… Guarani de 1994

Três pontos sobre…
… Guarani de 1994


(Imagem: Gazeta Press)

● Quando comecei a acompanhar futebol, nas proximidades da Copa do Mundo de 1994, um dos times que mais encantavam e que me prendia a atenção era o Guarani. O time de Campinas jogava um futebol vistoso, com jogadores bastante leves e habilidosos do meio pra frente, especialmente Djalminha, Amoroso e Luizão que (aniversariante de hoje, que no álbum de figurinhas da Panini ainda era chamado de “Luisão”, com “s”).

Com certeza o melhor time formado pelo time verde de Campinas foi o campeão brasileiro em 1978, com craques como Zé Carlos, Zenon e Careca. Merece destaque também o onze o vice-campeão nacional em 1986, com Ricardo Rocha, Marco Antonio Boiadeiro, João Paulo e Evair. Mas, apesar de não ter chegado na final, o time de 1994 marcou época, protagonizando um dos ataques mais poderosos do torneio terminando a Série A em 3º lugar.

O Bugre começou a se destacar no ano anterior, em 1993, quando terminou o campeonato nacional em 6º, com Luizão (apenas 18 anos) e Djalminha, meia eleito pela revista Placar com o prêmio Bola de Prata. O time de Campinas começou o ano de 1994 muito bem, sendo campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, com destaques para o goleiro Pitarelli e o próprio atacante Luizão.

● Em anos anteriores a 2003, a cada ano o Brasileirão tinha um formato diferente e foi assim também em 1994. O regulamento daquele ano previa que os 24 clubes da Série A seriam divididos em quatro grupos com seis clubes em cada, com jogos entre times de cada chave em turno e returno, com os quatro primeiros de cada grupo se classificando para a segunda fase. O Bugre Campineiro foi o líder no Grupo C, inclusive goleando o Santos na 5ª rodada, por 4 x 0, em Campinas, com dois gols de Amoroso e dois de Luizão (o detalhe é que o Peixe ainda não havia sofrido gols no campeonato). O trio de ataque bugrino se tornou um dos mais letais da década. Djalminha pouco atuou no Brasileirão, pois foi jogar no Shimizu S-Pulse, do Japão, mas antes do fim do ano estava de volta ao Bugre.

Na fase seguinte, o Guarani manteve a excelente campanha, com nove vitórias, cinco empates e apenas uma derrota. Se classificou entre os 16 times e avançou às quartas de final. O time chegou a ter uma sequência de 17 jogos de invencibilidade, entre 04/09 e 26/11, inclusive tendo até então a melhor campanha no geral. Valendo vaga na semifinal, o Bugre enfrentou o poderoso São Paulo do Mestre Telê Santana, bicampeão mundial e da Libertadores. O tricolor venceu no Morumbi por 1 x 0, com um gol de Palhinha. No Brinco de Ouro, o Guarani se vingou com um show de Luizão, Sandoval e companhia, vencendo o SPFC por 4 a 2 e se classificou. A grande baixa foi o craque Amoroso, que lesionou o joelho gravemente e não jogou mais no campeonato.

Nas semifinais, enfrentou um esquadrão de seu tempo: o Palmeiras da Parmalat e do “profexô” Vanderlei Luxemburgo (na época seu nome era escrito “Wanderley”). O Verdão era uma verdadeira seleção, com: Veloso (Sérgio); Cláudio, Antônio Carlos, Cléber (Tonhão) e Roberto Carlos (Wágner); Amaral (Flávio Conceição), César Sampaio, Zinho e Rivaldo; Edmundo e Evair. Se já era difícil vencer com o time completo, Amoroso fez muita falta e o Bugre perdeu por 3 x 1 no Pacaembu e por 2 x 1 no Brinco de Ouro. No fim, o Palmeiras seria campeão em final com o rival Corinthians.

● O time base do Bugre era: Narciso; Marcinho, Cláudio, Jorge Luís e Guilherme; Fernando, Fábio Augusto e Edu Lima; Djalminha (Júlio César), Amoroso (Sandoval) e Luizão. Técnico: Carlos Alberto Silva.

O Guarani terminou em 3º no campeonato, com a segunda melhor pontuação (40 pontos – campeão Palmeiras fez 46 e o vice Corinthians teve 33), o segundo time com mais vitórias (17, em 29 jogos) e menos derrotas (6), o segundo melhor ataque (45 gols marcados) e a quarta melhor defesa (26 gols sofridos). Teve três jogadores na Bola de Prata da Revista Placar (atualmente na ESPN): o zagueiro Jorge Luís, Luizão e Amoroso – que foi também o Bola de Ouro (melhor jogador do campeonato) e o artilheiro, com 19 gols, empatado com Túlio Maravilha (Botafogo).

O garoto Márcio Amoroso começou na própria base bugrina, se profissionalizou aos 18 anos no Verdy Kawasaki, do Japão, sendo campeão da J-League. Voltou ao Guarani no fim do empréstimo. Com 20 anos recém completados, o garoto passou em branco em seus primeiros dois jogos no torneio, mas marcou na vitória por 2 x 0 sobre o Bahia, em plena Fonte Nova. Na sexta rodada, contra o Santos, fez dois gols na goleada bugrina por 4 a 0. No jogo seguinte, contra o Remo, em Belém, fez mais dois. Em Campinas, contra o Vasco e no Mineirão, contra o Cruzeiro, fez um gol em cada. Terminou a primeira fase com sete gols. Na segunda fase, Amoroso novamente marcou na terceira rodada, com o gol da virada por 2 a 1 sobre o Corinthians. Depois, marcou contra Fluminense, Grêmio (duas vezes), Paysandu, Vasco e Palmeiras. Não fez gol no Bahia, mas fez um “hat-trick” contra o Paraná. Deixou sua marca também no Sport e no São Paulo. Nas quartas de final, também contra o Tricolor Paulista, sofreu grave lesão no joelho no Morumbi. Tentou jogar no jogo da volta, no Brinco de Ouro, mas teve que ser substituído aos 16 minutos de jogo. Mas já estava na história como ídolo do Guarani.

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