar a marca do regime fascista no mundo e a Copa era um meio de alcançar esse objetivo. Jogando em casa, o Duce queria a Itália campeã a qualquer custo e abriu as portas para descendentes de italianos que se dispusessem a defender a Azzurra. Eram os chamados “oriundi“. Com isso, cinco jogadores nascidos fora da Velha Bota se sagraram campeões do mundo em 1934: o centromédio Luisito Monti (argentino vice-campeão da Copa de 1930), o atacante Attilio Demaría (argentino que também jogou a Copa anterior), o ponta direita Enrique Guaita (argentino), o ponta esquerda Raimundo Orsi (argentino) e o ponta direita Anfilogino Guarisi (brasileiro). Nascido em São Paulo e revelado pela Portuguesa, Amphilóquio Guarisi Marques, Filó, teve destaque no Corinthians e na Lazio e se tornou o primeiro brasileiro campeão do mundo, mesmo atuando apenas no jogo de estreia.

Diz a lenda que antes da final contra a Tchecoslováquia, o alto escalão da FIFA e o árbitro sueco Ivan Eklind (que já havia apitado a semifinal entre italianos e austríacos) foram convidados a jantar com Mussolini. O encontro nunca foi oficialmente confirmado, mas antes da partida, Eklind e os dois auxiliares (Louis Baert, belga, e Mihaly Ivancsis, húngaro) fizeram a saudação fascista ao Duce, que assistia à partida na tribuna de honra. Na hora, poucos estranharam. Mas em campo, a arbitragem usou a sua arma para aniquilar qualquer pretensão dos tchecos: o apito.

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O retrospecto anterior já credenciava a Itália como favorita ao título. As duas seleções se enfrentaram em um amistoso em 03/05/1929, com vitória dos italianos por 4 a 2. Desde essa data até o início do mundial, a Itália entrou em campo 32 vezes, com 20 vitórias, 6 empates e 6 derrotas, 79 gols marcados e 38 sofridos. Já os tchecos, em 41 jogos, venceram 17 vezes, com 11 empates e 13 revezes, marcando 83 gols e sofrendo 72.

Para chegar à final, os tchecos tinham vencido a Romênia (2 a 1), a Suíça (3 a 2) e a Alemanha (3 a 1).

Já a Itália, passou pelos Estados Unidos (7 a 1) e pela fortíssima Espanha (em duas partidas, 1 a 1 na primeira e 1 a 0 no jogo desempate), além de bater a boa seleção da Áustria (apelidada de Wunderteam, “time maravilha”) na semifinal por 1 a 0.

A Itália jogava em uma adaptação do sistema 2-3-5 chamada “Metodo”, que consistia no ligeiro recuo de dois atacantes, deixando o ataque em uma espécie de “W”, com dois meia-atacantes, dois pontas bem abertos e um centroavante.


A Tchecoslováquia jogava em uma adaptação do 2-3-5 chamada “Sistema Danubiano”, que consistia na maior aproximação dos homens do ataque, com muitas tabelas e toques rápidos.

● Um fato raro: os capitães de ambas as equipes eram os goleiros: Giampiero Combi (Itália) e František Plánička (Tchecoslováquia). E foram eles os destaques do primeiro tempo, com várias defesas difíceis, impedindo os gols adversários. Plánička teve que se esforçar mais. Mas a melhor oportunidade foi dos tchecos, com uma bola na trave. A Itália tinha maior velocidade, enquanto a Tchecoslováquia tinha um melhor toque de bola.

A partida continuou equilibrada até os 31 minutos da etapa final, quando Jiří Sobotka avançou e tocou para Antonín Puč, na esquerda do ataque. O ponta chutou de primeira, no canto direito, surpreendendo o goleiro Combi, que não conseguiu chegar na bola. Curiosamente, Puč havia sofrido uma contusão e deixado o campo para ser atendido três minutos antes. Em seu primeiro toque na bola após retornar ao gramado, ele abriu o placar.

Faltando pouco tempo para acabar a partida, o desespero tomou conta dos 55 mil torcedores no estádio romano. Quase piorou quando František Svoboda chutou uma bola na trave.

Mas logo depois, aos 36 minutos, Giovanni Ferrari dominou a bola no peito e tocou para Raimundo Orsi. De costas para o gol, ele girou em torno de Josef Košťálek e chutou com efeito, no canto direito de Plánička, empatando a decisão. Os tchecos reclamaram de irregularidade, alegando que Ferrari tinha dominado a bola com o braço, mas o árbitro confirmou o gol após consultar o auxiliar. E o empate forçou a prorrogação da final.

Durante o período de descanso, os torcedores estavam apreensivos com um eventual desgaste do time. Os anfitriões, além de terem uma média de idade em torno dos 30 anos, haviam jogado 120 minutos a mais que o adversário, devido ao duríssimo jogo desempate com a Espanha nas quartas de final. Mas foi nesse momento que valeu a pena o período de três meses de treino intenso na Suíça, obtido graças a insistência do técnico Vittorio Pozzo.

Os italianos mostraram mais preparo físico que o adversário e conseguiram virar o marcador logo aos cinco minutos, quando Giuseppe Meazza ergueu a bola na área, Enrique Guaita dominou e a ela sobrou mansa para Angelo Schiavio, que chutou a gol. A finalização acabou prensada em um zagueiro e a bola encobriu Plánička. 2 a 1, de virada.

Os italianos se trancaram na defesa e os tchecos não mostraram forças para reagir.

Ao fim do tempo extra, a Itália se sagrou campeã do mundo.


Italianos festejam o título (Imagem: FIFA)

● O grande craque da Copa foi Giuseppe Meazza, de apenas 23 anos. Nascido em 23/08/1910, ele iniciou a carreira aos 17 anos, na Ambrosiana (atual Inter de Milão) e estreou na seleção aos 20 anos. Pela Azzurra, marcou 33 gols em 53 jogos. Era o maior artilheiro da seleção até os anos 1970, quando foi ultrapassado por Luigi Riva.

Além da Taça Jules Rimet, os campeões do mundo foram agraciados com medalhas de bronze estampadas com a efígie de Mussolini, entregues aos jogadores no gramado pelo próprio ditador.

Diversas fontes afirmam que esse resultado salvou a vida de jogadores e comissão técnica, pois seria difícil aplacar um provável e mortal acesso de ira de Benito Mussolini em uma eventual derrota.

Todos temiam ao Duce. Após o título, o técnico Vittorio Pozzo fez uma declaração cheia de apologias ao regime fascista, ao comentar sobre os adversários:

“A partida mais difícil de todas foi contra a Espanha. Precisamos passar por 210 minutos de jogo para vencer. Nenhum outro time nos exigiu tanto. Com tal valor se comportaram os espanhóis naquelas duas partidas em Florença, que foram necessários homens de têmpera especial para batê-los, homens fortes e confiantes como só o fascismo pode criar.”

