… 153 anos das regras do futebol

Três pontos sobre…
… 153 anos das regras do futebol


(Imagem localizada no Google)

● Era uma noite de segunda-feira, dia 26/10/1863, na Freemason’s Tavern (algo como “Bar dos Maçons”, em tradução livre), na Rua Great Queen, no centro de Londres, capital inglesa. Até então, cada escola ou clube jogava o “seu futebol”. Uns só com pés, outros também com mãos e até bastões. Campos sem tamanho padronizado, quantidade de jogadores indefinida, sem tempo de duração estipulado e muito violento. Quando jogavam duas turmas do mesmo clube, tudo bem. Sem problemas. Mas quando escolas diferentes se enfrentavam, cada uma queria jogar nas suas regras. Assim, há exatos 153 anos, o procurador de justiça Ebenezer Cobb Morley se reuniu com representantes de doze clubes para chegarem a um acordo definitivo sobre qual seria o padrão a ser utilizado. Eram os clubes: Barnes Rugby FC (1862, migrou para o rugby); Blackheath FC (1858, foi para o rugby); Blackheath Proprietary School (fundada em 1830 e encerrou as atividades em 1907); Charterhouse School (1859, hoje é amador); Civil Service FC (1863, é a única equipe fundadora da Football Association ainda na ativa); Crusaders FC (não é o time de mesmo nome situado em Balfast, Irlanda do Norte); Crystal Palace (não confundir com o time que joga atualmente a Premier League); Forest of Leytonstone (de 1859, depois mudou o nome para Wanderers FC e conquistou 5 títulos da FA Cup: 1872, 1873, 1876, 1877 e 1878; encerrou as atividades em 1887); Kensington Proprietary Grammar School (fundada como escola em 1830, fechou em 1896); NN Club (abreviação de No Name, pela falta de criatividade de seus fundadores); Perceval House (assim como o Blackheath, discordou das regras estabelecidas para o futebol e não chegou a comparecer à sexta reunião da Football Association); e Surbiton FC (criado em 1863, não se sabe o que sucedeu com o clube). O Sheffield FC atuou apenas como observador das reuniões.

● Com um representante de cada clube, foram ao todo seis reuniões. Dentre outras regras, existiam três que se sobressaíam: a da Escola de Rugby (de 1845, que deu origem ao esporte de mesmo nome, após romper com a Football Association na quinta reunião), as Regras de Cambridge (criadas em 1848) e as Regras de Sheffield (nascidas em 1857). As leis do jogo acabaram se baseando nas muito teóricas Regras de Cambridge (por exemplo, o número de jogadores por time, 11, era a quantidade de alunos por sala na universidade), com algumas adaptações bastante práticas de Sheffield (introdução do travessão, do intervalo, cobranças de falta, proibição da bola nas mãos e conceito de arbitragem). Cambridge disseminou um jogo mais fluido, envolto em dribles e passes.

● As regras foram se adaptando e evoluindo e em Manchester, no dia 06/12/1883 foi fundada a International Football Association Board (IFAB), mais conhecida como International Board (comumente imaginada como velhinhos rígidos, que não aceitam modernizar o futebol). A entidade foi criada tendo um representante de cada nação britânica: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda (atualmente apenas Irlanda do Norte). Em 1913 a FIFA foi aceita e, desde então possui quatro votos. Para uma alteração ser aceita, deve ter seis votos, dos oito possíveis. Hoje, as 17 regras vigentes referem-se a:

1. o campo de jogo;
2. a bola;
3. o número de jogadores;
4. o equipamento dos jogadores;
5. o árbitro;
6. os árbitros assistentes;
7. a duração da partida;
8. o início e reinício do jogo;
9. a bola em jogo ou fora de jogo;
10. o gol marcado;
11. o impedimento;
12. faltas e conduta antiesportiva;
13. os tiros livres;
14. o pênalti;
15. o arremesso lateral;
16. o tiro de meta; e
17. o escanteio.

Muito provavelmente em breve teremos uma 18ª regra, fazendo menção ao uso de tecnologia no auxílio da arbitragem. Mas no início eram apenas 14 regras e a mais importante era a do impedimento. Criada em 1866, ela permitiu o passe para frente, desde que três adversários estivessem entre o jogador que recebe a bola e a linha de fundo. Em 1925, seu texto foi alterado para dois adversários, ao invés de três. Essa lei levou à necessidade de criação das variantes táticas, que são motivo para outro texto em um futuro próximo.

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