… Alberto Spencer: Senhor Libertadores

Três pontos sobre…
… Alberto Spencer: Senhor Libertadores


(Imagem: Fox Sports)

● Alberto Pedro Spencer Herrera nasceu em 06/12/1937 na cidade de Ancón, no Equador. Era filho da equatoriana América Herrera e do jamaicano de origem britânica Walter Spencer (o que justifica seu sobrenome inglês). Perdeu o pai aos nove anos de idade. Deu seus primeiros passos no campo de terra do Club Los Andes, na cidade onde nasceu. Em 1954 foi levado por seu irmão, Marcos, que também era jogador (jogou também no Panamá de Guayaquil), para fazer um teste no Círculo Deportivo Everest, também de Guayaquil. No ano seguinte já estava na equipe principal do clube. Estreou profissionalmente em 29/06/1955, contra o Emelec. Anotou seu primeiro gol na semana seguinte, de cabeça, em 07/07/1955, aos 33 minutos do segundo tempo, contra o 9 de Octubre. Seu primeiro gol fora do Equador também foi de cabeça, contra o Deportes Tolima, da Colômbia.

Em janeiro de 1958, participou de um torneio amistoso com a camisa do Emelec, cedido pelo Everest, e se sagrou campeão. De volta ao seu clube, na inauguração do Estádio Modelo, de Guayaquil, em 24/07/1959, Spencer marcou duas vezes contra o time argentino Huracán. Dois dias depois, arrebentou contra o uruguaio Peñarol, chamando a atenção do técnico Hugo Bagnulo. Assim, coube a Spencer trocar o futebol equatoriano pelo Peñarol. Sua despedida foi em um amistoso entre Everest x Palmeiras, em 17/02/1960. Marcou 3 vezes logo em sua estreia pelo novo clube, em 08/03/1960, em vitória por 6 a 3 contra a equipe argentina Atlanta. Dias depois, fez dois gols contra o Tigre, também da Argentina. Em 1960, foi o principal destaque do primeiro campeão da Copa Libertadores da América. O Peñarol venceu o Olimpia na final, com um gol seu. Ele também fez o único gol do Peñarol na Copa Intercontinental, mas seu time perdeu o título para o Real Madrid. Em 1961, foi bicampeão da Libertadores (anotando um gol na final sobre o Palmeiras) e enfim conquistou o título da Copa Intercontinental. No agregado, fez dois gols sobre o Benfica, ajudando o Peñarol a conquistar o título pela primeira vez, na segunda tentativa. Em 1966, voltou a vencer a Libertadores (com três gols na final sobre o River Plate) e o Mundial de Clubes (com três gols), se vingando do Real Madrid, que o tinha vencido em 1960. Foi oito vezes campeão uruguaio pelos “Carboneros”.

A partir de 1967, nem Spencer e nem o Peñarol conseguiu manter o ritmo frenético de conquistas e “só” faturaram os campeonatos nacionais de 1967 e 1968 e a Supercopa dos Campeões Mundiais em 1969. Em 1970, Alberto Spencer voltou à sua terra natal para jogar no Barcelona de Guayaquil. Pelo clube, venceu ainda o Campeonato Equatoriano de 1971. Se aposentou no Barcelona sem partida de despedida. Fez parte da “Façanha de La Plata”, quando os canários venceram o Estudiantes. Em sua homenagem, o Estádio Modelo de Guayaquil atualmente tem o seu nome. Encerrou a carreira no ano seguinte, com um total absurdo de 528 gols marcados em sua carreira.


(Imagem: Globo Esporte)

● Era um atacante nato, rápido, matador e habilidoso com a bola nos pés. Era ambidestro e pelo seu excelente jogo aéreo, ganhou o apelido de “Cabeza Mágica” (cabeça mágica). Pelé não o incluiu na lista FIFA 100, o que causou indignação a muitos na América do Sul. Mas reconheceu sua principal qualidade:

“Um jogador que cabeceava melhor que eu era o Spencer. Eu era bom, mas Spencer era espetacular cabeceando ao gol. Ele tinha uma explosão incrível.”