FICHA TÉCNICA:

 

ITÁLIA 2 x 1 TCHECOSLOVÁQUIA

 

Data: 10/06/1934

Horário: 17h00 locais

Estádio: Nazionale PNF

Público: 55.000

Cidade: Roma (Itália)

Árbitro: Ivan Eklind (Suécia)

 

ITÁLIA (2-3-5):

TCHECOSLOVÁQUIA (2-3-5):

Giampiero Combi (G)(C)

František Plánička (G)(C)

Eraldo Monzeglio

Ladislav Ženíšek

Luigi Allemandi

Josef Čtyřoký

Luigi Bertolini

Josef Košťálek

Luis Monti

Štefan Čambal

Attilio Ferraris IV

Rudolf Krčil

Enrique Guaita

František Junek

Giuseppe Meazza

František Svoboda

Angelo Schiavio

Jiří Sobotka

Giovanni Ferrari

Oldřich Nejedlý

Raimundo Orsi

Antonín Puč

 

Técnico: Vittorio Pozzo

Técnico: Karel Petrů

 

SUPLENTES:

 

 

Guido Masetti (G)

Ehrenfried Patzel (G)

Giuseppe Cavanna (G)

Jaroslav Burgr

Umberto Caligaris

Ferdinand Daučík

Virginio Rosetta

Jaroslav Bouček

Armando Castellazzi

Vlastimil Kopecký

Mario Pizziolo

Adolf Šimperský

Mario Varglien I

Erich Srbek

Pietro Arcari

František Šterc

Felice Borel II

Antonín Vodička

Anfilogino Guarisi

Géza Kalocsay

Attilio Demaría

Josef Silný

 

GOLS:

76′ Antonín Puč (TCH)

81′ Raymundo Orsi (ITA)

95′ Angelo Schiavio (ITA) 

Lances e gols da final:

… 02/06/1962 – Chile 2 x 0 Itália

Três pontos sobre…
… 02/06/1962 – Chile 2 x 0 Itália

A “Batalha de Santiago”

(Imagem: BBC)

● O Chile foi escolhido para ser sede da Copa do Mundo de 1962, apesar de todas as deficiências na infraestrutura, acentuadas por um terremoto no sul do país, que atingiu 9,5 graus na escala Richter a dois anos da competição. Liderado pelo dirigente Carlos Dittborn, o lema do país era: “Porque não temos nada, daremos tudo”.

Os anfitriões não tinham um bom histórico em Copas e foram sorteados para um grupo difícil na primeira fase, com Itália, Alemanha Ocidental e Suíça. Na primeira partida, os chilenos venceram a Suíça por 3 x 1, enquanto alemães e italianos empataram sem gols. Assim, na partida seguinte a Itália deveria vencer os anfitriões, senão correria sérios riscos de uma eliminação precoce.

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Durante a candidatura do Chile para sediar o torneio, os jornalistas italianos Antonio Ghirelli e Corrado Pizzinelli escreveram sobre a situação precária de Santiago. Essa matéria provocou indignação em toda a imprensa chilena e foi reproduzida no jornal El Mercurio dias antes da partida entre as duas seleções, deixando ainda mais pesado o clima.

Cientes que a partida seria duríssima, os jogadores italianos entraram em campo jogando flores brancas para a torcida local, com a intenção de amenizar um pouco os ânimos. Porém, como repúdio, a torcida atirou de volta as flores em cima dos italianos. Diz a lenda que Omar Sívori se negou a jogar essa partida já prevendo o clima de guerra.

A Itália (como quase sempre) contava com uma força estrangeira: além dos bons argentinos Sívori e Maschio (que inclusive disputaram a Copa América de 1957 pelo seu país natal), foi reforçada pelos brasileiros Sormani e Altafini, o “nosso” Mazzola, campeão do mundo pelo Brasil em 1958.

  Tanto Chile quanto Itália jogavam no sistema 4-2-4, mas com estrutura diferente, como podemos observar nos esquemáticos

● Assim que a partida começou, rapidamente ficou claro o estilo de jogo das duas equipes: forte e violenta marcação. A primeira falta foi aos 12 segundos de jogo e desde o início os chilenos saíam em bloco para cercar o juiz, reclamando de tudo. Ainda aos 7 minutos, Toro deu um chute em Mora e levou o troco de Ferrini, mas apenas Ferrini foi expulso. Ele se negou a abandonar o gramado e teve que ser retirado pela polícia.

Pouco depois, foi Landa que cometeu uma falta forte, mas não foi advertido pelo árbitro. O jogo passou a ficar travado a medida que a cada falta os jogadores se embolavam, discutindo e se agredindo.

Aos 38 minutos houve a jogada mais marcante. Leonel Sánchez dribla rumo à ponta esquerda, quando é derrubado por David, que o chuta repetidamente no chão. Sánchez levanta e lhe dá um soco, quebrando o nariz do italiano, mas a arbitragem foi condescendente com ambos. Minutos depois, David se vingou, dando uma voadora no pescoço de Sánchez e foi imediatamente expulso pelo juiz.

Com tudo isso, o primeiro tempo durou 72 minutos.

No segundo tempo e com dois jogadores a mais, o Chile foi superior. Mas só abriu o placar aos 28 minutos, quando Rojas cobriu uma falta da intermediária, o goleiro rebateu e Ramírez encobriu dois defensores com uma cabeçada. Um minuto depois, Landa teve um gol anulado por impedimento.

Mas a três minutos do fim, Toro recebe na intermediária e chuta forte no canto esquerdo do goleiro, ampliando o marcador.


(Imagem: Dailly Mirror)

● Com a vitória, o Chile estava classificado e a Itália precisava de um milagre. Mas a Itália seria eliminada mesmo vencendo a Suíça por 3 x 0, já que os alemães venceram os chilenos por 2 x 0.

Na sequência, o Chile ainda venceria a União Soviética (2 x 1) nas quartas de final. Nas semifinais, não foi páreo para o Brasil, liderado por um endiabrado Garrincha e perdeu por 4 x 2. Na decisão do 3º lugar, o chile “deu tudo de si” e venceu a Iugoslávia por 1 a 0.

O árbitro inglês Kenneth “Ken” Aston foi mundialmente criticado por favorecer os chilenos. Aston reconheceu depois que teve uma má atuação, mas se justificou: “Eu não estava apitando uma partida de futebol; estava atuando com um juiz em um conflito militar”. Ele ainda afirmou que pensou em suspender a partida, mas temeu a reação do público. Depois dessa partida, ele encerrou a carreira. Não por causa do jogo, e sim por uma lesão muscular. Posteriormente, ele foi nomeado diretor de arbitragem da FIFA e acabou responsável pela escala de árbitros da Copa de 1966. Em 1967, para melhorar a comunicação entre árbitros e jogadores, ele criou os cartões amarelo e vermelho, hoje indispensáveis no futebol.

Com certeza foi a partida mais violenta da história das Copas. Ficou conhecida como a “Batalha de Santiago”.

FICHA TÉCNICA:

 

CHILE 2 x 0 ITÁLIA

 

Data: 02/06/1962

Horário: 15h00 locais

Estádio: Nacional

Público: 66.057

Cidade: Santiago (Chile)

Árbitro: Ken Aston (Inglaterra)

 

CHILE (4-2-4):

ITÁLIA (4-2-4):

1 Misael Escuti (G)

12 Carlo Mattrel (G)

2  Luis Eyzaguirre

19 Francesco Janich

3  Raúl Sánchez

18 Mario David

4 Sergio Navarro (C)

16 Enzo Robotti

5 Carlos Contreras

20 Paride Tumburus

6  Eladio Rojas

4 Sandro Salvadore

7  Jaime Ramírez

21 Giorgio Ferrini

8  Jorge Toro

8 Humberto Maschio

9  Honorino Landa

9  José Altafini

10 Alberto Fouilloux

7  Bruno Mora (C)

11 Leonel Sánchez

11 Giampaolo Menichelli

 

Técnico: Fernando Riera

Técnicos: Paolo Mazza / Giovanni Ferrari

 

SUPLENTES:

 

 

12 Adán Godoy (G)

1  Lorenzo Buffon (G)

22 Manuel Astorga (G)

13 Enrico Albertosi (G)

13 Sergio Valdés

2  Giacomo Losi

14 Hugo Lepe

5  Cesare Maldini

15 Manuel Rodríguez

6  Giovanni Trapattoni

16 Humberto Cruz

3  Luigi Radice

17 Mario Ortiz

22 Giacomo Bulgarelli

18 Mario Moreno

14 Gianni Rivera

19 Braulio Musso

10 Omar Sívori

20 Carlos Campos Silva

15 Angelo Sormani

21 Armando Tobar

17 Ezio Pascutti

 

GOLS:

73′ Jaime Ramírez (CHI)

87′ Jorge Toro (CHI)

 

EXPULSÕES:

8′ Giorgio Ferrini (ITA)

41′ Mario David (ITA)

Melhores momentos da partida, a partir de 0:56:

Jogo completo:

… Roberto Baggio: muito mais do que um pênalti perdido, “um fantástico 9 e meio”

Três pontos sobre…
… Roberto Baggio: muito mais do que um pênalti perdido, “um fantástico 9 e meio”


(Imagem localizada no Google)

● Incrível como um único fato pode mudar a história e a forma como ela se propaga. Um dos recordistas mundiais em aproveitamento de cobranças de pênalti ¹* perdeu o pênalti decisivo de sua seleção em plena final de Copa do Mundo.

Baggio ficou marcado como um “amarelão”, que arregou em plena final. Justo Ele!

Me lembro como se fosse hoje. Eu era uma criança de oito anos, assistindo a minha primeira Copa do Mundo (Copa essa que me fez apaixonar pelo futebol e acabou moldando toda minha vida). Essa Copa foi prolífica em craques, como Diego Armando Maradona, Gabriel Batistuta, Romário, Lothar Matthäus, Gheorghe Hagi, Hristo Stoichkov, Carlos Valderrama, Dennis Bergkamp e outros. Mas Ele se destacava.

Roberto Baggio chegou para a Copa como o melhor jogador do mundo eleito pela FIFA e Bola de Ouro no ano de 1993. Em gramados americanos, “comeu” a bola. Estava no seu auge técnico.

Começou o torneio não muito bem, assim como toda sua seleção. Mas valeu a pena esperar as oitavas de final. A dois minutos do fim, a Nigéria vencia a Itália por 1 a 0, mas Roberto empatou e, na prorrogação, virou o jogo. Nas quartas de final, também aos 43 minutos do segundo tempo, anotou o tento decisivo para eliminar a Espanha. Nas semifinais, foi o dono do jogo, com dois gols entre os 21 e 25 minutos de jogo, que deram a vitória sobre a forte Bulgária por 2 a 1, mas saiu de campo lesionado aos 26 minutos do segundo tempo.

● Assim, o que poucos sabem é que ele foi jogar a final no sacrifício, sempre precisando tirar o pé e não conseguindo dar seus dribles e suas arrancadas características.

Na final, o Brasil jogou melhor, mas eram dois times muito equilibrados e mereceram estar na decisão.

A cada vez que Ele pegava na bola e o Galvão Bueno falava o nome Dele, eu tremia. “Roberto Baggio” era o que a Azzurra podia ter de melhor e ele me dava medo. Já tínhamos visto ele fazer de tudo nessa Copa. Já no fim da prorrogação, em uma tabela com Massaro, Baggio teve sua única chance clara de gol, mas chutou em cima de Taffarel.

Após 120 minutos sem gols, tivemos a primeira decisão por pênaltis na história das Copas. Na primeira cobrança, outro gênio da bola atormentado por uma contusão chutou nos céus: o capitão Franco Baresi. No primeiro jogo da Itália, Baresi lesionou seriamente o joelho e teve que passar por artroscopia. Estava fora da Copa? Não! Se recuperou em tempo recorde para disputar a final, se destacando em marcação duríssima sobre Romário. Pena que justo Baresi tenha errado a cobrança inaugural.

Márcio Santos também errou. Depois, todos marcaram: Demetrio Albertini, Romário, Alberigo Evani e Branco. Daniele Massaro parou nas mãos de Taffarel. Dunga marcou.

Caberia a Roberto Baggio, marcar e deixar a Itália ainda viva na final. Se ele marcasse, o Brasil teria ainda outra chance de ser campeão, com a cobrança de Bebeto.

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● Em 21 anos de carreira, Baggio bateu 159 pênaltis, convertendo 141 e falhando em apenas 18, ou seja, tem aproveitamento de quase 89% ¹*. Todos tinham certeza de que “Il Codino Divino” (seu apelido, algo como “O Rabo de Cavalo Divino”) converteria o pênalti. Até eu, no alto dos meus oito anos de experiência de vida tinha certeza de que o gol sairia. Mas um somatório de coisas o fizeram errar: a lesão na partida anterior, os 120 minutos jogando no sacrifício no sol de Pasadena, a pressão de ser um pênalti decisivo e, talvez, até a autoconfiança excessiva. Qualquer um poderia perder, menos Ele. É uma das maiores injustiças da história da bola.

Perdeu o pênalti e o Brasil foi campeão. Mas isso não é nada perto de sua brilhante carreira. venceu pouquíssimos títulos como jogador, mas será sempre lembrado pela incrível habilidade, pelas jogadas de efeito e pelos muitos gols marcados, sendo ídolo por onde passou e um mito no futebol mundial. Certamente se não fossem as lesões, Baggio seria ainda maior do que é. Era brilhante tanto como meia (camisa 10), quanto como atacante (camisa 9), que certa vez o craque francês Michel Platini disse que “Baggio é um fantástico ‘9 e meio’.