É o maior artilheiro da história da Libertadores da América com 54 gols assinalados e o segundo maior goleador da Copa Intercontinental, com seis gols (atrás apenas de Pelé, com sete). É considerado o melhor jogador do futebol equatoriano de todos os tempos. É o único equatoriano que ganhou oito títulos de liga no exterior (Álex Aguinaga ganhou 3 e Édison Méndez, 2). Também é o único de seu país a disputar seis finais de Copa Libertadores e o único que ganhou três Copas Libertadores (1960, 1961 e 1966) e em todas as finais marcou gols. Também é o único equatoriano a vencer duas Copas Intercontinentais. É o jogador nascido no Equador que mais gols marcou por equipes do exterior, com 326 gols, todos pelo Peñarol.

Após se aposentar dos gramados, foi técnico da Universidad Católica de Quito, Emelec, Liga de Portoviejo, Técnico Universitario, Huracán Buceo, Liverpool de Uruguay e Guaraní. Nunca foi campeão, mas foi vice-campeão do Campeonato Equatoriano, com a Católica, em 1973. Teve sua biografia oficial escrita por um conterrâneo. Freddy Álava escreveu “Sr. Spencer”, que teve uma edição especial para o Uruguai, contando com o selo do jornal El País, de Montevidéu e prólogo do ex-presidente Julio María Sanguinetti, fanático pelo Peñarol. Em seus últimos anos de vida, Spencer trabalhou como cônsul-geral do Equador no Uruguai. Sofria de problemas cardíacos e, por isso, em outubro foi fazer uma cirurgia em Denver (EUA). Em 03/11/2006, no meio de um tratamento, um infarto fulminante o tirou a vida e o levou apenas e definitivamente para a história.

Pela seleção do Equador, marcou quatro vezes em 11 partidas: quatro pelo Campeonato Sul-Americano Extra de 1959 (atual Copa América), quatro pelas eliminatórias das Copas do Mundo (um para 1962 e três para 1966) e três jogos pela Copa Independência (que comemorava 150 anos de independência do Brasil, em 1972). Spencer nunca aceitou se naturalizar uruguaio enquanto era jogador. Quando jogava no Peñarol, lhe ofereceram essa opção, mas ele não quis. Só jogou pela seleção do Uruguai em alguns amistosos e fez um gol na Inglaterra, em Wembley. Pela Celeste, foram seis jogos e dois gols.

Feitos e premiações de Alberto Spencer:

Pelo Peñarol:
– Campeão da Copa Intercontinental (Mundial Interclubes) em 1961 e 1966.
– Campeão da Copa Libertadores da América em 1960, 1961 e 1966.
– Campeão da Supercopa dos Campeões Intercontinentais em 1969.
– Campeão do Campeonato Uruguaio em 1959, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967 e 1968.
– Campeão do Torneio de 25º Aniversário do Estadio Monumental de Núñez, do River Plate, em 1963.
– Campeão do Troféu Cidade de Guayaquil em 1964.

Pelo Barcelona (Equador):
– Campeão do Campeonato Equatoriano em 1971.

Pelo Emelec (Equador):
– Campeão do Troféu Cervejaria Nacional em 1958, no Equador.

Distinções e premiações individuais:
– Maior artilheiro da história da Copa Libertadores da América (54 gols).
– Artilheiro da Copa Libertadores América em 1960 (3 gols) e 1962 (6 gols).
– Artilheiro do Campeonato Uruguaio em 1961 (18 gols), 1962 (17 gols), 1967 (11 gols) e 1968 (8 gols).
– Incluído pela CONMEBOL em sua seleção histórica de todos os tempos.
– 20º lugar na lista dos melhores jogadores sul-americanos do século XX pela IFFHS.
– Melhor jogador equatoriano na lista dos melhores jogadores do século XX pela IFFHS.
– 5º maior artilheiro da história da primeira divisão do Campeonato Uruguaio (113 gols em 166 jogos, média de 0,68).
– 2º maior artilheiro da história do Peñarol (326 gols).
– É o primeiro a marcar um hat-trick (três gols em um mesmo jogo) na história da Copa Libertadores da América, em 1960 (19/04/1960, Peñarol 7 x 1 Jorge Wilstermann-BOL).
– É o primeiro a marcar um pôquer (quatro gols em um mesmo jogo) na história da Copa Libertadores da América, em 1960 (19/04/1960, Peñarol 7 x 1 Jorge Wilstermann-BOL).
– É o primeiro a marcar um re-pôquer (cinco gols em um mesmo jogo) na história da Copa Libertadores da América, em 1960 (07/07/1963, Peñarol 9 x 1 Everest-EQU).


(Imagem localizada no Google)

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