Era um fantasista e rebelde ao mesmo tempo. Se tornou inimigo público de técnicos vencedores como Arrigo Sacchi, Fabio Capello e Marcelo Lippi, pois enquanto esses eram obcecados pela disciplina tática e marcação sob pressão por todo o campo, Baggio queria apenas jogar. Dizia que o talento se sobrepõe a qualquer obediência tática.

Talento nunca o faltou.

¹* Estatísticas segundo o site “http://www.robertobaggio.org/english/statistics.html

… Roberto Baggio: 50 anos de um gênio

Três pontos sobre…
… Roberto Baggio: 50 anos de um gênio


(Imagem localizada no Google)

● Nascido em Caldogno, na região de Vicenza, no norte da Itália, era um dos oito filhos de Matilde e Fiorindo Baggio. Todos os dias, quando Roberto saía da escola, ia jogar bola. Seus amigos sempre lhe avisavam quando avistavam o Sr. Fiorindo, e o “bambino” saía correndo e se escondia no meio do mato ou em cima das árvores. Desde sempre ele preferiu pedir perdão do que permissão. Se enveredou de vez pelo futebol logo aos 13 anos, no clube de mesmo nome da sua cidade natal. Na temporada 1982/83, estreou como profissional com apenas 15 anos, jogando pelo Vicenza na Serie C1 italiana, onde já se destacava.

Após três temporadas, aportou na Fiorentina, para jogar a Serie A, bem no auge histórico da competição na “Velha Bota”. Chegou como uma pedra preciosa bruta, pronta para ser lapidada, e alcançou a equipe principal na temporada 1987/88. Diversas graves lesões o atrapalharam em seu início, incluindo uma cirurgia delicada no joelho esquerdo, em que foram necessários mais de 200 pontos para costurar a região. Ele era católico desde sempre, mas nesse período difícil de sua vida, conheceu, ficou encantado e se converteu ao budismo. Sua mãe chegou a dizer, em vão, que preferia que ele parasse de jogar do que se tornasse budista. Roberto virou ídolo da “Viola”, onde esteve por cinco temporadas. Chegou à final da Copa da UEFA de 1990, mas foi derrotado pela forte Juventus.

Após perder essa final, Baggio foi vendido para a própria Juventus, mesmo contra a sua vontade, pelo valor recorde na época US$ 13,6 milhões. Mas seu carinho pela Fiorentina era tão grande que no primeiro jogo pela Juve contra a Viola, ainda em 1990, se recusou a bater um pênalti e explicou: “Meu coração sempre será violeta”, beijando em lágrimas um cachecol jogado por um torcedor da Fiorentina.

Mas sua genialidade logo o fez se virar lenda também em Turim. Depois de dois anos bons, mas sem resultados significativos, Baggio se tornou capitão da “Vecchia Signora” na temporada 1992/93. Foi uma temporada estupenda, em que conquistou a Copa da UEFA, além de ter sido eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA e a Bola de Ouro do ano de 1993.

Após a fatídica final da Copa de 1994, Baggio continuou brilhando, sendo destaque na conquista da dobradinha em 1994/95, com o título da Coppa Italia e o Scudetto. Perdeu a final da Copa da UEFA para um ótimo time do Parma, mas nada que desfizesse a temporada perfeita.

Por intervenção do poderoso Silvio Berlusconi, o Milan contratou o craque para a temporada seguinte. Ele perdeu a chance de conquistar a UEFA Champions League pela Juve (que venceu justamente no ano da sua saída), mas ganhou o Campeonato Italiano pelo Milan, chegando ao feito raro de ser bicampeão nacional por duas equipes diferentes (dois grandes rivais). No ano seguinte, por implicância do técnico Arrigo Sacchi, passou a ser reserva e logo saiu do time.

Foi brilhar no pequeno Bologna em 1997/98, marcando incríveis 22 gols na temporada, o que lhe valeu a convocação para a Copa de 1998 e a transferência para a Internazionale. Novamente em Milão, Baggio completou a “tríade”, atuando pelos três gigantes italianos (outro feito raro), mas não teve grande destaque, sendo constantemente atrapalhado por contusões, além de atritos com o técnico Marcelo Lippi.

Na temporada 2000/2001, ele se transferiu para seu último clube, o pequeno Brescia. Novamente ele brilhou, fazendo sua equipe terminar na sétima posição do Calcio. No Brescia, Baggio chegou a 300 gols na carreira (é o terceiro italiano a atingir essa marca, após Silvio Piola, com 364, e Giuseppe Meazza, com 338 – ambos mais de 50 anos antes). Em 2004, seu último ano, marcou o 200º gol na Serie A, ajudando seu time a escapar do rebaixamento. Sua despedida foi no estádio San Siro, contra o Milan, sendo aplaudido de pé por 80 mil torcedores quando foi substituído a dois minutos do fim. É considerado o maior ídolo da história do Brescia, que aposentou a camisa 10 em sua homenagem. Encerrou a carreira com 205 gols em 452 jogos pelo Campeonato Italiano.

● Foi convocado para a seleção italiana pela primeira vez em 1988, em sua primeira grande temporada pela Fiorentina.

Começou no banco de reservas na sua primeira Copa do Mundo, em casa, em 1990. Marcou o gol mais lindo do torneio, ao driblar meio time da Tchecoslováquia, na vitória por 2 a 0. Mesmo com Baggio começando a encantar o mundo, o favoritismo italiano parou nos pênaltis, nas mãos do goleiro argentino Sergio Goycoechea. A Itália terminaria em terceiro, vencendo a Inglaterra por 2 a 1, com um gol do craque.

Não conseguiu ajudar seu país a se classificar para a Eurocopa de 1992, caindo para a União Soviética.

Chegou como melhor jogador do mundo na Copa de 1994 e era o líder técnico de uma Itália talentosa, com ícones como Gianluca Pagliuca, Paolo Maldini, Franco Baresi, Dino Baggio, Roberto Donadoni, dentre outros. Após uma primeira fase bastante criticada (uma vitória, um empate e uma derrota, se classificando como terceira colocada no grupo), a Azzurra e o próprio “RB10” começou a desencantar, ao despachar a Nigéria por 2 a 1 na prorrogação, com dois gols dele. Já nas quartas de final, ele fez o gol decisivo de um 2 x 1 em cima da Espanha. Nas semifinais, logo no primeiro tempo Baggio destruiu os sonhos da Bulgária com dois gols, venceu por 2 a 1, se classificando para a final. O problema foi que ele sentiu uma contusão, sendo substituído aos 26 minutos do segundo tempo.

Na decisão, Baggio jogou no sacrifício (falaremos amanhã sobre isso). Após um 0 x 0 persistente nos 90 minutos e na prorrogação, nos pênaltis a Itália perdeu para o Brasil por 3 a 2, com Roberto isolando a bola na cobrança decisiva.

Não foi convocado para a Euro 1996 e chegou como reserva na Copa de 1998. Perdeu a camisa 10 para o novo xodó, Alessandro Del Piero, mas permaneceu importante para sua seleção. Fez dois gols na competição, se tornando o primeiro e único jogador italiano a marcar gols em três edições de Copa do Mundo diferentes. Nas quartas de final, a Itália foi eliminada para a anfitriã França nos pênaltis (mas dessa vez Roberto converteu). Foi a terceira Copa do craque e em todas viu seu país ser eliminado nos pênaltis.

Não foi convocado para a Eurocopa de 2000. Na época da convocação para a Copa de 2002, seu nome era especulado, mas uma lesão o impediu de sequer ter seu nome lembrado na lista. Nova especulação houve nas convocações para a Euro e até para os Jogos Olímpicos de 2004, mas não foi lembrado. Se despediu da Azzurra em um amistoso contra a Espanha em abril de 2004.

Feitos e premiações de Roberto Baggio:

Pela seleção da Itália:
– Vice-campeão da Copa do Mundo de 1994.
– 3º lugar na Copa do Mundo de 1990.

Pela Juventus:
– Campeão da Copa da UEFA em 1992/93.
– Vice-campeão da Copa da UEFA em 1994/95.
– Campeão do Campeonato Italiano Serie A em 1994/95.
– Campeão da Coppa Italia em 1994/95.

Pelo Milan:
– Campeão do Campeonato Italiano Serie A em 1995/96.
– Vice-campeão da Supercopa Italiana em 1996.

Pela Fiorentina:
– Vice-campeão da Copa da UEFA em 1989/90.

Distinções e premiações individuais:
– Artilheiro da Recopa Europeia em 1990/91 (9 gols).
– Bola de Ouro da revista France Football como melhor jogador do ano de 1993 (foi também o 2º mais votado em 1994 e o 8º em 1990).
– Melhor jogador do mundo pela FIFA no ano de 1993 (foi também o 3º mais votado em 1994 e o 5º em 1995).
– Onze d’Or como melhor jogador do mundo pela revista francesa Onze Mondial no ano de 1993 (foi também o 3º mais votado em 1994 e o 2º em 1995).
– Melhor jogador do mundo pela revista inglesa World Soccer no ano de 1993.
– Melhor jogador do mundo pela revista espanhola Don Balón no ano de 1994.
– Eleito para a seleção da Copa do Mundo de 1994.
– Bola de Prata (2º melhor jogador) da Copa do Mundo de 1994.
– Eleito pela FIFA para o Dream Team das Copas do Mundo em 2002.
– Nomeado para a lista “FIFA 100” (feita por Pelé, onde constam os 125 melhores jogadores da história que até então estavam vivos em 2004).
– Eleito o 24º melhor jogador no Jubileu de Ouro da UEFA em 2004.
– Eleito o 16º melhor jogador do mundo no Século XX pela revista inglesa World Soccer em 1999.
– Eleito o 24º melhor jogador do mundo no Século XX pela revista Placar em 2005.
– Eleito o 27º melhor entre os 50 melhores jogadores do mundo no Século XX pela revista italiana Guerin Sportivo em 1999.
– Eleito o 53º melhor jogador europeu do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 9º melhor jogador italiano do Século XX pela IFFHS em 1999.
– Eleito o 4º melhor jogador no Super Onze d’Or em 1995.
– Eleito para a Seleção Italiana do Século XX (Azzuri Team of The Century) em 2000.
– Eleito jogador italiano do Século XX em 2000.
– Eleito para o Top-100 dos jogadores de todos os tempos pela Associação dos Estatísticos do Futebol em 2007.
– Prêmio Planète Foot’s dos 50 melhores jogadores do mundo em 1996.
– Nomeado para o Hall da Fama do futebol italiano na categoria jogador nacional em 2011.
– Nomeado para o Hall da Fama do esporte italiano na categoria de lenda em 2015.
– Prêmio Golden Foot em 2003.
– Trofeo Bravo como melhor jogador europeu sub-23 de 1990.
– Prêmio Guerin d’oro como melhor jogador da Serie A de 2001.
– Prêmio Guerin d’oro como melhor jogador da Serie C1 de 1985.
– Prêmio Guerin d’oro eleito pelos torcedores como melhor jogador do Milan em 1996.
– Prêmio Guerin d’oro eleito pelos torcedores como melhor jogador do Brescia em 2001.
– Prêmio Giuseppe Prisco em 2004.
– Prêmio Nacional de Carreira Exemplar Gaetano Scirea em 2001.
– Oscar do Calcio como jogador mais amado pelos torcedores em 2002.
– Prêmio Oscar do Calcio em 2001.
– Eleito para o FIFA XI em 2000 e 2002.
– Nomeado para o Hall da Fama do Milan.
– Eleito para a Fiorentina de todos os tempos.
– Nomeado para Top-50 da Juventus.
– Prêmio Gentleman di Platino em 2015.
– Ordem do Mérito da República Italiana por iniciativa do Presidente da República em 30/09/1991.
– Prêmio pela Paz Mundial em 12/11/2010.
– Embaixador da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) desde 2002.

(Imagem: Calciopédia)

… Gigi Riva: o “Estouro do Trovão”

Três pontos sobre…
… Gigi Riva: o “Estouro do Trovão”


(Imagem localizada no Google)

● Luigi Riva nasceu em 07/11/1944, no vilarejo de Leggiuno, na província de Varese, localizado na região da Lombardia, norte da Itália. Foi concebido em uma família humilde. Sua mãe, Edis, era dona de casa e seu pai, Ugo, foi cabeleireiro e alfaiate. O menino perdeu o pai aos nove anos, em um acidente de trabalho em uma fábrica, quando um pedaço de metal se soltou de uma máquina e perfurou sua barriga. Sua mãe passou a trabalhar na indústria têxtil e complementava seus ganhos como faxineira. Luigi foi enviado para o colégio interno, mas sempre fugia dizendo que os pobres eram humilhados na instituição. Sua mãe morreu quando ele tinha 16 anos. Teve que cuidar sozinho das duas irmãs mais novas. Esse fato lhe acendeu a vontade, ou melhor, a necessidade de vencer: o salário de eletricista não bastava e ele complementava jogando pelo Laveno Mombello (1960-1962), uma equipe amadora, ganhando 3 dólares por partida, desde que vencesse o jogo. Apesar de seus esforços, uma das irmãs faleceu de leucemia e a outra ficou paralítica após um acidente automobilístico. Gigi nunca deixou transparecer seus problemas pessoais e, pela sua introspecção, ganhou também o apelido de “Homem do Lago”, já que também gostava de pescar às margens do Lago Maggiore.

Só pôde se dedicar exclusivamente ao esporte na temporada de 1962/63, quando foi aceito no time do Legnano, equipe profissional da Serie C1. Na temporada seguinte, foi contratado pelo Cagliari, que jogava a Serie B, por 37 milhões de liras. Mesmo com saudade de casa, pois na época Riva tinha ainda apenas 19 anos de idade, permaneceu no Cagliari porque sabia que ali seria o seu lugar. Fez sua estreia no time em uma derrota por 1 x 2 para a Roma, em 13/09/1964 e logo em sua primeira temporada, a equipe consegue o acesso para a Serie A pela primeira vez em sua história. No primeiro ano na elite, em 1964/65, conseguiu um honroso 6º lugar, com 9 gols de Riva. Imediatamente passou a fazer parte da seleção.

Na temporada 1966/67 marcou incríveis 18 gols em 23 jogos, levando o time novamente à 6ª colocação, a apenas 9 pontos da campeã Juventus.

Em 1967/68, solidificou sua posição na seleção e venceu a Euro68. No ano seguinte, foi novamente o goleador e levou seu time ao vice-campeonato. Recebeu uma proposta da Internazionale, que pagaria US$ 2 milhões e ainda financiaria a construção de um moderno hospital na cidade, para esfriar uma eventual fúria da torcida. A recusa da proposta foi explicada por um dirigente: “até agora, só o atum nos deu fama. Com Riva, a Sardenha tem a admiração de toda a Itália”. Gigi Riva não teria outra forma melhor de retribuir o carinho. Na temporada seguinte à oferta, foi novamente o artilheiro e levou o Cagliari ao título da Serie A 1969/70. Mesmo com o Scudetto, novamente fraturou a perna e mesmo assim teve moral o suficiente para ser chamado para a Copa do Mundo de 1970.

Na UEFA Champions League de 1970/71, Riva marcou 3 gols nas 4 partidas do time. Após eliminar o Saint-Étienne, caiu frente ao Atlético de Madrid na fase seguinte.
Nos anos seguintes, o Cagliari continuou em boas posições no campeonato. Em 1973, Riva recusou nova proposta de um gigante, dessa vez da Juventus.

Mas em 1976 ele sofreu a lesão que abreviaria sua carreira, ao machucar o tendão direito. Infelizmente, o Cagliari não conseguiu se virar sem seu craque e foi lanterna e rebaixado na Serie A de 1975/76. Riva ficou dois anos sem jogar até assumir que não poderia voltar e anunciou o fim da carreira. O corpo arrebentado por lesões o obrigou a encerrar a carreira com apenas 32 anos, com o saldo de 156 gols marcados em 289 partidas disputadas na Serie A, um enorme feito na época de grandes retrancas do país (“Cattenaccio”). Após encerrar a carreira, continuou morando em Cagliari, inclusive fundando uma escolinha de futebol com o seu nome, em 1976 (primeira escolinha de futebol na Sardenha). Foi presidente do clube em 1986/87 e foi dirigente da Federação Italiana de 1990 a 2013. Em 05/01/2005, o Cagliari aposentou a camisa nº 11 em sua homenagem. Foi laureado como cidadão honorário da cidade em 09/02/2005. O cantor e compositor Piero Marras, de Nuoro, na Sardenha, lhe dedicou a canção “Quando Gigi Riva tornerà” (Quando Gigi Riva retornará).

● Estreou na seleção em 27/06/1965, em amistoso contra a Hungria, perdendo por 2 a 1, logo após sua primeira temporada na Serie A, sendo o primeiro jogador de sua equipe a defender a seleção. Poderia ter jogado a Copa do Mundo de 1966, ainda mais porque um grande concorrente não poderia ser convocado. José João Altafini (o brasileiro Mazzola, campeão do mundo em 1958) não poderia mais defender a Squadra Azzurra, pois a FIFA passou a proibir estrangeiros que já tivessem atuado pelo seu país de origem. Mas uma fratura na perna e, principalmente, a inexperiência impediu Riva de ser convocado. Foi para a Inglaterra apenas como um jogador extra, para completar o time em treinamentos. Nos treinos, voava baixo, deixando o técnico Edmondo Fabbri bastante arrependido por não tê-lo inscrito na competição.

“Prefiro não saber porque Fabbri não me chamou. Por outro lado, eu me esforçava para valer nos rachões, que era a única maneira que eu tinha para extravasar. Eu marcava um gol atrás do outro. Estava em plena forma e furioso!” — Gigi Riva

Foi um dos heróis do título da Itália na Eurocopa de 1968, jogando apenas o replay da final contra a Iugoslávia, mas marcando o gol que abriu o placar e encaminhou o título italiano. Foi escolhido para a seleção do torneio, mesmo tendo disputado apenas uma partida.

Nas eliminatórias, marcou 7 dos 10 gols que garantiram a Azzurra na Copa de 1970. No torneio, passou toda a primeira fase sem marcar, mas fez 2 mas quartas de final, contra os anfitriões mexicanos, na virada por 4 x 1. Faria outro gol no 4 x 3 da lendária prorrogação na semifinal, contra a Alemanha Ocidental. Na final contra o Brasil, Riva desdenhou do adversário, dizendo que iria acabar com as pretensões da “ridícula Seleção Brasileira”. Mesmo com a goleada sofrida por 4 a 1, enquanto os colegas de equipe demonstravam claro esgotamento, Riva foi um dos poucos italianos a lutar até o fim da partida, mas nada pôde fazer. Mesmo com a condição física já prejudicada, ainda se despediu de sua seleção disputando a Copa de 1974, mas não marcou nenhum gol e a Itália caiu ainda na primeira fase.

É considerado um dos melhores jogadores da história da Itália, sendo um atacante completo, oportunista e com faro de gol. Era muito bom na conclusão das jogadas. Começou jogando como ponta esquerda, mas posteriormente foi adiantado para ser centroavante, se destacando mais. Por sua velocidade, potência e precisão na frente do gol, o jornalista Gianni Brera o apelidou de “Rombo di Tuono” (Estouro do Trovão). Chutava preferencialmente com a perna esquerda e tinha um chute muito forte e preciso. Segundo o técnico Manlio Scopigno, campeão com o Cagliari em 1970, “o pé direito de Gigi Riva só servia para entrar no bonde”. Mas ele provou que também era capaz de marcar gols com o pé direito e de cabeça, devido à sua presença física e bom posicionamento. Apesar de ser forte, tinha muita habilidade, drible e bom passe. Também era muito veloz, se destacando com grandes arrancadas a gol. Era um excelente cobrador de pênaltis.

Na eleição da Bola de Ouro da revista France Football, Gigi Riva foi o 13º em 1967, 6º em 1968 e em 1969, foi o segundo melhor jogador do ano, perdendo para Gianni Rivera por apelas 4 pontos. Em 1970, foi o terceiro melhor, atrás de Gerd Müller e Bobby Moore.

VEJA MAIS:
… 17/06/1970 – Itália 4 x 3 Alemanha Ocidental

Feitos e premiações de Gigi Riva:

– Campeão da Serie A da temporada 1969/70 com o Cagliari.
– Campeão da Eurocopa de 1968 com a Itália.
– Vice-campeão da Copa do Mundo de 1970 pela Itália.
– Artilheiro da Serie A por três vezes: 1966/67 (18 gols), 1968/69 (20 gols) e 1969/70 (21 gols).
– Artilheiro da Coppa Italia também por três vezes: 1964/65 (3 gols), 1968/69 (9 gols) e 1972/73 (8 gols).
– Maior artilheiro da história da Squadra Azzurra com 35 gols em 42 jogos (média de 0,8 gols por partida).
– Um dos seis jogadores a marcar 4 gols no mesmo jogo pela seleção italiana.
– Maior Artilheiro da História do Cagliari: 164 gols em 315 jogos (na Serie A) e 213 gols em 392 jogos (no total).
– Eleito para a seleção da Eurocopa de 1968.
– Eleito o 33º Melhor Jogador do Século XX pela revista Placar em 1999.
– Eleito o 24º Maior Jogador do Século XX pelo Guerín Sportivo em 1999.
– Eleito o 74º Melhor Jogador do Século XX pela revista World Soccer.
– Eleito o 43º Melhor Jogador Europeu do Século XX pela IFFHS.
– Eleito o 8º Melhor Jogador Italiano do Século XX pela IFFHS.
– Eleito o 87º Melhor Jogador da História das Copas pela revista Placar em 2006.
– Eleito um dos 1000 Maiores Esportistas do Século XX pelo jornal The Sunday Times.
– Desde 2005 está eternizado nas lendas do futebol que colocaram seu pé na “Golden Foot” (uma calçada da fama do futebol em frente ao mar, no Principado de Mônaco).
– Em 2011 entrou para o Hall da Fama do futebol italiano, sendo o primeiro homenageado como “veterano”.
– Eleito para o Hall da Fama dos esportes na Itália em 2015.
– Foi nomeado duas vezes como “Comendador da Ordem de Mérito da República Italiana”, por iniciativa dos respectivos presidentes da Itália, em 30/09/1991 e 12/07/2000.
– Ganhou também a homenagem do Comitê Olímpico Italiano, de “Estrela de Ouro do Mérito Esportivo”, em 23/10/2006, por ser dirigente da seleção durante o título da Copa do Mundo de 2006.
– Em 03/11/2016, em Roma, ganhou a “Medalha de Ouro do Mérito Esportivo”.

“Não entro em campo para outra coisa que não seja marcar meus gols. Prefiro jogar mal e marcar do que jogar apenas muito bem.” — Gigi Riva

… Carlos Alberto Torres: o eterno Capitão

Três pontos sobre…
… Carlos Alberto Torres: o eterno Capitão


(Imagem localizada no Google)

“Não adianta o senhor me bater. Eu quero ser jogador de futebol.” – disse para o pai após apanhar por só querer saber de jogar bola

● Aos 18 anos já era titular do Fluminense, mas adiou a assinatura de seu primeiro contrato para poder jogar como amador e ganhar a medalha de ouro no Pan-Americano de 1963, em São Paulo. Se tornou profissional em 1964 no Fluminense e foi campeão carioca com apenas 19 anos. No ano seguinte, foi completar a constelação do Santos e, aos 22 anos de idade, o garoto se tornou capitão do time que tinha Pelé e os bicampeões mundiais de 1962/63. Nessa primeira passagem pelo alvinegro praiano, venceu o Campeonato Paulista em 1965, 1967, 1968 e 1969; o Torneio Rio-São Paulo de 1966 (dividido com outros três clubes); o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1968 (o Brasileirão da época), a Recopa Sul-Americana de 1968 e a Recopa Mundial de 1968. Em 1971 teve uma rápida passagem pelo seu clube de coração, o Botafogo (3 meses e 22 jogos) e no mesmo ano voltou ao Santos, para ser novamente campeão paulista em 1973 (título dividido com a Portuguesa, por erro na contagem de pênaltis pelo árbitro Armando Marques na decisão). Em 1974 voltou ao Fluminense para ajudar a “Máquina Tricolor” a conquistar bicampeonato carioca de 1975/76. Após passagem relâmpago pelo Flamengo, foi para o New York Cosmos, jogar com Pelé e Franz Beckenbauer. Jogou por um ano no California Surf e voltou ao Cosmos, onde encerrou a carreira em 1982. Pelo Cosmos, venceu a liga NASL em 1977, 1978, 1980 e 1982 e o Trans-Atlantic Cup Championships em 1980.

● Estreou pela Seleção Brasileira principal em um amistoso no dia 30/05/1964, quando o Brasil venceu a Inglaterra no Maracanã por 5 a 1. A maior decepção de sua carreira foi a não convocação para a Copa de 1966, quando o universo ficou surpreso pela sua ausência na lista de jogadores. Na época, o técnico Vicente Feola fez uma completa bagunça, convocando 45 jogadores para treinamentos antes do torneio, dentre eles Carlos Alberto, mas também alguns campeões de 1958 e 1962 que não estavam em boa forma física e técnica. Mas era impossível que ele não fosse para a Copa de 1970. Não era só unanimidade no país, mas no mundo do futebol. Passou incólume pelas eliminatórias e chegou na Copa liderando um esquadrão de gênios. Após 1966, passou a ser titular da seleção e se tornou capitão em 1968 e só deixou de ser por um brevíssimo período de dois jogos no início do ano de 1970, em que o então técnico João Saldanha preferiu dar a braçadeira a Wilson Piazza. Mas logo voltou a capitanear a amarelinha.

Já na Copa, na segunda rodada da fase de grupos, enfrentavam-se os dois últimos campeões mundiais: Brasil x Inglaterra. No jogo, os ingleses estavam apelando para a violência para tentar intimidar os brasileiros. Após diversas pancadas de toda a equipe e duas entradas criminosas do atacante Francis Lee, sendo uma em Everaldo e outra em uma dividida com o goleiro Félix, Carlos Alberto mostrou a Lee que brasileiro também sabe dar pancada e os ingleses murcharam a partir desse momento e o futebol espetáculo pôde demonstrar toda sua classe, vencendo por 1 a 0.

Era dia 21/06/1970, com 107 mil pagantes no hoje mítico Estádio Azteca, na Cidade do México. A final da Copa entre Brasil e Itália era chamada de “O Jogo do Século”. Naquela partida, a ordem do técnico Zagallo foi para Jairzinho circular bastante em campo, afastando o lateral esquerdo italiano Giacinto Facchetti de sua posição, abrindo espaços para as subidas de Carlos Alberto. Aos 41 minutos do segundo tempo, Tostão rouba a bola, toca para Gérson, que passa para Clodoaldo, que se redime de falha no gol italiano e dribla quatro marcadores, tocando para a esquerda em Rivelino, que lança mais na ponta para Jairzinho. o Furacão passa por um italiano e enxerga Pelé solto na entrada da área. o Rei recebe, para e vê a aproximação de Carlos Alberto pelo corredor direito justamente aberto por Jair. Pelé olha para a esquerda e rola mansamente na direita, onde o Capita enche o pé, encerrando uma obra prima e decretando o placar final: Brasil 4 x 1 Itália. Com o terceiro título mundial, o Brasil se tornou dono definitivo da Taça Jules Rimet e coube ao Capitão Carlos Alberto levantá-la pela última vez. Era o capitão mais jovem da história das Copas. Para a Copa de 1974, não conseguiu se recuperar de uma lesão no joelho a tempo de ser convocado. No total, fez 53 jogos oficiais pela seleção (42 vitórias, 4 empates e 7 derrotas), marcando 8 gols.

● Carlos Alberto foi o maior lateral direito que o mundo já viu. Também jogou em alguns momentos como zagueiro. Era habilidoso, clássico e possuía uma força física invejável, além de uma personalidade forte e grande espírito de liderança. Ficou eternizado como “Capitão do Tri” (ou Capita, abreviação carinhosa dos colegas), ao levantar a Taça Jules Rimet. Jogou uma única Copa e ficou marcado como o maior capitão da história do futebol. Faz parte do Hall da Fama do “Soccer” americano desde 2003. Em março de 2004, foi nomeado por Pelé um dos 125 melhores jogadores vivos do mundo. Foi um dos escolhidos para a seleção dos melhores jogadores da Copa do Mundo de 1970. Em enquete com cronistas esportivos de todo o mundo, foi escolhido para a seleção sul-americana de todos os tempos e para a seleção mundial do século XX. Ao encerrar a carreira, tornou-se vereador no Rio de Janeiro entre 1989 e 1993, pelo PDT. Depois, se tornou técnico de raros sucessos, sendo campeão brasileiro com o Flamengo em 1983, campeão carioca pelo Fluminense em 1984 e campeão da Copa Conmebol pelo seu Botafogo em 1993 (único título internacional do clube). Ultimamente era comentarista do canal SporTV, sendo presença constante principalmente no programa “Troca de Passes” (inclusive no último domingo, dois dias antes de morrer). Ontem, 25/10/2016, no Rio de Janeiro, Carlos Alberto fazia palavras cruzadas quando sofreu um infarto fulminante e não resistiu, falecendo exatamente um mês depois de seu irmão gêmeo, Carlos Roberto.

Aos 72 anos, o Capita foi convocado para jogar na seleção do céu.

… O ano em que a Rede Globo televisionou o Campeonato Italiano ao vivo

Três pontos sobre…
… O ano em que a Rede Globo televisionou o Campeonato Italiano ao vivo


(Imagem: Quattro Tratti)

● Nos anos 80 as transmissões de futebol internacional na TV brasileira não eram frequentes. Passava vez ou outra um jogo importante ou alguma final. Mais especificamente, na temporada 1984/85 eram muitos os craques que militavam em times italianos, especialmente brasileiros e grandes estrelas internacionais, fora os ídolos locais que foram campeões mundiais de 1982. Vejam abaixo a verdadeira constelação do “Calccio”:

– Ascoli: Dirceu (BRA);

– Atalanta: Glenn Strömberg (SUE) e Roberto Donadoni (ITA);

– Avellino: Ramón Díaz (ARG);

– Como: Hansi Müller (ALE);

– Cremonese: Juary (BRA) e Władysław Żmuda (POL);

– Fiorentina: Sócrates (BRA), Daniel Passarella (ARG), Giovanni Galli (ITA), Claudio Gentile (ITA), Gabriele Oriali (ITA), Giancarlo Antognoni (ITA) e Daniele Massaro (ITA);

– Internazionale: Karl-Heinz Rummenigge (ALE), Liam Brady (IRL), Giuseppe Baresi (ITA), Alessandro Altobelli (ITA), Giuseppe Bergomi (ITA), Fulvio Collovati (ITA) e Walter Zenga (ITA);

– Juventus: Michel Platini (FRA) (artilheiro com 18 gols e campeã da Copa da Europa da mesma temporada), Zbigniew Boniek (POL), Gaetano Scirea (ITA), Antonio Cabrini (ITA), Paolo Rossi (ITA) e Marco Tardelli (ITA)

– Lazio: Michael Laudrup (DIN), Bruno Giordano (ITA) e Batista (BRA);

– Milan: Mark Hateley (ING), Ray Wilkins (ING), Pietro Paolo Virdis (ITA), Filippo Galli (ITA), Franco Baresi (ITA), Paolo Maldini (ITA), Mauro Tassotti (ITA) e Alberigo Evani (ITA);

– Napoli: Diego Armando Maradona (ARG), Daniel Bertoni (ARG) e Ciro Ferrara (ITA);

– Roma: Paulo Roberto Falcão (BRA), Toninho Cerezo (BRA), Carlo Ancelotti (ITA), Francesco Graziani (ITA), Giuseppe Giannini (ITA) e Bruno Conti (ITA);

– Sampdoria: Graeme Souness (ESC), Trevor Francis (ING), Roberto Mancini (ITA), Gianluca Vialli (ITA) e Pietro Vierchowod (ITA);

– Torino: Júnior (BRA), Walter Schachner (Áustria) e Aldo Serena (ITA);

– Udinese: Zico (BRA), Edinho (BRA) e Andrea Carnevale (ITA);

– Verona: Hans-Peter Briegel (ALE) e Preben Elkjær Larsen (DIN).

● Assim, a TV Globo investiu na transmissão do Campeonato Italiano da temporada, passando um jogo todo domingo de manhã (só não televisionou 02 rodadas, das 30). Nos domingos em que não haviam rodada, era transmitido um programa de poucos minutos, com um especial sobre a temporada, chamado “Panorama do Campeonato”. Mas a emissora não deu tanta sorte, pois Sócrates jogou muito mal e Zico e Falcão se transferiram no meio do campeonato (para Flamengo e São Paulo, respectivamente). Mas a Globo jogou a toalha definitivamente quando um pequenino Hellas Verona conquistou o título e nunca mais transmitiu temporada inteira de campeonato nacional estrangeiro.

● Hellas Verona FC foi fundado em 1903, passando a se destacar mais na Série A apenas na década de 1980. Na temporada em questão, perdeu apenas dois jogos e foi campeã com quatro pontos de vantagem sobre o vice, sendo liderada dentro de campo pelo “panzer” Hans-Peter Briegel (aniversariante de hoje) e pelo “matador” Preben Elkjær Larsen. Esse é considerado um dos maiores milagres da história recente do futebol europeu, comparado apenas com o título inglês do Leicester em 2015/16. O vice-campeão naquela temporada foi o Torino, de Júnior e o artilheiro foi Michel Platini, com 18 gols. Na mesma temporada 1984/85, a Juventus foi campeã europeia na final na denominada “Tragédia de Heysel”, mas esse é assunto para outro momento.

Veja a chamada no intervalo da Rede Globo: